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História Garota Má - Drastória - Capítulo IX


Escrita por: Samm_Rockman

Notas do Autor


#Lumus

Capítulo 9 - Capítulo IX


Fanfic / Fanfiction Garota Má - Drastória - Capítulo IX


A Torre de Astronômia estava silenciosa e vazia de outro seres que não fosse ele.

O vento fresco da madrugada batia em seus cabelos loiros, os bagunçando ainda mais. As estrelas tinham sido cobertas pelas nuvens negras, mas já haviam aparecido novamente, deixando a impressão de estarem mais belas no céu escuro.

A lua também surgira um pouco depois das duas horas da manhã, como uma intrusa na calada da noite.

Seu olhar se abaixa e encontra a Floresta Proibida.

Os pesadelos não o fizeram dormir novamente. Nem poções do sono fortíssimas que tomava adiantava em suas noites mal dormidas, tudo voltava a acontecer como um ciclo.

Todas as noites revivia a batalha de Hogwarts.

Todas as noites via os mesmo feitiços lançados.

Todas as noites via as mesmas pessoas morrendo.

Ele se apoia na mureta e respira fundo, solvendo todo ar que seu pulmão é capaz. Suas mãos se fecham sobre a solidificação de concreto com total força. Não queria ter aquelas cenas de volta à mente. Fazia o possível para esquecê-las então não lembraria delas enquanto podia se lembrar.

Uma brisa fresca sopra seus cabelos, mas dessa vez os levando para frente. Ela trazia um perfume que conhecia muito bem. Um cheiro bom e indetectável.

— A quanto tempo está aqui, Greengrass? — pergunta sem se virar e sem forças para ficar irritado.

— Desde que chegou, Malfoy — responde com a voz estranhamente baixa e sem o costumeiro deboche.

— Vai me dar uma detenção? — indaga conseguindo sorrir forçado.

— Um crucios seria melhor... — retruca com o mesmo tom cansado e acabado de antes.

Os dois ficam em silêncio por um tempo até Malfoy não aguentar e sua curiosidade falar mais alto. Se vira para a Greengrass e prende o fôlego.

A garota estava distante. Sentada no começo mureta que se ligava com a parede da varanda, onde encostava suas costas, e abraçava os joelhos com força, os olhos estavam fechados, os cabelos negros caiam sobre a fronte pálida e branca como leite, as trevas negras dos fios de seu cabelo tapavam suas orelhas e quase todo o rosto.

Agarrada as pernas, ele a imaginava como uma criatura indefesa, com medo, pavor e sem ninguém.

Mas as íris verdes mudavam tudo.

Ela abre as pálpebras e sua aparência diverge completamente. Os olhos a faziam virar uma coisa perigosa, algo com o que não se deve mexer, mordaz e mortal ao mesmo tempo.

As íris estavam cansadas, mas não deixando de ter a característica ameaçadora, e suas olheiras eram evidentes. Parecia que estava chorando, mas os olhos estavam completamente secos. Era mais como se quisesse chorar e não conseguisse.

— O que faz aqui? — ele solta sem notar que sua voz saíra.

— O mesmo que você, Malfoy — responde sussurrando. — Pensando...

— Em quê? — acaba soltando mais uma vez e se arrepende na mesma hora.

— Em porque você é tão intrometido — retruca secamente.

Ele engole um seco. Ela estava mudada, disso tinha certeza. Não agia mais como de costume.

— Quem é você, Greengrass? — questiona.

Ela levanta o olhar para fitá-lo.

— Que pergunta é essa?

— Quem é você, Greengrass? — repete. — Sempre me tratou com desprezo e superioridade mas hoje está acabada e cansada. Parece uma lufana que levou um fora — exemplifica e sorri. — Por acaso sofre de dupla personalidade?

Ela o olha profundamente antes de falar:

— Talvez.

Draco ri.

— Tudo isso porque que não quer passar as férias com a família? — indaga zombeteiro.

Os olhos verdes se tornam adagas afiadas que queriam perfurá-lo.

— Calado, Malfoy — ordena com voz fria. — Não sabe nem do que está falando.

Ele preguiçosamente examina as unhas bem aparadas e limpas.

— Devia ter mais respeito comigo, Greengrass — diz simplesmente.

Ela arqueia uma sobrancelha.

