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História Girl Meets Evil - Olhos.


Escrita por: Ghost_Fanfics

Notas do Autor


Heeey,
Ai, senhor... Então, tenho um esclarecimento pra fazer. Em conversa com a moderação sanei algumas dúvidas que eu tinha sobre a história e estou terminando a correção da Girl Meets Evil. A única diferença que vocês sentirão é que agora a Monstrinha tem 18 anos de idade. Tive que escolher entre mudar a idade dela ou retirar os capítulos com sexo, e eu sei que vocês gostam deles, então... Mudei a idade. <33
Fora isso, pensei que fosse ter mais trabalho pra ajustar a continuidade, mas a Fe_M está passando a história a limpo comigo e nós já sinalizamos todas as partes que falam da idade e tudo mais. Também reforcei os avisos nas notas <3
Acho que agora estou dentro das regras, mas vou continuar o serviço de revisão com a Fê. Muito obrigada também pra Sunshine828 que falou comigo <333

E PRA VOCÊS, MUITO OBRIGADA POR TUDO. VOCÊS TODAS SÃO MARAVILHOSAS.
EU NUNCA VOU SABER AGRADECER O CARINHO QUE VOCÊS ME DÃO.
OBRIGADA, OBRIGADA, OBRIGADA!

Música do capítulo: Angels Eyes - New Years Day feat. Chris Motionless

Capítulo 60 - Olhos.


Fanfic / Fanfiction Girl Meets Evil - Olhos.

__________ P.O.V.

Fito as grades que limitam o estacionamento, as folhas das árvores que balançam com a brisa leve, o asfalto escuro e quente por causa do sol. Acompanho os movimentos dos veículos que passam e me lembro da discussão que tive na sala restrita. Ouvi toda sorte de ofensas. Fui chamada de arrogante, coitada, fingida e dissimulada. Aquilo me surpreendeu tanto que, na hora, não soube revidar.

Tentei argumentar para provar que as acusações eram infundadas, mas Tzuyu distorceu cada palavra e se mostrou incapaz de se colocar em meu lugar para entender que o que ela fez foi covarde. Ele não é sincera, autêntica ou impulsiva. É cruel, desumana. Aproveitou-se da minha fragilidade para crescer sobre mim. No fim das contas, duvido que ela consiga fechar os olhos à noite e descansar em paz.

Por isso, não devo dar-lhe o valor que ela não tem. Já tenho problemas demais com que me preocupar. Merda, o assassino da minha família está solto por aí e me ameaça, não tenho tempo para brigar com uma garota descontrolada. Se ela é incapaz de sentir o mínimo de empatia por mim, não sentirei por ela. E se ela achar isso ruim, não é meu problema.

Foi ela que me machucou primeiro.

E, talvez eu me torne a vilã de sua história, mas pouco me importo.

Porque essa não é a história de Tzúcifer.

É a minha.

Assim, sigo meu caminho.

E Jungkook rouba meus pensamentos.

Seus dedos longos se entrelaçam aos meus. O toque firme e quente afasta minhas inseguranças e mágoas. Encaro seus olhos serenos. Ele sorri com os dentinhos protuberantes à mostra, faz um leve aceno e me ajuda a levantar. De mãos dadas, atravessamos a calçada até a livraria, e a dor que sinto se esvai. Sinto-me perto de um amigo, um companheiro, alguém que amo.

— Tzuyu viu a gente de mãos dadas. — Jungkook sussurra e eu ergo a cabeça.

Meus olhos se esbugalham.

— Quê?

— Relaxa. Se ela criar alguma fofoca, a gente ri.

— Ah, Claro. Se nossa resposta for uma risada, todo mundo vai pensar que a ideia de a gente ficar é absurda. — Ele assente sem hesitar. — Você é um mestre da enrolação mesmo. Nem sei porque me surpreendo.

— Eu tento. E a gente não está ficando. — Jungkook franze o cenho. — Você é minha namorada.

