Era dia 13 de abril de 2011, uma manhã fria e quieta, eu invejava quem estava quentinho no conforto de sua casa enquanto eu enfrentava aquele frio, tudo que eu mais queria era voltar pra casa e deitar na minha cama. As calçadas estavam cobertas de neve e o vento estava cada vez mais forte, mal sentia meus dedos dentro da bota.
O caminho para o colégio, era uma rua reta com muitos prédios e algumas árvores, apertei meus braços em volta do meu corpo com a intenção de me aquecer, mas parecia que o vento estava contra mim quando se intensificou levando embora meu cachecol. Corri atrás dele e o vento fez questão de prendê-lo em uma árvore, pulei o mais alto que consegui, mas não consegui pegar.
Corri uma distância consideravelmente boa e pulei, mas tudo que aconteceu foi meu rosto ir de encontro à neve. Bufei irritada, com tanta árvore pequena nessa rua, o vento tinha que prender meu cachecol justo em uma árvore que eu não alcanço? Fala sério!
— Quer ajuda? — sabe aquele momento em que o filme da sua vida passa diante dos teus olhos? Foi exatamente isso o que aconteceu.
Meu corpo se recusava a virar e encarar o dono daquela voz rouca que eu conhecia muito bem, fechei meus olhos e implorei aos céus que não fosse quem eu pensava ser. Mas ao me virar, foi como se tivessem jogado um balde de água fria com gelo em mim. Era ele. Com seu sorriso estonteante e seus olhos cor de mel que me faziam suspirar, todo agasalhado da cabeça aos pés, o frio que eu sentia antes desapareceu quando senti meu corpo inteiro quente e um certo calor nas bochechas.
— Não precisa — recobrei minha consciência e lhe respondi.
Pulei para tentar alcançar meu cachecol na árvore, mas foi uma tentativa inútil. Peguei uma bolinha de neve e taquei nele, mas nem se mexer o cachecol se mexeu, ouvi alguém rir atrás de mim e mesmo sabendo de quem era aquela risadinha, me virei e lhe encarei.
— Sai daí vai, deixa que eu pego — ele se aproximou do lugar onde estava meu cachecol e deu dois pulinhos, finalmente o pegando. — Aqui está — ele passou o tecido por meu pescoço e aos poucos aquela área foi se aquecendo.
— Obrigada — sorri tímida. Ele nunca falou comigo.
— Vamos? — Sorriu apontando pra escola.
— Claro — senti meu rosto mais quente do que antes, mas fui andando ao seu lado.
O caminho todo foi um pouco constrangedor, pois fomos em um completo silêncio, apenas quando estávamos próximos, ele comentou que estudávamos na mesma classe de biologia, mas depois disso, se calou. O silencio entre nós era torturante e ficou pior quando chegamos finalmente no colégio, quando todos os olhares estavam em nós. Era desconfortável.
Nunca fui aquele tipo de aluna popular ou sociável, para falar a verdade, eu sempre tentava me esconder, era bom que apenas os professores soubessem da minha existência. Aqui só tem riquinhos mesquinhos que adoram fazer bullying com pessoas que não vivem às custas dos pais, como eu e minha irmã.
O armário dele era do outro lado do corredor, bem atrás de mim, pela primeira vez em tempos eu não fiquei com vergonha de abrir meu armário perto de alguém.
— Chris Brown? Sério? — ele deu uma risadinha.
— Ainda vou casar com ele — suspirei olhando a foto dele sem camisa colada no meu armário.
— Vejo que tem um bom gosto musical — disse ele fechando seu armário e fazendo o mesmo que eu, colocando seu casaco dentro.
— Tenho bom gosto para outras coisas também, basquete, por exemplo — falei e peguei meus livros, inclusive, o meu favorito ‘Os cinco Guardiões’, ele acompanhou com o olhar cada movimento meu.
Ajeitei meu cabelo na frente do pequeno espelho que tinha colado na porta do armário ao lado foto do meu futuro marido. Tinha acabado de fechar meu armário quando ouvi uma voz tão fina que parecia um ferro arranhando uma lousa de tão irritante.
