História Garoto Riquinho - Minha família

Wade P.O.V 

Logan me leva todo mês para visitar o Instituto Xavier. Não vou mentir, é legal conversar com pessoas que são problemáticas como você e da mesma faixa etária, chega a ser reconfortante.

Eu fui apresentado ao Xavier uma semana depois de ser adotado aos oito anos quando meu pai percebeu comportamentos um tanto incomuns. Desde aquela época eu faço uma espécie de "terapia", agora já sou um adolescente no último ano do Ensino Médio e ainda não melhorei. 

–Vamos logo, Wade! Senão iremos nos atrasar!–Meu pai grita de dentro do carro e abre a porta do passageiro para que eu entre.  

–Foi mal, tava ajeitando umas coisas!–Me sento no banco com a mochila no colo e fecho a porta com força. 

–WOW, GAROTO! Cuidado com o meu carro!–Gira a chave e dá a partida fazendo o carro se mover lentamente pela rua. 

–Dá pra ir mais rápido não? Esse carro tá meio velho! 

–Agradeça que eu tenho ele! Eu comprei essa belezinha um ano depois de pegar sua guarda!–Bufo e reviro os olhos. 

–Pronto, lá vem história... 

–Você tinha nove anos, faltava um mês pro seu aniversário de dez e o seu sonho era ir em um shopping, você nunca tinha ido!–Minha memória se acende e me interesso mais na história.–Onde a gente morava era muito longe do centro então eu comprei esse carro de um amigo meu, no mesmo dia eu te levei em um dos maiores shoppings de Nova Iorque! 

–Eu me lembro desse dia como se fosse ontem.–Falo baixinho e sorrio.–Eu ganhei um unicórnio de uma moça que me achou fofo e tenho ele até hoje, bons tempos... 

–Sim, bons tempos. Até você se envolver com gente errada e ficar mais fodido do que já era!–Diz carrancudo e depois fica mais sério, acho que até preocupado.–Esse menino Peter, ele é um bom garoto, eu não te vejo radiante assim desde...você sabe quem. Termine os estudos, Wade, eu sei que você está atrasado por causa do reformatório mas ainda há tempo! 

Meu pai olha pra mim por um tempo e depois volta a focar na estrada. 

–Você ainda é jovem, pode aproveitar o tempo que tem! Estudar, trabalhar, criar uma família...–De repente uma imagem se forma na minha cabeça rapidamente: Eu, Peter e uma bebê rindo juntos e tão rápido quanto apareceu, a imagem sumiu me deixando confuso e perdido balanço minha cabeça e volto a minha atenção no meu velho.–Faltam poucos meses pra sua formatura, e será um orgulho ir te ver.   

–Eu espero conseguir passar direto...não quero repetir de ano, não denovo.   

–Eu acredito em você, Wade. Sempre acreditei. 

O silêncio se estabelece com apenas o som do rádio e das ruas sendo escutado. Encosto minha cabeça na janela e fecho os olhos respirando fundo. 

⭐⭐⭐ 

Acordo de solavanco com Logan batendo a porta do carro ao sair e depois eu caio do banco quando alguém abre a minha porta. 

–Ai caralho!–Reclamo massageando minha cabeça doída pela batida.–Quem foi o desgraçado?–Pergunto assim que me levanto e me deparo com Ellie e seu estiloso moicano junto à Piotr.

–AMIGOS! 

–Seja bem vindo novamente, Wade!–Piotr fala com seu forte sotaque e lhe puxo para um abraço apertado. Quando ia abraçar Ellie, ela bota a mão na frente me impedindo de chegar perto. 

–Espaço pessoal, Wade, espaço pessoal. 

–Okay, desculpe! Bom, Piotr diga-me como vai o pessoal?–Pergunto enquanto vamos andando em direção a porta da grande mansão. 