— Ah, é. Você me pediu em namoro enquanto se declarava pro Justin Bieber. — Emendo, com descaso.

— Aish! — Jungkook ri e ergue o rosto para o céu. — Você nunca vai esquecer isso.

— Como esquecer? "Cara, eu amo o Justin Bieber". — Imito seu tom de voz e Jungkook me olha de lado.

Is it too late now to say sorry? — Ele canta Sorry, do próprio Justin Bieber, para tirar minha paciência, mas falha na tentativa, porque sua voz é macia, leve, melodiosa. Tão bonita que me distrai. — Yeah, I know that I let you down, is it too late to say I'm sorry now?

"Sim, eu sei que te desapontei, é tarde demais para pedir desculpa?"

— Como você consegue ser tão irritante e fofo ao mesmo tempo? — Não consigo esconder a satisfação em minha expressão.

— Não sou fofo. — Jungkook franze o cenho e eu rio.

— E, aigoo... Você nunca tinha cantado pra mim, antes. — Murmuro baixinho, sem tirar o sorriso dos lábios. — Eu gostei. Sua voz é tão bonita... — Desvio o olhar e evito encará-lo. — Aish, eu não devia dizer isso, porque você vai ficar insuportável, mas podia cantar mais vezes pra mim... Eu não ia me incomodar. — Faço um bico pensativo e ele ri.

— Aish, eu sei que me acha muito gostoso, Monstrinha. Não precisa poupar seus elogios. E não canto muito pra você não se apaixonar mais por mim, porque já é muito cansativo viver com você me querendo loucamente, o tempo todo. — Rio com o que ele diz. — E, se você não parar de ser tão adorável, não vou me controlar e vou te beijar no meio da rua, aí já era namoro escondido.

— Aish! — Exclamo sem desfazer o sorriso.

— Estou avisando.

— E o que devo fazer pra "parar de ser tão adorável"?

— Aigoo... — Ele murmura, pensativo. — É, não tem como. — Rio e bato em seu ombro. Ele sorri com o canto da boca e nós paramos de andar em frente à livraria.

Me desvencilho de sua mão e faço menção de empurrar a porta, mas Jungkook me impede de abri-la. Fito seu rosto e nós trocamos um olhar demorado, silencioso. Não consigo entender sua atitude, mas não ajo. Espero que ele se explique, e vejo fagulhas vermelhas em suas íris castanhas. Ou está nervoso, ou raivoso. E tenho absoluta certeza de que não é a segunda opção, por isso atalho nossa conversa.

— Que foi, Jungkookie?

— Uh... É que... Bem... — Ele hesita e eu arqueio a sobrancelha.

— Aconteceu alguma coisa?

— Não. — Retruca. — Bem... É que... Lembra da nossa conversa sobre a Marca? — Meu estômago dá sinal de vida, com aquelas malditas borboletas, entre o entusiasmo e o nervosismo. Vasculho a rua ao nosso redor e nos acho sozinhos no meio da manhã ensolarada. Volto-me para ele e assinto silenciosa. — É que eu... Acho que Namjoon ou Jin Hyung podem falar algo sobre isso e... Claro, eles não vão te sugerir nada. Acho que devem só falar sobre o assunto... Mas, você chegou a pensar no que eu te disse? Quer dizer... Não estou te obrigando a falar, ou te pressionando, porque você sabe que eu nunca te obrigaria a fazer nada que não quisesse e...

— Jungkook, eu sei. Tudo o que eu fiz com você até hoje foi porque eu quis e gostei. Mas, o que você quer saber exatamente?

Ele baixa a cabeça e solta o ar pela boca. Enfia as mãos nos bolsos da calça social do uniforme e chuta uma pedrinha na calçada. Parece concentrar-se em algo e volta a me encarar, mais sério. Seu semblante parece mais velho do que realmente é, com os olhos estreitados e os lábios apertados em uma linha fina que deixa o sinal que ele possui abaixo do lábio inferior mais visível.