— O que quer dizer?

Draco dá de ombros.

— Tenho a leve expressão que é mais nova do que eu.

Ela solta seu sorriso de mais pura arrogância.

— Como pode pensar isso?

— Fácil — diz se aproximando da parte da mureta que ela estava sentada. — Daphne, sua irmã...

— Não, o meu cachorro — debocha revirando os olhos.

A ignora.

— Daphne tem a mesma idade que a minha então deve ser, pelo menos, uma ano mais nova.

Ela estica os pés e coloca uma perna de um lado da mureta e a outra do outro. Apóia as mãos na base sólida onde estava sentada e se inclina para encará-lo.

— Acertou que sou mais nova, mas errou a quantidade — encosta as costas de volta à parede e levanta a cabeça, contemplando as estrelas. — Sou dois anos mais nova que minha irmã.

Ele franze o cenho por um momento, mas depois desfaz o gesto. Então se ele tinha dezoito, a mesma idade que a Greengrass mais velha, a caçula teria dezesseis.

— E ainda sim, está no sétimo ano... — comenta, pois se fizesse uma pergunta sabia que ela se recusaria a responder.

— Sou inteligente, Malfoy — diz como se isso fosse óbvio. — Quando eu estava no começo do quinto ano, Minerva fez uma avaliação e pulei direto para o seguinte — abaixa a face. — Quando a Guerra terminou eu estava fazendo o sexto, mas passei na prova e fui direto para o sétimo.

— Mesmo sendo horrível em Poções? — não pode deixar de provocar.

A Greengrass ainda excedia mal na matéria, mas com as aulas de reforço que Draco lhe dava (sim, ele ainda era obrigado a fazer isso mesmo depois dela confessar que seu plano era aprender com ele para logo então destroná-lo), mas melhorou consideravelmente, indo de Trasgo para Deplorável e caminhando para Passável.

Ela o fuzila com o olhar.

Draco levanta as mãos em sinal se rendição.

— Mas porque está aqui? — questiona olhando para a capa que ela trajava e que fazia parte do uniforme da escola. O distintivo de monitora brilhava em seu peito. — Não tem monitoria hoje?

— Thomas está fazendo a ronda — responde com rispidez por notar que antes falara com Draco normalmente.

O aperto de sua mandíbula foi instantâneo quando ouviu o nome de Turner.

— Bem, então devia estar com ele — responde bruscamente e se virando para voltar ao lugar onde estava.

Ela nada mais fala, só volta seu olhar para o céu. Pelo silêncio que parecia durar horas, Draco já estava arrependido de ter dado aquele ataque pois poderia fazê-la se abrir e falar da relação entre ela e a irmã, mas fora burro demais por ter ficado irritado com a citação de Thomas, já que o mesmo o chamada da única coisa que tinha certeza que não era.

O vento transpassava seu cabelo, passa sua mão por eles para arrumá-los. As estrelas brilhavam no breu escuro do espaço. Draco deixa as chaves de seu armário do vestuário pousada na mureta.

— Aquela é a Constelação de Escorpião — uma voz fala e logo um dedo branco surge para apontar.

Estava tão absorvido em seus pensamentos que não ouvira o som dos passos da garota se aproximar para ficar ao seu lado. O calor do corpo magro próximo parecia irradiar o seu.

— Eu sei — diz depois de um tempo calado. — É minha preferida.

— A minha também — Greengrass fala e isso o surpreende.

Ele espera um minuto sem palavras se firmar.

— Então talvez não sejamos tão diferentes assim...

— Está errado, Malfoy — diz convicta. — Não poderíamos ser mais opostos um do outro como somos.

— Porque?

Ela suspira profundamente e abaixa a face.

— Você não é um sonserino.

Draco solta um "Como disse?". Pensa que ouviu errado ou ela estava falando de uma maneira figurativa.

— Sabe, por acaso, o que precisa para ser um da Casa das Serpentes? — ela questiona.

— Claro que sei, Greengrass — retruca um pouco ofendido. — É preciso ser orgulhoso, ambicioso, pensar só em vencer e fazer usando todos os meios possíveis e impossíveis. Fazemos tudo pensando exclusivamente em nós sem se importar com as consequências que os outros podem sofrer. Somos e sempre seremos

aproveitadores e superiores acima de todos.

