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História Genesis, Interativa - 01. he love me 'cause i'm bubbly, call me strawberry soda.


Escrita por: cybers-ex

Notas do Autor


GENESIS IS BACK BY POPULAR DEMAND!!!!!!

título do capítulo retirado da música: strawberry soda - justina valentine.

// tw: insinuação de automutilação, abuso físico, adolescentes sendo adolescentes.

Capítulo 4 - 01. he love me 'cause i'm bubbly, call me strawberry soda.


HE LOVE ME 'CAUSE I'M BUBBLY, CALL ME STRAWBERRY SODA

by ku9nlin





12 de março de 2017, às 01:00am

Depois daquele fim de semana em que viu aquele grupo de dança com um nome estranho — e um tanto difícil de se esquecer — se apresentando em cima do palco e levando todo mundo naquela boate à loucura, Jihoon voltou mais vezes para aquele mesmo estabelecimento escondido entre os becos de Itaewon. Mesmo que nunca mais tivesse sido agraciado com uma apresentação dos famigerados donguri, ele descobriu que apresentações e batalhas de dança eram eventos comuns ali.

274 mil won, foi quanto o barman falou que o vencedor das batalhas de dança levava, além de outras coisas dependendo dos patrocinadores locais, o segundo lugar geralmente não levava nada e desde que os donguri começaram a se apresentar ali, no início do ano anterior, eles nunca haviam sido nada além de primeiro lugar. Jihoon admite que não ouviu muito da explicação depois que o barman revelou a quantia gorda ganha ali, dando um último e grande gole do copo com vodka antes de pegar o papel anunciando o começo do ciclo com novas batalhas se aproximava.

A maioria dos grupos ali tinham em média cinco a oito membros e pareciam bem maduros, o que trouxe certa estranheza ao Shin, já que a gangue que ficou grudada em sua mente desde que os viu daquela vez pareciam ser todos bem jovens, alguns até mesmo com cara de adolescente passando pela puberdade, rostos escondidos pelos bonés baixos e roupas largas. Aqueles donguri sem dúvida mentiam a idade de pelo menos metade dos membros.

Jihoon voltou pelo menos umas três vezes durante as batalhas, estudando mesmo que em silêncio o terreno. Pegando os trejeitos, estilos e rotinas mais comuns entre os grupos, ele sabia exatamente o que faltava ali, mesmo que cheios de energia, a maioria dos grupos se deixava prender em uma rotina já superutilizada de apenas hip-hop, era fácil de sacar como os donguri chegaram fazendo sucesso logo de primeira, os garotos eram inegavelmente carismáticos e sempre adicionavam um algo mais nas rotinas de dança que os destacava do demais.

Era realmente impressionante, porém, Shin Jihoon sabia exatamente como tornar aquele truque em algo ultrapassado, tinha várias ideias em sua mente, mas não muita coragem, talvez só precisasse de um empurrãozinho.

E aquele empurrãozinho veio na hora certa e no formato de uma tia completamente irada. 

— Não dá mais pra mim, Jihoon — A mulher falava com a voz irritada, mesmo que em sussurros para não acordar o resto da casa, afinal, já se passavam das três da manhã. —, você sempre chega de madrugada e fedendo a cigarro e cerveja barata, eu não envelheci pra ficar arrancando cabelo por causa de marmanjo. 

— Mas- 

— Nem mais uma palavra, sai da minha casa, moleque.

— Onde eu vou dormir? — Jihoon sabia que tinha pisado na merda daquela vez, ele devia ter pulado a janela do próprio quarto ao invés de usar a chave reserva da porta da frente. Ele também sabia que sua tia tinha toda a razão, mas ainda assim não era o bastante para amenizar o tom indignado em sua própria voz.

— Isso você que tem que me responder — Iljae era uma mulher dura e impassível, então o moreno já sabia que emburrar e reclamar só iria deixá-la mais irritada. Ela apertava a maçaneta com força, os nós dos dedos brancos, com certeza estava se segurando para não gritar uns bons xingamentos. —, use esse tempo e reflita sobre o que você quer para o seu futuro.

Os dentes cerrados da mais velha e o vinco fundo entre suas sobrancelhas foram as últimas coisas que viu antes de ter a porta de madeira sendo batida bem na sua cara.

E foi assim que ele foi parar ali, batendo na janela de quem um dia já foi seu melhor amigo com as roupas fedendo e sintomas de uma dor de cabeça fodida lhe assombrando. Agradeceu aos céus naquele exato momento pela janela do Kang ser de fácil acesso, só esperava com um pouquinho dessa sorte se aplicasse no fato do outro estar acordado aquela hora.

Sua resposta veio rapidamente na forma de um rapaz irritado com os óculos escorregando pela ponte no nariz puxando a cortina para longe de sua vista com força, Jihoon sorriu amarelo. Kang Hayan o encarava como se estivesse prestes a matá-lo, e Jihoon até mesmo temeu um pouco pela sua vida naquele momento, afinal, não conversava ou ao menos acenava para o outro na rua ia fazer pelo menos um ano. Um ano que Jihoon largou a escola e deixou tudo para trás.

— Shin Jihoon? — O moreno lhe mediu de cima a baixo e Jihoon aproveitou para fazer o mesmo com ele, Hayan havia crescido bastante desde que frequentavam a mesma escola, antes o outro costumava ser apenas um garotinho irritante que o seguia para todo o lado, vivendo grudado em si e muitas vezes tirando o Jihoon adolescente do sério. Porém, agora o mais velho até mesmo acreditava que o outro poderia lhe encarar olho no olho sem nenhum problema. O Shin por um momento até mesmo sentiu falta do garoto bochechudo e remelento que vivia lhe chamando de ‘hyung’, principalmente quando o Kang arqueou uma das sobrancelhas, parecendo desgostoso de vê-lo ali. 

Pigarreou. — Ei, Yannie como ‘cê cresceu. — Jihoon se sentiu mal quando viu a expressão do outro se contorcer por breves segundos em algo triste, provavelmente por conta do apelido bobo que não ouvia mais saindo dos lábios alheios faziam séculos. Jihoon abriu a boca, iria inventar uma desculpa boa para convencer o outro a deixá-lo dormir ali e já tinha até mesmo pensado em um script bem convincente, quando foi interrompido.

— O que você quer? Rápido, estou ocupado. — O corte foi rápido e deixou o Shin até um pouco atordoado, como o seu Hayanzinho estava a falar daquela maneira consigo, sendo que apenas um ano antes estava em sua casa roubando suas roupas para tentar ser descolado que nem o mais velho. 

— Fui expulso de casa e preciso de um lugar pra dormir.