— Oi, coração — Selena abraçou o capitão do time de basquete que deu um pulinho de susto, pois este estava um pouco aéreo.
— Oi— ele disse simplista, e pela careta, ela pareceu não gostar.
— O que foi, meu amor? — falou ela. — Está olhando o que, garçonete? - disse ela parando na minha frente.
Levantei as mãos em forma de rendição e me afastei, não sem antes receber uma piscadela do capitão, simples ato que me deixou um pouco corada.
Mais tarde naquele mesmo dia, eu saí correndo do colégio e fui direto para a lanchonete do meu pai, nosso local de trabalho. Por ser horário de almoço, eu sei bem como aquele lugar fica lotado. Já de uniforme, comecei a atender os clientes, estava mais lotado do que eu imaginei e justo naquele dia, minha irmã não iria trabalhar.
A cada cliente que ia saindo, o dobro chegava, meu pai teve que ligar para minha irmã, pedindo para vir ajudar a gente. Austin, meu irmão caçula, havia começado a ir para a escolinha e isso ajudava bastante em horários como esse.
— Maree, espaguete à bolonhesa para a mesa 10 — meu pai disse ao colocar o prato no balcão. Assenti e levei o prato até o cliente. Meus olhos quase pularam pra fora quando avistei o capitão jogando um joguinho qualquer no celular.
— Aqui está seu pedido — tentei manter a mesma postura, era só mais um cliente.
Parecendo acordar pra vida ele deixou o celular na mesa e me encarou.
— Sabia que te encontraria aqui — ele sorriu. Malditas borboletas no estômago.
— Me procurando? — pensei em mil coisas que eu poderia fazer; correr e fingir que não ouvi o que ele disse, me esconder na cozinha ou inventar que tenho namorado, talvez até que estou gripada.
— Vou dar uma festa lá na minha casa e queria saber se você quer ir — ele coçou a nuca envergonhado e notei que suas bochechas estavam levemente coradas.
— Quero — quase gritei de tão alto que falei. — Quer dizer — me corrigi envergonhada pelo meu entusiasmo. — Agradeço o convite, mas preciso trabalhar hoje e eu acho que no horário que eu sair daqui a festa já vai ter acabado — acho que não seria bom eu ir em uma festa onde Chloe vai estar.
— É uma festa, não vai acabar tão cedo — ele riu. — Se quiser eu posso passar aqui para te buscar — sugeriu.
— Acho melhor não, sua namorada não iria gostar de te ver junto comigo — Selena não iria gostar de saber que ele veio aqui e se eu for na festa, ela mata nós dois.
— Que namorada? — com o canudo na boca e a cabeça baixa, ele levantou o olhar e sorriu. — Terminei com ela hoje pela manhã — colocou ambas as mãos na bochecha e apoiou os cotovelos na mesa. — Qual a próxima desculpa para não ir?
Fiquei envergonhada por ele notar que eu não estava afim de ir na festa, e a única saída foi aceitar.
— Te vejo na festa então — sorri e me virei para voltar ao trabalho.
— Maninha, preciso de um favor seu — chamei minha irmã.
— Se for dinheiro eu não tenho — disse ela segurando o bolso do avental para não fazer barulho.
— Não é isso, mesquinha — dei língua à mais nova. — Vou a uma festa hoje à noite, mas não sei o que vestir. Me ajuda? — pedi enquanto torcia o pano para limpar o balcão.
— Com quem?
— Com o capitão do time da escola — falei. — E se me ameaçar dizendo que vai contar para os nossos pais, te deduro pra mamãe sobre o dia em que você dormiu na casa da sua “amiga” — fiz aspas com os dedos para deixar mais clara a minha ameaça e ela fez careta assentindo.
O movimento da lanchonete estava menos agitado e logo Anne chegou e eu entrei no quartinho para me arrumar.
Ela trouxe uma calça jeans escura de cintura alta, um par de saltos e um cropped de mangas compridas, trouxe também um estojo de maquiagem e um par de brincos. Gostei de como a roupa ficou no meu corpo, mas me senti um pouco vulgar nela.
