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História Gélido e esbranquiçado - Capítulo Único


Escrita por: SadTeemos2001

Notas do Autor


Oes, tudo bem?
Primeira vez que posto aqui, então nem sei bem o que escrever, por mais que não tenha lá muita coisa pra falar mesmo hudhdfuhd
O capítulo é inteiramente narrado pelo Kayn, logo, tudo é no seu ponto de vista. E é só isso, eu acho.
Boa leitura c:

Capítulo 1 - Capítulo Único


Aquela era apenas mais uma festa que Sarah Fortune inventava para juntar vários adolescentes bêbados no mesmo local, ou pelo menos, foi nisso que acreditei desde o começo daquela noite, esta que prometia ser uma das piores para mim.
Eu nunca gostei de sair de casa, pois sempre preferi a companhia de meus jogos eletrônicos, já que, eu apenas considerava eles como uma boa e real companhia. Pessoas são tão previsíveis e repetitivas, isso me faz repulsa-las na mesma velocidade que tenho ânsias.

Sendo realista e totalmente sincero, eu não queria vir, mas pela insistência alheia, acabei cedendo e dei meu braço a torcer, todavia faziam-se apenas duas horas e já estava me arrependendo completamente, com um desejo angustiante de ir embora logo, vestindo uma expressão visivelmente tediosa, que, sinceramente, não retiraria tão cedo.
Vim acompanhado de Syndra, uma linda garota albina, minha melhor amizade e a única  que viria até aqui, sendo esta, a pessoa que insistiu para que eu viesse, me encorajando com frases tão clichês como: "Vamos Kayn!", " Vai ser divertido", "Você vai gostar" e por fim, a que mais fazia-me estressar: "Seu crush vai ir" ou "Zed vai tá lá". E cá estamos.
Ela não parava de falar sobre como gostaria de ficar com outra garota, da qual eu, sinceramente não me recordo do rosto e não tento  fazer um mísero esforço para isso, então apenas finjo que sei de quem se trata enquanto a escuto elogia-la e acaricio sua cabeça. Pobre Syndra, ficou bêbada com menos de uma garrafa e agora eu teria de cuidar dela.
Na verdade, foi o que eu planejei, até ela se despedir e sair para o encontro da tal garota,  sem ao menos esperar uma resposta de minha parte. Suspiro em resposta ao tédio, que havia conseguido a façanha de piorar com sua saída.
A música daquele lugar ecoava alto suficiente para me fazer clamar internamente pela explosão dessas caixas. Que diabos, como se eu fosse obrigado a algo assim. Syndra, o que não me obriga a fazer com seu olhar meigo em conjunto de sua doce voz? Eu realmente te odeio por ser tão persuasiva.

Todavia eu não posso reclamar, ela é uma boa amiga, não, uma ótima amiga, a melhor que eu poderia ter e se pudesse ter qualquer outra pessoa em seu lugar, eu dispensaria a proposta. Ela sempre me escuta quando preciso e sempre está lá por mim, principalmente quando eu fiquei perdidamente apaixonado por um garoto. É, um outro garoto.
Zed era seu nome, seu maldito nome. O garoto mais bonito que eu já havia visto em toda minha vida, aquele cujo meu coração disparava apenas por vê-lo. No começo, confesso, foi extremamente difícil aceitar que eu não era hétero, principalmente por não ser minimamente afeminado e isso, por algum motivo desconhecido, soava como uma afronta, mas, de qualquer forma, apenas nós dois sabemos disso e o mantemos em segredo dos demais.
Puxei meu celular do bolso e o encarei, apreciando o nada que ele me daria sem um mínimo sinal de torre. Revirei os olhos em resposta, levantando daquele estofado e jogando meus fios de cabelo para trás, presos por um pequeno pedaço de pano no topo de minha cabeça, formando ao final um rabo de cavalo que conseguia alcançar meus quadris de tão grande que ficou em questão de altura.
Me coloquei para fora da casa e senti aquele ar extremamente gélido adentrar com violência pelas minhas narinas, pairando em meus pulmões com ardência, queimando todo meu interior de uma forma bem direta, e aquilo, fez com que meus olhos lacrimejassem, ação que desfiz com o antebraço, limpando as lágrimas que, involuntariamente, escaparam de meus olhos. Eu usava um grande moletom acinzentado e uma calça jeans, acompanhados de um coturno médio intensamente negro. 
Lá fora parecia um pouco mais desconfortável, já que, algumas pessoas trocavam carícias sem tempo de intervalo, e aquilo, por algum motivo, me causava náuseas. Desisti de tentar alcançar sequer um pouco do sinal que a torre se recusava a me dar, olhando pela ultima vez para tela do celular e percebendo o quão cedo ainda era; nove e quinze da noite.
Levantei meu rosto, inspirando com dificuldade aquele intenso ar de uma só vez, sentindo a ardência em minhas bochechas indicarem o quanto elas, provavelmente, se avermelharam com à intensidade do frio.
Em poucos minutos prestigiando minha estação, ainda escorando as costas na parede da frente da casa de Sarah, consigo ouvir o ranger da porta  — esta que estava ao meu lado —,  me chamando atenção suficiente para que eu a olhasse de canto, um pouco desinteressado.

