História Gasolina - Coques

Tamborilava os dedos sobre o caderno observando o professor resolver a folha e ainda explicar a continuação do assunto, que eram justamente as questões que 98% da sala não conseguiu resolver. 

Esse desgraçado colocou questões de um assunto que ainda não havia explicado e deixou metade da turma louca procurando na internet a resposta ou adiantando o assunto para tentar compreender sobre o que se tratava. Foi uma boa tática, hoje mesmo todos vêm que é bem mais fácil do que pensávamos que fosse ser. 

Ele se virou e cruzou os braços:

— É assim.

Só ouvi os "ahhh" do pessoal. Copiei em meu caderno a resolução e depois voltei a meus pensamentos. Não, eu não estava pensando no professor, eu estava pensando no Baile e em todos os preparativos. 

Essa manhã Temari apresentou um design do ingresso. Depois eu soube de uma garota que estava chorando no banheiro e tive que saber o que estava acontecendo e foi um problema em sala de aula - fizeram bullying com ela - então eu fui atrás do débil mental e conversei com ele, passei o acontecido a Tsuna. 

Aí algumas alunas do Segundo Ano novatas vieram falar sobre Kakashi e como elas estavam loucas para saber o que havia ali embaixo, aí eu tive que explicar que aquilo era segredo de estado, guardado a oito portões e elas ficaram desgostosas. Depois para terminar de me azucrinar, a aula de Física começou, e, que tédio.

O que me deixa mais agoniada é o fato de que minha folha está nas mãos dele e todas as minhas respostas estão lá, além de meus pensamentos loucos. Que tipo de pensamentos, Sakura? Pensamentos como "física é = macumba" ou "lembrar que x é diferente de +" e tem até um "desgraçado".

Cruzei minhas pernas e olhei pela janela procurando algo que me fizesse esquecer o acontecido do dia anterior, levantei meus braços e fiz um coque, bocejei e balancei minha perna enquanto cantarolava uma música qualquer.

— Saky! 

Olhei para trás e vi Ino me chamando, levantei-me e atravessei a sala me ajoelhando ao lado dela, conversamos por uns dois minutos sobre a festa, que ocorreria esse sábado e tive uns spoilers sobre como seria. 

A Porca me contou que terá uma conotação sensual discreta e envolvente, logo no começo os convidados receberiam algumas cartas de baralho e os premiados, com um tipo de carta específica, iriam participar de um jogo. E também todos os convidados receberiam máscaras distintas.

Voltei a minha carteira curiosa, Ino com certeza faria uma santa festa! 

Coloquei uma mecha que caiu de meu coque atrás da orelha e cruzei minhas pernas olhando para meu caderno:

—Todos entendidos?... Ótimo. Nosso próximo assunto é Potencial Elétrico. 

Ele pigarreou chamando minha atenção e me entregou minha folha, acenou com a cabeça e encostou-se à mesa em minha frente perguntando-nos o que pensávamos que seria potencial elétrico. 

Minha mais nova tara são professores de Física com ternos... Nossa que perdição da desgraça, por que ele começou a vir de terno? Tô achando desnecessário. E esse cabelo bem penteado e totalmente bagunçado? É um impasse! Esse cabelo dele não sabe o que quer da vida.

O resto da aula apenas ouvimos o professor falar. Não reclamo, a voz dele é sexy, é rouca, é grossa, é sexy de novo e boa de ser ouvida. 

O sinal tocou e me espreguicei pensando que em minutos estaria em minha cama hibernando, sim, as últimas aulas da quinta-feira são dele.

Graças a Deus não havia nada a ser resolvido com o Grêmio, já que adiantei tudo durante o intervalo. Bocejei e arrumei minha mochila.

— Tchau, Sakura. - Karin disse passando em minha frente. 

— Tchau, Ka. 

Ela acenou e mandou um beijinho passando pela porta. Naruto e Hinata saíram abraçados e conversando sobre os treinos e se dando beijos enquanto conversavam.

Esqueci de pergunta a ruiva sobre o tal Hozuki, Karin não explica nada e nem faz parte do Grêmio para nos aproximarmos mais, vou enfiar ela como secretária para ela nos contar sobre o tal tiozinho que ela encontrou na festa.

— Sakura! - Lee se aproximou de mim sorrindo, sorri de volta.  Você entendeu o assunto de Biologia, certo?

