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História Garotos Bonzinhos - Aluno novo e aulas de educação física


Escrita por: hwallstars

Notas do Autor


capinha linda demais e meu xodó favorito por @zemile <3

Capítulo 1 - Aluno novo e aulas de educação física


Doyoung vacilou quando percebeu que talvez não fosse mais um dia normal em SM High. Seu foco naquele dia estava no fato de ser véspera de sábado, o que iria lhe garantir um dia longe daquele inferno e, dependendo da disposição de seus amigos, talvez até mesmo de casa. Mas, talvez sua mente tivesse viajado muito quando ainda era a terceira aula do dia, ele ainda enfrentaria mais vinte minutos de intervalo e três aulas além desta — incluindo a que mais odiava no final do período. — Era um caminho longo até o dia seguinte.

Sua sala era ‘mapeada’ e, justamente hoje, todos os benditos estudantes estavam presentes. O professor ocupava seu próprio lugar em frente a lousa, segurando uma caneta Pilot e falando sobre o conteúdo que Doyoung já sabia de cor. Ele não estava mesmo anotando a matéria enquanto todos ao seu redor — incluindo seu amigo, Nakamoto Yuta, sentado atrás de si — copiavam.

A porta da sala já estava aberta quando o coordenador Kang apareceu e deu uma leve batidinha para chamar a atenção do professor. Esse foi o primeiro sinal, mas Doyoung o deixou passar. Ele sentiu o amigo, sentado na carteira de trás, virar na direção do som.

O coordenador Kang não estava sozinho, ao lado dele havia um garoto vestindo o habitual azul cobalto do uniforme da SM High, com fios tão loiros que o tornavam quase angelical. Não era muito interessante, pensou ele, contudo sentiu o interesse da sala no aluno novo.

Um arrepio subiu pela sua nuca quando ouviu o amigo dizer atrás dele:

— Ele é fofo.

Doyoung revirou os olhos. Era normal ouvir Yuta comentando sobre garotos algumas vezes por dia. Ele quase considerou que o dia estava entrando em seu eixo comum depois de ouvir a observação do amigo. Quase.

— Você não acha, Kim? Ele é realmente, realmente, fofo.

Doyoung se segurou para não responder, se segurou ainda mais para não virar e bater no amigo por continuar esperando uma resposta sua.

O professor e o coordenador Kang terminaram de conversar e apenas o professor voltou para o centro da sala. O aluno, que era estrangeiro — notou Doyoung —, o acompanhou com um pouco de atraso.

— Bom, este é o novo colega de vocês. Deem as boas vindas ao Sicheng.

— Até mesmo o nome dele é bonito — Yuta constatou, perto da orelha do Kim.

— Yuta, cala a boca — Doyoung proferiu cada palavra entredentes, apertando as mãos em punhos para se segurar. — Se o professor me repreender porque você não consegue ficar sem comentar sobre a porra de um pau novo, eu vou realmente-

— Sente-se ao lado do senhor Jung, Sicheng — disse o professor, interrompendo o Kim e apontando um dos únicos assentos livres.

Doyoung não tinha ficado em silêncio apenas por ouvir o que o professor disse, seu interesse no assunto e aquela mesma sensação de estranheza sobre o dia, assumiu um papel maior quando aquele sobrenome foi proferido.

O aluno sorridente do outro lado da sala, aguardando Sicheng tomar o lugar vago à sua frente, tinha covinhas, cabelos castanhos idênticos aos olhos e uma postura ereta que passava uma imagem diferente da realidade. Jung Jaehyun parecia impecável, até mesmo gentil ao falar com o garoto novo. Doyoung achou incrível sua aptidão para atuar. Tudo nele era falso e Doyoung não conseguiu desviar os olhos a tempo.

— Senhor Kim? — o professor o chamou, como se não fosse a primeira vez. Doyoung virou com tanta rapidez e força que poderia até ter estralado o pescoço. — Depois da aula passe o horário para ele, tudo bem?

— Claro, Senhor. — O Kim não gostou do gosto na ponta de sua língua, podia sentir a hipocrisia ao sorrir de maneira tão falsa para o professor ao tentar parecer um aluno perfeito. Assim que o professor prosseguiu com a aula virando em direção a lousa, Doyoung desfez o sorriso e voltou ao seu tédio, que não duraria muito, ele sabia disso.

Doyoung era o representante da classe, classificado em primeiro lugar por sua pontuação nas provas em geral, esse era o motivo do pedido de seu professor ser dirigido a ele. E também o motivo pelo qual teria que enfrentar o outro lado da sala para falar com o garoto novo. Por um instante, Doyoung odiou ainda mais tudo ali.

Ele odiava a escola, odiava alguns de seus professores e, acima de tudo, odiava Jung Jaehyun e Johnny Suh.