— Existe alguma possibilidade de um dia eu te marcar?

Respiro por entre os lábios e baixo o olhar. Culpo-me por não ter pensado sobre o assunto, porque tudo tem acontecido rápido demais e ao mesmo tempo. Há tantas bombas estourando ao meu redor que eu simplesmente me desleixei sobre algo que ele me confessou há tão pouco tempo. E Jungkook foi tão honesto e amoroso ao me dizer que passaria o resto da eternidade ao meu lado que esquecer o que ele falou sobre a Marca chega a ser insensível.

— Eu...

— Você não quer... — Ergo os olhos e encontro seu rosto vazio.

— Não! Não é isso. — Minha testa se enruga e ele se intriga.

— Então...

— Eu poderia passar o resto da vida com você. Poderia mesmo. Às vezes, eu sinto como se você fosse a única pessoa no mundo que... Eu... É... — Não consigo produzir as palavras de forma eloquente. — Eu só não quero que você se machuque por minha causa. Não quero que morra se eu morrer. Entende? Eu tenho medo de ser a responsável pela sua tristeza. Porque você só me dá alegria e... — O fôlego me falta e eu respiro fundo, mas Jungkook toca meu ombro com delicadeza.

Diferente da intensidade em seu olhar.

— Se esse for seu único medo, eu tenho um trato.

— ...Qual?

— Eu te protejo, você me protege, a gente se protege. Ninguém morre e o próximo passo somos nós dois no futuro. Você rabugenta com noventa e sete anos de idade, me chamando de ex-Taradokook porque a gente não consegue mais transar, de tão velho. — Mordo os lábios dentro da boca para prender a risada. Ele ri antes de mim. — Aish, pra mim parece um bom plano.

— Está me propondo isso a sério? A Marca é definitiva... Né?

— É. E eu já não me vejo com mais ninguém há muito tempo. — Ele confessa, honesto. Derrete meu coração, que bate acelerado. — E, então? — Sorrio em resposta e ele baixa a cabeça. Mesmo escondido, consigo ver seu sorriso. É amplo e mais vivo que todos os outros. — Somos muito malucos por fazer isso? — Meneio a cabeça em negativa e Jungkook me olha. — Eu nunca vou te abandonar. Nunca.

— Eu sei. — Sussurro.

— Eu sou seu, Kwon __________.

Rio e aquiesço.

— Você me ama? — Pergunto e ele dá de ombros.

— Você é uma Monstrinha chata e mimada, mas... É... Acho que amo. — Jungkook brinca.

— E você é um idiota, imbecil e tarado.

— Mas, você me ama.

— Infelizmente, amo. Seu escroto. — Reviro os olhos e nós rimos.

— Você me xinga só por charme. — Ele empurra a porta da livraria.

A sineta no alto da porta tilinta para anunciar nossa chegada.

— Poderia ser, mas quando eu te chamo de idiota, é do fundo do meu coração. — Resmungo e ele me olha de soslaio.

— Aish... Queria poder te abraçar e te beijar, agora. — Murmura mais sério.

— Mais tarde a gente faz isso. — Respondo. Resisto ao impulso de tocá-lo e ele assente.

Entramos na livraria e esquadrinhamos o lugar para encontrar algum vestígio de vida, mas é difícil enxergar qualquer detalhe no breu. As cortinas entreabertas tornam o ambiente mais escuro e as prateleiras abarrotadas de livros enfileirados por categorias não ajudam a dispersar a luz. Contudo, ao avançar pelo corredor da loja, vejo movimento no caixa.

De relance, penso ser Jin, mas, depois de um olhar mais atento, encontro um ser muito mais exótico. Ele ergue a cabeça, as sobrancelhas e o tronco esguio. Veste uma camiseta colorida e estampada com vacas voadoras. Usa óculos de grau com lentes pequenas e amareladas. Levanta-se e limpa as mãos em uma flanela, passando as costas do pulso pela testa para afastar os cabelos alaranjados.