— Kayn, finalmente te achei! — Disse o garoto, com semblante totalmente animado.— O que faz sozinho aí? — perguntou-me, quase que retoricamente, sem expressar tanta curiosidade em sua fala.
Esse garoto era Zed e apenas por ser ele, consegui congelar-me por inteiro, como se cada músculo de meu corpo se recusasse a fazer qualquer movimento.
Nós estudamos na mesma escola e classe, mas, basicamente, nunca conversamos, talvez porque eu propositalmente me isole, porque não consigo olha-lo com esse sentimento infernal que sinto, ou porque ele nunca precisou de mim. Não que agora ele precise, longe disso.

— Não me interesso muito em ficar lá dentro, não sei explicar. — Expliquei curto, sem conseguir encara-lo.

— Vamos beber alguma coisa? — perguntou-me, se aproximando aos poucos, me fazendo, instintivamente recuar na mesma gradatividade.

— Eu te procurei por todo canto, agora que eu achei, não é justo que você recuse.— murmurou à mim, me deixando de mãos atadas para qualquer negação. 
Pensei em dar outra desculpa, mas minha sinceridade e espontaniedade me atrapalhavam em executar mentiras esfarrapadas com êxito, logo, minha única saída era aceitar seu pedido, assim, assentindo com a cabeça, o vendo estampar um sorriso doce em seu rosto.
Ele me guiou para dentro, passando sem muito cuidado entre as pessoas aglomeradas, sentando-se em uma espécie de "rodinha" feita com três sofás, cercando uma mesa circular bem alta, que pairava na altura do abdômen dele. Aquela mesa servia para, nada mais, que uma base de várias garrafas de bebidas as quais eu não conhecia e, sinceramente, não gostaria de ao menos chegar perto. Sentei ao seu lado, um pouco desconfortável por não ter intimidade com ninguém presente. Seus amigos eram definitivamente estranhos. Em meio de todos aqueles, eu pude sentir um forte e pesado olhar pairar sobre mim e quando olhei para seu dono, vi o rosto um pouco apagado de Darius. Jurava ser capaz de enxergar faíscas saírem de seus olhos com a tamanha raiva que ele emanava, mesmo de longe.
Lembro-me até hoje de como suas imbecilidades me fizeram perder meu antigo celular e isso fazia com que meu coração batesse de forma mais acelerada. Se estivéssemos a sós, eu terminaria o que comecei em seu rosto e quero, a partir de agora, tomar isso como promessa: quando lhe pegar sozinho, farei pagar mais caro que eu paguei pelo meu aparelho. Suas formas de impor respeito sempre foram ridículas. Respeito este que nunca conseguiu arrancar de mim, nem mesmo, a força — modo cujo conseguia, com total êxito, impor dos mais fracos —. Mas, é de fato, uma pena que ele tenha se dado tão mal nisso tudo.