— Por que não foi lá... com algum dos seus novos amiguinhos?

Jihoon sinceramente não sabia se revirava os olhos ou achava graça, a personalidade alheia não tinha mudado quase nada, afinal. 

— Vai me deixar entrar ou não?

— Não.

— Kang Ha-yan!

O clima entre os garotos continuava ameno, mas significativamente melhor do que alguns minutos atrás. Por um momento, Jihoon quase se deixou levar pela alegria quando o mais novo o deixou entrar — com alguns resmungos e um bico torto nos lábios —, “nem pense em sentar na minha cama fedendo a cachaça”, foi o que o Kang ralhou, Jihoon soltando um chorinho fraco para convencê-lo do quanto estava cansado, não sendo o bastante.

Encaravam o teto ainda meio sem jeito, palavras e perguntas não ditas flutuando pela cabecinha conturbada de adolescentes ali presentes. Hayan havia emprestado uma camisa larga para que Jihoon pudesse se livrar da outra, que estava com um cheiro insuportável. O Kang, sem qualquer maliciosidade, ok, se deixando observar o corpo crescido do desconhecido desnaturado que um dia chamou de melhor amigo.

— “Don’t rock me up”? — Sua voz saiu meio abobada naquele momento e Hayan quis muito xingar por um breve momento.

Jihoon terminava de puxar as mangas da camisa por seus braços quando ouviu a questão falada em um inglês fofinho e enrolado, encarou o garoto a sua frente com as sobrancelhas arqueadas em confusão até entender ao que o outro se referia. A frase em questão era o que manchava sua pele alva logo abaixo a clavícula esquerda, para falar a verdade até se esquecia às vezes das tatuagens que marcavam sua pele, já que a maioria era feita durante seus surtos depressivos de auto-conhecimento.

 — Gostou? — Puxou a gola da camiseta para mostrá-la melhor. — Era pra ser don’t lock me up, mas aparentemente não muitas pessoas na Coreia sabem diferenciar “r” de “l”. 

— Bem maneira. 

Agora que estavam deitados lado a lado na cama meio apertada, os ombros se tocando e o silêncio sendo o único a reinar no local, a névoa de estranheza voltou a pairar entre os dois. Garotos adolescentes eram realmente bem idiotas, e Jihoon percebeu aquilo naquele momento enquanto tentava achar qualquer coisa para falar, queria pedir desculpas por sumir daquela maneira, mas também não sabia se era aquilo que Hayan queria ouvir de si, um Hayan irritado era bem difícil de se lidar.

Ficaram assim caladinhos mesmo, encarando o teto escuro do quarto. Havia uma brisa forte chacoalhando as árvores do lado de fora, alguns livros espalhado pelo chão do quarto, a escrivaninha com alguns CDs e uns lugares da parede estavam com a tinta falha, mostrando que algo anteriormente grudado ali havia sido arrancado. Era estranhamente confortável.

Eram para estarem sonolentos, mas as constantes mudanças de posição de Hayan mostravam que a inquietude reinava sobre a vontade de se dirigir até a terra dos sonhos. 

— Jihoon?

— Hm?

— Por que largou a escola? Por que sumiu?

O jeito que o mais velho prendeu a respiração por breves segundos significava duas coisas; ou Hayan havia conseguido tirá-lo do sério ou Jihoon apenas havia desenvolvido ataques super curtos de asma nesses 12 meses que não se falaram. Hayan esperava um pouquinho que fosse a segunda opção.

— É complicado. — Jihoon sabia que aquela justificativa não era o bastante, principalmente para Kang Hayan, mas o Shin já havia aceito que era um grande covarde, incapaz de encarar de frente os seus verdadeiros motivos. Mordeu o lábio inferior com certa força, será que se fingisse um desmaio poderia escapar daquela situação.

Hayan estalou no céu da boca. — Ah, então é assim, uma complicação aparece e você desiste de tudo, some e começa a beber que nem um ralo de pia? 

Apesar de estar sussurrando as palavras para não acordar o resto da casa, Hayan ainda foi capaz de acertá-las com força no orgulho alheio, orgulho já quase inexistente. Jihoon já era capaz de sentir o gosto metálico do sangue invadindo seu paladar, os dentes não ousando soltar o pedaço de carne, ia falar demais, era um grande covarde.

O mais novo lhe encarava, a postura dura contra a cabeceira da cama, a luz da lua entrando tímida pela janela e o vento parecia mais calmo que anteriormente.

— Se tem tanto a perguntar não vai se importar se eu quiser saber o que você vai fazer nesses becos de Busan toda a noite? — Aquilo era golpe baixo, responder uma pergunta incisiva com outra, mas Jihoon só queria tirar o foco de si naquele momento. Sentou na cama, devolvendo a encarada que recebia, os olhos de ambos pareciam prestes a sair faíscas, orbes felinas travando uma batalha silenciosa.

— Você não se importa.

— Essa cicatriz aí já é motivo o suficiente pra me deixar preocupado, então, sim, eu me importo. — Sinalizou para o machucado feio que o outro tinha quase no mesmo lugar da sua tatuagem, espelhando a pintura com um machucado que não pareceu ter sido nada agradável de ser feito. 

Hayan puxou a gola da camisa para cima, cobrindo a ferida cicatrizada, como se o olhar alheio estivesse a lhe despir.

— Se realmente se importasse não tinha sumido, me ignorado, como se eu fosse um ninguém… — Apesar da voz do Kang sair engasgada e falha, a expressão continuava impassível, sua respiração saindo entrecortada, dolorida.

— Ok, se é isso o que ‘cê quer saber, lá vai; eu tenho a saúde mental de uma viúva de três maridos, ano passado eu não conseguia passar pelos portões daquela escola, sentar naquela mesa, sem pensar em pegar o estilete mais próximo e enfiar na minha própria garganta. Eu me sentia como uma erva daninha que ‘tava começando a te puxar pro buraco junto comigo, eu, sei lá, só queria um tempo de tudo, esquecer do quanto merda eu sou e bebida, erva e cigarro me ajudam bastante, sabe. — Os olhos de Jihoon ardiam como o inferno, mas ele disfarçava tudo com um sorriso, contando todas as suas infortunidades nos dedos, como se estivesse a falar sobre a coisa mais engraçada do mundo. Hayan adorava o sorriso de seu hyung como ninguém, mas naquele momento só queria arrancá-lo do rosto do outro. 

Quando o calor do mais novo lhe rodeou, Jihoon se sentiu seguro ali naquela familiaridade, afundou o rosto na curva do pescoço de Hayan, jogando o corpo sobre o menor de qualquer jeito e recebendo resmungos como resposta, já que o Shin estava praticamente a esmagá-lo naquela posição.

