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História Ghost Souls - The Return - bônus II


Escrita por: _mochimochi

Notas do Autor


Amoresss meus, eu sei que prometi postar os bônus rapidamente mas eu simplesmente passei por um episódio de bloqueio de criatividade e não pude negociar nada com meu cérebro durante umas semaninhas. Espero que possam me perdoar, de verdade 💜

Mas vamos lá, não é? Fiz esse bônus maravilindo pra vocês e prometo que correrei pra não postar o próximo, e último, (😰) tão longe.

Boa leitura amores e compartilhem esses sentimentos lindos comigo!

Capítulo 49 - The Return - bônus II


Fanfic / Fanfiction Ghost Souls - The Return - bônus II


Os meses se passaram rapidamente. Meus alunos na academia se mostravam cada vez mais propícios para receberem o sangue do Anjo em seus corpos mundanos. Logo estariam entrando - os que sobrevivessem à cerimônia, ao Mundo das Sombras. 

Naquela tarde ensolarada de sábado, eu estava sentada em uma parte da grama fresca ao lado de James e Rafe. O menininho havia se tornado o melhor amigo de James, que era seu maior confidente. O mais velho adorava ensinar ao pequeno alguns truques que havia desenvolvido nos seus anos de irmandade, mesmo que eles fossem repreendidos, às vezes, pelos pais e pelos tios.

- Espero que você goste dos cookies que fizemos. Rafe não conseguiu descansar até fazermos os biscoitos com gotas de chocolate. - James disse sorrindo ao passar para mim um pequeno pote contendo alguns cookies pequenos repletos de gotas de chocolate e confetes coloridos. 

Sorri agradecida afagando levemente a bochecha de James. Havíamos estabelecido um relacionamento há alguns meses e estávamos lidando bem com todas as adaptações necessárias de James ao mundo atual. Mesmo com sua desconfiança para com liquidificadores e celulares, James cozinhava muito bem e ainda me mandava fotos de suas aventuras culinárias. Ainda que equipamentos tecnológicos fossem mal vistos perante quase todos os membros da Clave, nós, Caçadores de Sombras e jovens adultos necessitávamos da presença contínua da conexão que os celulares nos promoviam. Já os liquidificadores causavam medo em James, as lâminas rodando rapidamente o atormentavam até mesmo em pesadelos. Certa vez, em uma crise de insônia, acabei ficando acordada uma boa parte da madrugada e presenciei James Carstairs, aparentemente pleno em seu sono, jurar morte à um liquidificador. 

James e eu formávamos um casal assustadoramente impossível. Eu, uma caçadora deteriorada com o passar do tempo, apesar dos 25 anos nas costas, estava perdidamente apaixonada por um ex Irmão do Silêncio que era um esplêndido violinista. A cada noite que passávamos na biblioteca, na estufa ou na sala de música do Instituto em minhas folgas semestrais, eu me sentia cada vez mais conectada à James. Ele era um pouco amedrontador na frente dos outros Caçadores, mas sua doçura e ternura me faziam desacreditar naquela figura tensa, rígida e inteligente que ele possuía ao demonstrar toda a bagagem carregada por ele nos anos de Irmandade quando nos recrutavam para missões. 

Ainda, Mell estava me visitando junto de James e Rafe. Minha parabatai sempre vinha conferir meu estado nos finais de semana. Conversávamos sobre as pessoas ao nosso redor e como o tempo podia severamente afetar a nossa relação com os outros. Mell agora era a diretora do Instituto de Dublin junto de Matthew. Sua posição alta causava alguns conflitos em nossas agendas pessoais já que passamos a ficar um pouco longe uma da outra. Porém, os portais existiam para uma finalidade: trazer minha parabatai de volta. 

Degustando de um cookie enquanto ouvia a história da primeira tentativa de uso de uma estela por Rafe, eu sorria pensando em como nossas crianças estavam crescendo. Como estavam se tornando ótimos Caçadores e como iriam, de uma vez por todas, acabar com a ideologia preconceituosa da Clave perante ao amor, ao seres do submundo, ao mundanos e às próprias evoluções dos Caçadores. 