Ela pondera sobre suas palavras.

— Descreveu nossas características, mas não o que é ser um sonserino. Há uma grande diferença entre um e outro — sua voz era firme e convicta, como nunca antes falada e se fosse a única certeza que teria na vida. Ela apóia as mãos na mureta da Torre e as aperta sobre o concreto. — Para ser um verdadeiro sonserino é preciso ser todas as Casas de Hogwarts.

Draco se mantém em silêncio, esperando a explicação de tal afirmação que, se não fosse pela sua extrema concentração nos cabelos belos e negros que voavam pela brisa, ele estaria chocado.

— Para ser um sonserino é preciso ser inteligente como um pertencente à Corvinal. Saber executar qualquer passo pensado, saber cada ação e reação do alvo em questão, fazer manobras espertas demais para não serem descobertas, mas que fiquem evidentes para depois explicar cada um de seus feitos como se fosse algo simples e deixando a pessoa se perguntando "Como foi que não percebi isso antes?". Temos que possuir a astúcia de um corvino — põe uma mecha negra atrás da orelha antes de continuar. — É necessário ser como um grifinório. Ter coragem para tudo que envolva nossa meta, não ter vergonha e sempre enfrentar qualquer pessoa ou coisa que tente nos parar, mesmo que esse obstáculo seja mais forte do que nós. Precisamos ser corajosos mesmo tendo a certeza que vamos cair. Precisamos enfrentar a derrota como aceitaríamos a vitória: com superioridade — os mesmos fios negros da mecha escorrem por entre a orelha branca, escapando suavemente do que a prendia para logo voltar a voar. Draco não conseguia parar de seguir aquela densa mecha que agora voava no ar. — E, por fim, é preciso ser leal como um lufano — as íris verdes seguem o pedaço de seu cabelo que havia se soltado, mas não faz menção nenhuma de o por de volta atrás de sua orelha. — Não a alguém que amamos ou a amigos verdadeiros. É essencial sermos leais conoscos mesmo. Sem desculpas ou exceções, só objetivos a serem seguidos — faz uma pausa e finaliza: — Precisamos ser corvinos, grifinórios e lufanos ao mesmo tempo — o encara profundamente. — Então, só assim nos tornaremos verdadeiros sonserinos.

Malfoy não sabia o quê pensar ou falar. Ela resumira um pertencente a Casa das Serpentes como um todo, usando as Casas de Hogwarts mais detestáveis como exemplos a ser seguidos.

Não pode deixar de pensar que, ela sim, era uma verdadeira sonserina.

Greengrass volta seu olhar para os fios soltos que flutuavam pelo ar que os movia.

— Temos que parar para pensar que somos a única Casa que precisa ter as características de todas além da nossa própria, o que não acontece em nenhuma outra — continua a dizer. — A Grifinória pode precisar de inteligência e lealdade, mas não acarretaria a ambição em seus objetivos. O mesmo acontece com a Lufa-Lufa e a Corvinal. Pensam que ser ambicioso é algo ruim, maldoso — sorri com orgulho. — Mal sabem que é a melhor parte do pacote.

Mudara enquanto proferia as palavras. Tinha voltado a ser a Greengrass novamente, não completamente, mas pelo menos uma parte. Parecia que falar da própria Casa fazia um bem inimaginável à ela.

Ficam em silêncio por mais alguns minutos. Umas idéias estavam em sua mente, martelando sem parar. Por fim, decide esclarecê-las.

— Sabe que venho aqui toda a noite? — ele indaga.

Sente a Greengrass hesitar por um momento, mas acaba confirmando. Draco sabia que ela poderia ser tudo, menos uma mentirosa.

— Porque nunca me deu uma detenção? — questiona mais uma vez.

Minutos se passam até ela responder:

— Entendo a necessidade de que, às vezes, temos que ficar sozinhos... — sussurra.

Draco assente quando ela se vira de costas e as apóia na mureta. Se sabia que ele iria para a Torre de Astronômia todas as noites, sabia que estaria ali naquele horário e mesmo assim permanecera lá.

Desejava saber o motivo. Não cogitava a hipótese da Greengrass querer falar com ele, mas talvez querer desabafar ou falar com alguém quando se encontrava cansada e acabada.

Mas tudo mudaria quando voltasse ao seu completo estado normal de desprezo por ele.