Hoseok abre um sorriso largo e acolhedor.

— Annyeong! O que estão fazendo aqui tão cedo? Não deviam estar na escola? — Lembro-me do motivo que me fez sair da escola e faço uma careta, que não passa despercebida por Hoseok. Ele coça o queixo. — Aish, parece que viu uma coisa muito nojenta, __________-ah. O Gato do Jin deixou cocô na calçada da livraria de novo?

Imediatamente ligo a imagem de Tzuyu ao cocô do Gato do Jin. Então, uma risada flui dos meus pulmões e sai pelo nariz, involuntária. Se alguma vez estive ressacada e entristecida por causa das atrocidades que ouvi, já não me lembro. A comparação de Hoseok me faz rir tão vivamente que Jungkook me olha como se me entendesse e também ri.

De repente, gargalhamos como duas crianças, escorados um no outro.

— Ah, não sei do que estão rindo, mas deve ser ótimo. Vou rir também. — Hoseok começa a rir alto.

A reação é tão inesperada que nos faz rir ainda mais.

Em um golpe abrupto, Hoseok sobe no balcão do caixa e se senta com as pernas penduradas. O Gato do Jin, que cochilava preguiçosamente na superfície de madeira, se assusta e mia, saltando para longe. O bichano se esgueira até mim, se enrosca em minhas pernas e mia queixoso. Pego-o no colo, sem protestos. Afasto-me de Jungkook e me sento em uma poltrona depois da área do caixa, entre a porta do depósito e a escada em espiral que leva ao apartamento do Jin. Acomodo o gato em meu colo e acaricio seu pelo macio e preto.

Gato do Jin se aninha como uma bolinha de pelos em meu colo e ronrona.

— Ei, Gato do Jin... Cadê seu dono, hein? — Pergunto baixinho.

Ele responde com um miado longo e acompanhado de um bocejo.

— Ele disse: "Me respeite. Eu sou o dono dele, 'do Jin' é só meu nome." — Hoseok fala e sorri satisfeito, quase orgulhoso. — Sou fluente em gatoguês. — Por um momento penso que ele realmente acredita nisso, mas meneio a cabeça para afastar o pensamento. Não é possível. — Vocês estão procurando mesmo o Jin? Ou só vieram me visitar, porque claramente estão com saudade?

Rio com o que ele diz e dou de ombros.

— Os dois... Na verdade unimos o útil ao agradável. Precisávamos vir pra conversar com vocês, mas também porque estávamos na escola agora e... — Faço um bico com os lábios e minha voz rareia por um instante. — Aish, quer saber? Não vale a pena falar sobre isso. — Acaricio as costas do gato, que continua a ronronar.

— É... Cadê o Jin Hyung? — Jungkook pergunta, se aproximando da poltrona em que eu estou.

— Então... Está uma loucura aqui. Namjoon está trancado no laboratório desde ontem e Jin estava tão nervoso que tomou um bule inteiro de chá calmante que eu fiz, capotou e só acordou hoje, agora há pouco. Ele está fazendo o almoço, e eu fiquei aqui na loja. Aliás, eles dois passaram o fim de semana inteiro concentrados em alguma coisa que não me disseram. Estou me sentindo deixado de lado.

Hoseok cruza os braços e batuca os dedos no queixo.

— Eles ainda estão fazendo o inibidor do cio? — Jungkook pergunta.

Acaricio a parte de trás da orelhinha do Gato do Jin.

— Não, isso está pronto. Inclusive eu vou buscar antes de você ir embora, __________-ah. — Ele aponta para mim. — Olha, eu realmente não sei o que está acontecendo. Parece ser sério, porque o Jin foi até pra casa da avó ontem, e voltou nervoso, num suspense só. Fiz até um bolo de chocolate pra eles, mas nem isso relaxou os ânimos... — Hoseok encolhe os ombros. — Vocês querem?