- Rafe, você é um ótimo desenhista. E, a cada dia que passa, eu vejo seu talento crescer. O tio James me conta sobre seus rabiscos nos guardanapos, sabia? - comentei sorrindo ao piscar alegre para o pequeno rapaz. Ele, sorrindo, me abraçou tão forte que pude sentir a sua felicidade em ter seu talento e sua paixão notados e louvados. 

Raphael era um pequeno menino de pele escura, olhos curiosos e mãos inquietas. Ele era constantemente escondido do mundo exterior por medo dos pais, Magnus e Alec, em relação às atitudes preconceituosas que poderiam atingir a criança. Mas, depois que Rafe se aproximou de James, o pequeno se sentia mais confiante em se mostrar como era. James era uma ótima influência para o menino: mais velho e cheio de sabedoria, James era também, de certa forma, um deslocado na sociedade. Talvez por esse motivo Rafe tenha se aproximado tanto do ex Irmão do Silêncio. Apesar do medo preexistente, Magnus e Alec ganhavam cada vez mais confiança em sair com ambos os filhos, Max e Rafe. Tudo isso fora possível com a ajuda de James e a inserção lúdica de Rafe na família e, consequentemente, na sociedade Caçadora. 

- Irei trazer alguns dos meus desenhos na próxima visita, tia. Espero que você goste, foi de uma missão em que o tio James e o pai foram. O México tem lindas árvores, tia, sabia disso?! - Rafe comentou apressado após comer um cookie cheio de chocolate e se sentar em minha frente balançando os pequenos braços, imitando as grandiosas árvores mexicanas.

Olhei curiosa e cansada para James. Não imaginei que Alec o acompanharia. Eu sabia que James estava indo em algumas missões de campo, mas desconhecia de todo o motivo. Tanto ele quanto Tessa estavam procurando por um menino, um menino muito importante para a história Nephilim, ambos disseram. 

- Quando formos ao México, nunca peça enchilladas com pimenta. Elas são boas para acordar um dragão. - James comentou sorrindo enquanto eu ria soprado. 

Eu, mesmo que não demonstrasse curiosidade, queria saber o motivo das missões constantes. Queria saber quem era o rapaz que estavam procurando incessantemente e queria entender sua relação com a minha família, Herondale, em especial. 

- Eu acho as enchilladas com pimenta do reino fantásticas. Falando nelas, eu adoraria um prato de enchilladas quentinhas... - Mell afirmou enquanto deslizava suas rodas da cadeira para perto de nosso pequeno grupo. Conforme ela se aproximava, eu podia sentir um calor em meu peito subir. Diferente daquele que eu sentia quando James tocava minha mão, ou meus braços. Esse calor vindo do rapaz era uma sensação apaixonada e vibrante. Já o de Mell era um calor em seu estado puro, fumegante e que somente se apagaria quando estivéssemos unidas. 

- Vou colocá-las na minha lista de comidas a provar pelo mundo. - disse rapidamente sorrindo antes de me levantar e observar o brilho do sol com Rafe em meu colo. O pequeno adorava ver a luz do sol e como ela atingia a todos de uma forma igual.

 Rafe sempre me perguntava o motivo dele ser diferente, dele não ser nada parecido com os pais ou com o irmão. Rafe era ainda inseguro, mas conforme eu explicava que o sol era uma estrela enorme que brilhava fortemente e que iluminava o coração de todas as pessoas igualmente. Mas algumas pessoas especial desse brilho igual e queriam se diferenciar sos outros acreditando que eles tinham um sol único que os iluminava. Porém, estavam todos errados, um único sol iluminava a todos igualmente e não havia nenhum pretexto para se sentirem superiores dos demais. 

James e Rafe foram embora pelo meio da noite. Ambos teriam que voltar para o Instituto, onde moravam, e que passou a ser dirigido pelo meu irmão e por Clary. James tinha um semblante triste ao se despedir de mim, porém, ele me alegou que estaria de volta em algumas semanas com notícias positivas de suas buscas e algumas surpresas a mais. Rafe me deixou mais um cookie de presente antes de pegar na mão de James e seguir com ele até o portal, por onde voltariam a Nova York. 