Sem mais delongas, vou explicar-lhe: Estávamos eu e Syndra nas arquibancadas da quadra esportiva, assistindo um treino de basquete (ou, pelo menos, fingindo estar prestando atenção em algo, já que Syndra apenas teria ido para cumprir seu castigo e eu para não deixa-la sozinha), treino este feito pelo mesmo time dividido em dois, sendo  contido por Darius, Zed e mais algumas pessoas, estas que, sinceramente, não farei esforço para me recordar dos nomes.
 Eu por ser um pouco anti-social, e talvez tímido, não fazia muitas amizades e até gostava dessa de ficar mais sozinho com as minhas coisas, mas é óbvio, isso me remetia à um alvo bem fácil para bullying, pois imagine: um garoto com os cabelos gigantes, que, praticamente sempre estavam presos numa trança tão enorme que se estendia até sua cintura, obtendo uma franja que se perdia em seu queixo, dividida em duas partes, tendo uma destas pintada por um azul tão intenso e vivo que chamava a atenção de longe, além de ter uma personalidade tímida e, propositalmente, isolado da maioria. Pronto, você tem um alvo fácil e foi nisso que Darius pensou, mas, para o seu azar, pensou superficialmente demais. Naquela tarde ensolarada, mas não tão quente assim, numa sexta-feira do dia treze (nunca me esqueceria dessa coincidência idiota, aliás), Syndra comentava sobre como a diretora gritava com o sotaque arrastado e como se sentia injustiçada pela punição que tivera, apenas por discutir com a presidente do grêmio estudantil; Luxanna Crownguard, ou Lux, para os mais íntimos. Quanto mais ela falava com aquela voz irritada, mais eu sorria para o nada, talvez revirado pelo tédio ou pela falta de atenção no que ela dizia, focando apenas em sua entonação raivosa, e isso, por motivos desconhecidos, me entretinha o suficiente para não querer sair daquele banco ou de interrompe-la. Alguns minutos de conversa e o primeiro tempo do jogo havia se cessado, dando espaço para o segundo tempo, este que definiria minha rivalidade atual com Darius.
Eu consigo me lembrar da cena de vários garotos saindo para descansar, exceto por Darius, ao qual eu, no momento, não havia percebido a presença em minha frente, até ele chamar minha atenção, jogando com toda força que teve, uma bola de basquete extremamente pesada. Aquele arremesso parecia ter sido carregado com ódio e uma fúria inexplicável, a bola bateu contra meu rosto, acertando meu olho esquerdo, me fazendo sentir uma intensa ardência sobre este. Não satisfeito, ele puxou meu celular de minha mão e o arremessou contra o chão com toda força que teve, o deixando em vários pedaços, estilhaçando totalmente o vidro de sua tela, desferindo em seguida um soco em minha boca, me deixando desnorteado por poucos segundos. Não demorou muito para que eu o visse pisando em cima daquilo que eu chamava de celular, após falando comigo com total rispidez, como se cuspisse cada palavra que saía de seus lábios:

— Desde quando "viados" tem algum direito por aqui? — com a frase carregada de ódio e convicção, ele terminou de quebrar meu aparelho, e aquilo fez com que uma ardência subisse pelo meu rosto e não demorou muito para que meus olhos se enchessem por lágrimas, enquanto eu cobria meu olho atingido com uma mão, uma expressão de puro ódio surgia em meu rosto e eu rangia os dentes em consequência daquilo. Era a gota d'água.
Ele, sorria, reluzente e satisfeito com o "showzinho" ridículo que deu, quase que vitorioso. Mas não duraria por muito tempo, pois eu estava totalmente disposto à retirar aquele de seus lábios, o que executei com êxito. Syndra parecia totalmente assustada, mas eu não havia ligado muito, até porque eles não ousariam tocar em uma garota, sempre pensei que nenhum dos presentes no dia seriam podres ao ponto de fazer isso. Para minha sorte, eu estava correto.
Ela se afastou aos poucos de mim, percebendo o quanto consegui ficar irritado, me dando uma maior praticidade para me levantar da arquibancada, cerrando os punhos e os olhos com toda força que obtinha naquele momento, logo, avançando para cima dele, conseguindo desferir um soco certeiro em seu nariz, ouvindo um estalo brotar de minha ação; eu consegui quebra-lo e aquilo me fez sorrir, extremamente satisfeito e talvez vitorioso, mas não era o suficiente, eu queria mais, meu ódio não seria reprimido desta vez. E ele não foi. O empurrei ao chão, caindo por cima dele e sentando em cima de suas pernas, o mobilizando naquela área, comandando sua tortura livremente.
Ele tentava proteger seu rosto na mesma intensidade que tentava me acertar, mas eram apenas esforços em vão, já que a dor não o deixava sequer tocar em mim e a fraqueza o impedia de mover seus braços de forma rápida. O acertei inúmeras vezes, revezando entre seu rosto e a boca de seu estômago, sentindo seu sangue cobrir meus punhos, até que o desacordei. Aquilo me fez ranger os dentes novamente, segurando-o pela gola de seu uniforme vermelho e branco com total raiva e força.
— É engraçado agora, porra? — Perguntei, gritando as palavras em meio a minha afobada respiração, sentindo o gosto desprezivelmente salgado de minhas lágrimas invadirem minha boca.
Era óbvio, atraí olhares e pessoas, sendo uma destas, Zed. Ele me segurou pelos dois braços, os mantendo atrás de minhas costas, me retirando de cima do outro garoto, deixando-o livre para que seus amigos o ajudassem, retirando seu imundo e ensanguentado corpo do chão até a enfermaria. Syndra não estava mais lá, ela havia chamado Fiora, a diretora do colégio, o que me custou um pouco de sermão depois, mas entendi e perdoei sua ação horas depois.
O garoto albino não parecia se importar com seu colega, tanto que o deixou sair enquanto me segurava pelo pulso, tentando me acalmar, olhando profundamente em meus olhos, logo perguntando:

— Você está bem? — sua tonalidade parecia fielmente preocupada, enquanto seu olhar não desgrudava de meu olho atingido pela pesada bola. — Seu olho... ele tá sangrando. Consegue enxergar?
Aquela pergunta havia descido rasgando pela minha consciência, eu me lembro claramente de como me senti.