Ele sorri e eu fito Jungkook, que observa seu Hyung, desconfiado.

Hoseok solta uma risada esganiçada e Jungkook estala os lábios.

— Pare de oferecer tanto chocolate pra gente, Hobi Hyung.

Hoseok pensa por um segundo e assente.

— Tem razão, Jungkook-ah. Açúcar é uma droga, vicia e causa diabetes. Por isso eu digo pra usar com moderação. — Rio com o que Hoseok diz e Jungkook suspira.

— Preciso de paciência.

Ele se senta no braço da poltrona em que descanso e passa os dedos por meus cabelos. Ainda tem a fita que prendia meu cabelo entre os dedos, mas não me devolve. Coloca uma mecha atras da minha orelha e eu o fito de esguelha. Sorrio com os lábios, gesto que ele me devolve com outro sorriso, acompanhado de uma pequena provocação. Ele aperta a ponta do meu nariz com as juntas dos dedos indicador e médio. Eu rio e ele sorri mais amplo, deixando covinhas à mostra em suas bochechas.

— Aish... Bem que o Jin falou que vocês seriam um casal muito fofo. — Viramos as cabeças para Hoseok de vez e ele faz uma careta, massageando o peito. — Meu coração... Ah! Meu coração está tão... Acho que vou ter um infarto de tanta fofura. — Nós rimos com sua encenação. — Olha, eu leio tarô do amor, jogo búzios, faço mapa astral, terapia de casal com pedras quentes.

— São muitas práticas religiosas e esotéricas diferentes, Hoseok Oppa. — Murmuro entre uma risada e uma careta. — O que seria "terapia de casal com pedras quentes"? — Rio.

— Hobi Hyung tem essas...

— Aish, sem intolerância religiosa aqui, hein? Ah! Faço até simpatia pra amarrar o rapaz, __________-ah. Apesar de eu achar que é o Jungkook que vai pedir uma simpatia pra isso, porque nunca vi esse garoto assim. Ele está com uma cara de apaixonado que...

— Aish, nada a ver, Hyung. Só estamos ficando. Não quero nada sério com ela, não. É só pra me divertir. — Jungkook protesta e dá de ombros, com falso descaso. — Até parece que eu vou largar minha vida boa de solteiro pra me amarrar com a Monstrinha.

Rio com escárnio.

— Ah, é? — Passo os dedos pela cabeça do gatinho. — E aquela história de me marcar? Do seu amor eterno, e coisa e tal. — Jungkook estreita os olhos em silêncio e sorri enviesado. Ele não diz nada, nem precisa. Sua expressão engraçada diz tudo. — Lembrou?

— Chata.

— AISH! QUE COISA MAIS BONITINHA. — Hoseok bate no balcão e nós o olhamos. Gato do Jin ronrona e mia como se protestasse contra o barulho que ele faz. — Nossa, lembrei de uma coisa. __________-ah, você pode juntar umas centopeias pra mim? Deve ter um monte no seu jardim. Estou precisando pra fazer um negócio.

— Centopeias?

Ouço passos na escada em espiral.

— Hoseok, gritando com os clientes de novo?! — Jin resmunga antes de nos ver. Quando se vira de frente para nós, está usando uma touca rosa com orelhinhas e um avental vermelho com os dizeres: "Masterchef queria ser Kim Seokjin". — MEU DEUS, MEUS BEBÊS! AH!

Ele bate as mãos no avental e corre até nós. Seokjin levanta Jungkook e o abraça. Depois olha bem para o seu rosto, confere seus cabelos, seus olhos, seu nariz, as orelhas e os dentes.

— Aish. — Jungkook retorque. — Eu estou bem, Hyung.