Mell, que passou a morar na Academia comigo a cada fim de semana, sorriu alegre enquanto me abraçava na cintura. Ela sabia como eu me sentia em relação à busca de James e me assegurava que ele nunca, jamais falharia com sua palavra. James estava procurando pelo Herondale perdido e por estar tomando tanto cuidado para não ter seus planos vazados, eu entendia que deveria também manter segredo de tudo e deixar minha curiosidade de lado.

Mell e eu seguimos até meu quarto após a despedida calorosa que antecedeu o jantar monótono. Ambas estávamos felizes pelos cookies de presente já que agora teríamos algo consistente para comer além daquela sopa horrível que era servida cerimonialmente em todo o almoço e jantar. Guardei meu pote cheio dos biscoitos em um lado sem gosma preta do meu pequeno guarda roupa. Olhando pensativa para o pequeno recipiente, lembrei-me de uma promessa feita há alguns anos. Lembrei-me do frescor do chá verde que tomava enquanto degustava ótimas opções de doces. Lembrei-me do suave vento e da fraca garoa que entrava em contato com minha pele.

- Mell? O que acha de visitar Londres comigo? 

Melvine me olhou interrogativa quando se sentou na cama, massageando suavemente suas pernas que já tinham voltado levemente a trabalhar. Mesmo com os sinais nervosos presentes nas pernas de minha parabatai, sua fraqueza devido à falta de exercícios, impedia a movimentação e a sustentação do seu próprio corpo.

- Londres? Você quer dizer a Londres antiga para a qual você costuma ir? - perguntou ela me olhando curiosa. Eu sabia, no fundo, que ela estava tão eufórica quanto eu. 

Acenti com a cabeça fazendo-a sorrir. 

- Só preciso tomar um banho antes. - avisou antes de eu soltar uma risada alegre e feliz. Mell, enfim, estaria visitando meus antepassados. Nossos antepassados. Mell estaria comigo visitando uma outra linha temporal repleta de mistérios dos quais muitos ainda me inteigavam.

Sorri alegre antes de ajudá-la com as necessidades do banho. Mesmo tendo uma banheira adaptada, diga-se de passagem: limpa, ainda era difícil para Mell erguer seu próprio peso para adentrar à água. Aproveitei a ideia e tomei um banho também enquanto Mell secava seu cabelo no quarto. Estávamos no meio da primavera no tempo atual e, tinha em mente de que estaríamos, também, na primavera em Londres. 

Arrumei minha jaqueta preta por cima de minha camiseta marrom antes de abrir a porta do banheiro e me deparar com Mell encarando a tela de seu celular sorrindo. Ela deveria ter mandado uma mensagem à Matthew avisando-o de sua ausência por dois dias além do fim de semana. 

Entrelaçei meus cadarços sentada equanto avisava minha parabatai sobre o que deveríamos fazer quando adentrássemos a terra vitoriana. Mell teria alguma dificuldade em ir com a cadeira de rodas moderna, por isso, trocamos a mesma por uma cadeira de rodas igual porém mais rudimentar. Precisaríamos disfarçar os olhares chocados, não somente por haver uma mulher em uma máquina dessas, mas porque a cadeira de rodas era algo muito mais simples naquela época do que a que usaríamos. 

- Avisei Catarina sobre minha folga nesses dois dias ok? Não teremos problemas caso nos questionem depois. Pronta? - perguntei olhando para Mell. Ela arrumava sua estela no bolso do casaco. Sua saia longa azul escura estava linda e descia perfeitamente em seu corpo cheio. 

- Na verdade, estou nervosa. Não sei como agir frente àquelas pessoas... - Mell afirmou tocando suas mãos nos fios soltos do blusa escura. 

- Esse sentimento é normal. Senti a mesma coisa quando fui pela primeira vez. Mas não há motivo para ficar assim, certo? Confie me mim, você vai voltar viva. - disse rindo e tocando sua mão esquerda levemente. 

- Eu confio em você. Espero que ninguém lá me odeie... - comentou ela passando as mãos pelo meu pulso. Mell estava com um pouco de medo da viagem, e eu entendia ela, sentia, como ela, medo e insegurança. 

