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História Garota Mimada (Hiatus) - As verdades que tanto guardei


Escrita por: mari_rafaela_2

Notas do Autor


Gente!♥
Obrigada aos que estão lendo meus corações! Valeu mesmo!

* Importante *

Na real a Gabi é super novinha, tem uns vinte anos. Mas na Fic nossa Gabi é mais velha, ok?
Na fic, Gabi tem vinte e cinco anos. Será necessário ser assim para o desenrolar da história, e algumas coisas (flashs) do passado fazerem sentido.

Obrigada por tudo, espero que gostem!☻

Capítulo 7 - As verdades que tanto guardei


Fanfic / Fanfiction Garota Mimada (Hiatus) - As verdades que tanto guardei

 

No outro dia pela manhã eu já me sentia perfeitamente bem. A longa noite foi maravilhosa e sem interrupção, e eu apenas acordei de manhã, antes de o despertador tocar.

Me espreguiço e começo a cantarolar pela casa, abrindo as janelas e em seguida indo até o banheiro para tomar um banho quente.

Repasso mentalmente todos os detalhes do dia anterior. Minha conversa com Crys. Ela parecia mesmo apaixonada. Mas, o que não saia da minha cabeça era David. Ele sentia alguma coisa por ela?

Envolvo-me numa toalha e vou até a cozinha, colocando três colheres de pó de café na cafeteira. Em segundos o cheiro delicioso inundou a casa.

A campainha toca e grito que já vou atender. Precisava encontrar algo pra vestir.

-Gabrieli! – O grito de David atravessa as paredes – Preciso falar com você!

Dou um pulo em meu lugar e encaro a porta com incredulidade.

-GABI!

Sua voz era tão urgente, que me vi caminhando enfeitiçada até a porta.

Abro a porta para ofegar novamente, tendo a reação descontrolava que tinha toda vez que o via daquele jeito. O cabelo selvagem caindo nos olhos, um fulgor impressionante me encarando através do par de olhos de cor âmbar.

-O que você quer? – Rosno desviando o olhar de seu velho calção e seu corpo torneado completamente à mostra. – Você não usa camisa nunca. Não?

Um brilho de divertimento lampeja em seus olhos, mas logo passa. Ele volta a me encarar aparentemente aborrecido.

-Preciso te fazer uma pergunta – Ele fala adentrando a sala, para bem no centro e gira o corpo para me olhar detalhadamente. Dos pés descalços, ao cabelo molhado, pingando água do banho recente no tapete.

-Pergunte. – Sinto-me desprotegida. Nua. Transparente. Sinto que ele pode ler minha mente, e algumas vezes gostaria que isso fosse verdade.

-Gabi, porque você me odeia tanto?

Sinto meu coração palpitar, tão traiçoeiro quanto uma cobra venenosa. Odiá-lo? Não, nunca!

-É essa a pergunta?

-Na-Não... – Ele abaixa os olhos e tem a testa completamente lotada de vincos.

Faz-se um silencio grandioso e seguro o impulso de segurar sua mão, acariciar seu cabelo e beijar sua boca, agora contorcida de tristeza.

-Gabi – Ele torna a falar – Você gosta de mim? Quero dizer, não como o amigo do Oscar. Você gosta de mim?

-Po-porque a pergunta? – Retruco.

-Responda a porra da pergunta, Gabrieli.

O encaro com incredulidade tamanha. O que era aquilo, afinal? Ele queria que eu confessasse que gosto dele? Pra que?

Pra esfregar na minha cara a transa dele com Crystal?

-Eu não sei... – Ele começa a falar e meu coração bate forte. Me apoio no braço do sofá para não ceder e cair no chão. – Eu não sei o que tem acontecido comigo.... Eu sinto que... – Ele enfia a mão entre a cabeleira e seu estado vulnerável me deixa ao mesmo tempo intrigada e fascinada.

Caminho até bem perto dele, sentindo seu perfume. Toco em seu peito de aço e ele estremece.

-David... E a Crystal?

-Anh? – Ele franze o cenho – O que tem a Crystal?

-Vo-voces... Tá rolando alguma coisa entre vocês. E ela é minha amiga. Não quero...

-Perae! – Ele sai, deixando minha mão apalpando o ar. Sinto como se algo essencial fosse arrancado de mim à força. – Não tem nada rolando com a gente! Porque ta dizendo isso?

Ele senta no sofá e enterra o rosto nas mãos.

