História Gato de rua - A visita inesperada de um amigo

         Após o incidente, se é que se podia ser chamado assim, na primeira ligação entre Kuroo e Tsukishima, as ligações passaram a ser frequentes e ainda mais duradouras, as vezes acabavam dormindo com a chamada ainda ligada, algumas das vezes, o loiro ficando com pena de desligar a chamada e ficava apenas escutando o ressonar baixo do mais velho. Conversavam sobre coisas banais como fizeram naquele fim de semana, muitas das vezes apenas contando sobre seus dias, mas aquilo os tornava ainda mais próximos e Tsukishima não negava mais a saudade que sentia da presença alheia.

         Passaram-se algumas semanas apenas nisso, mesmo que Kuroo quisesse visitar o mais novo, ainda não era possível com a rotina apertada que estava levando, o outro também não podia ir à Tóquio ainda, pois tinha um campeonato se aproximando e os treinos apenas aumentavam.

         Era uma sexta-feira quando o moreno apenas mandou algumas mensagens, alegando que não podia ligar naquele dia, Kei não questionou o motivo e apenas ficou naquela troca de mensagens até adormecer pelo cansaço, acabando por não ler a última mensagem mandada pelo outro.

         Acordou atrasado no dia seguindo, acabando por sair apressado para o treino matinal que costumava fazer com o time da Karasuno aos sábados e esqueceu o aparelho celular jogado na cama. Passava nas 15:00 horas quando voltou para casa, estranhando um conversar animado ao passar pela porta da sala.

         – Cheguei. – Avisou ao tirar os sapatos e deixar próximo a porta de entrada, já se direcionando à seu quarto.

         – Kei! – Escutou o chamado animado do irmão mais velho, que nem sabia estar em casa naquele final de semana. Parou onde estava, esperando que o mais velho dissesse o que queria, logo este vindo ao seu encontro com um grande sorriso estampado no rosto. – Por que não avisou que meu amigo viria te visitar?

         O loiro mais novo demorou um pouco para processar a pergunta, não lembrava-se de nenhum amigo combinar de ir à sua casa, acabara de se despedir de Yamaguchi que era a única pessoa que tinha o costume de ir à sua residência.

         – Ele trouxe até sua torta favorita. – Completou ao passar o braço pelo ombro do mais novo e só então pode ver de quem se tratava. Kuroo vinha logo atrás de Akiteru, com um largo sorriso. O olhar de espanto do mais velho deixou evidente sua surpresa.

          – Kuroo? – Deixou escapar ainda pasmo.

         – Você me fez esperar muito. – Disse como se sua presença ali já fosse algo esperado pelo loiro mais novo. – Espero que goste da torta.

         Kei olhou para o irmão que sorria animado, era a primeira vez que via algum amigo do mais novo que não fosse Yamaguchi e pelo tempo que ficou falando com o moreno vindo de Tóquio, notou que ele era bem próximo do irmão e parecia gostar bastante do mesmo.

         – Er, obrigado, mas agora vem. – Afastou o braço do irmão de seus ombros, indo até o moreno e o puxando pelo braço em direção a seu quarto.

         Akiteru permaneceu parado, apenas olhando os mais novos se afastarem, o sorriso nunca se desfazendo de seus lábios.

         – Por que não avisou que viria? – Tsukishima perguntou logo após fechar a porta do quarto atrás de si, mas não teve resposta verbal, apenas o corpo mais forte o prensando contra a superfície plana de madeira e os lábios sendo tomados por um beijo sedento, este que foi correspondido de imediato, entregando o quanto sentiu falta daquilo.

         Os braços finos rapidamente circularam o pescoço do mais velho, anulando a distância entre os corpos por completo e mesmo assim não parecendo o suficiente. O beijo apressado era carregado de saudades, nenhum dos dois tentando esconder aquilo, aproveitando o máximo que podiam daquele ato que aos poucos foi diminuindo a intensidade, até tomar um tom mais carinhoso, as mãos grandes do ex-capitão do Nekoma exercendo uma sutil carinha na cintura fina do amigo por cima do tecido fino, este retribuindo o carinho nos cabelos escuros.

         Os lábios foram se separando lentamente em meio a selares demorados, mostrando relutância em pôr fim no ato, até que as bocas se separaram completamente, permanecendo abraçados e em silêncio por longos segundos.

         – Eu senti tanto a sua falta. Chega a ser ridículo. – Kuroo quebrou o silêncio por fim, sussurrando tais palavras próximo a audição alheia como se fosse um precioso segredo.

         – Realmente é ridículo. – O loiro respondeu, escondendo o rosto na curvatura do pescoço alheio e rindo baixo. – Eu também senti.