Soltei meus cabelos e tentei dar uma organizada em meus cachos, passei um pouco de maquiagem no rosto e calcei os saltos. Já pronta e livre do serviço, pedi um taxi para me levar até a festa. A casa estava cheia, mal dava para andar, respirei fundo e decidi procurar pelo capitão, esbarrei em algumas pessoas que nem deram importância para a minha presença, demorou um pouco, mas finalmente consegui encontra-lo. Encostado no balcão com um copo de bebida na mão, ao seu redor haviam algumas garotas, mas ele parecia estar entediado ao lado delas.
Cutuquei seu ombro e ele se virou para mim, um grande sorriso se abriu em seu rosto ao me ver, parecia estar esperando por mim. Me olhou da cabeça aos pés e disse:
— Você está linda — me elogiou.
— Obrigada — me sentindo envergonhada, mexi em meu cabelo.
— Aceita? — me ofereceu o mesmo que bebia e eu assenti.
— Capitão, vamos lá para cima? — uma garota de cabelos loiros se pronunciou.
— Obrigado pelo convite, mas terei que recusar — com uma concha ele pegou um pouco de ponche e colocou em um copo.
— Deixa a gente cuidar de você, podemos te fazer esquecer da Selena— disse outra menina.
— Aqui, Maree — me entregou o copo com a bebida. — Vamos para outro lugar? Esse aqui está um pouco sufocante — me estendeu a mão e eu a segurei. Fiquei feliz por ele ter ignorado as garotas. — Gruda em mim igual chiclete — ele falou sério e segurou mais firme minha mão.
— Pode ter certeza que sim — murmurei baixinho ao ver um conhecido, nem um pouco agradável, se agarrando com uma menina na ponta da escada. Por sorte ele não me viu.
Ele me levou para perto da piscina onde não tinham muitas pessoas e nos sentamos nas espreguiçadeiras que tinham ali. Nunca na vida achei que eu, a invisível do colégio iria a uma festa com o mais popular da escola e na casa dele ainda por cima, na verdade eu nem sequer imaginava ele falando comigo, sempre ficava rodeado de amigos e da sua namorada.
— Você trabalha todos os dias na lanchonete? — perguntou.
— Sim, menos nas segundas, porque meu pai me dá uma folga — tomei um gole da bebida.
— Posso te levar pra sair quando você estiver de folga?
Não soube o que falar, ninguém nunca tinha me chamado para sair antes.
— Se me levar pra casa antes das onze — sorri para ele.
Depois disso, ficamos conversando sobre coisas aleatórias, como por exemplo, se meu pai não o contrataria para trabalhar na lanchonete, segundo ele o lugar era aconchegante. Um menino tocou seu ombro e falou algo no ouvido dele.
— Fique aqui, eu tenho que ir ali resolver uma coisa e já volto, prometo que será rapido — pediu e eu assenti.
Foi questão de segundos para ele sumir do meu campo de visão e eu entrar em desespero quando vi a pessoa desagradável se aproximando de mim. Virei e pensei em entrar na casa, mas sua voz me deteve.
— Maree? É você?
Me virei e sorri nervosa.
— Olá, Chaz, bom te ver — dei um sorriso forçado.
— Eu que o diga — mordeu os lábios me olhando de cima a baixo.
— Então, é… já vou indo. Tchauzinho — falei e me levantei. Ele rapidamente agarrou meu braço com força.
— Que tal deixar eu lembrar do sabor da sua boca? - falou me puxando para mais perto dele.
Ele começou a distribuir beijos pelo meu pescoço e passar suas mãos cheias de calo nas minhas pernas, ele tentava a todo custo me beijar, mas eu virava o rosto.
Seu corpo foi afastado de mim com rapidez e um capitão furioso apareceu no meu campo de visão.
— O que pensa que estava fazendo? — o capitão falou ameaçando ir pra cima dele, mas segurei seu braço balançando minha cabeça em negação.
— Dando um jeito nessa vadia — Chaz disse.