Se pega desejando poder mudar isso.

— Até o treino, Malfoy — se dispede com o som de suas botas pisando no chão ecoarem.

Ele não entende a frase. Só contempla as costas da garota de cabelos negros se afastando e fechando a porta.

Foi aí que percebera que suas chaves sumiram. Zomba de si mesmo. Estava tão absorto pensando nela que, deduzira, não vira quando os objetos caíram da grande altura para o chão.

***

— Vamos começar — Zabine diz.— Quero um jogo sujo e bem oculto. Sacage fique mais esperto na goles e faça os passes ensaiados para ver ser funcionará com os bonecos invisíveis, Petterson tente ser mais rápido que Brousnton pois precisará ser o primeiro a receber a bola. Nott e — faz uma careta — Quenks rebatam os balaços de forma organizada e mirem nos adversários. Malfoy preste atenção no pomo e desta vez o localize primeiro que o outro apanhador. Preparados? — indaga e eles assentem. — Vamos jogar!

Todos estavam prontos para começar o treino que antecedia o jogo contra a Grifinória. As jogadas já estavam ensaiadas e os truques para distrair o juiz enquanto marcavam faltas, treinados.

Repassavam tudo pela última vez.

Malfoy mal encosta na sua vassoura e já ouve um rugido vindo de Quenks.

Os olhos do garoto voltados de ódio estavam firmados a sua frente, com uma concentração indesviável acompanhada com a mandíbula trincada com força. Todos do time seguem seu olhar e imediatamente endireitam suas colunas, prontos para encarar a pessoa que caminhava até eles.

Draco não pode deixar de pensar que a Greengrass ficara linda com o uniforme de Quadribol da Sonserina.

Zabine ocupa a posição de líder e se põe a frente dos jogadores, pronto para encarar a fera. Poucos teriam sua coragem.

A vassoura que ela segurava não era nenhuma que Draco estava familiarizado. O cabo era preto e bem polido, os pelos da vassoura tinham a cor cinza e o modelo era um pouco curvado, próprio para um corpo específico, lembrava até...

Não.

Não, não, não.

Não podia ser.

As palavras talhadas de prata se destacavam no cabo:

Fevorest 0001.

Aquela vassoura era uma lenda.

Havia boatos que a I.I.V.B. (Indústria Internacional de Vassouras Bruxas), a melhor do ramo na fabricação de tal objeto, havia criado um modelo único que só poderia ter uma versão e uma quantidade a ser fabricada.

E ela estava com a Greengrass.

Nem sua poderosa família a achara no mercado. Seu pai lhe escreveu com detalhes como ela seria, mas no fim dissera que só poderia ser uma lenda por que se existisse, só um Malfoy poderia comprá-la e tê-la.

E lá estava ela. Com a Greengrass.

O cabo de madeira tinha um núcleo forjado de diamante. A prata com a inscrição era legítima e os fios feitos, um a um, por mãos de especialistas mundialmente conhecidos que, depois de anos de carreira, já se aposentaram definitivamente, deixando seu último trabalho marcado para sempre no Mundo Bruxo.

Draco queria morrer.

A garota com a vassoura perfeita tinha a face séria e rígida.

— O que está fazendo aqui, Greengrass? — Blásio rosna próximo e a encarando face a face.

— Salvando seu bom senso, Zabine — fala com expressão de desprezo. — Resolvi perdoá-lo e lhe dar sua última chance.

Ele aperta os punhos e sua mandíbula trinca. Ele ignora a resposta dela.

— Diga logo o que veio fazer aqui e vá embora.

Ela sorri de maneira divertida pelo sonserino que começava a se exaltar.

— Eu iria fazer isso assim que Malfoy parasse de babar pela minha vassoura... — comenta examinando as unhas bem feitas. Draco imediatamente fecha sua boca escancarada. Ela espera um tempo, quase rindo dele, e revela: — Vim fazer o teste para rebatedora do time — diz simplesmente.

Um coro de "O quê?!" surge expressados por todos os sonserinos, com exceção do capitão.

Peter se aproxima furiosamente.

— Esse cargo já é meu, Greengrass — diz cuspindo as palavras, rente ao rosto da garota. Nott e Malfoy se preparam para agarrar Quenks se ele tentasse alguma coisa já que seus olhos estavam voltados de uma fúria profunda. — Lamento que eu já o tenha ocupado.