         O silêncio voltou a dominar o cômodo, mas não era algo desconfortável, queriam apenas aproveitar a presença um do outro, os corpos ainda juntos no abraço apertada e sorrisos bobos presentes nos lábios, mas sendo ocultados. Trocaram mais alguns beijos demorados e cálidos antes de afastarem-se e caminharem em direção a cama do mais novo, Tsukishima deitando-se com a cabeça do moreno em suas coxas.

         – Você devia ter avisado, quase que fico até a noite treinando. – Disse Tsukishima após o longo silêncio mantido entre os dois.

         – Eu disse que tinha uma surpresa ontem, mas acho que você não viu. – Kuroo ergueu o olhar, pegando uma das mãos do loiro e a levando à seus cabelos em um pedido mudo de carinho.

         O mais novo procurou o celular que lembrava-se ter deixado jogado na cama, achando-o embaixo do travesseiro e só então vendo a mensagem que o moreno havia enviado na noite anterior.

         – Mesmo assim, não teria como eu saber que você viria pra cá hoje, e seu trabalho? – Questionou largando o celular sobre a cama novamente, acariciando os cabelos negros do mais velho que agora mantinha os olhos fechados.

         – Eu juntei duas folgas para poder vir pra cá.

         – Então vai poder ficar até segunda?

         – Uhum! – Confirmou feliz, o sorriso apenas aumentando. – Gostou? – Abriu os olhos para ver a reação do mais novo com aquela informação, notando um sorriso tímido nos lábios finos antes de ter os olhos tapados pela mão que antes acariciava seus cabelos.

         – Gostei. – Respondeu baixo, sentido as bochechas levemente quentes em admitir aquilo em voz alta e agora na presença de Kuroo.

         Passaram o resto da tarde apenas daquela forma, em meio a leves caricias e conversas calmas e carinhosas, Kuroo sempre fazendo questão de deixar o loiro envergonhado, pois descobrira o quão bonito ele ficava corado apenas com alguns elogios. Akiteru convenceu Kei a deixar o moreno dormir ali aquelas duas noites, afinal ele tinha viajado apenas para visitar o amigo, nada mais justo.

         – Parece que conquistei o cunhado. – Kuroo comentou baixo para o loiro mais alto sentados à mesa enquanto o mais velho terminava de servir a janta. – Falta a sogra.

         – Você é um completo idiota. – Advertiu chutando a canela do loiro por baixo da mesa.

         – Vocês falaram alguma coisa? – Akiteru virou-se para os mais novo, trazendo consigo uma travessa a lasanha recém feita.

         – Que você não prepara essas coisas pra mim quando estamos só. – Kei estreitou os olhos para o irmão que riu sem jeito perante a afirmação e tratou de se retratar, dando a primeira desculpa que veio à mente.

         O jantar passou de forma descontraída, Kuroo agia tão naturalmente na presença do loiro mais velho que pareciam amigos de longa data, trocando piadas que faziam Kei revirar os olhos pela idiotice compartilhada. Permaneceram na sala assistindo algum jogo aleatório que passava na TV e sempre que Akiteru desviava a atenção dos mais novos, o moreno roubada um beijo de Kei, fazendo-o o xingar baixo pela ousadia e descuido. O mais velho entre os três foi o primeiro a se retirar, indo para seu quarto e dando um boa noite sonolento para os outros dois que permaneceram ali.

         – Tsukki! – Chamou o mais novo, tirando-lhe o foco da TV que agora passava um filme antigo. – Você tem treino amanhã?

         – Não.

         – Podemos sair. Não conheço quase nada de Miyagi e nunca tivemos um encontro oficial.

         – Você enlouqueceu de vez.

         – Vamos, não seja chato. – Insistiu, trazendo o maior para seu colo, passando ambas as mãos pelas coxas torneadas pelas incansáveis horas de treino. – Suas coxas estão cada vez mais grossas.

         – Eu sou chato. – Cortou o menor, dando um tapa em uma das mãos que apertavam suas coxas, o que não serviu para nada, pois a mão apenas traçou um trajeto até as nádegas do loiro.

         – Vamos, Tsukki. Eu quero um encontro toscos desses onde posso dar sorvete na sua boca, apenas para te sujar e depois limpar. – Insistiu distribuindo pequenas mordidas pelo queixo do mais novo, as mãos apenas apertando a carne farta das coxas e bunda alheia com mais força.

         – Você é maluco. – Arfou com a atitude do mais velho, o olhar atento ao corredor que dava para os quartos, a qualquer momento o mais velho podia voltar e os pegar daquela forma.

         – É, eu sou. – Levou a destra ao queixo do loiro, guiando a boca deste a sua e dando início a um beijo lento e sensual, fazendo o outro esquecer momentaneamente do perigo que corriam em serem flagrados ali. Tsukishima pôs fim ao beijo antes que aquilo saísse do controle e se deixasse levar mais uma vez pelo moreno. Entretanto, acabou cedendo ao pedido alheio em saírem juntos no dia seguinte, sabendo que Kuroo não pararia até ter uma resposta positiva.