"Olho sangrando?", me perguntava mentalmente, várias vezes, como se o que ele havia dito começasse a ecoar cada vez mais forte em minha mente. Tudo bem que, aquilo machucou muito, tanto que minha visão era totalmente turva naquele momento, mas, sangrando? Eu parecia incrédulo, não, eu estava totalmente incrédulo. Um nó havia se formado em minha garganta e eu o engoli em seco.

— Sangrando? Do que tá falando? — Perguntei desesperado, passando uma das mãos sobre minha bochecha, vendo o carmesim tingir minha pálida palma com meu próprio sangue e aquilo ardia, tanto na região, quanto em meu interior. Minha mão tremia e meus olhos arregalavam-se na mesma velocidade.

— Se acalma, garoto, vou tentar te ajudar. Você não vai ficar cego, tá? Só fica calmo. — ele tentava me passar confiança e por algum motivo, executava com êxito. 
Ele passou calmamente seu dedo pelo meu olho, limpando o sangue que se recusava a parar de descer, logo o retirando de seus dedos para sua blusa, sujando-a por inteiro com este.

— Ele conseguiu cortar sua boca e seu supercílios também, por isso tá sangrando tanto — disse, me puxando pelo braço com força, me arrastando do lugar. — Vem, vamos para enfermaria antes que isso piore de vez. 
Apenas o segui, ele era forte e parecia carregado de ódio ao invés de pena, e aquilo me preocupou momentâneamente
A enfermaria era perto, basicamente do lado da quadra para minha sorte. Chegamos rápido até o local e em total silêncio. A enfermeira que costumava ficar por alí, caso acontecesse algum acidente do tipo, não estava, provavelmente cuidava de Darius. Ele me mandou sentar em uma das macas e tentou fazer um curativo no ferimento, o que momentaneamente foi o suficiente, mas, ainda assim, tive que ir para o hospital.
Quanto ao meu olho? Bem, tive uma espécie de "derrame ocular" por lesões de terceiros e até hoje possuo meu globo ocular intensamente avermelhado, acompanhado de um escuro hematoma que se situa em volta dos olhos. Aquilo me fazia ter uma aparência bizarra e um tanto quanto ridícula. Sua família veio formalmente me pedir desculpas, mas sequer pagaram pelo meu celular e aquilo me irritava de todas as formas possíveis. Também sai com uma cicatriz no canto da boca, ao lado direito, mas nada tão grave assim, isso na verdade só ajudava a piorar minha aparência. Obrigado, Darius! Babaca.
Pelo menos, consegui um respeito geral e isso me deixou um tanto quanto satisfeito. E agora, uma semana após o ocorrido, nos encarávamos pela primeira vez, eu com meu olho vermelho e ele com o nariz torto, além de alguns pontos espalhados perto de seus olhos. Sorri de forma que mostrasse os dentes, talvez um pouco demoníaco, mas confesso que, por dentro, eu expressava isso melhor e com uma intensidade terrível.
Apoiei meu cotovelo na mesa, debruçando meu rosto contra minha mão contida por punhos serrados, o fazendo, provavelmente, lembrar daquele ocorrido. Visivelmente desconfortável, ele se levantou do assento, sem ousar olhar para trás, sumindo logo de minhas vistas, ação que agradeci mentalmente, soltando o ar entre meus dentes, segurando-me para não rir de forma psicopata em meio às pessoas, que por algum motivo, tentavam não manter contato visual comigo. Respeito é sempre bom, a sensação de reinado é plena e agradável. O único não amedrontado era Zed, no seu caso era o oposto; eu possuía certo medo dele e não o contrário. 
Zed sorriu, tomando um gole de algo que eu não sabia o que era e não possuía a mínima curiosidade de saber. Ele virou-se para mim e esticou outro copo vermelho, me oferecendo. Neguei com a cabeça, balançando para os lados de forma passiva, mas ele continuava a insistir:

— É só um copo, experimenta, é bom. — repetiu pela segunda vez a frase, sorrindo reluzente.