O capitão me olhou e eu soltei seu braço permitindo que ele desse uma surra em Chaz, surra essa que só acabou quando foram separados por outros jogadores.
— Acha que vai poder proteger ela pra sempre? — Chaz disse após cuspir sangue no chão. Acho que um dente também.
— Pode apostar que eu vou — o capitão se soltou de quem o segurava e passou o braço pela minha cintura me levando para fora.
Eu fui até Saturno e voltei, meu corpo está embriagado do copo de luxuria que ela me deu, essa história não faz sentido, mas que eu quero saber é o que ela está fazendo. Suas curvas são como as mais perigosas ondas do mar e eu sou o surfista ousado que surfa entre elas, seus lábios são perfeitos e parecem ser tão macios.
Enquanto ela contava a história, eu observava cada movimento que seu corpo fazia, cada impulso e cada gesto. Meu pau ficou tão duro quando sua bunda ficou empinada na minha direção e desceu lentamente até o chão, seus lábios estavam vermelhos de tanto que ela os mordia e por um momento eu queria ser o mastro daquele pole dance.
Jogando seu cabelo pra frente ela se sentou na cadeira, passou a mão em sua perna direita antes de apertar seus seios de forma bruta e encarar meus olhos, enviando faíscas para meu corpo ela caminhou até onde eu estava. Me remexi desconfortavelmente na cama, como ela poderia ter tanto poder sobre mim assim?
— Se masturbe — disse ela enquanto dançava no ritmo de uma música que só ela pode ouvir.
— O que?! Eu não vou fazer isso — a luz do quarto se apagou, porém a do abajur ao meu lado se acendeu.
— Se eu pudesse eu te ajudava, mas eu não consigo te tocar, não ainda — ela estava deitada ao meu lado.
—Por que não?
— Ainda é cedo para saber.
Ela se levantou e ficou de costas para mim e tirou o sutiã, jogando-o no meu rosto. Seus seios eram medianos e redondinhos, arrisco dizer que seu corpo foi esculpido por um Deus vaidoso e fez dela sua semelhante.
— Seu nome é Maree? — perguntei curioso.
— Esse é meu nome do meio.
Quando dei por mim eu estava ali, me masturbando ao lado de uma garota que eu nunca vi na vida, mas que despertava algo em mim que eu não tinha sentido desde que acordei, o que era delicioso. Na minha cabeça, tudo que eu mais queria era saborear seu corpo, provar do seu gosto e me tornar o mais condenado viciado.
A luz se apagou e o foco de luz voltou para o mastro. Ela desceu lentamente sua destra pela barriga e tocou sua intimidade, seu gemido fez eco no quarto todo. Como se um raio tivesse me atingido, aumentei os movimentos com a minha mão e acabei gemendo por aquilo estar bom demais.
— Feche os olhos, imagine que sou eu fazendo isso — fiz o que ela mandou. — Aperte a base e faça movimentos suaves, está sentindo minha mão te apertando? - ela estava ali do meu lado. — Mais rápido, amor, estamos quase lá - aquele foi o limite, em fortes jatos eu alcancei meu ápice e relaxei na cama.
É surreal admitir que eu quero provar mais dessa sensação?
— Então qual é seu nome verdadeiro? — ofegante perguntei.
— Pergunta errada — tirou a calcinha e jogou na minha cara. Tem um alvo na minha testa por acaso? — Gostou da história?
—Sim, mas por me contou ela?
— Você não notou nada de familiar nessa história? — perguntou.
— Deveria ter notado algo?
— Sim, deveria, mas tudo bem — a luz se apagou e eu vi apenas sua silhueta próxima da janela. — Durma bem, Justin — e dito isso ela sumiu como fumaça.
Dei um pulo da cama quando notei que estava dormindo e que tudo foi um sonho, meu corpo estava suado e minha cama estava toda bagunçada. Minha mão estava pegajosa e eu sentia meu pau latejar.
— Só pode ser brincadeira — falei assim que passei mão pelos cobertores e puxei a calcinha de renda azul que ela estava usando. — Se foi um sonho por que isso está aqui?
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