–Scott Summers continua com paranóias, coitado, Pietro ainda não consegue falar devagar e suas crises de ansiedade estão aumentando...Jean Grey é a que mais melhorou! 

–Que bom, eu sinto saudades dela!–Entramos no Instituto e logo me familiarizo com tudo. 

As crianças andando em direção às suas aulas, adolescentes conversando e os adultos também. Vejo perto da escada meu pai e Xavier me chamando para subir.

–Tenho que ir pessoal. 

–Tchau, Wade até mais tarde!–Piotr se despede sorrindo. Ando até os dois velhinhos e dou um abraço leve no professor Xavier. 

–Olá professor.–Ele sorri com aquela carinha fofa de gente velha e sinto uma alegria no meu coração.–Então, você vai me obrigar a fazer um monólogo desses últimos meses? 

–Com certeza! Vamos para a minha sala lá tem mais privacidade.–Fala e aperta no botão da cadeira de rodas eletrônica que começa a andar e eu o acompanho. Abro a porta de madeira cheia de detalhes e entro na sala que me trás várias memórias antigas e tristes do meu ponto de vista. Fecho a porta e me sento na cadeira em frente a mesa do professor Xavier. 

–Então, Wade como está indo aí dentro da sua cabeça?–Pergunta mais sério e olho pro lado com aquela estranha sensação dele estar lendo meus pensamentos. 

–Ah, nada demais...eu conheci um garoto acho que estou apaixonado mas só isso mesmo.

–Só isso? Qual o nome do garoto?–Indaga calmo como sempre e sorrio me lembrando do rostinho angelical do meu namorado. 

–Peter Stark, ele é lindo! Carinhoso, inteligente, fofo e extremamente gostos...bondoso! Muito bondoso!–Xavier ri fraco pela falta de força mas volta a ficar sério. 

–Wade, eu percebi que você parece mais feliz do que antes mas diga-me como você realmente está? Parou de machucar pessoas? 

–Hhmm e-eu estou parando né...eu quero mudar! Se não for por mim mesmo que seja pelo Peter, eu não quero ser um psicopata com ele por perto.–Respiro fundo e mordo o lábio ansioso.–Parece bobeira mas não é só uma paixonite de colegial... 

–Eu te entendo, Wade. Eu acredito em você. Mas você precisa vir aqui mais vezes, fazer terapia ou simplesmente conversar não te faz mais fraco que ninguém.–Pede com preocupação e continua me encarando. 

–Ás vezes parece que você lê minha mente. 

–Eu não leio mentes, meu filho, só sei como ajudar adolescentes como você. Agora vá conversar com seus colegas, terminamos por hoje. 

–Obrigado, professor!–Agradeço e saio porta a fora procurando por meus amigos e dou de cara com uma garota que me xingou com raiva. 

–Não sabe olhar pra onde anda?–Olho para a menina e sorrio abraçando-a. 

–JEAN!–Ela sorri e retribui o abraço na mesma felicidade. 

–WADE! QUE SAUDADE!–Nos soltamos e Jean me segura pelo braço me puxando para o enorme quintal da mansão.–Me conte as novidades! 

–Eu voltei pra escola, meio atrasado mas quem se importa né?–Dou de ombros e ela nega com a cabeça.–Não estou trabalhando, saí dessa vida louca e sangrenta, e estou namorando!–Jean sorri carinhosamente e nos sentamos na grama verde e macia do quintal/campo do Instituto. 

–Que bom, Wade. Eu sempre soube que você conseguiria superar seus problemas! 

–Obrigado, Jean, você é uma das poucas pessoas que ainda tem esperança de que eu melhore. 

–Esse seu namorado está incluso? 

–Sim o Peter é incrível! A gente brigou a uns dias mas já estamos de bem. 

–Então o nome dele é Peter? 

–Peter Stark, o filho do bilionário famosão. 