— É álcool? — Perguntei-lhe, pegando o copo em mãos e encarando a bebida azulada, mexendo o copo vagamente.

— É sim, mas, é doce, eu tenho certeza de que vai gostar.— respondeu, virando todo seu copo de uma vez, soltando o ar afobado pela boca.— Anda Shieda, bebe logo, é só um copo.
Acabei me rendendo, apenas por ser ele, e tinha total certeza de como eu estava sendo idiota por fazer aquilo pelos outros. Virei o copo na boca e senti aquilo rasgar minha garganta ao engolir, mas, de certa forma, não era ruim, era doce, da forma que ele brevemente descreveu, mas era forte, forte suficiente para ter subido o álcool à minha cabeça com rispidez.
Acabei tomando tudo e isso fez minha cabeça doer muito, mas tentei não me importar tanto. A cada troca de ar que minha respiração entragava aos meus pulmãos, eu sentia minha garganta arder; já estava me arrependendo.
Quando o líquido acabou, comecei a brincar com o copo entre meus dedos, quando senti uma mão subir pelo meu joelho até minha coxa, até perceber que se tratava de Zed. De começo, não entendi, até senti-lo me apertar naquela região, tão forte, que me fez depositar toda força do momento no copo que eu segurava, atravessando meus dedos no plastico, raspando-os e amassando o copo, mesmo sem querer te-lo feito. Ele estava bebado? Não conseguia provar algo, mas acreditava naquilo.
Ele se aproximou de mim e puxou meus cabelos para o lado, colocando-os atrás de minha orelha, se inclinando e abocanhando meu pescoço, me fazendo soltar um gemido involuntário. Comecei a me encolher — ou pelo menos tentei faze-lo — no mesmo segundo que o senti em mim. Ele passava a língua e mordia aquela área, me fazendo arrepiar por inteiro. Definitivamente, ele estava bêbado e pude provar isso quando ele se soltou de meu pescoço, pois senti um hálito fresco e moldado por álcool. Ele abaixou sua mão para minha calça, apoiando-se alí com a direita, segurando minha nuca com a esquerda, novamente se inclinando até mim, selando nossos lábios, pedindo passagem com a própria língua após, pedido que concedi sem pensar muito no que estava fazendo. Senti olhares sob mim e aquilo incomodava muito.

— Você é gostosinho, Shieda, penso que pode me satisfazer.— sussurrou em meu ouvido, me dando espaço suficiente para olhar para os lados, vendo que quem tanto me incomodava com o olhar era um de seus amigos, sorrindo de forma um tanto quanto irônica para mim.

— Vem para um dos quartos comigo e vou fazer dessa a melhor noite da sua vida. — persistiu, retirando sua mão de minha coxa, elevando-a para dentro de minha blusa passando seus dedos sob meu abdômen, subindo e descendo vagarosamente.
A sua temperatura era baixa e quando encostou em meu corpo, senti um arrepio subir pela minha espinha.

— Eu não posso fazer isso. — disse baixo, tomado pela vergonha que me cobria, desviando o olhar em seguida. 

— Não, porque tem vergonha? 

— Eu não sou gay, Zed. — murmurei, mentindo, resposta que o fez gargalhar, mesmo abafado pela alta música, fazendo então, com que ele retirasse seus dedos de mim e colocassem em seu rosto, apoiando o braço pelo cotovelo pairado na mesa.

— Ah, você poderia ter dado uma desculpa melhor, mas valeu a tentativa. — disse em meio a risadas, colocando mais um pouco do líquido em seu copo.— Eu vejo o jeito que você me olha, nada discreto, aliás. Sei que me quer e sei o quanto quer que eu te foda, então se entregue logo, é só uma troca de favores, você dá pra mim e eu te satisfaço. — continuou, falando baixo, mas audível, virando todo seu copo de uma vez, virando-se totalmente para mim, inclinando-se mais uma vez, roçando seus lábios em minha orelha, me fazendo arrepiar, dizendo de forma rouca :

— Eu tenho certeza de que posso empurrar muito mais fundo que esses seus dedinhos. Se entregue logo à mim. 
Minha mente concretizava que aquilo era um erro, mas meu corpo pedia alto demais para que eu conseguisse negar, apesar da vergonha e bom senso me fizerem ter disposição para continuar resistindo àquilo.
À quem eu tento enganar? Eu sabia o quão vúlneravel eu me tornava perante à ele e nessa situação em especial era impossível de resistir, por mais que eu tentasse; era falho.
Empurrei o copo que ele segurava, me ajeitando melhor no sofá, sentando em seu colo, voltando a beija-lo da mesma forma que antes e talvez ele não estivesse esperando por uma reação destas vinda de mim; mas não recuou, longe disso, pois minha ação parecia tê-lo feito me querer mais, tanto que segurou minha bunda com tanta força que me fez soltar-me dele, gemendo de maneira rouca em resposta, talvez porque eu sequer esperava por aquilo, eu não sei. Recuei, sendo impedido pelos seus braços, que entrelaçados me impediam de sair do lugar onde eu mesmo entrei.