Anui tirando meu blazer:

— Você ta com algum problema? - Perguntei preocupada, Lee é meu amigo, poxa, eu me preocupo com ele do mesmo modo com que me preocupo com Neji, Temari e Karin.

— Ér... Na verdade... - Ele me olhou fazendo bico e com os olhos aguados.

Não quero me gabar nem nada, mas até onde eu sei, Lee tem uma paixonite por mim que perdura desde a quinta série, se ele vier com gracinha para mim eu juro que vou xingar! 

Se não basta a pedra em meu sapato chamada Professor Gostoso Sasuke Delícia Uchiha, não quero ter Lee também não. O QUE EU FIZ PARA CHOVER EM MINHA HORTA DE UMA HORA PARA OUTRA?! A macumba que lançaram em mim ta funcionando para tudo quanto é lado, voti.

— Você ta bem, Lee? 

— Me ajuda com Genética, Sakura. - Ele juntou as mãos. — Por favor, você é tão inteligente e linda, eu queria ser como você, mas não sou.

— LEE! - Berrei, sorri e peguei em seu ombro. — Obrigada, sim eu te ajudo, e não Lee você não é feio e nem burro.

Ele agradeceu e concordou saindo correndo clamando o professor de Educação Física que parece ser pai dele, mas não é. Sorri torto e coloque minha mochila no ombro caminhando em direção a saída, me virei e vi que o professor estava parado no meio do caminho mexendo no celular. 

Eu vou me arrepender amargamente disso, sei que vou. Tenho certeza absoluta que vou querer me martirizar por isso quando chegar em casa, mas se a merda já começou a ser cagada, não tem como segurar.

— Professor?

— Hm? - Ele levantou o rosto e guardou o celular no bolso, sai da sala e tentei arranjar algum assunto, mas nada me vinha à mente. 

Caminhamos rumo à saída, descemos as escadas em silêncio e chegamos ao vestíbulo em que conversamos no dia anterior e eu faltei gozar com o toque dele em meu cabelo.

— Você não está cooperando, Sakura.

Parei de andar e o olhei desentendida. — Você ao menos poderia me dizer o que eu faço? Eu não faço nada me insinuando para você. - Entreguei completamente rendida àquela situação.

E vamos ao meu mantra diário: Desgraça. Eu falei que iria me arrepender disso, não disse? Disse sim! E cá estou eu, nem demorou muito para falar a verdade, bastou cada um de nós falarmos uma vez que já estou me vendo atrás de Murphy no inferno.

Sasuke se aproximou de mim, dei dois passos para trás e acabei ficando presa entre ele e a parede, na verdade, ele estava dois passos a minha frente, mas eu me sentia presa e prestes a ser estuprada, e eu queria ser estuprada por ele, o que no caso não seria estupro: seria um sexo gostoso.

E OLHA QUE EU SOU VIRGEM! LEMBRANDO QUE SOU SAKURA, THE VIRGIN! 

Eu não tô me reconhecendo, como a Física explica essa mudança drástica em minha personalidade? Aumento da temperatura? 

Ele se aproximou mais de mim. Eu penso que todas as células de meu corpo entraram em agitação devido ao aumento da temperatura. Engoli em seco e apertei o corrimão atrás de mim, o professor colocou a mão em minha nuca e subiu as mãos por meu cabelo, cerrei os olhos e senti-o desfazer meu coque, sua mão desceu por minha nuca e então passou para meu pescoço e então meu ombro.

Eu. Estava. Toda. Arrepiada. 

Abri meus olhos e fitei os seus ônix. Eu estava muito fodida. Não, na verdade, eu não estava, mas eu confesso que queria estar, mas não é assim que funciona. 

Chupei o canto de meus lábios e virei meu rosto, respirei fundo e cochichei:

— Ainda não falou o que eu faço...

— É isso que é mais frustrante... - Olhei-o franzida e ouvi o término de seu raciocínio. — você faz sem nem dar conta. 

Cruzei os braços e fiz bico esperando ele explicar aquilo:

— Não ajudou muito. - Ele respirou fundo e se aproximou juntando nossos corpos, deixando nossos lábios bem próximos.

Meu coração está acelerado! É capaz de que eu tenha um ataque cardíaco agora. Ele está tão próximo que consigo ver cada fio de seus cílios, sentir seu hálito e seu perfume dar tapas em meu rosto. Mordi meu lábio e analisei os seus entreabertos, finos e levemente rosados.

Aproximei-me dele. Eu quero beijá-lo, quero sentir sua pele em atrito com a minha, quero sentir seu gosto, quero suas mãos em meu corpo e quero apertar esses cabelos trazendo-o para junto de mim.