— ‘Cê sabe que não precisa lidar com tudo sozinho, né? — As respirações de ambos se sincronizaram após um tempo de silêncio, que foi quebrado por Hayan, Jihoon não respondeu, mas saiu de cima do mais novo, se jogando sobre os travesseiros macios e puxando o outro para que se aconchegasse contra o seu peito. Os dedos se perdendo entre os fios castanhos do Kang sem que ao menos percebesse, como se ali sempre tivesse sido o lugar deles. — Eu sempre confiei em você pra tudo, sempre desabafei com você sobre tudo, até te contei sobre meu medo idiota de borboletas. 

Jihoon riu soprado. — É um medo bem idiota mesmo. Ai! — Os beliscões que Hayan dava eram bem doloridos e Jihoon acabou de ser lembrado desse fato. — Desculpa… eu sou um grande babaca.

Os braços de Hayan se apertaram com mais força ao redor da cintura de seu travesseiro humano e o garoto esfregou o rosto na camisa roubada de seu armário que o mais velho usava, o que fez Jihoon abrir outro sorriso, um tanto nostálgico. — Ainda bem que você sabe.

— Ei, Yannie.

— Hm?

— Quer criar uma equipe de dança junto comigo pra competir em Seul e ganhar uma grana?



 




16 de março de 2017, às 8:00am

Hayan enfiou aquele pão inteiro na própria boca que até mesmo foi capaz de sentir refluxo, mas a pressa não colaborava para o funcionamento completo de seus neurônios no momento. Limpou os farelos da boca, enquanto tentava enfiar enfiar o tênis no pé com a mão que se encontrava livre.

— Ei, garoto vai com calma aí — Hayan se assustou com a voz da tia, era até estranho ver Im Chorong em casa naquelas horas do dia. —, aonde vai com tanta pressa?

Apesar de ter feito a pergunta, Hayan sabia que a mulher não se importava com a resposta e isso transparecia no modo que ela resmungava um “onde ‘tá a merda do meu salto preto?”, enquanto corria pra lá e pra cá. Por isso apenas jogou a mochila sobre os ombros e continuou calçando os tênis.

— Ele vai se encontrar com o namoradinho com síndrome de Robin Hood — Noeul, sua irmã mais nova falou do sofá, a garota parecia concentrada demais em pintar a unha do dedão e ainda estava com fones de ouvido, mas Hayan nunca devia ser idiota o bastante para acreditar que a garota não estava a ouvir tudo. Se as paredes tinham ouvidos, com certeza as daquela casa eram a Kang mais nova. —, Jihoonzinho.

— Shin Jihoon? — A mulher surgiu na sala aparentemente do nada, já que Hayan jura não ter visto ela ali no canto, estava com o salto nas mãos e o cabelo um tanto fora de lugar, mostrando que a busca pelo sapato havia sido uma aventura e tanto. Chorong trocou olhares com Noeul por uns segundos e depois as duas deram uma risadinha, mulheres são estranhas. — Boa sorte!

— Yah! Ele não é meu namorado e parem de ficar trocando esses olhares assustadores. — Hayan resmungou, pegando a sua chave de cima da escrivaninha, ninguém seria capaz de entender o quanto ele queria sumir dali, sua tia e irmã com certeza vão estar presentes na sua história de origem de supervilão.

A mais velha no local levantou os braços em redenção, já devidamente vestida. — Não sei do que você ‘tá falando. Tchau, pirralhos, Noeul dá um beijinho na Nabi e diz que vou voltar mais tarde hoje!

Hayan acabou saindo junto da tia, acenando um adeus e ouvindo pneu do carro dela cantando nas ruas desertas, seus ouvidos até doendo um pouquinho. As mãos de Hayan apertavam as alças da própria mochila enquanto caminhava até onde havia marcado com o mais velho, não sabia o que tinha na cabeça quando aceitou aquela ideia idiota, tudo bem que ele já era um tanto acostumado com dança underground e tudo mais, mas batalhas em grupo são bem diferentes de individuais e geralmente sempre requerem o dobro de esforço.

Suspirou, tinha que sair um pouco de seus próprios pensamentos. A cabeleira rebelde e o famigerado undercut de Jihoon poderia ser reconhecido até por uma pessoa com miopia e quando o outro lhe sorriu gigante, acenando de um jeito exagerado, Hayan se deixou pensar que não valia nada se arriscar naquela ideia maluca, não é mesmo? Tudo pelos 274 mil wons.

— Get in loser, we goin’ recrutar pessoas para nossa seita. — Jihoon apontou para a garupa da própria bicicleta, tocando o sininho irritante do negócio enferrujado, uau, ele iria mesmo enfiar aquele negócio na goela do outro.

— Eu juro que se você não parar de referenciar filmes dos anos 2000…

Mostrou o dedo do meio para o Shin quando o próprio lhe mostrou língua. — Eaí, ‘tá com os cartazes aí?

— ‘Cê acha que isso vai dar certo? — Mostrou as 50 cópias de uma espécie de convite que havia feito de qualquer jeito no PowerPoint, havia conseguido imprimir escondido na biblioteca da escola.

— Tomara, porque eu nunca mais vou postar no meu Facebook pedindo pras pessoas me mandarem vídeos dançando — Hayan já havia subido na garupa da bicicleta enquanto Jihoon falava com trauma visível no olhar, seus braços se enroscando ao redor da cintura alheia com familiaridade. —, eu recebi uns negócios que não consigo nem falar em voz alta. 

— A internet é assustadora. — A brisa batia no rosto de Hayan, o dando um sono danado. Jihoon apenas concordou em em silêncio com o que foi dito.

Colar cartazes foi uma tarefa fácil, menos quando foram perseguidos por um chihuahua louco e depois quando Hayan convenceu Jihoon a deixá-lo subir nas costas dele para colar o cartaz acima da placa de uma padaria e eles foram perseguidos por um padeiro louco tentando acertá-los com um baguete, dizendo que os dois estavam cometendo atos de vandalismo na loja. Daí, uma horas depois, quando o Kang pediu para que o mais alto o levantasse de novo, Jihoon falou que sua nuca ia ficar fedendo a cu e recebeu mais socos, só que dessa vez esses vieram de um Hayan irado.

Tentaram deixar cada pedacinho de Busan com pelo menos um cartaz, focando principalmente onde sabiam que o povo underground da cidade frequentava. No fim do dia estavam cansados e as pernas de Jihoon doíam de tanto pedalar, enquanto Hayan reclamava de seus dedos estarem grudentos por conta da cola. Os dois garotos realmente esperavam que aquilo tudo se resumisse em algo positivo.