E era exatamente esses dois que o encaravam quando ele olhou naquela direção. Johnny virou o rosto com desprezo que Doyoung se via compartilhando, mas Jaehyun o desprezava de uma maneira diferente. Ele sorria da forma mais provocativa que podia com os olhos focados em Doyoung, sua prepotência fazia o sangue do Kim ferver mesmo sem dizer nada, somente olhando.

Doyoung queria arrancar aquele sorriso à força.

Ele não compreendia os motivos de Jaehyun, muito menos de Johnny, mas podia sentir esse desejo crescente em seu ser. Odiava ambos. Odiava aquele sorriso e aquelas malditas covinhas.

 — Dodo, você deveria convencê-lo a andar com a gente. — A fala de Yuta fez os pensamentos de Doyoung se embaralharem um ao outro, confusos, antes de evaporarem. — Você não gostaria de mais alguém andando com o Jung, né?

— Talvez eu pense a respeito. — Doyoung virou brevemente de lado, deixando de lado a atenção do Jung e focando na ideia do amigo. Por mais que não admitisse, cogitou essa ideia depois de pensar em Sicheng se juntando com Johnny e Jaehyun para perturbá-lo.

Yuta deu seu melhor sorriso, pois conhecia o amigo e sabia que só pelo fato dele considerar o assunto, já era uma pequena vitória. Ele parecia tão contente que Doyoung quase se pegou sorrindo junto.

— Você só quer que eu te ajude a se aproximar dele — acusou o Kim, sabendo que estaria certo sobre as intenções de Yuta. — Você vive… falando do Johnny, o que houve? Já trocou de crush de novo?

Yuta balançou os ombros, fingindo não se importar.

— Você sempre diz que Johnny é um babaca.

— Não digo, não? — Doyoung franziu a testa, sabendo que suas palavras estavam longe de descrever o Suh de maneira tão amável.

— Ok, não é exatamente o mesmo que você diz. Mas você só usa palavras de baixo calão para falar dele. — O Nakamoto pegou sua lapiseira e a girou entre os dedos, relaxando a postura contra o encosto de sua cadeira. Seus pés até mesmo esbarraram nos do Kim, ao lado da carteira. Yuta riu baixinho.

— Tem razão, e eu tenho meus motivos para descrevê-lo assim. — Doyoung empurrou o pé do amigo com o seu próprio e lhe lançou um olhar irritado. — Sente-se direito. E, me diga, acha mesmo que tem alguma chance com ele?

— Johnny? — Yuta ficou corado. — Você mesmo diz que não…

— Com o aluno novo, Yu. Deixe de criar fantasias com aquele animal do Suh.

— Ah! — Ele olhou na direção do garoto loiro, que parecia bem concentrado na aula, tomando nota de tudo e às vezes parando para ouvir algo que Jaehyun e Johnny lhe diziam. — Ainda não tenho certeza sobre minhas chances. Mas de uma coisa tenho certeza: ele não me parece o tipo de pessoa que andaria com eles.

— Nisso devo concordar. — Doyoung não precisou olhar o garoto outra vez, ou compará-lo com aquele que já conhecia bem, para dizer: — Ele parece um pouco… inofensivo.

Yuta estava encarando o menino há algum tempo já. Havia um interesse totalmente novo em sua expressão, algo que Doyoung não via há tempos no rosto do amigo. Mas Nakamoto não sabia disfarçar, ele estava praticamente secando o loiro e Doyoung não queria ficar assistindo enquanto ele fazia aquilo. Ele virou para frente em sua carteira e cumpriu seu papel de aluno impecável.

Algumas pessoas o chamavam de puxa-saco ou de mesquinho, mas Doyoung não se importava com nenhum desses comentários. Ele sabia a forma perfeita de obter um bom julgamento sobre si dos professores e com isso conseguir as melhores notas.

Quando a aula chegou ao fim, Doyoung fez precisamente o que o professor pediu, indo até o outro lado da sala, ignorando Yuta lhe pedindo que considerasse outra vez a ideia de convidar Sicheng para andar com eles, e ignorando também os olhares que o acompanhavam.

Havia um único olhar ali que não deveria ser ignorado e esse foi retribuído com um sorriso malicioso e cheio de segredos, pertencia a ninguém menos do que Kim Jungwoo. Jungwoo, que sentava perto de Ten e Taeyong, piscou de forma brincalhona para o outro Kim.

Doyoung parou em frente a mesa de Sicheng e percebeu que Johnny havia feito uma careta, assim como Jaehyun, ambos compartilhando os mesmos pensamentos a respeito da presença do Kim.

— Esse é o nosso horário. Se eu puder te ajudar com alguma matéria que tenha dificuldade ou mesmo com alguma outra coisa, é só me avisar.

Sicheng parecia bem tímido, mesmo quando só o agradeceu.

Doyoung passou o intervalo ocupado com coisas do grêmio, ele não era um membro, mas como representante precisava ouvir algumas coisas para passar para a sala ou votar em algumas de suas ideias. Quando finalmente se viu livre de sua função com Chenle, o intervalo já havia acabado e não havia sinal de seus dois amigos.