— Não se comporte como um adolescente rebelde, Bebê. — Jin solta os ombros de Jungkook. Ele se vira para mim e se abaixa com um sorriso tão bonito quanto ele é. — E você, Amorzinho? Já comeu hoje? Está com cara de quem não come há três dias. — Jin fita Jungkook, que cruza os braços.

— Estou dando comida pra ela, sim.

— Sei. — Jin volta a me olhar e eu sorrio. — Ele está te tratando direitinho?

— Sim, Oppa.

— Ai, meu Deus, ela me chamou de Oppa. Acho que eu vou morrer. Hoseok, traz o sal, minha pressão tá caindo. — Jin confere a pulsação no pescoço e eu rio. — Amorzinho, me diga a verdade, tá? Você gosta mesmo dele? Porque, aqui pra nós, você ser Ômega já é um fator pra sentir atração por ele. Por isso estou perguntando se gosta de verdade dele. É que ele te ama muito e acho que se você não corresponder ao sentimento...

— Aish, Hyung! — Jungkook intervém com uma mão na testa e eu rio.

— Eu gosto mesmo dele, Oppa. Por incrível que pareça, porque ele é muito chato. — Murmuro e Jin concorda com um aceno.

— Aish, é mesmo, né? E exibido.

— Demais. Acredita que ele fica andando sem camisa pela casa quando minha amiga vai pra lá pra estudar? — Murmuro em um tom baixo o suficiente para que tanto Jungkook quanto Hoseok também possam ouvir. — Ele sabe que ela olha, mas continua andando pra lá e pra cá com aquela calça de moletom, sem camisa e sem cueca. Acredite se quiser.

— Acredito. Ele é desses. Adora exibir o equipamento só porque sabe que é grande e vai marcar certinho na calça. E não é só ele que é assim, não. É ele e o Yoongi. Gostar de exibir o pinto deve ser mal de Alfa. — Jin ri e franze o nariz. — O Namjoon tem um gene de Alfa frio, né? Nunca aflorou. Aí de vez em quando inventa essa moda, mas eu corto logo. Eu, hein. Vir querer dar uma de macho pra cima de mim? Ah, e você tem que ver o JK no cio. É agoniante. Ele surta. Só as simpatias do Hoseok pra ajudar.

— Surta, como?

— Aigoo... O cio do Jungkook parece uma TPM. Ele reclama de tudo, come quantos bolos de chocolate o Hoseok fizer, fica com o corpo tão sensível que nem a gente pode encostar. Às vezes ele fica aqui em casa, mas passa mais tempo no banheiro do que na loja. Dá pena, porque ele fica com cara de choro e com a mão no gelo, tadinho. Aí ele pergunta sobre Ômegas, quer ir pra Europa, enche o saco do Yoongi pra saber com quem ele fica. Até sai com umas meninas, mas volta pra casa sofrendo. São cinco dias infernizando meu juízo.

— Mas, então... — Penso na minha situação em um futuro cio de Jungkook e engulo em seco.

Jin parece ler meus pensamentos e ri.

— Ele não é nem louco de tentar fazer algo que você não queira.

— Vocês podem parar de fofocar sobre mim como se eu não estivesse aqui? — Jungkook se mete na conversa, ríspido. — Hyung, acho que já me envergonhou o suficiente. Pra piorar agora, só se mostrar minhas fotos de criança.

— Pior que eu tenho umas de você pequenininho tomando sorvete, nu. Um neném! A COISA MAIS FOFA. — Jin bate a mão na perna e ri. — Ah. Amorzinho, precisamos conversar. Eu fiz muita comida hoje, então vamos almoçar. Vamos comer? Aí lá eu te falo tudo o que fizemos no fim de semana. Mas, vou adiantar que, desde que falou as palavras-chave, eu e o Nam estamos estudando. E depois que a Jisoo me mandou aquela mensagem... Aish, estou sentindo o coração apertado. Preciso que me fale todos os seus progressos também.

