História Gatilho desenfreado.(Jinx X Lux, Vi X Caitlyn) - Mais rápido do que as estrelas.

Você quer amar

Mas você está com muito medo de enfrentá-lo

Você dá tudo

Mas você nunca quer levá-lo

(Eu, eu, eu não posso te ajudar)

Olhe para você

Olhe para você agora

Estamos procurando você

Estamos te olhando de baixo

Você está queimando

Mais rápido que as estrelas

Para ver de onde você está é difícil

Você está queimando

Pendurado na nuvem

Anos-luz do chão, você está

Você está queimando

Você quer o palco

Mas você está com muito medo de levá-lo

(Eu, eu, eu não posso te ajudar)

Você tem os movimentos

Mas você nunca quer agitá-lo

(Eu, eu, eu não posso te ajudar)

Silco acha que ele criou a Jinx. Ele está errado. Foi você quem criou a Jinx. 

Ofegante, Violet se senta na cama, a respiração saindo de forma irregular e forte. Gotas de suor escorrem de sua têmpora, o coração bombeando sangue de forma rápida. 

Mais um pesadelo. Eles são frequentes. 

Respirando fundo, ela se concentra em levar o ar para os pulmões. Sua mente repete como um filme, todos os momentos em que ela assistiu sua irmã queimar. 

Lá fora, o dia começava a clarear. 

Levantando da cama, ela começa a pegar suas coisas para a higiene bucal. O quarto em que está, no lar dos vagalumes, é simples com apenas uma cama e uma cômoda. O banheiro fica no final do corredor, e as portas espalhadas são os quartos de outras pessoas. 

Andando, meio arrastada, ela sente os músculos preguiçosos implorando para voltar à cama. Sua mente no entanto, esta rápida e afiada, a levando para cenários dolorosos. 

Caitlyn estava com sua mãe, Cassandra e depois iria ver Jayce. 

A mais alta voltou no dia anterior, dizendo ter ótimas notícias, e que voltaria o mais breve possível. 

Violet está genuinamente feliz pela outra, compartilhando da emoção da mais alta. 

Porém, agora que está só, longe de Jinx e de Caitlyn, sua mente é sua companheira constante. E o silêncio que se faz sem as outras para cortá-lo, apenas serve para reviver cada momento passado. 

Onde ela falhou. Em todos que não conseguiu salvar, e no que transformou sua irmã. 

Estamos bem, está tudo bem. 

Mais até quando?

Estremecendo, ela liga o chuveiro e espera a água ficar menos gelada. Não fica quente, mais ao menos não a faria tremer. Tirando a roupa devagar, ela suspira, finalmente entrando embaixo da fria corrente de água. 

O choque a acorda de vez, seus sentidos se colocando em ordem, quando a água escorre por seu corpo. 

Flash pintam sua mente.

Explosões coloridas, altas ao ponto de fazer seus ouvidos doerem, e risadas que machucam no âmago, saber de quem são. 

Jinx. 

A terrorista de Zaun. Uma criminosa. 

Sua doce Powder. 

Lágrimas salgadas se misturam a água fria que lava seu rosto, e um soluço contido rasga a garganta da mesma. Violet não se permite chorar com frequência, a mesma engole suas emoções o máximo que pode. 

Mas agora está transbordando, e sozinha, ela não vê problema em chorar. 

O cansaço de anos, cobrando seu preço. O'Que ela é Powder fizeram para merecer isso? 

Tanta dor. Tragédia após tragédia, sem um momento de paz. Jinx não merece isso, ela não merece isso. Esse é o preço que estão pagando por que? 

Uma risada seca, ausente de humor, deixa seus lábios molhados. A resposta é tão óbvia, isso tudo só tem um motivo. 

Elas são de Zaun. Da subferia. Cidade de baixo. 

Com raiva, ela se forçou a parar de chorar, voltando a se lavar. Quando terminou, olhou para o pequeno espelho na parede. Seus cabelos estavam mais compridos, de forma que tocavam seus ombros, e a parte raspada estava com os fios mais longos do que deveriam ser, eles facilmente cobriam sua orelha. Continuava um corte legal, mas não estava agressivo como era sua intenção deixar. 

Determinada, ela terminou de se vestir, para enfim escovar os dentes, uma ideia se formando em sua mente. 

(...)

— Acho que está bom. - Ekko falou, se afastando um pouco e olhando seu trabalho.

Girou a tesoura em suas mãos, enquanto observava o novo corte de Violet. Sua franja rosa está caindo sob um de seus olhos, e jogada para os lados, de forma que os fios rosas estejam projetados para o lado. A lateral, cortada bem mais curta, apenas fios rosas curtos que nem precisam mais ser penteados. Atrás, seu cabelo é repicado até sua nuca, com os fios um pouco mais longos, e o outro lado mantém os fios igualmente compridos, para combinar com a franja, e estão penteados para o lado.  

Ekko fez um bom trabalho, e o orgulho em seus olhos é merecido.

— Hm. Está bom, valeu Ekko. - Violet responde, tombando o pescoço para os lados, a fim de ver melhor.