- Vamos lá, olhe quem você é Melvine, ninguém pode pensar em odiar você. Está tudo bem mesmo em visitarmos Londres? - falei olhando séria para ela. Melvine era uma mulher extraordinária e amável com todos, ninguém podia negar o quão importante era sua presença. 

Sorrindo, Mell apertou minha mão em um sinal de confiança. Estávamos prontas para a viagem. Entrelaçei nossos dedos e pensei em Londres, pensei no Instituto e nas pessoas que nele moravam. Senti um calor tomar conta de meu corpo e Mell demonstrou estar sentindo o mesmo ao arfar levemente. 

Ouvi o barulho de carros antigos passarem por mim, pessoas animadas conversando e gritando, jornaleiros gritando e navios atracando no porto. Abri meus olhos e me senti envolta pela atmosfera ensolarada de Londres. Estávamos na mesma rua da última vez. Notei aquela avenida ser o elo de ligação entre o passado e o presente, ou o futuro, dependendo do ponto de vista. 

Mesmo com os olhares espantados, eu e Mell seguimos, pelos cantos das ruas e avenidas, até o Instituto de Londres. Melvine estava animada, ela sorria com tudo que via e se espantava com o clima ameno da cidade europeia. Andamos um pouco mais pelo canto da avenida que dava acesso ao terreno onde os alicerces destruídos do prédio que mascarava a identidade do Instituto estava. 

Cyril estava saindo com a carruagem quando nos viu. Ele sorriu incerto para mim, não se lembrando muito de minha fisionomia, mas ao me ver frente à frente, Cyril sorriu alegre. 

- Jade! Há quanto tempo não a vejo! Quando chegou? - perguntou o mais velho passando a mão pelas rédeas dos cavalos. 

Sorri antes de responder. 

- Chegamos agora. Essa é minha parabatai, Melvine. Este é Cyril, o chauffer. - apontei para ambos quando os apresentei.

Cyril sorriu orgulhoso e surpreso antes de acenar com a cabeça para Mell. Ele não aparentava ter nenhum olhar estranho ou incerto, somente um brilho interrogativo estava presente em seus olhos. Mell sorriu e acenou com as mãos para o mais velho. 

Nos despedimos de Cyril e entramos pelo portão aberto, do qual o chauffer acabara de sair. Batemos na porta de entrada do Instituto e fomos recebidas alguns segundos depois por uma menina alta de cabelos extremamente negros e curtos. Ela nos olhou chocada. 

- Olá... Você deve ser a Anna, não é? - falei sorrindo tentando acalmar a menina que nos olhava confusa antes de se transparecer um rosto impassível e rígido. Me lembrava da última vez em que estive em Londres, e nunca poderia esquecer o semblante determinado de Anna. 

- Como você me conhece? Você não me é estranha, mas me perdoe, não lembro de você vividamente. - Anna aparentava estar na casa dos 21 anos. Ela era alta, esguia e usava um blazer esteriotipadamente masculino. Anna ia contra os estereótipos de gênero. 

Sorri ao notar que ela concedera entrada. Mell arrastou as rodas sorrindo para a garota conforme entramos no recinto largo. 

- Vim visitá-la há muitos anos, você era uma criança ainda. Está certa em não lembrar de mim, nos vimos duas vezes somente. Desculpe a grosseria, esta é minha parabatai Melvine Lovelace e eu sou... 

- Jade Herondale. Que bom ver você. - uma voz feminina e poderosa soou por trás de nossos corpos. Charlotte Fairchild estava imponente em seu vestido escuro. 

- Charlotte! Que bom vê-la. - disse enquanto tocava suas mãos de leve. Anna, no outro lado, sorriu levemente e se despediu de nós para ir até a sala, onde estava estudando. 

Charlotte sorriu, me abraçou e olhou curiosa para Mell. A menina na cadeira de rodas acenou com a cabeça sorrindo timidamente. 

- Então essa é sua famosa parabatai. Prazer em conhecê-la. Sou Charlotte Branwell, diretora do Instituto e Consulesa. 

Mell sorriu absorvendo os poderes da fala da mais velha. 

- O prazer é todo meu. - respondeu a mais nova. 

- Jade, todas crianças já estão crescidas, então temo que você tenha que relembrá-los de quem você é. - Charlotte sorriu e piscou um olho maroto para as meninas. Ela saiu das escadas e foi em direção à cozinha, onde mais moradores estavam. 