Ela faz uma cara de nojo.

— Por favor, Quenks — retruca com a cara de quem iria vomitar. — A sua voz me enoja.

Ele tenta se aproximar, mas Malfoy o pega pelo ombro e o puxa. Peter nem dá bola para o garoto que o segurava.

— Você não falava isso quando eu...

— Não ouse — diz perigosamente com as íris verdes brilhando de veneno — insinuar que fez alguma coisa comigo, Quenks — caminha um passo e o mesmo garoto, além de Nott e Malfoy, recua para trás. — Não quando implorou como um cachorrinho para voltar pra mim.

Peter parecia derrotado com a menção do incidente. Fica mudo instantâneamente.

Zabine toma as rédeas de situação.

— Já temos dois rebatedores, Greengrass — informa. — Não precisamos de mais uma. Além do mais — sorri maliciosamente —, a Sonserina não escolhe garotas para jogar em seu time...

Ela o encara com superioridade.

— Sabe que sou melhor que Quenks, Zabine. Sabe que sou melhor do que qualquer um que está aqui em qualquer posição que eu quiser jogar — sua voz era carregada com desprezo. Dá seu último aviso: — Pense bem, Blásio, e eu desistirei de me vingar de você.

Um silêncio se passa quando todos estavam boquiabertos por ela o ter chamado pelo primeiro nome. Zabine não parece ter se dado conta, era como se fosse algo normal entre os dois.

Pensa durante mais um minuto e decreta:

— Não.

Os olhos verdes se tornam perigosos.

— Tem certeza de sua decisão?

— Absoluta.

As íris suavisam.

— Tudo bem — ela assente com a cabeça de forma lenta. Desvia seu olhar para o restante do time. — Espero que você morra, Zabine — diz calmamente. — Desejo o mesmo para vocês, Malfoy, Nott e Sacage. Quenks, tenho nojo do que se tornou e que você sofra por toda sua vida — olha para os dois artilheiros restantes. — Brousnton e Petterson — os saúda com um aceno de cabeça e sorri. — Os vejo por aí.

Vai embora do campo e todos a seguem com o olhar.

— Então era isso — Draco foi o primeiro a falar. Se aproxima de Blásio. — Ela o estuporou e o perseguiu com ameaças porque queria ser a rebatedora do time.

Zabine franze o cenho.

— Claro que é só isso — diz como se fosse óbvio. — O que pensou que fosse, Malfoy?

Ele suspira aliviado por ter descoberto a verdade.

— Pensei que estava tendo um caso com a Greengrass — revela.

— Isso seria nojento — ele comenta fingido um arrepio. Malfoy franze o cenho se perguntando o porque dessa resposta. — Essa garota é louca e perigosa...

Todos assentem, até Quenks.

— Mas porque ela não foi fazer o teste? — Sacage indaga pegando sua Cumulus 3090.

Os jogadores também fazem essa pergunta em sua mente. Zabine encolhe os largos ombros.

— Ela não soube do teste — revela. — Fiz de tudo para que ela não descobrisse — pega no cabo de sua vassoura, uma Demelions 5301, ótima marca italiana também pertencente a I.I.V.B., a empresa predominante no ramo.

— Porque? — Draco questiona pondo-se na posição para alcançar vôo.

Blásio estreita os olhos para ele, desconfiado da pergunta.

— Além da Sonserina, em toda a sua história, não ter uma garota sequer como jogadora, tenho motivos o suficiente para não pô-lá no time.

O loiro não fica intimidado com o olhar de Zabine.

— Que motivos?

— Alguns que não te diz respeito, Malfoy — retruca secamente. — Coisas sobre a Greengrass que você jamais saberia... — fala misteriosamente e seus olhos tomam um brilho perigoso.

— Mas se ela for melhor que Quenks, poderia entrar no time.

Peter protesta, mas todos o ignoram. Zabine desmonta de sua vassoura e se aproxima dele.

— Qual o seu interesse nisso, Malfoy? — pergunta. — Por acaso caiu nos charmes dela?

— Jamais, Zabine — responde no mesmo tom. — Meu único interesse é ganhar.

— Então se esforce — fala e se distância. — Greengrass jamais entrará nesse time, não enquanto eu for o capitão. Não vou acabar com a reputação de nossa Casa a colocando na equipe.