— E então, Vi, o'que tá pegando?

O garoto perguntou, enfiando a mão livre no bolso de sua calça. 

— Tudo? - O olhando confusa, Vi arriscou o palpite. 

Um riso frouxo deixou os lábios morenos do rapaz, que chutou os fios rosas no chão. — Sério, o que tá acontecendo? Estamos dando um jeito em tudo, não é?

— Quem sabe. - A resposta vaga, faz o mesmo a questionar de forma muda.

Os olhos chocolates confusos, gritam suas dúvidas.

Violet leva a mão até os fios brancos e macios do garoto, bagunçando o penteado do mesmo. — Não fica ligado nisso, está tudo certo. Vamos arrumar tudo. 

Ele bufou, se afastando e ajeitando o cabelo. — Sei. É a defensora? Tá com problemas no paraíso?

Violet riu, quase ácida. — Caitlyn não tem nada com isso, não temos problema nenhum. 

Caitlyn tem sido seu porto seguro. Não há como ter problemas com ela. Exceto…

— Que bom, que não há problema nenhum entre vocês. 

Ekko parece debochar, olhando como quem sabe mais do que diz. E isso irritou Violet.

— O'Que tá insinuando?

Erguendo as mãos, ele logo explicou. — Eu? Nada. É você quem disse que está tudo bem. 

Violet suspirou, porque o outro parecia a conhecer muito bem. Quando ele cresceu ao ponto de saber ler suas emoções?

— Zaun e Piltover. Acha mesmo que podemos mudar toda a ideologia que os Pelotenses têm, de ser duas cidades prósperas?

O semblante de Ekko se fechou, perdendo um pouco do brilho. — Não sei. Mudar a forma como eles nos enxergam…Você sabe, sempre seremos o povo de baixo. 

Violet riu amarga. Ela entende isso muito bem. Por que eles são da sub feria de Zaun, e provaram na pele todo o preconceito. 

Violet suspirou, um pouco frustrada. O cansaço a deixando mais estressada, e toda a pressão da situação a deixando a um passo de surtar.

— Vamos pensar nos avanços que já fizemos. - Ekko falou, tentando ser um pouco otimista.

Vi o olhou, esperando que ele continuasse. Coçando a nuca, o rapaz falou. 

— Sevika conseguiu novos aliados, e boa parte de Zaun apoia a mesma como representante. Os que ainda são contra, não terão escolha a não ser seguir. Lembra dos antigos parceiros de Silco? A maior parte está ao lado de Sevika. 

— Nunca pensei que apoiaria ela. - A garota comentou, cruzando os braços e pensando a respeito. — Até que longe de Silco, talvez ela seja boa. Ou o'que é bom para Zaun.

— Assim como Vander…Ela agora quer manter a paz. Mais ainda tem a vontade de Silco, de fazer Zaun prosperar.

—Uma mistura de ambos.

— Melhor, ela acompanhou os dois, viu onde cada um errou. A versão melhorada de todas as ideologias. 

Suspirando, Vi concordou. — Que a velha saiba oque está fazendo. 

Ekko riu, — Temos a Pow-pow, não é? 

Uma pergunta delicada, Violet pode ver a dúvida nos olhos escuros do outro. Ele queria uma confirmação, de que dessa vez, teriam a garota de cabelos azul do seu lado.

Assim como Vi, Ekko presenciou a amiga queimando. Não, mais do que Violet o fez, foi Ekko quem assistiu a ruína de Powder e o nascimento de Jinx. 

Quantas vezes viu a garota querendo se aproximar, amar, mas com muito medo para enfrentar tudo? 

Ekko não podia ajudar, olhando para ela, ele soube que era um caso perdido. Em todos esses anos, camadas de dor foram formadas, mágoas e sentimentos difíceis de passar. 

Não que ele não tenha tentado, ele o fez. Procurou por ela, em cada pedaço de Zaun, e depois, a procurou em cada canto de Jinx. Quando encontrou, só podia olhar de baixo, enquanto Jinx ria e explodia pelos céus, com sua dor e bombas, os mísseis mais rápidos do que as estrelas. 

Foi difícil assistir ao mesmo cenário por anos. O rosto coberto, perdido entre nuvens de fumaça, foi o lugar a qual Jinx pertenceu.

A raiva se misturou a dor. Por que tinha que ser desse jeito? De melhores amigos a inimigos. 

Jinx tinha todos os movimentos, ela podia fazer a coisa certa. Mas ela nunca o fez, continuou queimando. 

—Sim, temos a Pow-pow de volta. 

A resposta de Violet o puxou de sua bolha amarga de memórias, trazendo um sorriso singelo em seu rosto. 

— E temos a nova garota também, não é? Qual é mesmo o novo dela?

O tom sugestivo fez o sangue esquentar nas bochechas do garoto, que riu envergonhado. — É Zeri, estamos aprimorando as armas. Ela também tem conhecimento nisso, e estamos montando tudo para o dia da emboscada. 

—Hm..Sim, a emboscada.. Jinx tem que chegar logo. 

— De preferência com Lux. Mas só dela voltar já está bom.