Yuta e Donghyuck deviam ter passado o intervalo quase todo falando de garotos, Doyoung não achou que estava perdendo muito.

Na última aula, no entanto, foi quando percebeu a ausência de Yuta novamente. Justamente na aula que Doyoung mais odiava: Educação Física.

Como precisava de nota, ele não podia se dar ao luxo de faltar algumas aulas — ou em todas, como fazia Donghyuck. — Então Doyoung se juntou com Jungwoo e algumas garotas para jogar vôlei.

Jungwoo ficou falando com elas enquanto Doyoung se adiantou em ir até o vestiário masculino se trocar para a aula. Ele encontrou o aluno novo parado ali na frente e o convidou para jogar com ele, mas foi quando menos esperava que foi interceptado por eles.

— Lá vem ele com esses esportes para garotas — disse Johnny, colocando o braço ao redor do pescoço de Sicheng. — Sicheng não é igual a você, pode tirar a chuva do cavalinho.

— O contrário — corrigiu Jaehyun, chegando ao lado dele. — O que você quer aqui, Doyoung? Se perdeu do seu namorado?

Não que fosse verdade, mas o Kim se perguntava exatamente a mesma coisa: Onde estava Nakamoto Yuta? Ao invés disso, Doyoung o ignorou e disse:

— Sicheng pode responder por ele mesmo.

— Anm… — murmurou Sicheng, travado.

Como o garoto novo parecia pressionado demais para responder àquela pergunta, Johnny se aproveitou disso. Ele apertou o braço ainda mais forte ao redor do ombro do loiro. Doyoung nunca entendeu a mania dos héteros de precisarem tocar tanto nos corpos uns dos outros, como se isso fosse bastante viril. O Kim sorriu sozinho, obrigando-se a balançar a cabeça para afastar aquele pensamento.

— Viu? Ele não quer jogar com o viadinho da escola. — Doyoung não se ofendeu, estava até acostumado a ouvir esse tipo de comentário de Johnny. Ele o ignorou e tentou desviar dos três para entrar no vestiário, porém Jaehyun facilmente entrou em seu caminho e o impediu de passar.

Doyoung olhou de Jaehyun para Johnny, esperando que um deles se pronunciasse sobre o porquê de estarem barrando sua passagem agora.

— Você tem certeza que esse é o vestiário certo? — disse Jaehyun calmamente. — Eu acho que você devia ir se trocar com as meninas. — Ele aproximou o rosto no final para dizer: — Já que você gosta de dar.

Doyoung engoliu em seco, desconcertado pela proximidade que Jaehyun sempre fazia questão e nervoso pelas palavras que saiam daquela maldita boca, que estava sempre sorrindo. Ele o empurrou com força para sair da frente do vestiário, porém Jaehyun mal se moveu e ainda começou a rir de sua tentativa falha, achando divertido.

Doyoung queria tanto ter coragem de fazer os seus pensamentos sobre tirar o sorriso de Jaehyun se concretizarem. Assim pelo menos se sentiria um pouco vingado por todas as vezes que ouvia coisas homofóbicas vindas dele ou de Johnny. Mas violência não era o seu forte.

— Eu acho que seu problema comigo é que você quer me ter, mas eu não transo com idiotas — sussurrou Doyoung, ainda alto o suficiente para os outros também ouvirem, e sorriu. — É por isso que você se agarra tanto no meu pé e não me deixa em paz, não é, Jung?

Doyoung viu acontecer, viu Jung Jaehyun se afastar um centímetro, de repente assustado por ele ter respondido a uma de suas provocações. E isso foi o suficiente para satisfazer Doyoung, pelo menos por um breve instante.

— O que você disse? — Johnny soltou Sicheng e segurou o pescoço do Kim. Jaehyun já tinha se recuperado de seja lá o quê tivesse acontecido, mas o encarava sem seu sorriso típico. Doyoung absorveu essa informação, ainda mais satisfeito, ele poderia apanhar de Johnny mas sairia dali vitorioso por ter tirado aquele sorriso do rosto de Jaehyun. — É melhor você ajoelhar e implorar por perdão — avisou Johnny num ultimato.

— Normalmente não sou eu que me ajoelho — Doyoung tirou sarro, rindo. — Qual é? Agora vão partir pra violência só porque vocês não têm mais argumentos? Espera, acho que nem dava pra chamar as merdas que saem da boca de vocês assim.

Suh o soltou e, em um movimento rápido, segurou seus braços atrás de suas costas antes que pudesse ter a chance de fugir. Doyoung sentiu até a  respiração dele na lateral de seu rosto quando Johnny falou por cima de seu ombro:

— Acaba com ele, Jaehyun.

Jaehyun olhou para Doyoung por mais algum tempo, como se tivesse cogitado algo antes de andar até ele e acertar um soco em seu rosto.



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