— O que é isso, hum? Você ataca e recua assim? — disse arqueando uma sobrancelha, me olhando um pouco torto, expressão que desfez ao sorrir de maneira perversa. —Sinceramente, Kayn, você não passa de uma putinha inexperiente. — completou, me tirando de seu colo e se levantando do estofado, estendendo sua mão para mim, a qual apanhei, seguindo-o para onde quer que este me guiava. 

— Mas, não se preocupe por hora, eu vou te ensinar muito bem. — Continuou, olhando para mim pela última vez antes de tomar a frente.
Subi os degraus de forma calma, fazendo certo contraste à ele que se movimentava com pressa. Tive uma ampla visão do corredor ao chegar no topo da escada e a única pessoa que alí estava era Sarah, a dona da casa e da festa, escorada na parede, focada totalmente em seu celular, este que segurava com uma mão, enquanto na outra, rodava uma chave, ultilizando o dedo indicador. Quando nos percebeu alí, ela sorriu de forma calma, com uma feição um pouco sarcastica, logo perguntando:

— O que é isso, Zed? Não são nem dez horas ainda. 

— Não te perguntei nada ruivinha. — respondeu à ela, conseguindo uma expressão um tanto quanto engraçada de Sarah.

— Tá irritadinho pelo visto, cuidado com o Zed, Shieda, vai que ele desconta, não é? — me avermelhei até as orelhas com seu comentário, sorrindo em resposta, virando um pouco o rosto. — Mas como quiser, vossa excelência. — completou Sarah, jogando a chave na direção dele, que a segurou sem dificuldade nenhuma. — Aproveitem. — terminou, saindo de nossa vista.
Entrei na frente dele, olhando ao redor sem muita dificuldade, apesar da ausência da luz da lampada, havia a luz do jardim, que deixava o ambiente visivel, mas não claro.

Era um quarto bonito e bem decorado, a cama era imensa e cheia de travesseiros e lençóis grossos, havia também um espelho enorme ao lado da cama, com uma grande janela coberta por uma extensa e negra cortina. Era, de fato, um quarto muito caro e grande para ser apenas de hóspedes. Mas como se trata de Fortune,  não é anormal, não para ela.

Não demorou muito e ouvi seus passos me retirarem de meus pensamentos e devaneios, entrelaçando seus braços em mim novamente, mas dessa vez, por dentro de meu moletom, passando um pelo meu abdômen e o outro pelo meu peitoral, distribuindo chupões intensamente fortes pelo meu pescoço, aproximando-se tanto que eu poderia jurar não sentir espaço entre nós dois. Ele tirou suas mãos de dentro da minha roupa e me segurou pela cintura, roçando-me contra sua ereção, subindo seus lábios para minha orelha.
Sentia meu coração disparar; era inevitável e um pouco inacreditável também.

Retirei meu coturno com ambos os pés, sendo empurrado na cama após aquilo por Zed,  que me encarava com olhar tomado por desejo momentâneo, subindo em cima da cama após, ficando de quatro por cima de mim, que deitava dorsalmente nela, sendo rodeado por inúmeros travesseiros com coloração distinta. Ele já estava sem sua camisa, enquanto eu ainda estava totalmente coberto, o que me deixou temporariamente mais confortável. Sensação que não durou muito tempo, já que ele à retirou com tamanha voracidade que mais se assemelhava à um animal selvagem.

Um arrepio percorreu por toda minha espinha e meus músculos ficaram trêmulos, pensei em desistir na hora que senti como ele faria em mim; bruto e sem muita cerimônia. Eu ainda era virgem, não por falta de opção e sim por nunca ter obtido interesse sexual em ninguém além dele. Não é como se eu tivesse esperado todo esse tempo para no mínimo tentar algo com ele, mas eu não gostaria de me entregar à alguém que não fosse Zed.

O medo de ser machucado pela pessoa que eu tanto desejava e amava me matava por dentro, mas não o neguei, persisti naquilo, lutando contra a estranha sensação que sentia na barriga, como se abrigasse borboletas irritadas. 

