No final de semana, Taehyung, Verena, Ayo e JoJo brincavam no jardim de casa. E novamente era pique-esconde.
Verena e Taehyung, decidiram introduzir aos poucos o assunto sobre colorismo com as meninas. Eles sabiam que para crianças de quatro anos, o assunto seria delicado.
— Corre mamãe! — Ayo disse apontando para Verena que corria de Taehyung para salvar as meninas no jogo.
— Com certeza eu quero pegar. — Disse com um tom levemente malicioso e piscou para a esposa.
— Vai mamãe! — Vez de JoJo.
— 1,2,3 SALVE TODAS! — gritou Verena.
— ISSO! — Elas disseram em uníssono.
— Agora quem quer comer um hambúrguer? — Taehyung disse apontando para a churrasqueira.
— EEEUUUU. — Elas disseram animadas.
— Pode ajudar a mamãe a decorar a mesa? JoJo. — Verena estendeu a mão para a pequena.
— Oba! Sim mamãe! — Ela foi saltitante até a mãe e entrelaçaram os dedos.
— E você pode me ajudar a preparar a carne, Ayo. — Vez de Taehyung.
— Sim papai! — Ela foi correndo até ele.
Na cozinha, JoJo e Verena estavam arrumando os pratos e os talheres para levar à mesa. Mas não esquecendo da toalha xadrez que JoJo escolheu.
— Mamãe, você pode fazer as frutas em formato de animaizinhos? — JoJo havia pegado as forminhas de golfinho, passarinho e leãozinho seus animais preferidos.
— Mas é claro filha. — Verena colocou na pia da cozinha, mangas, mamão, bananas e outras frutas.
— Vamos fazer juntas? — Verena abaixou até a pequena e sorriu.
— Sim mamãe, eu te amo. Eu amo o seu cabelo e amo a sua cor. O papai me explicou que não existem barreiras no amor e que somos todos iguais. — JoJo abraçou a mãe e beijou sua bochecha.
Mesmo Verena não concordando que todos são iguais, ela queria proteger suas filhas de todo o mal. Falar sobre colorismo, preconceito, privilégios e racismo, é algo difícil de explicar para seres tão pequenos e imaturos.
— Somos todos iguais diante de Deus e possivelmente perante a lei. — Verena disse com receio. Ela é cristã e advogada, porém sabe absolutamente como é o mundo lá fora.
— Como assim? — A pequena JoJo fez uma carinha de dúvida.
— Sua mãe quer dizer que infelizmente existe pessoas ruins lá fora, mas aqui dentro só existe amor. — Taehyung veio até a cozinha segurando a mão de Ayo.
— Nós somos gêmeas de cores diferentes e somos lindas. — Ayo disse empolgada e foi até sua irmã. — Verena estava segurando o choro.
— Eu te amo JoJo, mas agora eu sei que eu sou a Ayo e você é a JoJo. E eu amo você minha irmã. — Se abraçaram.
— Eu também te amo, Ayo. Não precisamos mais confundir o papai no pique-esconde. — Taehyung também estava segurando as lágrimas, porém riu com a última fala da filha.
Eles sabiam que seria difícil ao longo do crescimento das filhas, ambas terem sua própria identidade. Duas crianças, filhas de mãe preta e pai sul coreano, tentando entender o seu lugar no mundo.
— Meninas, arrumem seus brinquedos lá fora para começarmos o churrasco. — Taehyung disse e elas foram de mãos dadas até o jardim.
— Você acha certo que essa introdução de que “somos todos iguais” é um bom começo? — Verena disse preocupada.
— Ei, não fica assim. — Taehyung se aproximou da esposa e enrolou um dedo nos cachos soltos de Verena.
— Eu sei que “somos todos iguais” não combina com a gente, mas infelizmente elas são muito novas para entender sobre o racismo.
— Eu sei, mas tenho medo de decepcioná-las quando a verdade cair à tona. — Abraçou o esposo.
— Eu entendo e infelizmente será inevitável, mas nós somos os pais delas e o nosso dever é guiá-las para o caminho certo.
— Eu sei que me preocupo demais, amor. — Olhou nos olhos de Taehyung.
— Você é mãe, é normal.
— Você é pai e também é normal a preocupação.
— Lembra do que sua mãe disse antes de falecer? — Acariciou o rosto dela.
“Se alguém te irritar, jogue uma tijolada nela”?
— Não bobinha. — Gargalhou alto.
“Vocês terão trabalho pela frente, mas nunca se esqueçam de suas origens”.
— Você tem razão. — Fez biquinho à espera de um selinho e recebeu um.
— Deixa elas se descobrirem, nós estaremos aqui como seus pais. Cuidamos e protegemos, certo? — Taehyung levou o dedo mindinho.
— Certo. — Verena entrelaçou seu dedo mindinho no dele.
— Quero mais desse beijo depois. — Sussurrou no ouvido de Verena.
— Da última vez que disse isso, tive gêmeas de duas cores. — Se desprendeu do braço do marido e foi até às meninas.
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