— Ah, sim. Vamos lá... Em resumo, Jackson me contou toda a história da Juran. Acho que os caçadores que mataram Omma e Jisoo são os mesmos que mataram Juran, e eles caçam bruxas e... Tenho a impressão de que eles estão muito perto. Não consegui pegar o caderno do quarto de Jisoo porque a porta está trancada e eu não encontrei a chave, e não quero danificar a porta dela porque... Bem... Não quero. — Baixo o olhar, enquanto nos encaminhamos para o apartamento de Jin. — Ah, e preciso te contar todos os sonhos que tive, acho que a Jisoo tem se comunicado comigo também...

— Vão falar de gente morta? Se for, vou vazar. Não mexo com morto. — Hoseok fala lá atrás e eu o miro de esguelha. — Esse negócio de fantasma me arrepia até o último cabelo do cu. Não curto, não é minha vibe. Eu gosto de bater palma pro por-do-sol, comer umas paradas legais, uns lances com rabanete, acelgas... Gosto de curtir um som maneiro e dançar de boas. Com gente viva. Sem mortos, robôs e baratas.

— Ah... Hobi Oppa. É que tenho mensagens importantes...

— Então, beleza. Vou voltar pro meu cafofo no caixa. Leve o Gato do Jin contigo, ele espanta espírito ruim, né, dono da casa? — Hoseok sorri e acena para o gato em meu colo. O bichano ronrona e mia baixinho. — Grosso. Aish. — Hoseok volta a olhar para mim. — Ele é inconveniente, mas gosta de você. — Eu rio e assinto, fazendo carinho no Gato do Jin. Então, Hoseok olha para um ponto além do meu ombro e franze o cenho. — Aigoo... Vou lá na minha loja buscar umas essências e um incensário pra dar uma expulsada nas coisas ruins.

Hoseok se afasta de nós e eu fito Jungkook.

— Me diz que não tem nada atrás de mim. — Peço a ele.

— Não tem nada atrás de você. — Jungkook responde. — Hobi Hyung tem medo de fantasmas. Relaxa.

— Bebês!! — Jin fala do alto da escada. — Venham logo.

— Ô, Hyung! Sabia que a Monstrinha fez um lustre levitar ontem?! Foi foda pra caralho!

— Besta. — Murmurejo e nós subimos os degraus em espiral.

***

— E aí os corvos me levaram até lá em cima no céu e depois eu caí. E tinha vários livros ao meu redor... E eu acordei. — Explico meu último sonho sob os olhares vigilantes de Jungkook e Jin. — Foi o último. Aliás, eu tive há poucas horas, porque foi na sala restrita da biblioteca. Estava tirando um cochilo porque não dormi ontem à noite, por causa do fantasma e de tudo o que aconteceu.

Jungkook franze o cenho.

— Sabia que tinha alguma coisa errada e você não estava bem.

— Desculpa por ter escondido isso de você... Não queria te preocupar. — Encolho os ombros, envergonhada, e ele balança a cabeça.

— Não peça desculpa, só não esconda essas coisas de mim. Eu preciso saber pra poder ajudar. — Ele aponta para si mesmo com a colher, e come um naco generoso de Kimchi, sujando a bochecha com a pasta vermelha. — Jin Hyung, o que acha que são esses sonhos?

— Premonição. Vocês precisam escrever esses sonhos pra que eu possa estudá-los e tirar o que pode ser mensagem e o que é apenas interferência das suas próprias memórias. Amorzinho, também preciso falar com você sobre um assunto mais sério, porque... Conversei com minha vó sobre Wang Juran, e ela me contou umas coisas. A mãe dela foi empregada da família do filho mais novo da Juran. Então... Ela ouviu muitas histórias na época em que convivia com os Wang.

— Sério...?