Por um momento, meu corpo fraquejou e eu fiquei incrivelmente vulnerável, sentindo ele chupar meu pescoço, faminto e totalmente no comando, enquanto eu gemia em resposta. Percebi que ele, gradativamente, separava minhas pernas, ficando entre elas e em um movimento rápido puxou minha calça com as duas mãos, retirando-as de mim junto com minha própria cueca, me deixando totalmente nu abaixo dele. Ele jogou tudo em algum lugar aleatório do quarto, este que eu nem conseguia me importar onde ficava. 

Zed me olhou de baixo a cima, mordendo seu lábio inferior em resposta, atacando, desta vez, meu abdômen, passando a língua por toda sua extensão, me olhando de canto. Eu sorria perante aquela ação, extremamente ereto, quase que pedindo para que ele parasse de me torturar daquela forma e me chupasse de uma vez.

Ele desceu sua língua de forma direta pelo meu corpo, atendendo minhas aclamações, pairando em meu membro, colocando o mesmo em sua boca, chupando tudo que lhe era possível com voracidade. Aquilo era absurdamente bom, tanto que voltei a gemer em resposta, controlando seus movimentos com minha mão, segurando uma mecha de seu cabelo esbranquiçado pela raiz, fazendo movimentos de 'vai e vem', tudo enquanto ele me encarava com um olhar perverso, que as vezes se fechava, trazendo uma expressão de prazer ao mesmo e aquilo apenas me deixava mais excitado ainda.

Após um tempo naquilo, ele se soltou de mim, praticamente me obrigando à me masturbar, logo retirando sua própria calça, expondo seu pau, tão grande quanto imaginei que seria.
Ele me mandou chupa-lo e eu o obedeci, subindo e descendo com delicadeza, mesmo sem ter qualquer experiência sexual, tentei dar meu melhor para agrada-lo, usando minha mão direita para me auxiliar naquilo. Ele parecia satisfeito, mas ao mesmo tempo me parecia que era insuficiente. Após um certo tempo, ele me retirou dele de forma brusca, puxando meus fios de forma ríspida, me fazendo levantar ofegante, fazendo com que, a única evidência daquela ligação que fora quebrada, fosse as fitas de saliva que ainda eram conectadas entre minha língua e ele.

— Fique de quatro pra mim, agora. — Ordenou ele, me fazendo obedecer de imediato, virando-me e ficando naquela posição, esticando minhas costas ao máximo possível, empinando meu corpo até onde meus limites se colocavam.
 Mesmo sem vê-lo, senti que estava sorrindo ao me olhar daquela forma — e talvez eu estivesse certo—.

Senti-lo pressionar em minha entrada com dificuldade e um arrepio cruel desceu pela minha espinha. Eu estava com aquela sensação de medo novamente, mas pior agora e de mãos atadas, porém, procurei relaxar, algo que consegui parcialmente.

Ele forçou aquilo até conseguir colocar a cabeça, o que me fez soltar um gemido de dor que mais se assemelhava à um grito. E ele continuou colocando, apesar de, no fundo, saber o quanto doía, fazendo movimentos de vai e vem, novamente, de uma forma devagar, enquanto meu sofrimento apenas se alastrava e meus gritos ecoavam pelo quarto, sendo estes abafados pela música do lugar, que permanecia alta suficiente para que ninguém de fora nos ouvisse. Segurei os lençóis abaixo de mim com tanta força que acabei por rasga-los, enquanto mordia a ponta de um dos travesseiros esbranquiçados, sentindo meu corpo se mexer numa forte intensidade, para frente e para trás, enquanto lágrimas banhavam meu rosto e uma sensação enorme de rasgo me cortava pela metade.

— Você é tão... Apertado. Porra, Kayn, eu não tava nem um pouco errado quando te disse tudo aquilo lá em baixo. — Ele disse em meio à gemidos, desferindo inúmeros tapas em mim, me segurando pelos fios de cabelo enquanto aumentava o ritmo de suas estocadas, me fazendo apertar os rasgados lençóis com mais força ainda.

Em certo ponto daquilo eu o senti bater contra minha próstata, e porra, aquilo foi ótimo. Aquele havia sido o primeiro gemido de prazer que eu havia soltado desde que ele começou a me foder de verdade. Percebendo isso, ele fez várias vezes seguidas, conseguindo me arrancar várias vezes os mesmos sons, por mais que eu ainda sentisse a dor e a ardência em meu reto, aquela estocada era boa, era ótima, e eu queria mais. Pedia igual uma vadiazinha necessitada para que ele fizesse de novo e mais forte e ele apenas me atendia, apenas continuava me atendendo e eu já estava a beira de meu ápice. Ele parou de me penetrar, o que me fez olhar para trás de forma um tanto quanto curiosa, feição que não durou tanto tempo, já que ele me puxou para seu colo em um movimento rápido, ficando deitado abaixo de mim, enquanto se encaixava novamente.