 

✩ 


30 de março de 2017, às 7:45pm

“Chuva torrencial em Busan com previsão de raios e granizo, seria muito bom se todos os moradores pudessem se manter em suas casas durante essa noite de quinta-feira. Fiquem em segurança, pessoal!”

— SUA BICHINHA, VOLTA AQUI AGORA! — Os vizinhos do bairro bom de classe média de Busan já começavam a acender as lâmpadas de sua casa, querendo saber o que estava acontecendo na casa ao lado. Gritarias daquele jeito eram a coisa mais incomum de acontecer por ali.

Do lado de fora, um homem de aparente meia idade gritava a pleno pulmões, seus punho da mão direita se encontrava ensanguentado. Era difícil de se ver a quem os xingamentos estavam sendo dirigidos, mas logo uma sombra tropeçante saiu pedalando uma bicicleta vermelha rua afora, sendo curtamente perseguida pelo homem fora de si  que naquele momento xingava até mesmo aos céus, sem se importar dos olhos curiosos que o julgavam pelas janelas por trás das cercas brancas e jardins perfeitos.

— QUANDO EU COLOCAR MINHAS MÃOS EM VOCÊ!

Youngbin passou a manga do uniforme encharcado nos olhos, tentando tirar um pouco das lágrimas e da água da chuva que se misturavam em seus olhos vermelhos, tornando quase impossível pedalar de um jeito decente. Moon Youngbin nunca foi de se vitimizar ou alguém que acreditasse que sofrer era algum tipo de competição, mas naquele momento, com o corte em sua bochecha escorrendo sangue como uma cachoeira e seu lábio inferior dando indícios de começar a inchar, ele não acreditava que existisse uma pessoa mais miserável que ele mesmo.

Nem mesmo sabia onde estava indo, deixando o pés cansados guiarem a bicicleta no meio daquela tempestade, estava tão desnorteado que nem os trovões soando altos e não muito longe dali foram o suficiente para deixá-lo amedrontado, estava com mais medo de voltar para aquele lugar que chamava de lar do que ficar naquele temporal e ser atingido por um raio.

Naquele momento, ele queria apenas parar de pensar.

Quase atropelou um rato enquanto pedalava por aquelas ruas, acabando por perceber que havia ido parar no subúrbio pelo jeito que o local era mal iluminado e haviam becos demais para ser uma das ruas sempre lotadas de luzes do centro. Seus pés não haviam o levado para qualquer lugar afinal, estava na frente de uma oficina, um tanto carcomida, mas o nome lhe era mais do que familiar. 

O que iriam pensar de ver um adolescente encharcado, lotado de ferimentos e montado em uma bicicleta no meio da tempestade nem passou pela sua cabeça antes de apertar a campainha do local. A chuva caía parecendo ainda mais irritada, obrigando Youngbin a abraçar seu próprio corpo, tentando se aquecer do jeito que podia.

Nem percebeu a porta de metal sendo aberta com um ruído estrondoso, sendo abafado pelos raios e trovões que criavam sintonias próprias pelo céu escuro. Estava a limpar os olhos ardidos mais uma vez quando viu ele pela primeira vez, o responsável por deixar seus joelhos tremendo não era mais o frio, mas Youngbin não se importava com o tremor se fosse por conta daquele motivo.

Jihoon tinha uma flanela amarela sobre o ombro e óleo no rosto quando atendeu a porta. — Entra aí, doido, ‘cê vai morrer de hipotermia. 

O mais velho deu para Youngbin uma toalha e café, mesmo que o Moon odiasse o gosto, acabou bebendo como se fosse um copo de água no deserto, o quentinho resultante sendo muito bem-vindo em seu interior. O bonito desconhecido ficou um tempo perdido dentro da oficina, até voltar com band-aids na mão e lhe sorrir reconfortante.

— Desculpa, não tenho nenhum remédio aqui, só esses curativos — Tirou o plástico protetor de um dos curativos e colou ele sobre a ferida na bochecha de Youngbin com todo o cuidado do mundo, o que fez o Moon corar das pontas das orelhas até os dedos do pé. —, briga de rua?

Youngbin mordeu o lábio inferior, ponderando; ele não era o melhor dos mentirosos, por isso se resumiu a um aceno de cabeça, mas do jeito que o outro lhe avaliava da cabeça aos pés, o mais alto muito provavelmente não acreditou naquela justificativa, principalmente pelo jeito que ficou encarando o brasão da escola gravado em sua jaqueta. Que garoto estudante da escola mais prestigiada do país ia sair brigando na rua assim? E no temporal? Mas se ele desconfiou de algo não falou nada, e por isso, Youngbin se sentiu brevemente grato.

— ‘Cê tem cara mesmo de quem faz um estrago — Se o tom de voz do maior não era o suficiente para evidenciar o deboche em sua voz, então a sobrancelha e os braços arqueados em frente ao peito deviam deixar seu palpite na situação mais do que óbvio. O Moon escondeu os punhos sem qualquer ferida o que deixava mais claro seu não-envolvimento em uma briga debaixo das próprias pernas.  —, bom, senhor briguento, eu deixei um completo desconhecido entrar na oficina do meu tio, acho que pelo menos mereço um nome, não é?

— Youngbin. — A voz saiu falha e bem rouca, obrigando o Moon a pigarrear.

— Jihoon — O mais alto puxou um banco enferrujado que antes estava encostado em uma mesa enferrujada e empoeirada no canto, sentando de frente para o garoto assustado, e como se fosse possível, Youngbin se sentiu mais julgado ainda. Encarava seus próprios pés, o mofo na parede, até mesmo as formigas no chão, menos o Shin que dava risadinhas as custas de seu nervosismo. —, desculpa se ‘tô sendo invasivo com as perguntas, mas, você se perdeu? Sabe essa escola aí, é bem longe dessas bandas aqui. — Jihoon apontou pro brasão quer marcava com toda sua resplandecência sua camisa social e a jaqueta.

— Não, eu- — Enfiou a mão no bolso de sua jaqueta procurando aquele maldito panfleto, mas quando Youngbin o tirou do fundo de seu bolso, o pedaço de papel se desfez todo molenga em sua mão. —, vim para o teste de dança…? 

— Sério? Cara, ‘cê é o primeiro candidato que aparece em semanas — Youngbin se sentiu um tantinho mais feliz quando percebeu que era o motivo dos olhos brilhantes de Jihoon naquele exato momento. —, acho que isso requer uma celebração. Parabéns, Youngbin cachorrão das ruas, bem-vindo ao time!

