História Garota Rosa Choque! - 09: O Cretino Que Eu Não Sou

Garota Rosa Choque

Cap. 09 O Cretino Que Eu Não Sou

A M A R O

   Sasuke imaginava que assistir aquele filme fosse ser a coisa mais chata de sua vida, mas acabou que não foi tão chato assim, na verdade, ele até havia se divertido, o filme tinha partes até que bem engraçadas. Um primeiro encontro agradável? Bem, talvez esse não fosse o termo correto, já que tecnicamente não havia sido o primeiro encontro... Eles já haviam se encontrado, e de um jeito bem mais... Inusitado, se é que vocês me entendem.

Ah! Entendem sim! Se tem uma coisa que eles fazem é entender.

Sakura ainda não tinha uma opinião formada sobre a primeira vez que se encontraram, pelo menos, não uma opinião que fosse duradoura, ela havia gostado de momento, mas não sabia como as coisas seriam dali pra frente, não sabia se a vida estava trazendo pra ela uma pessoa incrível ou alguém que a engava bem fácil e que um dia a magoaria com ainda mais força que Sasori que magoou. A verdade era que ela ainda não tinha uma certeza absoluta sobre Sasuke, só sabia que até então ele estava indo bem.

Balançava um pouco, mas era agradável em alguns momentos.

E essa era seu maior medo, Sasuke era um imenso exemplo daquele ditado popular que sua avó tanto dizia “Quando a esmola é muita o santo desconfia”, o que fazia total sentido quando o assunto era homem. Quando o cara era perfeito demais era quase impossível não ficar procurando alguma coisinha nele que disse o contrário, era meio que automático ficar sempre na defensiva e achando que algo de muito ruim fosse acontecer. E de fato já até havia acontecido, no momento em que descobriu que ele havia escondido o fato de ter um passado conturbado com seu ex namorado.

O assunto a seguir era: As coisas acabariam por aí ou haveriam de chegar a piorar?

– O que nós vamos fazer agora? – a rosada perguntou enquanto observava as ruas da cidade pela janela do carro.

Era um dia calmo e com um clima agradável, dias assim eram raros e ela sentia como se toda a exaustão de seus dias corridos estivesse indo embora depois de ter passado por momentos tão tranquilos durante o filme. Era bom ter isso de vez em quando, e era bom ter isso com Sasuke por perto.

– A minha proposta do motel ainda está de pé. – ele brincou, enquanto desviava seus olhos por um segundo da estrada para olhar para ela e sorrir.

O sorriso mais sexy do mundo. Com certeza, o mais sexy. O sorriso que fazia Sakura se perguntar se valia mesmo a pena se meter naquela furada e contrariamente dizer que valia a pena sim. Entra engraçado poder ter aquele pensamento tão rápido, o pensamento de que estava mesmo deixando que outro alguém sorrateiramente fosse entrando em sua vida.

Sorrisos talvez fossem seu ponto, e o sorriso de Sasuke talvez a enfraquecesse mais do que era seguro enfraquecer.

– Eu estou falando sério, Sasuke! – ela também riu, ele era do tipo que não desistia fácil das coisas que queria, e suas insistências eram até divertidas – Diz algo legal para fazermos.

– Eu também estou falando sério, eu iria gostar. – claro que iria gostar! Afinal, estamos falando de um homem. E não só de qualquer homem, estamos falando de Sasuke Uchiha – Mas já que você parece que não vai mudar de ideia... – ele até olhou para ela na esperança de que ela mudasse – Nós poderíamos dar uma volta no píer e mais tarde procurar um lugar bom para almoçar.

É, Sasuke sabia fazer bons planos. E fazia tanto tempo que ela não dava uma volta pelo píer, seria muito bom para esfriar a cabeça, olhar a água sempre a acalmava. Sasori não era assim, na verdade, seus planos de dar uma volta sempre incluíam as frases “Você escolhe para onde vamos” e “Você que sabe”. O ruivo não era muito de fazer surpresas e muito menos de leva-la em locais que ele mesmo escolheu.