-Ela disse... Ela disse que vocês dois...

-Eu a levei em casa porque ela veio com uma conversa de que misturou umas bebidas e cheirou cocaína que um garçom vendeu pra ela as escondidas...

-O QUE? – Agora eu estava eufórica. Crystal?  - Ela mentiu pra mim? Porque?

David levanta a cabeça e me encara com ar de compaixão.

-Desculpe. – Ele fala – Eu sei que ela é sua amiga. Mas ela está com problemas. Depois que a levei em casa eu voltei pra festa.  – Ele me encara fixamente sem desviar o olhar. – Mas você já tinha ido embora. Eu fui falar com o cara que vendeu pra ela, mas ele disse que não era problema dele.

-Meu Deus. – Sinto as lágrimas queimando meu rosto, descendo para minhas bochechas. – Crys...

David se levanta num rompante e vai até mim. Com os dedos gelados seca minhas lágrimas, tocando com ternura minhas bochechas.

-Ah... Gabi...

Agora estávamos nos encarando, o rosto tão pertinho que eu podia ouvir sua respiração, o ar quente saindo de sua boca como um delicioso convite.

-Preciso ajudá-la, David... Você não entende... – Tento desviar os olhos, mas ele segura meu rosto com as duas mãos.

-É claro que eu entendo. Mas ela é uma mulher adulta. Você não pode se auto sabotar por causa dela. Entende o que eu estou dizendo?

Sim. Entendo. Você está se declarando pra mim. E agora que isso está acontecendo, acho que esperei por esse momento durante muito tempo de minha vida.

-Ah, David... – Grossas lágrimas voltam a molhar meu rosto. – Eu preciso te contar uma coisa – Fungo.

-O que foi, bebê?

-Eu... Eu... Eu acho que... Droga! Eu ...

Eu não consegui dizer as porcarias das palavras. Era tão simples. Era só dizer que o queria. Que o queria tanto e tanto que aquilo me assustava. Que eu não queria ter meu coração partido por ele. Que eu não suportaria outra decepção na minha vida.

-Você é linda Gab... Você é tão especial. Tão... – Seus dedos tocam com carinho minhas bochechas. Quero beijá-lo. Tenho que beijá-lo – Eu acho que sempre... – Agora era ele quem lutava contra as palavras.

-Eu sei. Eu sei o que está querendo dizer.

E então eu o beijo. Encosto meus lábios molhados de lágrimas nos dele. Seu beijo é exatamente como eu sonhei. Calmo. Tenro. Longo, experiente e gostoso.

Quando percebo minhas mãos já estão em seus cabelos, puxando o pra perto de mim, porque queria estar perto, bem perto, sentindo sua pele na minha.

Ele desliza os dedos em minhas costas, deixando uma trilha quente, e uma sensação boa na pele.

Só percebo que estamos com companhia quando o estalo e o choro convulsivo de Crystal me tira do transe.

Ambos olhamos para trás, onde Crystal encostada na porta estava aos prantos.

-Eu sabia! – Ela fala com ódio injetado nos olhos. – Eu sempre soube.

-Crys! – Berro mas ela me lança um olhar. O olhar. Aquele olhar de desprezo e decepção misturados. O olhar que nunca vi naquele rosto.

E então eu paro. O que mais eu poderia dizer? Ela tinha visto David e eu nos beijando. Um beijo apaixonado. Na minha sala. Eu de toalha e ele usando somente um calção.

-Você é igual às outras! – Ela rosna entre dentes e eu ruborizo – Você é uma vadia! Eu odeio você Gabrieli!

-Crys...

E então ela sai correndo, o choro tão alto que ecoava por todos os cantos.

David me puxa e lança seus braços ao redor de meu corpo, me abraçando.

-Não, David. Não. Preciso encontrá-la. Não posso deixar a Crystal sair assim.

-Eu sei. – ele fala com a voz rouca. Juro que trocaria tudo nessa vida pra continuar ali com ele. – Eu sei. Ela precisa de você.

Seu tom magoado me machuca mais do que pensei que fosse machucar.

-Vamos conversar depois, ok – Falo e ele esboça um sorriso de lado. – Eu preciso... Preciso me trocar e ir atrás dela.

Ele assente e depois sai.

*

Enquanto sento no táxi e o motor ruge, disparando pelas ruas, é inevitável não pensar no que houve. David também gostava de mim. Há quanto tempo, eu não sabia. Mas ele gostava de mim.