— O que? Você não vai querer nem, sei lá, me ver dançar primeiro? Pelo menos…

— Quer dançar pra mim, gracinha? 

Youngbin sabia que Jihoon estava brincando com a sua cara, mas por um longo momento, enquanto era medido completamente pelos olhos perigosos do outro, ele realmente ficou sem fala, as mãos começando a suar e uma série de “eu, eu, e-e-eu” saindo vergonhosamente de sua boca. Como ele desejou que fosse atingido com uma pedra na cabeça naquele exato momento.

— Relaxa, ‘tô zoando com a tua cara — “desgraçado, filho da mãe” era o que Youngbin pensava enquanto o Shin ria escandaloso, ainda tendo a audácia de enxugar uma lágrima imaginária do canto de seus olhos. Jihoon mal conheceu aquele garoto e já gostava dele, Youngbin era um bom entretenimento. —, eu não ‘tô com moral de negar a entrada de ninguém, até porque não tem ninguém interessado, portanto, bem-vindo ao grupo de três membros, gracinha. 

Gracinha. Essa palavra ainda ecoaria muito nos piores pesadelos de Youngbin.

Pesadelo sendo um código para sonhos com conteúdo +18.

— Acho que a chuva já passou, quer uma carona até em casa? — Jihoon apontou para o carro velho que provavelmente era o causador das manchas de óleos em seu rosto e uniforme. 

Casa? Completamente fora de cogitação, Youngbin tinha ido até ali justamente para fugir daquele lugar infernal. Seu desespero devia estar bem visível em seu olhar, já que o mais alto começou a olhar para o Moon de um jeito estranho, as mãos de Youngbin já começavam a suar de nervosismo, por isso as esfregou diversas vezes na calça social úmida.

O mais novo levantou-se, nervoso. — NÃO! — Percebendo que havia gritado a palavra em pleno desespero, o estudante coçou a garganta, precisava retornar aos seus nervos normais urgentemente. — Eu saí sem avisar meu pai, ele vai ficar irritado se me ver chegando, sabe?

— Não, não sei não. Eu não tenho pai.

Jihoon jura que nunca viu cena mais cômica em toda a sua vida do que seu recém-conhecido colega de grupo lhe encarando com os olhos arregalados de culpa, como se tivesse acabado de sei lá, chutar um filhote de gato. O garoto assustado já abria a boca para pedir seus milhões de desculpas, mas foi bruscamente interrompido por um Shin Jihoon rindo escandaloso, quase caindo do banquinho que estava sentado.

Youngbin o encarou confuso. O outro estava tirando com a sua cara novamente?

— Ai, ‘cê é muito doido, briguento — Se levantou, ainda dando risada mesmo enquanto passava o braço por sobre os ombros do menor. —, olha pode dormir aqui, mas vai ter que ser no chão e nem pense em dar em cima da minha prima. — Jihoon falava tudo com um ar cômico na voz, que Youngbin não sabia se queria arrancar com uma rasteira ou uns beijinhos.

O garoto de cabelos rebeldes foi conduzindo Youngbin até os fundos da oficina, apagando as luzes antes de sair. Atrás do estabelecimento havia um gigante quintal, que ligava o prédio com um casa modesta e bem diferente do que o Moon estava acostumado. A pintura da frente se encontrava um tanto puída, mas as flores que enfeitavam alguns arbustos no gramado eram lindas, principalmente enquanto estavam sendo iluminadas pela luz da lua.

A chuva ainda caía forte, então Jihoon, saiu correndo e arrastando Youngbin junto de si, a corridinha da loja até a casa não sendo o suficiente para deixá-los completamente molhados.

— Olha, fica calado, deixa que eu cuido das desculpas e só dá um sorrisinho se for necessário. — Youngbin até ficou um pouco tonto pelo jeito que o mais alto o segurava pelos ombros e falava todas as informações rápido demais para seu cérebro absorver, mas se contentou em acenar bobamente com a cabeça. 

Jihoon sorriu uma última vez, puxando Youngbin que já estava tonto de tanto ser arrastado de um lado para o outro. O sorriso do Shin se tornou em uma expressão amarga assim que adentrou a casa, piorando quando começou a falar de um modo apressado com uma mulher bem mais velha, que mexia em algo na cozinha pequena ligada diretamente à sala. — Iljae, esse daqui é o Youngbin, meu amigo, ele vai dormir aqui hoje.

— Jiho-

Youngbin não entendeu porquê Jihoon nem se deu o trabalho de ouvir o que a mulher tinha a dizer, mas quem era ele para se meter? Haviam se conhecido fazia menos de 2 horas. Antes de ser novamente arrastado, se curvou brevemente para a mais velha que lhe sorriu sem jeito, o Moon se sentiu doído de ver aquela expressão no rosto dela.

Enquanto era arrastado só conseguiu enxergar brevemente um homem largado no sofá da casa, o corredor estava escuro e a casa bem silenciosa, talvez por já se passarem das nove da noite. O Shin arrastou Youngbin até o quarto no fim do corredor, a porta em sua cor de madeira normal contrastando com uma das portas que estava pintada com várias caveiras e mensagens ameaçadoras, a outra era pintada de branco com um pôster do Jjangu grudado no centro do objeto.

O quarto do mais velho era bem do jeitinho que Youngbin meio que já previa, uma completa bagunça, o outro muito provavelmente não passava muito tempo ali pela maneira que haviam várias peças de roupa em cima de sua cama, além de discos espalhados pelo chão e estranhamente um pôster de Park Jihyo do Twice grudado no teto acima da cama. Jihoon provavelmente o viu encarando o pedaço de papel com estranhamento, pois não esperou segundos para resmungar um “ela me dá inspiração, ok”, dali de perto da porta Youngbin conseguia enxergar as pontas das orelhas do mais velho vermelhas.

— Toma, coloca isso — Empurrou um short e camisa contra seu peito. —, eu vou tomar banho, você pode tirar esses bagulhos da cama e dormir se quiser. 

Agora, sozinho no quarto, vestido das roupas de um desconhecido e encarando o pôster de uma idol sorridente no teto, Youngbin pôde suspirar aliviado. Era engraçado de um jeito triste que ele pudesse se sentir mais seguro ali do que na casa de seu pai, que era quem supostamente deveria tomar conta de si e do seu irmão.

Seu irmão.

Youngbin levou uma das mãos até o curativo em sua bochecha, fazendo careta, havia sido um soco e tanto que havia lhe acertado no local, mas estava satisfeito de pelo menos não ter um osso quebrado ali. Fechou os olhos e rezou baixinho para que qualquer divindade existente protegesse seu irmão naquele momento, ele era o mais frequente saco de pancadas, mas Youngbin conhecia o suficiente o verme que lhe colocou no mundo para saber que ele era imprevisível.