E mais uma vez estava lá fazendo as mesmas comparações absurdas. Ela precisava parar com aquilo ou acabaria estragando algo que nem havia começado de verdade ainda.

– Adorei a ideia, eu topo. – ela falou por fim.

Sasuke fez uma curva e seguiu em direção ao píer. Era um dos locais mais afastados da cidade, mas mesmo assim estava sempre bastante movimentado e com diversas atrações. A água cristalina do grande lago chamava a atenção de todos, especialmente dos casais apaixonados que aproveitavam o bom clima do dia para namorar. Casal apaixonado, que engraçado usar esse termo nesse momento da história. Com certeza não era o que eles eram, pelo menos, não ainda, mas que mesmo sem perceber direito estavam caminhando para ser.

Era bom estar ali, era bom caminhar ao lado de Sasuke, era bom estar com ele. Que loucura! Estava mesmo passando o dia ao lado do cara que estava tentando evitar? Há dois dias isso nem se passava em sua cabeça, e agora estava ali, dividindo um algodão doce com ele.

– Você parece uma daquelas formiguinhas. – o moreno comentou ao analisar a forma com que Sakura comia o algodão doce cor de rosa.

– Uma formiguinha culpada. – ela respondeu com a boca cheia – Vou acabar engordando se continuar a comer açúcar desse jeito.

Sasuke não entendia nada quando o assunto era o peso de uma mulher. Por que era tão importante assim para elas se manterem magras? Pra ele, não importava se ela pesava 53kg ou 63kg, não mudava quase nada, e era até atraente uma mulher mais bochechuda e carnuda. Quem disse que gordinhas não são atraentes?

– Ia ficar linda se ganhasse uns quilinhos, eu não iria me incomodar. – ele comentou – Sabe, Sakura, eu sinto que qualquer alteração que você faça vai ficar perfeita, e isso inclui até ficar careca ou quem sabe fazer uma tatuagem de abelha no rosto e fazer mais uns 19 furos na orelha, quem sabe um moicano também.

– Calado, garoto!

Sakura parou de andar, ficou o encarando por alguns segundos bastante séria, mas depois de um tempo sorriu. Sasuke era muito diferente do que ela imaginava, não era nada superficial como ela achava. Na verdade, ele era um cara sensível, meio safado, mas mesmo assim era sensível.

Deu vontade de apertá-lo e dizer que ele era incrível. Isso era bom e ruim ao mesmo tempo, porque garotas se acostumam a ter caras que fazem o mínimo do mínimo e quando aparece alguém que faz algo a mais esse algo a mais fica enorme. Seria bom se o mundo só aceitasse pessoas incríveis, que estão sempre nos fazendo sorrir e nos fazendo ver a vida de uma maneira mais gostosa. Ela não iria usar um moicano e nem fazer uma tatuagem de abelha no rosto, mas adorou saber que mesmo assim iria ter o apoio dele caso, sei lá, um dia desses desse na telha.

– Você fala como se já estivéssemos em um relacionamento. – ela falou por fim, e depois sorriu de uma forma sem graça – Como se isso aqui que temos já fosse um namoro ou algo assim.

– E não estamos? Hum, eu sempre vi como algo sério.

Por que ele estava falando daquela maneira? O que queria com “E Não estamos?”. Ela não entendia nada, Sasuke não fazia o tipo carente que precisava urgentemente de alguém para estar ao seu lado e abraça-lo todas as noites. Na verdade, por que ele estava ali com ela? Ele podia ter a mulher que quisesse, já havia transado com ela, o que mais queria?

– Sasuke, por que ainda está aqui? – ela não resistiu em perguntar, nem mesmo as centenas de pessoas ali ao redor a fizeram repensar antes de perguntar aquilo – Já teve o que a maioria dos homens querem, por que está me levando pra sair?

– Não sou o cretino que você pensa que eu sou. – ele falou sinceramente, e logo em seguida soltou um suspiro profundo. – Queria que pudesse entender isso. Que pudesse entender que eu quero o melhor pra nós, que gosto de você.