— Certo, temos muito o que fazer! Vamos ao trabalho garoto salvador. 

Violet diz, determinada a terminar seus afazeres e colocar o plano de Caitlyn em prática. 

(...)

— Isso é um absurdo Caitlyn. 

A voz cética de Jayce, fez a garota suspirar. Ela imaginou que daria trabalho, convencê-lo a ouvir a mesma, e mais ainda, acreditar em tudo que ela falou.

O homem suspirou, levando as mãos aos olhos, de forma cansada. 

— Você já me colocou em problemas , Caitlyn. Não vou mais apoiar suas ideias loucas, que só causam danos. 

Mordendo os lábios, Cait teve que se conter para não ser rude. 

—Eu sei, eu sei Jayce. Eu já te dei algumas dores de cabeça, mas você precisa acreditar em mim! Dessa vez, eles estão se preparando para invadir Piltover com bestas!

— Sua credibilidade está negativa, Caitlyn. Não há como te ajudar, céus, você é uma foragida! Não sei como tentei te ajudar com essa loucura da Jinx! 

— A Jinx mudou. - A defesa saiu de seus lábios, antes que ela pudesse assegurar. 

— E Victor agora é um traidor, seguindo suas ideias. 

Caitlyn ignorou o sarcasmo na voz do outro, — Sim, é exatamente isso. 

— Por consideração Caitlyn, saia da minha sala e não mandarei ninguém atrás de você. 

O gosto metálico preenche a boca de Cait, ela precisou de poucos segundos para perceber que havia mordido as bochechas. 

— Está cometendo um erro. 

— Confiar em você, ultimamente, tem sido o erro. 

As palavras duras acertaram Caitlyn. Ela apertou os punhos, pensando em como teriam que mudar os planos, agora que não teriam o apoio de Piltover.

Antes que ela pudesse sair da sala, uma explosão fez o chão tremer. As paredes estremeceram, e objetos voaram para o chão, toda a construção da academia eternizando o som, que fez Caitlyn e Jayce taparem os ouvidos. As prateleiras caíram, e os papéis voaram. Quando parou de tremer, olhos azuis e castanhos se encontraram. 

— O'Que foi…veio do laboratório. - Jayce começa a falar, atordoado. 

— O que tem lá?- A voz de Caitlyn soa dura.

—As gemas…E armas Hextec que estamos construindo.

Um sorriso maldoso desenhou os lábios de Caitlyn. — Onde está Victor?

Jayce não esperou, correndo em direção à explosão. Caitlyn bufou, armando seu rifle e correndo atrás do homem. Ela escutou rosados, grunhidos que se assemelham a animais e humanos. Seu sangue esquentou, quando ela parou de correr e se concentrou. Havia respirações atrás de si, ela quase podia sentir a mesma em sua nuca. 

Engolindo seco, oque chamou sua atenção foram mais três explosões ao longe. De direções diferentes, ela percebeu e calculou mentalmente.

Zaun. Centro de Piltover…. 

Ela não entendeu o'que haveria de importante na última localização, até entender que era a direção da sua casa.

Seu peito martelou forte, o coração pulsando de forma dolorosa. A ficha caindo lentamente, e a dor escorrendo por suas veias como se fosse sangue. Ela agora tem algumas escolhas.

Violet.

Cidadãos inocentes em Piltover.

Seus pais. 

E as jóias. 

Oh não, Caitlyn provavelmente irritou os ratos que se escondem em Zaun. E agora eles estão saindo e mostrando que nunca foram cassados. 

Olhando para a frente, ela correu. Se eles matarem inocentes, então essas mortes estão em suas mãos. Se eles pegarem a gema hextec, então se tornarão imparáveis. Se matarem seus pais, ela nunca vai se perdoar. Se pegarem Violet, ela não conseguirá viver com isso. 

Algo estalou em sua mente. Violet não é fácil de se pegar, e com certeza já ouviu as explosões. Uma aposta às cegas.

Ela mordeu os lábios, torcendo para estar certa em sua escolha, enquanto o peito sangrava. 

Que Violet venha atrás de mim. 

Foi seu último pensamento, antes de virar por um dos corredores, e ver o salão que se expandia na frente, tomado por uma criatura verde. A náusea juntou em seu estômago, quando ela observou oque já devia ter sido um sapo, agora em tamanho monstruoso, com algumas pessoas esmagadas debaixo das patas.

Maior do que a porta, e a deduzir pelo musgo verde que cobria toda a entrada, o monstro teve que se espremer para entrar no salão. Caitlyn saltou para trás, assim que uma língua viscosa e roxa, com espinhos espalhados pela mesma, saltou em sua direção. Ela teve tempo apenas de se esconder atrás da parede, e observar a língua perfurar a parede à sua frente. 

Com um piscar de olhos, a língua não estava mais lá, e em seu lugar, um enorme buraco na parede. O líquido roxo, derretia a parede como ácido, o cheiro venenoso queimando suas narinas.

Puta merda. 

Passos arrastados, a coisa estava andando. Que Violet realmente venha atrás de mim.