Draco pensava sobre isso. Zabine não parecia tomar aquela decisão por causa que ela pertencia ao sexo oposto, mas por um motivo pessoal. Ele poderia estar convicto de sua resposta, e Malfoy torcia para que estivesse certo.

O time faz menção de levantar vôo para, enfim, começar o treino quando outra garota, desta vez que corria e gritava algo enquanto ia ao encontro do equipe. Eles estreitam os olhos para tentar reconhecê-la.

— Por Merlin! — Sacage exclama se desmontando da vassoura. Depois soltou um palavrão em voz alta.

— Benedict! Benedict! — uma garota baixa de olhos meios puxados e cabelos castanhos corria em direção a ele. Vestia o uniforme da Corvinal.

— O que quer, Cally? — resmunga com mal-humor.

Draco a observava. Ela estava a dez metros de distância dele quando a vê arregalar os olhos e cair com a cara no chão.

Sacage solta outro palavrão.

Brousnton, o mais perto da garota a ajuda a se levantar. Ela omite um "Obrigado" sussurrado para Jace, mas seus olhos não abandonavam Quenks, esse sorria zombeteiro.

Foi aí que Malfoy a reconheceu. Cally Sacage, irmã de Benedict, artilheira corvina e ex-namorada de Peter.

Seus olhos castanhos tinham um brilho de acanhamento e apreensão. Draco ouviu ruídos que Quenks a maltratava muito quando tinham o relacionamento.

Viu Brousnton também olhando para a garota de quem segurava a mão e depois desviando a atenção para Quenks. Jace aperta seu punho livre com força.

— O que você quer? — Benedict disparou. — Já falei para não me interromper quando estou treinando, você pertence ao time rival e podem pensar que eu...

— Dennis está na enfermaria — o interrompe. A frase o faz se calar junto com as lágrimas que escorriam pelo rosto da corvina. — Ele foi estuporado por trás e bateu a cabeça.

Sacage ficou sem fala. Cally percebe que ainda segurava a mão de Brousnton. Ela cora furiosamente quando a solta.

— Onde está ele? — questiona depois de sair se seu transe.

— Na Ala Hospita...

Ele nem deixa ela terminar a frase e corre para o lugar. A corvina o segue. Zabine pragueja algo e faz um sinal para o restante do time acompanhá-los.

Theodore, Skay e Blásio vão primeiro. Draco ficou hesitante pois temia que Brousnton fizesse algo com Quenks, mas ele somente pôs a mão no peito de garoto em questão e sussurrou um perigoso e ameaçador "Você fica" quando fazia menção de seguí-los.

Os dois correm para acompanhar os outros que já se encontravam na enfermaria.

Contemplam o grupo de pessoas que estavam ao redor de uma cama, todos pareciam concentrados no garotinho que jazia deitado e desacordado. Cally foi a primeira aos notar.

Suspirou ao ver que Quenks não os acompanhava e lançou um olhar significativo a Brousnton.

Ele sorriu para a garota de maneira envergonhada e coça sua nuca sem jeito.

Malfoy, vendo que atrapalhava um momento que não o desrespeitava, se aproxima dos demais para ver o aluno do primeiro ano, e também pertencente a família Sacage, quase loiro, com a cabeca enfaixada, e primeirista em Hogwarts.

— Ele está melhor? — perguntou, quebrando o silêncio.

— Madame Pomfrey disse que ficaria — Benedict responde sem o olhar, mas mantendo sua atenção focado no irmão. Os braços estavam cruzados e a face apreensiva, como se pensasse que o menino pudesse sumir a qualquer instante.

Cally estava mais relaxada que o irmão sonserino.

— Quem fez isso com ele? — questiona.

Todos voltam seus olhos para ele. A voz que Sacage falara não era seu tom normal, mas recheado com ódio profundo e perigoso.

A corvina, abaixa a cabeça, não querendo encará-lo e responde:

— Não sei — sussurra.

Ninguém era idiota para não perceber que ela estava mentindo.

— Não vou perguntar de novo, Calipso, quem fez isso com Dennis? — fala voltando o sentimento de fúria para a irmã e se aproximando.

Brousnton se põe na frente da garota.

— Fique calmo, cara.