Era uma tarde de domingo ensolarada, Mell me perguntou sucintamente o motivo de todos ali não estarem no fantástico jardim do Instituto. Respondi com um simples olhar. Era hora do chá, afinal. 

Ouvimos rapidamente Charlotte comentar de nossa presença ali antes de entrarmos no recinto. Bridget estava com uma bandeja cheia de biscoitos a recém saídos do forno. Ela nos olhou e quase deixou a pratearia cair, mas Matthew salvou os biscoitos rapidamente, impedindo-os de entrarem em contaro com o chão. Sorrindo, Bridget me abraçou parecendo não acreditar no que via. Um pouco receosa, mas verdadeira em seu gesto, Bridget abraçou Mell. 

Charles sorriu e me cumprimentou com um aceno de cabeça. Ele se lembrava de mim. Hoje ele estava na casa dos 26 anos e era um ótimo membro da Clave. Após acenar para Mell, ele desviou os olhos. Matthew, seu irmão, riu de leve e nos cumprimentou. James, Lucy, Cordelia, e Christopher sorriram de leve. Talvez eles não se lembrassem de mim, mas não transpareceram o sentimento caso tenham o sentido. 

Cumprimentando todos, até mesmo Will, Tessa, Gabriel, Cecily, Gideon e Sophie, nos sentamos junto dos adultos. Bom, todos ali eram adultos, mas não pude evitar deixar  de notar Sophie e Tessa sorrindo de lado, ambas estavam olhando para nós com alegria e orgulho. 

Mell acabou sendo o alvo de inúmeras perguntas curiosas, como era nossa vida no futuro, como ela estava lindando com a impossibildade de andar. Ainda que Gabriel e Cecily se sentissem constrangidos pela sinceridade de seu filho Alexander, que havia sentado junto aos irmãos há pouco tempo, o rapaz não deixava de fazer perguntas curiosas. Mell lidava bem com as perguntas e fazia um ótimo papel de contadora de histórias. Fazendo um resumo de tudo que vivemos, desde a guerra até eu lecionar na academia, Mell prendeu a atenção de todos em todas as histórias. 

A tarde foi passando quando saímos da cozinha depois de conversar com Bridget e Henry, notamos os mais jovens se apressarem para sair do Instituto. Eles estavam em uma missão não resolvida. Gabriel comentou comigo, mesmo que eu seja uma Herondale, que seus filhos estavam em uma missão há três meses e estavam quase desistindo. Mas o sinal de movimentação demoníaca daquela tarde ativou as energias de todos para continuarem a resolverem a missão. Prostitutas e seus clientes estavam sendo mortos por eidolons, demônios possuidores e os Caçadores deveriam resolver tudo sem levantar suspeitas para a imprensa local de que a polícia não estava fazendo seu papel. 

Eu estava na biblioteca sentada em uma daquelas poltronas grandes e acolhedoras enquanto tentava desfrutar da calmaria do domingo. Mas fui impedida de cochilar devido às conversas acaloradas e discussões do andar abaixo. Mell estava comigo e, abismada, olhava para todos os livros que ali existiam. Mesmo não gostando de ler, Mell se sentiu impressionada e quase instigada a ler os livros dali. 

- Isso é lindo, Jade! Fico feliz que tenha me trazido aqui. É tudo tão diferente e o pessoal é bem receptivo. - comentou ela passando por mim rapidamente com a cadeira de rodas. Mell estava indo para o saguão da biblioteca, onde inúmeras fotos dos moradores estavam fixadas às paredes por quadros. 

- É verdade! Todo mundo aqui adora uma visita diferente, ainda mais quando ela vem do futuro. - comentei rindo passando as mãos pelas capas dos livros nas estantes do primeiro andar. 

- Mas uma coisa anda me perturbando... James aqui é Irmão Zachariah, não é? - perguntou ela suscinta. Mell nem sequer me olhou ao perguntar, ela tinha seus olhos fixados à uma foto em especial. Will, Tessa e James Carstairs sorrindo. 