— Vem, minha putinha, rebola em mim. — Sussurrou ele em meu ouvido, lambendo-o  em seguida.

— Claro, seu filho da puta, continua me fodendo como se vivesse pra isso.— o respondi à altura, vendo uma expressão um tanto quanto surpresa se formar em seu rosto.
Ele sorriu em resposta, parecia esperar um pouco mais de vergonha de minha parte, mas o que obteve foi totalmente o contrário. Seu rosto era malicioso, o que não o deixava menos bonito ou apaixonante. Sendo sincero, o deixava até melhor.

— Fode sua putinha, hum? — continuei, provocando enquanto fazia movimentos lerdos em cima de seu pau.— Afinal, nessa noite, sou apenas isso pra você. 

— Você é realmente um tarado de merda. — respondeu, sorrindo fraco, agarrando minha bunda com força, me ajudando na movimentação, forçando a empurrar mais fundo.— E eu gosto pra caralho disso.
Ele fazia tudo numa intensidade maior agora, talvez pela minha provocação ou pela alteração que a bebida fez nele, mas fazia tudo de uma forma mais brutal, arrancando-me vários gemidos mesclados com dor e prazer.

Algum pouco tempo naquilo e eu senti a pulsação de meu membro aumentar e uma sensação enorme de adrenalina percorrer pelo meu corpo, arqueei as costas logo me desfazendo em seu abdômen junto à um alto gemido vindo de mim. Eu estava, visivelmente cansado e com a respiração ofegante, com as mãos apoiadas, ainda, em seu peitoral.

— Acha que acabei só porque você gozou? — perguntou-me, retirando de mim um olhar miseravelmente curioso.— Isso aqui só acaba, quando eu disser que acabou. — Gritou as palavras à mim, sentando-se na cama por tempo suficiente para que conseguisse me empurrar com êxito de costas para o móvel, ainda me penetrando, colocando suas mãos em minha volta, apoiadas na cama, se movimentando numa velocidade absurdamente alta, me fazendo segura-lo pelas costas com as unhas, arranhando-o por inteiro enquanto gritava de dor.
Minhas pernas, trêmulas, tentavam se entrelaçar pelo quadril dele, forçando-o — mesmo sem o propósito — a empurrar ainda mais fundo.
Ele continuou naquilo, até diminuir a sua velocidade, me preenchendo com aquele líquido viscoso e quente. Consegui ver seus ombros mais relaxados e aquilo, por algum motivo, me trouxe uma sensação de paz.

Zed se deitou ao meu lado, parecia totalmente acabado, mais acabado pela própria bebida ingerida que pelo sexo.

— Eu... preciso ir embora. — Menti, tentando falar com a pesada e ofegante respiração que eu mantinha, sentando-me na cama.
Ao colocar meus pés no chão, o senti me abraçar por trás, me puxando de forma delicada para perto dele, pedindo em um sussurro:

— Fica comigo, Kayn. Eu preciso de você.
Aquela frase fez com que um arrepio subisse de meu corpo ao meu rosto, provavelmente o deixando avermelhado.

Eu gostaria que fosse verdade.
Soltei um pesado suspiro com aqueles pensamentos torturantes e sorri, como se nada passasse pela minha mente, deitando-me ao seu lado, virado de costas à ele, deixando com que colocasse seu braço em minha cintura, entrelaçando este com o meu, encaixando nossos dedos como um ato romântico.

Encaro seu corpo de cima e deslizo meu olhar por este. Penso em como ele é lindo e em como seu corpo é ótimo. Quanto alguém daria para estar no meu lugar agora? Eu tenho sorte, ou talvez azar. Eu não sei definir, seria uma linha tênue entre ambos. Minha linha de raciocínio é recheada por palavras tão desconexas entre si, que ás vezes, eu mesmo me perdia.

Ele já transou com várias, penso eu, o que me faz soltar um pesado suspiro; não gostaria que mais ninguém pudesse fazer isso.
Mas isso... Isso seria desejar o indesejável, novamente. Imagino a amarga cena daquele corpo sendo usado por outro alguém e meu estômago embrulha e revira-se de várias formas. Meu coração bate mais rápido e a ansiedade trás consigo o inferno dos pensamentos indesejados. Será que eu deveria me declarar logo, antes que alguém o fizesse e o ganhasse?

Solto outro suspiro, contido por pura frustração e me ajeito melhor no travesseiro. Que Diabos, Kayn, vá dormir, idiota...
 



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