— Calmo? Calmo?! — repete um pouco mais alto. — Meu irmão de onze anos que mal sabe se defender foi covardemente estuporado por trás e quer que eu fique calmo?! Mande Merlin ficar calmo, Brousnton!

Uma mão suave toca no braço de Jace. Ele olha para a corvina.

— Tudo bem — fala.

Ela encara o irmão.

— Não sei quem estuporou Dennis — mente mais firmemente.

O irmão enruga a testa, desconfiado sobre a resposta. Sabia que ela não estava falando a verdade mas de qualquer maneira não a arrancaria tão fácil dela. Suspira, derrotado.

— Onde está Jake? — pergunta se referindo ao outro Sacage repetente, que pertencia e era o apanhador da Grifinória.

— Detenção.

Ele arqueia a sobrancelha como se perguntasse "De novo?" e depois balança a cabeça em desaprovação.

— Bem — Sacage se vira para Zabine. — Desculpe por ter atrapalhado o treino — suspira. — Vou ficar aqui até Dennis acordar, então não vou continuar a jogar.

Zabine assente.

— Não foi culpa sua, cara — aperta seu ombro. — E não se preocupe com o treino, já sabemos todas as jogadas de cor. Só lembre da parte em que você e Nott...

— Hã—ram — Brousnton interrompe discretamente e olhando para Cally, que estava distraída acareciando a testa do irmão, de soslaio.

Zabine entende a indireta.

— Bom — continua. — O treino está cancelado, eu preciso de um descanso — se espreguiça.

— Enfrentar a Greengrass não foi nada fácil para o seu psicológico, hein? — Benedict indaga com certa graça. — Nem eu a aguentaria se entrasse no time...

— Mas é a ela que você tem que agradecer, Sacage — uma voz fria como gelo ecoa pela enfermaria.

Como um espírito, ela havia se materializado. Jazia com os braços cruzados, a face divertida e um sorriso debochado nos lábios. Trajava não mais o uniforme da Sonserina, mas o uniforme da escola e o distintivo de monitora.

— O que faz aqui, Greengrass? — dispara Zabine.

A sonserina revira os olhos e murmura um "Escória... Nunca aprende a ter educação".

— Vim ver ser o Sacage Júnior está melhor.

— O nome dele é Dennis, Greengrass — Benedict rosna.

— Que seja — diz se aproximando e chegando a cabeça do garoto. — Não está inchada, nem roxo ao redor — sussurra para si mesmo. — Um pouco de Wiggenweld, uma poção para a dor e algumas semanas com folhas de Wiggentree sobre a lesão...

Benedict se enfurece.

— Quem é você para...

— Ela é a pessoa que salvou seu irmão, sr. Sacage — uma voz rouca e velha o interrompe.

Madame Pomfrey ia ao encontro do paciente balançando os quadris a muito tempo caídos. Ela checa os mesmo lugares que a sonserina havia visto e dá um aceno de aprovação.

— Completamente certa, srta. Greengrass — elogia com um sorriso no rosto.

O irmão do enfermo enruga o cenho.

— Do que está falando? — indaga.

— Essa menina — faz um gesto de cabeça em direção a ela — com sua mente exemplar, socorreu o pequeno Dennis assim que foi estuporado — ela se afasta da cama do menino e vai em direção a uma mesa de poções, pega uma Wiggenweld com um frasco especial e bonito. Um "Greengrass" estava estampado no recipiente. — Ela, vendo seu irmão desacordado fez, com muita excelência devo dizer, os primeiros socorros necessários — o olha profundamente. — E temo que haveria um dano permanente no pequeno se ela não os tivesse feito. Foi algo muito arriscado — lança um olhar significativo para a sonserina. — Não era magia simples. Qualquer erro poderia comprometer a estabilidade mental dele. Devo dizer que — tira os óculos dos olhos que jaziam luminosos e úmidos —, em todos esses anos de trabalho, estou mais do que orgulhosa.

A Greengrass estava examinando as unhas com infinito tédio quando todos a olhava boquiabertos. Estavam sem palavras pelo ato.

Ela, cansando daquela nada discreta surpresa dos demais, revira os olhos, dá as costas e marcha para fora da Ala Hospitalar.

Ninguém fala nenhuma palavra. O silêncio era a única resposta que tinham para seus espantos.



Notas Finais


#Nox


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