- É... um Irmão há pouco tempo, mas um Irmão do Silêncio. - disse enquanto me dirigia às janelas. Elas estavam meio embaçadas mas com um simples passar de dedos elas se limparam e pude vislumbrar os jardins do Instituto. 

- Vamos ver do que ainda me lembro sobre você... intimidadora, amante de livros e música, não é? E um pouco sentimental, às vezes. - uma voz masculina soou atrás de mim. Assustada me virei e notei James Herondale sorrindo. 

- Que bom que você ainda se lembra de mim. Você se mostra um ótimo amigo, aliás. - comentei rindo antes de nos abraçarmos. 

- Melvine, você tem um coração de ferro por lidar com ela todos os dias. Você também quase levou uma flechada dela? - James sorriu alegre se afastando de mim e olhando para Mell. 

- Me chame de Mell, por favor. E, sim, lido com Jade de todas as formas possíveis. Depois de nos tornarmos parabatai tudo se tornou mais fácil, um olhar censurando e ela fica quieta. - Mell riu sendo acompanhada por James. 

Conversamos mais um pouco sobre tudo o que se passou enquanto estive fora. James havia encontrado um parabatai, Matthew o menino filho de Charlotte e Henry. James estava noivo de Cordelia Carstairs e Lucy havia noivado com Jesse Blackthorn e todos estavam tomando um rumo na vida adulta. Sorri ao notar que todos ali estavam grandes, crescidos, e logo, teriam uma família própria. James fora chamado por Cordelia para a sala de armas, onde resolveriam os últimos detalhes das investidas do dia seguinte na missão. 

- Jade, aliás, o piano ainda funciona. Lucy gostaria que você tocasse um pouco, como daquela vez. - falou sorrindo. 

O brilho em seus olhos dourados era encantador. Mell sorriu antes de me perguntar onde era a sala de música pois ela queria me ouvir tanto como a irmã de James. 

Uma movimentação algumas horas depois do jantar foi ouvida quando eu entrei na sala de música junto de Anna e Mell. Ambas queriam ouvir minhas melodias calmas antes de irem dormir. Anna disse que se concentrava melhor ao ouvir uma boa música, e, assim, teria uma ótima performance amanhã nos ataques. Sorri pela primeira vez depois do jantar. Eu havia trocado a calça jeans por uma legging preta que havia deixado no meu quarto de hóspedes na última viagem. Me sentia mais confortável assim pois logo iríamos dormir. 

Anna era uma mulher incrível. Sempre alto astral, desde pequena, Anna protegia os meninos mais novos do Instituto uma vez que era a mais velha de todos os jovens ali. Anna Lightwood criava uma atmosfera ensolarada e confortável para todas as pessoas com quem encontrava. Mell estava um pouco tímida quando chegamos no Instituto, mas Anna fez questão de abordar minha parabatai e trazê-la para a vida e harmonia que era emanada por si mesma. Mell se abriu com ela e ambas conversavam sobre música. 

- Desculpem o atraso, chamaram um Irmão do Silêncio para ajudar com as informações do caso e tivemos que colocá-lo à par da situação por alguns minutos. - Lucie disse adentrando calmamente a sala de música. 

Tomei um breve susto ao ouvir a voz da mulher mais nova, eu estava em pé e olhava perdidamente o antigo violino de James Carstairs. Eu podia jurar que sentia sua música me percorrer. Suas melodias alegres que representavam nosso estado atual me fizeram sentir saudades daquele James recluso pelo qual havia me intetessado. Hoje, depois de alguns anos juntos, James já não me escondia nada. 

Sorri de leve antes de seguir para o lado do piano. 

- Tem certeza de que está tudo bem tocarmos música enquanto vocês estão próximos de realizar um ataque pela manhã? - Mell perguntou o que eu tinha guardado na garganta. 

- Claro, logo estaremos todos indo domrir e não poderia deixar de ouvir as músicas de Jade antes de vocês partirem de novo. - Lucy falou enquanto se sentava ao lado de Anna na poltrona grande. 

- Bom, já que é assim, vamos lá. - falei sorrindo enquanto Mell batia palmas relaxada. 