Foi tão mágico e especial. Aqueles poucos minutos que ele titubeava, tentando roubar meu coração.

Foi melhor do que eu esperava. Mas porque eu estava tão triste? E não, não era por causa de Crystal. Era a sensação horrível na boca do estômago. A sensação de que aquilo nunca mais aconteceria. Que algo ou alguém apareceria e tiraria aquilo de mim.

David não era como os outros. Ele sempre foi especial. Ele sempre foi o segredo que guardei a sete chaves. Sempre soube que se em algum momento de minha vida nos envolvêssemos, seria diferente. Porque havia mesmo alguma coisa real e tangível entre nós.

A vida deixava pequenos sinais que me asseguravam isso.

Como quando nos encontramos em Paris, há alguns anos. Eu estava numa daquelas praças, sentada debaixo de uma árvore, lendo um romance de Sidney Sheldon. Era inverno, daqueles rigorosos, e poucas pessoas estavam na rua. Eu gostava de ficar ali, com um café gigante no banco, que eu bebericava de tempos em tempos.

Eu usava uma boina preta, daquelas que te deixam com cara de personagem parisiense de filme romântico e um casaco enorme xadrez preto e branco. Eu me sentia Blair Waldorf, empoleirada naquele banco de praça.

Quando ele apareceu, sei lá de onde, e se sentou ao meu lado. Acho que nunca tivemos uma conversa tão bacana como aquela. Ele estava namorando, com a garota que sempre esteve com ele. E eu estava namorando um cara que conheci na faculdade.

Tivemos outros encontros, em outros momentos de nossas vidas. E sempre que eu o via com aquela garota, um nó se formava em minha garganta. Era mais do que ciúmes. Era um instinto violento e de força descomunal que me dizia que ele não era feliz.

-Madame. Chegamos.

Pisco várias vezes pro motorista e sorrio sem graça.

-Claro, claro... – Entrego as notas pra ele e agradeço, saltando do carro e caminhando até a porta da casa de Crystal. – Espero que esteja em casa, amiga. E espero que me perdoe.

Dou três batidas na porta e ela se abre, mostrando uma Crystal irritada e com olhos inchados atrás dela.

-Ah. É a vadia. – Ela resmunga com irritação.

-Não fale assim comigo – empurro a porta e ela dá três passos para trás. Bato a porta com força e coloco as duas mãos na cintura fuzilando ela com os olhos.

-Ah, agora você vai brigar comigo? – Ela dá de ombros – Foi você que roubou meu namorado, queridinha!

- Eu não roubei ninguém, Crys. O David não é seu namorado – Ela me encara magoada e eu suspiro – Eu sei que não rolou nada entre vocês.

Ela arregala o par de olhos azulões e parece se envergonhar.

-Eu... Eu sabia que se inventasse isso você ficaria com raiva dele e o deixaria livre.

-Não é assim que funcionam as coisas, Crys. O David também tem sentimentos. Não pode jogar com ele assim. E nem comigo.

-Eu sei, droga.

-Mas isso não importa agora. – Falo me aproximando e faço um gesto para que ela se sente no sofá.

Observo rapidamente o estado de sua sala. As janelas fechadas, o cheiro vindo da cozinha de comida estragada. Bitucas de cigarro e pedaços de pizza envelhecidas jogados no chão.

Sinto um tremor percorrer minha espinha. Como não observei que algo muito ruim acontecia a minha amiga?

-Crys. – Falo num tom de voz imperativo – Você voltou a usar drogas?

Ela me encara desolada. Sei que estava envergonhada.

-Eu juro que tem pouco tempo. Dias...

-Porque não me contou? – Seguro sua mão e ela se joga em meu colo. Afago sua cabeça e solto um suspiro carregado de frustração – Eu deveria saber!

-Não, não deveria. Eu fiquei envergonhada. – Ouço sua voz abafada pelos soluços.

-Mas com vergonha de mim? – Falo num tom incrédulo.

-Sim. Eu... Eu não queria contar, mas o Connor me ligou.

Ah, não. Não, de novo não!

-Ele disse estar em Londres à trabalho – Ela continua – E eu o chamei pra vir aqui. Eu e minhas estúpidas tentativas de ser adulta, madura. Pedi umas pizzas, comprei um vinho caro, daqueles que você toma, sabe? – Balanço a cabeça e ela prossegue. – A noite estava indo bem. A gente conversou, ele falou  - ela dá um pigarro – sobre a tal da noiva atual, eu disse como estou indo bem na Waldorf Designs. E foi tão de repente, mas eu já estava no colo dele. Ele trepou comigo e depois foi embora. Nem sequer se despediu, saiu na penumbra da noite, na ponta dos pés.