Não queria chorar naquele momento, então virou de bruços, esfregando os olhos tristes contra a fronha, batalhava silenciosamente contra o nó em sua garganta. O aroma florido que vinha do pedaço de pano serviu um pouco para acalmar seus sentidos, mas não o suficiente para deixá-lo sonolento, já que seus pés se mexiam nervosos contra o colchão.

— Sem sono? 

Youngbin virou o rosto do travesseiro fofinho apenas o suficiente para deixar um de seus olhos curiosos para espiar o Shin, que secava os fios com uma toalha despreocupadamente, a camiseta larga sem mangas, deixando a mostra as várias tatuagens que coloriam a pele pálida do outro. Jihoon estava de costas para si quando jogou a toalha de qualquer jeito sobre a pilha de roupas no canto.

— Acho que sim. — Acho? Youngbin tinha certeza que não conseguiria dormir naquela noite a menos que fosse acertado com um taco de baseball na cabeça.

Não conseguiu identificar o que Jihoon tinha entre os dedos quando o outro sentou no batente da janela, até o mais velho pegar um isqueiro da escrivaninha caótica próxima dali, encostando a chama na ponta da bituca, acendendo o cigarro para logo em seguida dar uma longa tragada. A fumaça saindo de um jeito atraente pela boca e nariz do Shin.

Foi necessário o Shin dar apenas umas batidinhas no lugar vago em sua frente na janela que lá estava Youngbin tropeçando nos próprios pés para se sentar lá. Jihoon sorriu de canto. — Devia tentar dormir, amanhã tem aula.

Mais uma tragada.

E a expressão de Youngbin caiu, o rosto se contorcendo em uma expressão penosa. O garoto não queria pensar no amanhã, mas parecia que todas as coisas no universo o faziam lembrar de que se ele fechasse os olhos naquele exato momento, um novo dia ia nascer e ele ia ter que lidar com todas as merdas que pareciam sempre estar lhe rodeando.

Youngbin não pensou muito quando estendeu a destra, sinalizando para que Jihoon lhe passasse o cigarro, o Shin lhe encarou com uma expressão comicamente surpresa que foi rapidamente substituída por um sorriso divertido, como se cada pequena surpresinha vinda de Youngbin fosse o suficiente para diverti-lo e quem sabe, não fazer uma afeição maior nascer em relação ao até então desconhecido.

Jihoon estendeu o câncer personificado para o Moon que o pegou entre os dedos de um jeito atrapalhado, Jihoon esperava que o outro se engasgasse com a fumaça ou sei lá. Mais uma surpresa para colocar na lista de surpresas vinda do pirralho, ele fumava como um profissional, apesar de nem passar perto do seu esteriótipo de garotinho mimado que gosta de quebrar regras.

Os dois ainda conversaram mais besteiras sussurradas ali no batente da janela, Youngbin rindo baixinho de alguma palhaçada que Jihoon fazia e o mais velho fazia cara de surpresa quando o Moon lhe contava entusiasmado de todos os infortúnios de sua vida, escondendo as partes que envolviam seu pai, obviamente. Não era hora.

O sol já se mostrava tímido quando trocaram olhares uma última vez ali na janela, em silêncio. Ambos indo deitar sem ainda conseguir dormir, Youngbin se virou para a parede, pois aquele pôster acima de si parecia estar julgando todos os seus pensamentos, mas pelo menos se sentiu em paz por poder fechar os olhos com um sorriso no rosto naquela madrugada.




 




2 de abril de 2017, às 6:30pm

A música reverberava suavemente pelo beco, apesar dos adolescentes presentes ali estarem mais preocupado com seus próprios assuntos do que com a melodia de Six Feet Under do The Weeknd que causava eco pelo local mal iluminado. 

Sentado em cima de uma lixeira estava o garoto mais cheio de marra que você poderia conhecer, o ruivinho tinha um palito de dente pendendo da boca. Haviam cerca de dez garotos todos de idade próximas formando uma rodinha ao redor da figura, além de mais três garotas sentadas ao seu redor. Rin Woobin realmente se sentia como um Corleone, explicando qualquer coisa com entusiasmo para o pessoal.

Era realmente impossível não parar por um segundo e ouvir o que ele tinha a dizer, Woobin sempre foi assim, alguém de guiar, de citar as regras e ser obedecido, sendo impossível sua popularidade não lhe render vários amigos que o seguiam onde fosse. 

— Esse é do bom mesmo, cara?

Um garoto baixinho de cabelos castanhos falou curioso, encarando o produto na mão do ruivo. Ruivo o qual apenas sorriu como quem dissesse “bobinho” apenas com um mostrar de dentes.

— Jinwoo, meu querido Jinwoo, você acha que eu me contento com porcaria?

A conversa iria continuar se não fosse uma figura alta e infelizmente, conhecida pelo cabeça daquele grupinho. Hayan agarrou o antebraço de Woobin com tanta força que o mais novo choramingou baixinho pela dor, exclamando vários palavrões. Woobin estava completamente convencido que Kang Hayan era seu único e maior nêmesis.

Hayan ainda segurava seu braço, apesar de ter diminuído a força, quando começou a gritar. — Que porra é aquela no beco, Woobin?

— Do que tu ‘tá falando, doido? 

— “Esse é do bom mesmo?” — Imitou a voz pré-pubescente do garoto lá do beco com desdém, os olhos do Kang estavam duros e impassíveis, como se estivesse segundos longe de bater a cabeça do Rin contra a parede de tijolos mais próxima.

Woobin o encarou com as sobrancelhas franzidas, nem duvidava mais da possibilidade de Hayan ter perdido os últimos neurônios. — Mano, eu tava falando do meu Nintendo Switch novo. — Tirou o aparelho do bolso interno da jaqueta, o balançando no rosto do mais velho.

— Ah…

O Rin tirou seu braço do aperto das mãos de Hayan com brusquidão, na sua cabeça se passavam várias possibilidades de coisas ilegais que o Kang com certeza achava que ele estava a fazer, até que sua expressão se fechou ao chegar a conclusão do fruto de todo aquele surto anterior do outro.

— ‘Cê achou que eu tava vendendo droga? — Cruzou os braços em frente ao corpo, um sorriso amargo se mostrando nos lábios rosados. Hayan nem conseguia encarar os olhos magoados do Rin por detrás dos óculos. — A sua confiança em mim me deixa grato. — A voz escorrendo sarcasmo combinava perfeitamente com a expressão do ruivinho.