Sasuke segurou sua mão e a conduziu até a grade de proteção da ponte em que estavam, observou o sol claro por alguns instantes, o dia estava realmente bonito, talvez uma das manhãs mais bonitas do ano. Sakura estava calada ao seu lado, estava esperando que ele dissesse algo, talvez estivesse magoado com o que ela havia dito. É, ele não era nada como ela imaginava.

– Por que insiste em pensar que sou um cretino? – ele perguntou, mas ainda não havia olhado para ela.

– Nunca tive sorte no amor, e depois da minha ultima decepção, só tento não criar expectativas com ninguém. – ela confessou, estava sendo sincera, e por mais que não estivesse demonstrando, por dentro sofria muito pelo término com Sasori – Tento não criar expectativas com você, tenho medo de que no fim não seja nada do que eu pensei que seria. Eu achei que era tudo perfeito com o Sasori ele me decepcionou muito, não quero que isso aconteça de novo.

– Acha que eu não te mereço? – o moreno perguntou – Não posso ter a sua confiança?

– Não, na verdade, penso que eu não mereço um cara como você. – era triste ter que assumir que esse era o seu pensamento, mas não podia fazer nada para mudar a realidade, essa era a verdade – Você é bonito, inteligente, está cursando medicina, e pelo carro que tem com certeza deve ter uma conta bancária bem gorda, é sexy, charmoso, o tipo que qualquer garota iria querer. Por que se interessaria por mim?

Ele riu. Era estranho ouvir Sakura falar daquele jeito. Então era por isso? Ela havia se fechado para ele só por achar que ele era bom demais para ela? Mem em um milhão de anos iria imaginar uma cena daquelas, Sakura Haruno estava mesmo demonstrando insegurança?

– Ei! – ele segurou seu queixo e o ergueu para que ela olhasse diretamente em seus olhos, e logo em seguida selou seus lábios rapidamente – Você é linda, é inteligente, possui um charme único, Sakura, não quero que se sinta menos do que qualquer outra mulher, se eu estou aqui, é porque quero estar.

Ele era mesmo incrível, ele era mesmo tudo o que uma mulher precisava para se sentir mais completa. O que era aquilo que ela estava sentindo dentro de seu peito? Só haviam se passado alguns dias, mas ela sentia que o conhecia há tanto tempo. Estava mesmo... Se apaixonando?

Paixão, que palavra engraçada para aquele momento. Sasuke não causava borboletas em seu estômago, mas isso porque ele não a deixava ansiosa ou nervosa, ele a deixava calma e feliz e era isso que uma mulher deveria procurar em um homem, e não por borboletas idiotas. Ela sorriu como poucas vezes havia sorriso em sua vida.

– Sasuke, eu queria tanto que fosse...

Ela nunca conseguiu terminar aquela frase, e talvez, se tivesse terminado, teria se arrependido profundamente. Por sorte, ele a beijou antes que ela terminasse de falar, aliás, não importava, ele a queria beijar, queria muito ter aquele beijo.

Muitas pessoas até pararam para olhar aquela bela cena, e quem olhasse de longe, veria um belo casal apaixonado se beijando na encosta de uma grade protetora de uma ponte, com um belíssimo lago abaixo de seus pés. Era só mais um beijo, mas não era um simples beijo, era O Beijo, o beijo que marcava um novo inicio para uma relação que estava só começando.

– O que você iria me dizer mesmo? – ele perguntou ainda ofegante pelo beijo, estava sorrindo.

– Nada, eu não queria dizer nada, pelo menos, nada de importante. – ela sorriu e se desviou de assunto, na verdade, já tinha até esquecido – E se fossemos pra casa agora?

– E o que iriamos fazer em casa? – ele perguntou mudando seu tom de voz para um mais malicioso, isso era meio que uma reação automática para aquela pergunta.

– Você só vai descobrir quando chegarmos lá. – ela respondeu com um tom ainda mais malicioso.

Mas talvez fosse falso.