-Eu sinto muito, amiga... – Afago sua cabeça e ela começa a chorar com mais intensidade.

-Eu me senti um lixo. Eu... Eu cheirei uma ou duas vezes, só. Eu juro. E quando eu vi o David, sei lá. Ele me lembra um anjo. Ele me lembra alguém parecido com um salvador, tipo o Seth de Cidade dos Anjos...

-Oh, Crys... Se tivesse me contado...

-Eu sei, eu sei...

Ficamos ali durante um tempo, até Crys adormecer.

Liguei para o trabalho e disse que entraria mais tarde e Crys não iria pois não estava se sentindo bem.

Limpei toda a sua casa, tirei todos os lixos e enfileirei do lado de fora, para quando o lixeiro fosse passar.

Deixei tudo limpo e organizado e saí as pressas para não chegar tão tarde assim no trabalho.

Durante todo o dia fico pensando em David. Eu queria ter as respostas pra todas as minhas perguntas. Mas eu não as teria.

Eu só queria poder ter aquele momento de novo. Sua boca na minha. Sentir sua pele, seu cheiro, seu toque.

 

*

David´s Point. Of. View

 

Foi um dia estranho. Tudo era diferente. O jeito que eu enxergava as coisas mais simples. Era confuso e melancólico.

Alguma coisa não se encaixava, e volta e meia eu voltava a pensar nela.

Eu sabia o que estava errado. Era a incerteza. Enquanto sua amiga não estivesse bem, eu sei que Gabi e eu não teríamos chance.

E aquilo me consumia de uma forma avassaladora.

-Ei, cara. – Oscar joga a toalha molhada e fedorenta em minha cabeça – O que ta acontecendo com você esses dias?

Dou de ombros e jogo a toalha de volta, acertando em cheio sua cara.

-Sei lá, David. Você parece... Apaixonado!

Olho para trás e o restante dos caras estão fazendo caretas ridículas e gestos obscenos com as mãos.

-O cabelo está apaixonado!

-Quem é a felizarda?

-Ei, eu a conheço?

Eu queria sair dali correndo e ir encontrá-la. Eu só precisava saber que teríamos um futuro. Que teríamos uma chance. Do contrário eu permaneceria inquieto.

 

Paris, inverno de 2013

Eu estava de férias e Sara havia insistido tanto para irmos à Paris que quando percebi já estávamos lá. Ela era uma espécie de força da natureza. Tudo o que queria, conseguia. E não importava o quando ficasse insistente e chata, ela sempre conseguia o que queria de mim.

Mas eu não podia reclamar. Eu adorava aquele lugar. E ficava tão perto de Londres. Em poucas horas estávamos lá.

Naquele dia eu deixei Sara deitada, enrolada em meia dúzia de cobertores.

Vesti uma roupa quente e calcei botas pesadas para andar na neve.

-Ei, aonde vai? – Observo pelo reflexo no espelho ela se espreguiçar e se sentar na cama, ainda sonolenta.

-Vou dar um passeio por aí. – Dou de ombros.

-Hummm... Vou ficar aqui. Tá muito frio. – Ela estremece e afaga os próprios braços.

-Quer que eu traga alguma coisa da rua pra você? – Pergunto enquanto coloco a touca que cobre todo o meu cabelo.

-Não sei. Ah! Traga-me croissants.

-O.k. – Falo e me dirijo até a porta.

-Eeei! – Ela grita – Não vai me dar um beijo de despedida?

Reviro os olhos de costas pra que ela não veja e vou até a cama, dando-lhe um selinho.

-A noite de ontem foi incrível – Ela fala com uma voz sedutora – Você foi maravilhoso.

Dou um sorriso que não chega aos olhos e beijo sua testa.

-Você também foi. Amor.

Saio deixando a esparramada.

 

Lá fora a neve caia demoradamente, em flocos finos. As árvores, os carros, as calçadas estavam cobertas. Era lindo.

Caminho em direção ao nada, quase congelando o cérebro. Mas aquilo era bom. De um jeito estranho, era bom.

Eu só precisava sair daquele quarto. Só precisava ficar só.