–OH MEU DEUS! Você tá namorando um famoso!–Jean dá um gritinho de felicidade e eu rio achando engraçado. A ruiva olha para os dois lados chega mais perto de mim e pergunta baixinho:–Vocês já fizeram? 

–Fizemos o que?–Me faço de desentendido. 

–Você sabe...aquilo. 

–O que, Jean Grey? O que? 

–Não faz o lerdo não, Wade! Você sabe muito bem do que eu estou falando! 

–Ah tá! Se a gente já fez chaca chaca na buchaca? Não, não ainda. 

–Credo! Óbvio que não fizeram! Falando desse jeito! 

–Ah me deixa em paz, pelo menos eu não pago de santinha mas na verdade sou uma piranha!–Lanço a indireta direta e Jean me dá um um tapa na cabeça.–Caralho isso dói, você é forte porra! 

–Wade você tem que aprender a ser mais romântico! Deveria chamar o Peter pra um jantar a luz de velas, com comidinhas chiques e essas coisas. 

–Não sou esse tipo de cara e nem sei se conseguiria aprontar algo assim. 

–Eu posso te ajudar!–Boto a mão no queixo pensando em considerar a ideia.–Vamos lá, Wade! Vai ser perfeito e você ainda vai ter uma noite com ele, que tal? 

–Tá, tá bom eu aceito! Me diz aí as artimanhas. 

–Wade, ninguém fala "artimanha". 

–Eu falo, eu sou original me deixa ser feliz! 

–Okay, primeiro: Comida chique não é miojo nem ovo. Você tem que fazer uma comida que ele goste mas algo elaborado sabe? 

–Sei.–Afirmo fingindo anotar num bloquinho e ela revira os olhos. 

–Segundo: Bota uma musiquinha de fundo, ou vê um filme com ele antes, cria um clima entende? E terceiro porém não menos importante: respeite o espaço dele, se não rolar é porque não era pra ser. 

–Entendido, capitã!–Dou continência fazendo Jean rir. 

A garota me dá um abraço e dois tapinhas no ombro.

–Boa sorte, Wade. E quando eu digo boa sorte, é boa sorte mesmo.

–Obrigado mas não está ajudando, e minha autoestima fica como? No fundo do poço!

–Você não está no fundo do poço, você é o poço.–Fala fazendo uma voz dramática. Nós dois rimos e Jean suspira com pesar.–Falando em fundo do poço, eu acho que vou embora do Instituto...

–Ué por quê? Você fez algo?

–Não...é que eu estou crescendo sabe? E eu preciso fazer uma faculdade, ter um trabalho e essas coisas.–Jean bufa e bota uma mecha do cabelo atrás da orelha olhando pra baixo.–Eu não queria, mas eu preciso ir embora.

–Por que você não trabalha aqui?

–Porque eu não quero isso, ao mesmo tempo que não quero ir embora eu sei que é necessário...é tão confuso!

–Ah, eu te entendo. O que eu posso te recomendar é que aproveite esses dias aqui enquanto pode, guarde cada mínimo detalhe na sua memória e transforme elas em boas lembranças, um lembrete de que você superou seus problemas da melhor forma e com as melhores pessoas.

–Obrigada, Wade.–A menina me abraça e sorri.–Estava precisando disso, você e a galera do Instituto são minha família.

–Vocês também são minha família, e você senhorita Jean Grey é minha irmãzinha!–Falo apertando suas bochechas e a garota dá um tapa leve na minha mão.–Bom, e eu vou voltar pra casa hoje a noite.

–Bote o plano em prática! E me conte tudo!

–Pode deixar que eu vou!

⭐⭐⭐

Quando chego em casa vou direto ao meu quarto e tranco a porta. Ligo para Jean e começamos a planejar tudo desde a comida até o filme que eu verei com Peter. Desligo a ligação e mando uma mensagem para ele perguntando se aceitaria passar uma noite na minha casa.

[Baby Boy❤]É claro amor, te vejo amanhã. Boa noite!