Ri fracamente e me sentei no banco fofo confortavelmente me preparando para tocar a minha música favortia e de Jace. Mell havia me ajudado a mudar algumas notas quando me mudei para o Instituto definitivamente, aos 8 anos. Infelizmente, toda música me fazia lembrar de Valentim e, por isso, fiz questão em mudar as harmonias tocadas. Tudo aquilo doía demais e eu não estava pronta para abandonar meu amor pela música por causa de um trauma do passado. 

Comecei a dedilhar meus dedos pelas teclas brancas e negras do piano. As notas ganhavam forma e se chocavam no ar trazendo à vida uma música cheia de sentimentos. Senti levemente a temperatura do cômodo cair e sorri ao ver o espectro de Jessamine sorrindo orgulhosa para mim.

Melodias eram ouvidas pelo Instituto inteiro. Mesmo com os Caçadores resolvendo um detalhe da missão do dia seguinte, a música parecia encher todos ali de vida. Parecia acalmar a todos os Caçadores. Parecia plantar uma esperança boa no coração de cada um. Irmão Zachariah ouviu as notas suaves sendo abafadas pela distância. Ele estava se perguntando de onde estariam vindo aquelas suaves melodias? Will, ao seu lado, sorriu levemente. 

- Ela finalmente veio tocar... - suspirou aliviado o Caçador. Will lançou um olhar calmo para Zachariah que estava impassível olhando o mapa há pouco rabiscado pela Caçadora Cordelia, sua prima. 

- Eu sei que você sente falta da música, Jem... vá ouvir um pouco antes de voltar à Cidade dos Ossos. - Will sorriu levemente e Tessa, ao lado do marido, tocou os ombros De Zachariah, incentivando-o. 

- Você gostaria de ouvir mais de perto, Jem. Considere ir ouvir um pouco aquela música antes de retornar. Até mais. - Tessa disse antes de voltar sua atenção para os rapazes ao seu redor. Todos estavam indo para a cama ainda que a melodia no andar de cima não indicasse uma parada. 

Irmão Zachariah sabia que alguma coisa estava acontecendo. Aquela melodia soava distante mas ao mesmo tempo lhe aquecia o coração. Antes de entrar no portal para voltar à Cidade dos Ossos e suas funções monótonas, ele se arriscou a olhar a antiga sala de música. 

O Gregori seguiu com seu andar silencioso até o recinto. Anos de memórias antigas de sua vida como Caçador lhe vieram à cabeça, mas somente névoas eram vistas. Silhuetas de Will, Tessa e um violono passavam pela memória de James Carstairs. Não querendo levantar perguntas futuras, Zachariah ficou parado ao lado do batente da porta da sala de música. Direcionando um olhar cheio de esperança para dentro do recinto, ele viu mais uma vez a silhueta do corpo daquela mulher, daquela que havia intrigado sua mente. A esperança incerta de James havia se materializado naquela mulher. A caçadora sorria de olhos fechados ao dedilhar pelas teclas do piano. James sentiu uma conexão, como musicista, com aquela Caçadora. Cheia de sentimentos e prazer, ela não precisava sequer olhar para onde tocava, ela sentia as notas em seu coração.

Irmão Zachariah, James Carstairs, sorriu e sentiu um choque percorrer seu corpo esguio quando a Caçadora abriu os olhos e, timidamente, encontrou a face do Irmão do Silêncio perto da porta. 

A pianista sentiu seu coração parar por um milissegundo, mas antes de poder pensar sobre o que Irmão Zachariah fazia ali, o corpo do Gregori havia deixado o local em que estava. 

James Carstairs pensou uma última vez na Caçadora e em suas melodias antes de adentrar o portal para sua casa. James Carstairs pensou em como seu futuro se ligava àquela Caçadora por se sentir dessa forma: leve e instigado, como nunca antes se senou





Notas Finais


E aí e aí? Como nos saímos nesse bônus lindo? Espero que curtam elw de verdade e se preparem para o próximo, Emma, Jules, Mark e os pequenos Blackthron irão fazer uma visitinha à Jade!

Caramba esse foi comprido hehe, e o próximo e último capítulo será igualmente longo, creio que assim todos ir ao desfrutar das lembranças boas de Ghost Souls :)

Nos vemos no último capítulo de Ghost Souls, de verdade, agora :(

Até mais amores!


:)


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