Eu não sabia o que estava acontecendo comigo. Talvez todas aquelas indas e vindas com Sara tenha me desgastado de uma forma que não dava pra voltar atrás. O sentimento que um dia foi forte e verdadeiro, hoje estava se reduzindo a nada.

Eu precisava de uma companhia, e ela precisava de mim, pra muitas coisas. Éramos parceiros, como num acordo de trabalho.

Mas viver daquele jeito, empurrando com a barriga, estava me cansando. Me consumindo.

Entro na Starbucks para comprar um chocolate quente e penso em ficar por lá. Mas algo me diz pra eu sair. Então vou caminhando, chutando pedras de granizo e tomando meu chocolate.

É quando eu a vejo. Tão linda, com uma boina fofa na cabeça. Os cabelos loiros caindo em cascata por cima de um longo casaco.

Ela lia atentamente um livro que provavelmente já tinha lido várias vezes.

Uma força semelhante à um imã invisível me leva até ela. Quando vejo, estou caminhando em sua direção, um sorriso bobo na cara e as bochechas ardendo pra caramba.

Ela levanta os olhos, tremula do frio e sorri. Eu adorava aquele sorriso. Era tão doce, fácil, cativante.

-Posso me sentar aqui? – Pergunto e ela balança a cabeça.

-O que faz aqui? – Ela coloca uma pena no meio da página e fecha o livro.

-Estou aqui de férias. Com... Minha namorada.

-Ah. – Sua pálpebra treme levemente – Está gostando?

-Sinceramente... Não. – Solto um muxoxo e observo uma pequena família correndo na neve. Duas crianças, um pai preocupado e uma mãe afagando uma barriga gigante de provavelmente oito meses de gravidez.

-E porque? – Ela parece sinceramente querer saber.

-Não sei. É estranho. – Eu não podia falar sobre aquilo com ela. Era a ultima pessoa com quem eu deveria falar sobre aquilo.

-Sabe de uma coisa – Sua voz é como um sopro de frescor e juventude. – Quer ir comigo subir a torre de Notre Dame? Ver Paris lá de cima e...

-Eu não...

-Eu tenho duas reservas. – Ela fala se levantando – Vamos – E estende a mão.

Olhando ela de pé, o sorriso puro e os braços estendidos, eu percebi que posso ter cometido um erro enorme ao voltar com a Sara. Talvez Deus tenha reservado coisas muito melhores pra mim e eu apenas fui ansioso e imaturo de novo, voltando com ela.

-Vamos! – Ela fala impaciente e eu reviro os olhos. Pego sua mão e saímos apressados.

Ela falava como uma tagarela durante o caminho. De como estar em Paris era algo bom, como aquilo a inspirava.

Eu só ficava observando, ainda assustado. Assustado comigo mesmo e com o modo que meu coração se agitava desenfreado dentro do peito.

 

-Tá vendo? – Ela se inclina, apontando para as gárgulas de pedra – Esse lugar sempre me faz chorar.

-Eu sei. É lindo mesmo. – Falo sem graça.

-O que foi? – Ela me encara com a testa franzida. Uma mecha de seu cabelo cobre parte de seu olho.

Tiro a mecha com a ponta dos dedos, com delicadeza como se tocasse em algo precioso.

Ela ruboriza e seus olhos dizem mil coisas. Não consigo entender nenhuma.

Engulo em seco. De repente sentindo sede. Tinha vontade de sair correndo dali e ao mesmo tempo pegá-la no colo.

-Gabi, eu...

-Shhh.! – As gárgulas podem nos ouvir! – Ela sussurra.

Dou risada, tombando a cabeça para trás, e quando torno a olhá-la, ela está fixamente olhando para minha boca.

E quando percebi, já estava inclinado para beijá-la. Ela morde os lábios com ansiedade e quase, quase nos beijamos.

Mas meu celular dispara. Quebra o clima. Quebra a magia.

Ela faz uma careta.

Sorrimos um para o outro e descemos.

Nos despedimos com um abraço desajeitado e aquilo nunca mais foi mencionado. Não contei pra ninguém, e acredito que nem ela.

Mas depois disso eu nunca mais a olhei da mesma forma. E eu sabia que causava algum efeito sobre ela. Eu sabia como ela ficava quando estava comigo. E isso tinha que significar alguma coisa.


Notas Finais


O que acharam??? :)

Visite minhas outras fics por favorr!

The Murderer
https://spiritfanfics.com/historia/the-murderer-5487331

The Killer
https://spiritfanfics.com/historia/the-killer-6362948


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