Só que, infelizmente, o resto de sanidade que me restava foi encontrado me fazendo lembrar que estou no colégio, Sasuke é meu professor e por mais frustrante e arrebatador que possa ser eu NÃO posso me envolver com um professor.

Sai correndo do prédio e segui meu caminho sem olhar para trás. Cheguei à casa de Hinata e toquei a campainha incessantemente até que algum dos zilhões de criados abrisse a porta para a mera mortal que estava desesperada por algum conselho.

Entrei, subindo sem cerimônia alguma, e invadi o quarto de Hinata me deparando com uma cena um tanto quanto estranha.

— O que estão fazendo? - Hinata puxou o lençol.

— Se você quiser mesmo saber eu estava prestes a beijar o gramado e entrar em campo. - Naruto respondeu frustrado se sentando na cama.

O quê? Gramado para entrar em campo... AI MEU DEUS! Ele não falou isso! Eles iam mesmo? Eles estavam mesmo prestes a...? QUE VERGONHA! Hinata menina, tu estais avançada, hein?! 

Senti minhas bochechas queimarem. Eu estraguei o momento deles, que desgraça! Eu não faço nada certo, será o Benedito?! CULPA DE MURPHY! AQUELE PUTO! SÓ ME ESPERE! QUANDO EU CHEGAR VOCÊ TA MUITO FODIDO! E NÃO É NO BOM SENTINDO, MEU AMOR!

— Desculpem! Não parem! Eu vou... Eu vou... Me enfiar em algum buraco e morrer de vergonha. – Falei, já saindo do quarto.

— Você deveria pedir para alguém se enfiar nesse buraco, assim você sossegava. - Naruto disse e o olhei sem acreditar no que ele falava. Como ele abre a boca para dizer algo nessa conotação?! 

—O que foi, Sakura? - Hinata perguntou se levantando, ela estava vestida, okay? — Ta tudo bem?

Soltei minha mochila e sentei-me na beirada da cama:

— Eu quase fiz uma coisa absurda. - Falei olhando para Hinata na esperança que ele me desse um santo de um conselho, um que me fizesse ver o quão ridículo e infantil era eu me sentir atraída por um professor.

— O que? - Naruto perguntou pegando em meu ombro. Respirei fundo e fechei meus olhos soltando a bomba:

— Eu quase beijei o professor de Física.

Naruto arregalou os olhos e Hinata ficou com vergonha alheia por mim. Ficamos em silêncio por alguns minutos, para então Naruto quebrar o gelo:

— Sakura, é errado. Quer dizer, não é errado, mas você ainda é aluna dele e ele é seu professor.

Concordei e olhei para o loiro:

— Naruto, eu estou muito, muito atraída por ele.

— Pulsa? - Hinata perguntou com os olhos arregalados, abri meus olhos em pratos perfeitos percebendo que eu estava mesmo MUITO atraída por aquele moreno.

Levantei-me e andei de um lado para o outro:

—Não sei!! Quer dizer... sim, mas... o que quer dizer? É que... eu não... ele é meu PROFESSOR! Só que... - Apontei para meu corpo. — não entende.

—Vocês estão que nem dois pólos de massas contrárias, atraídos. - O Uzumaki comentou e eu nunca vi falar uma coisa tão verdadeira.

Sasuke é meu professor, é um pólo positivo e eu sou sua aluna, sou um pólo negativo e, fisicamente falando, ambos estamos atraídos um pelo outro. Somos incompatíveis, algo inusitado, algo impossível, algo errado, mas atraídos.

MALDITA SEJA A FÍSICA E O FÍSICO! 

QUE DESGRAÇA! 

— O que eu faço?

Naruto e Hinata se olharam e disseram juntos:

— Esquece. - Naruto continuou. — Ou espera até o final do ano.

— Ela não vai sobreviver - Hinata sussurrou e a olhei desesperada. — Se você está atraída por ele, caso se afaste a tendência é que a atração aumente cada vez que se verem.

— Ele é nosso professor, Hina, o vemos três vezes por semana. - Naruto lembrou e ela engoliu em seco.

— Então só vai aumentar caso você não desista disso.

Abri a janela do quarto e sentei no banco respirando ar puro.

— Sakura, você poderia ir embora agora? - Encarei Naruto e bufei pegando minha mochila e saindo do quarto batendo a porta.

DESGRAÇA!