Hayan suspirou, por que se sentia caminhando em um campo minado sempre que conversava com adolescentes? — Desculpa. Eu só me preocupo com você, pirralho.

— Não precisa se preocupar com ninguém aqui, papai.

Foi engraçado ver Hayan engasgando com a própria saliva, pena que dar risada acabou rendendo um soco no coitadinho do Woobin.

— Enfim, eu não vim aqui brigar, vim pra te fazer uma proposta

— Não, não vou bater uma pra você e também não curto brotheragem — Essa frase lhe rendeu mais socos, mas é sempre impagável ver as reações do mais velho. —, ai, ai é brincadeira.

— É sério, preciso da sua ajuda — Hayan explicou tudo sobre o grupo de dança que estava formando, adicionando o detalhe de que estava sendo ameaçado com uma arma na sua cabeça por Jihoon, o que arrancou uma risada escandalosa de Woobin. Não foi necessário muito para convencer Woobin a entrar no grupo, nem cego era capaz de não perceber o quando o Rin é apaixonado por dança, o pequeno prodígio de Busan. —, ah… E mais uma coisa, cata aí na sua listinha de amigos mais dois membros para a equipe.

Hayan merecia um Oscar pelo jeito como caprichou a carinha de cachorro que caiu da mudança, cutucando Woobin com o cotovelo que apenas evitou seu olhar, pensativo. As mãos dentro dos bolsos da jaqueta e os pés calçados com tênis brancos arrastando pelo concreto da calçada, começando a irritar Hayan pela demora de um resposta.

Woobin não segurou o revirar de olhos, apesar de bem-humorado, ao ouvir o mais velho resmungando. — Tá bom, eu posso tentar.

Hayan deu um soquinho no ombro do Rin, animado. 

— Então a gente se vê amanhã, na oficina do velho ao meio-dia. 

— AMANHÃ? — Woobin pensou em segurar Hayan no lugar e obrigá-lo a aumentar o prazo, pois aquilo era impossível, mas o outro era mais escorregadio que sabão e logo já estava do outro lado da rua, acenando para si com um sorriso sacana no rosto. — VAI SER IMPOSSÍVEL ACHAR GENTE ATÉ AMANHÃ! — Quem passava pela rua encarava Woobin como se ele fosse louco, mas o ruivo não poderia se importar menos.

— Se vira, baby boy! — Hayan exclamou antes de virar a esquina, mandando um beijinho aéreo para o menino com cara de tacho que agora ponderava seriamente se ia valer a pena ele gastar suas últimas energia para correr até o Kang e jogá-lo dentro de uma lixeira.




 



3 de abril de 2017, às 5:00pm

— Isso, com certeza, não era o que eu esperava.

Jihoon coçava o queixo enquanto avaliava mentalmente todas as possibilidades daquilo dar errado, o Shin jura que nunca havia visto tanta criança reunida em um único lugar — além de fóruns sobre k-pop — daquele jeito. O fato de que o mais velho ali ainda era dois anos mais novo que si fez sua coluna doer, não havia vagabundeado sua vida toda para virar babá naquela fase da vida. Porém, tinha um objetivo ali, então o melhor era manter sua cabeça naquilo.

— Hyung! 

Iria continuar em seu monólogo mental completamente perturbado se não fosse um ser vermelho pulando em cima de si e quase levando ambos ao chão. O rostinho sorridente de Woobin surgiu em sua linha de visão, o ajudando a tirar um pouco o pesar de seus ombros, pois logo estava retribuindo o sorriso com tanto ou mais entusiasmo, as mãos indo parar na cabeleira tingida, bagunçando os fios como se estivesse a lidar com um filhote de cachorro enérgico demais; o que acabava sendo o adjetivo perfeito para descrever Rin Woobin.

— Perebento! — Bagunçou ainda mais os cabelos rebeldes do menor. — Eaí, o que você tem pra mim? — Apontou com o queixo para os dois desconhecidos um tanto deslocados ali, um dos garotos estava com roupas bonitas, aparentemente caras e sapatos lustrosos que fizeram Jihoon torcer o nariz, o outro tinha uma postura largada, as mãos nos bolsos da jaqueta e olhava ao redor da oficina com uma expressão difícil de se ler.

Woobin pigarreou dramaticamente antes de começar a falar. — Primeiramente, vindo diretamente da Austrália — Fez sons de tambor com a boca, antes de apontar para o garoto de postura largada. —, Youngjoon, Kevin, KV, o melhor dançarino que você poderia encontrar em toda a Busan. Ele não é de falar muito com estranhos, mas é um só com as ruas, ele é dos nossos.

Youngjoon acenou com dois dedos na testa e Jihoon apenas sorriu amarelo para o outro, as mãos coçando para não dirigi-las até as têmporas que já começavam a latejar, aquele garoto parecia ter no máximo uns 14 anos.

— Esse é o Beomgyu, ele é um fofo o que significa; pontos extras de carisma para o grupo! — Woobin apertou as bochechas do Beomgyu, este o qual sorriu sem jeito, encarando os próprios sapatos. — Ele é meio tímido, mas um dançarino impecável, vocês tem a minha palavra. — Levou a mão até peito, fazendo a famigerada jura de escoteiro.

O moreno se curvou de modo respeitoso falando um “oi” formal, o que tirou de Jihoon um “por que você não é assim Woobin?”, o Rin não deixando barato ao acertar um soco fraco no ombro do Shin. 

— O seu rosto é familiar — Hayan falou se referindo a Beomgyu, que estava boiando observando as interações dos três garotos que já eram familiares uns com os outros. —, ‘cê já apareceu na televisão?

— Cara, nosso lindo mascotinho é irmão do gostoso do L do Infinite — Woobin falou com uma expressão maliciosa no rosto, parecendo até mesmo sonhador. —, quer dizer, com todo o respeito. — As bochechas se pintaram de vermelho ao dirigir suas desculpas ao irmão do citado, Beomgyu apenas negando com a cabeça, como se já estivesse acostumado com a boca solta do ruivo.

— Uau, será que você consegue umas meias suadas dele pra mim? — Hayan perguntou, se jogando no sofá velho da oficina ao lado do moreno acanhado. — Elas devem valer uma nota na internet.

Jihoon deu um tapa na testa do Kang, que choramingou. — ‘Cês tão assustando o garoto!

Hayan deu de ombros.

— Mas eaí, você não vai apresentar o seu escolhido pra gente? — Woobin dirigia seu olhar para um Youngbin tímido, que tentava evitar os olhos curiosos de qualquer jeito, encarando de um jeito comicamente sério um mofado na parede.

Jihoon abriu outro sorriso amarelo, o que estava por se tornar um hábito de tanto que sorriu daquele jeito apenas naquele dia e ainda não era nem meio-dia. 

— Esse daqui é o Youngbin — Passou o braço por sobre os ombros curvados do menor, que apenas sorriu em direção aos outros quatro desconhecidos, acenando fraco. —, e ele, bem, ele tem um bom coração… Eu acho… — O Shin não tinha muito o que dizer sobre as habilidades do outro dançando, já que não tinha feito questão de vê-las em prática, então a melhor opção era ficar calado mesmo.

— Bom coração? — Hayan arqueou uma das sobrancelhas, avaliando a situação, parecendo até que um lâmpada se acendeu acima da sua cabeça pelo jeito que sua expressão se iluminou e ele segurou a risada, antes de se levantar de seu lugar e pegar Jihoon e Woobin pelo braço, dando uma desculpa para os outros três garotos antes de sair arrastando seus dois encostos particulares até a pequena sala onde ficava a papelada da oficina.

Jihoon suspirou aliviado, finalmente podia massagear suas têmporas, sua cabeça parecia estar prestes a explodir. — Que merda é essa Woobin, você sequestrou crianças na frente de uma creche e trouxe elas até aqui? Se a polícia bater na minha porta-

— Pelo menos não botei alguém no grupo sem nem ver se fulano sabe dançar só porque ele me deixa de pau duro. — Woobin sussurrou irritado de volta, apontando para a janela, onde um Youngbin tentava puxar assunto com Beomgyu e Youngjoon que, incrivelmente, colaboravam.

— O que? Do que você ‘tá falando? — Woobin torceu os lábios, em uma expressão que dizia “você sabe exatamente do que eu ‘tô falando”. Jihoon cruzou os braços, não concordando ou discordando da suposição do Rin. 

— Parem de brigar, princesas — Hayan encarava a situação com uma expressão divertida, tinha esquecido o tanto de diversão que ver os dois no mesmo ambiente lhe fornecia. —, temos que encarar a situação, eles foram os únicos que quiseram participar desse grupinho capenga, não temos opções aqui. — Gesticulava como um homem de negócios explicando o seu próximo investimento.

Jihoon e Woobin concordaram com um mexer de cabeça.

Era doloroso de pensar as dores de cabeça que viriam para os três garotos com aquele grupo, principalmente porque três daqueles garotos não pareciam saber sobreviver andando de ônibus em Seul nem quem a vida deles dependesse daquilo.

— É, me dói dizer isso, mas o Hayan ‘tá certo. — Woobin apertava o próprio peito, comos e dizer aquilo doesse mais que receber trinta facadas, o que arrancou um revirar de olhos do Kang. Aqueles eram como gato e rato, aquilo nunca ia mudar.

— Hm, não vamos julgar eles antes de saber o potencial. 

Assim como o esperado por Jihoon e Hayan, Beomgyu e Youngbin eram terríveis quando o assunto era hip-hop, mas não porque não sabiam dançar e sim porque pareciam nunca ter tido contato com qualquer forma de dança de rua em toda a vida deles. Youngjoon era um talento, Jihoon não conseguindo segurar os assobios quando o outro parou em um baby freeze no mesmo ritmo que a música saída do sonzinho do local. Apesar de ter seus quinze anos, assim como Woobin, mas esse demôniozinho não valia, o garoto vindo recente da Austrália era um talento.

— Não, Beomgyu, isso é trap, é completamente diferente do rap clássico. — Hayan falava como se estivesse ensinando uma criança do jardim de infância, apontando todas as diferenças de estrutura e produção entre as duas músicas para um Beomgyu que mordia o lábio inferior, tentando absorver tudo o que o mais velho falava, mas todas aquelas músicas ainda pareciam o mesmo para si, frases rápidas sendo falados por sobre uma melodia qualquer.

Jihoon estava em silêncio até aquele momento, um Red Bull em sua mão enquanto observava a tentativa desastrosa de Hayan, Youngjoon e Woobin de ensinarem qualquer coisa sobre dança de rua para os garotos com expressões completamente perdidas. 

— Eminem é uma piada, não ouve as músicas dele, a não ser que curta uma tortura em forma de áudio, se você quer saber a verdadeira essência do rap ouve “Tha Carter III” do Weezy. — Woobin encarava Youngbin de um jeito sério, o jeito que falava parecia que estava prestes a ameaçar o mais velho de morte.

— Bro, esse é meu álbum favorito dele! — Youngjoon levantou o punho na direção de Woobin, os dois fazendo um toque todo cheio de movimentos e idiotices jovens. 

— Eu estranharia se não fosse, é um clássico.

Era possível ver a grande interrogação sobre a cabeça de Youngbin de longe, Jihoon rindo soprado de toda a situação.

Estava um clima amigável entre todos ali, até Jihoon pular do sofá do nada, Hayan revirando os olhos, ALERTA DE IDEIA IDIOTA piscando em seu subconsciente. Os olhos do mais velho brilhavam como se tivesse acabado de ter a ideia do século.

— Woobin, ‘cê ainda tem o contato do cara que fez sua identidade falsa? — Jihoon calçava os tênis de um jeito apressado, incentivando com apenas um olhar os outros a fazerem o mesmo.

— Tenho sim, por que? — Woobin sorriu sacana, se iriam precisar de identidades falsas então a confusão ia ser da boa.

— Meus pequenos gafanhotos, vamos estudar o terreno — Juntou as mãos em frente ao corpo antes de ajustar o colarinho de seu paletó imaginário, a expressão de quem estava prestes a aprontar. —, conhecer o território inimigo.

 


Notas Finais


eu juro que li e reli esse negócio mais de 450950 vezes, mas ainda deve ter erro de digitação aí aaaaaaaaaa
uuuuuuhhhhh terminando em cliffhanger..........eu acho, mas não fiquem triste enquanto esperam o próximo e venham conhecer as units perfeitas de genesis, irmãos de loona msm: https://genesistheworld.weebly.com/badbitches.html

ngm:
eu, usando o woobin pra expressar meu ódio pelo desgraçado do eminem: flop

bicho eu juro que queria atualizar rápido, mas meu funcionamento cerebral só funciona uma vez por mês, ,, lidem cmg pfv
mudei de user e pack pqp a nova era chegando, mentira vai continuar td a mesma merda!!!!!!!!!!!me deixem sonhar. não sei mais o que falar, falem a opinião/pensamentos/teorias/surtos/sonhos/hate de vcs aqui nos comentários eu demoro pra responder (ainda não respondi os do cap passado😂😂😂), mas eu leio tudo e fico chorano de amores...
até a próxima, família ><


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