— E tem algo que pode te interessar, porque fala diretamente de você. — Jin enruga a testa. — Bem... Vou encurtar a história porque a gente tem que terminar de comer. E quero ver como anda seu avanço na magia. Essa telecinesia pra mim é nova. Será que Jisoo fazia essas coisas? Ela nunca me mostrou... Ou mostrou e eu... Enfim, minha vó falou que...

A porta da minúscula sala de estar do apartamento se abre abruptamente e todos nós que ocupamos a mesa redonda nos viramos.

A figura que encontramos parada é transtornada.

Seus cabelos acinzentados estão jogados para trás e deixam a testa à mostra. Suas sobrancelhas negras contrastam com a pele branca e lisa como cera. Há suor em suas têmporas e a essência cítrica e densa de seu cheiro avança em minhas narinas, me golpeia. Há notas frágeis de flor de cerejeira em seu perfume, que quase não se sentem. Seu corpo parece tenso e robusto coberto pelo terno preto, com a camisa meio desabotoada na gola próxima ao nó da gravata fina.

Min Yoongi ofega e me procura com o olhar.

— Aconteceu alguma coisa na empresa, Hyung? — Jungkook tenta se aproximar, mas Yoongi ergue um braço e o impede apenas com esse comando. — Você está bem?

Seus olhos se movem nas fendas, hesitantes, e se cravam em mim.

Há um misto de dor, desespero e outro sentimento que não consigo identificar nas íris negras.

— Seokjin e Namjoon a viram. Eles me disseram que também havia um palavra-chave pra mim. — A voz grave e dolorida ecoa por todo o apartamento, rápida e sem espaço para o ar. — Há?

— Hyung, o que você tem?

— Sim. — Respondo.

Yoongi avança veloz sobre mim, como um predador, e só para quando poucos centímetros nos separam. Sua respiração quente afasta os cabelos que caem em meu rosto. Os olhos tremeluzem por trás da parede negra de suas íris. A essência marcante e cítrica me envolve e sua boca pequena se abre em um movimento fugaz, quase nulo. A voz sopra estalada, ainda mais grave do que seu tom habitual. Não é uma voz de comando, porque murmura um pedido aflito.

— Diga.

— Preciso que olhe nos meus olhos. — Respondo com a tranquilidade que consigo emitir. Ele pisca quase imperceptivelmente e fixa os olhos negros de Alfa nos meus. Inflo os pulmões com ar, deixo a voz fluir pelos lábios. — Jisoo.

É imediato.

Os efeitos da palavra-chave fazem o efeito que espero, contudo o que acontece depois me mortifica. Porque vislumbro seus verdadeiros olhos. As íris não são mais feitas do preto piche. Elas se colorem, rubras e brilhantes. Vorazes como as de um caçador. São exatamente os olhos que vi por entre os arbustos no jardim do casarão, em fuga, pouco antes de encontrar Jisoo e Omma abandonadas, frias e mortas nas águas da fonte. Tenho absoluta certeza.

Mas, se for assim... Yoongi é o monstro que tem me assombrado por todos esses anos, escondido por uma máscara negra.

Não pode ser. Yoongi nunca faria isso. Nunca.

Então, lembro-me dos versos do poema que vi em sonhos. De todas as mensagens que Jisoo me enviou. Uma voz sopra em meus ouvidos."Não confie..." Ela diz. Jisoo pediu-me para não confiar em Yoongi? Espere...


Anjos cantam através de enigmas
Anjos sangram em busca de redenção
Anjos choram em silêncio para proteger
Anjos mentem para manter o controle
Anjos morrem para esquecer a dor

Anjos mentem para manter o controle.

Yoongi poderia mentir para manter o controle sobre mim e ser meu piedoso assassino, como o caçador de Juran foi para ela?

Um piedoso traidor?

Dou uns passos para trás, mas Yoongi permanece imóvel, ainda em transe. Há lágrimas que teimam em não cair de seus olhos vermelhos como sangue, e sua boca quase sorri. Tremo e tento falar algo, mas minha voz não sai. É medo. Tento respirar corretamente e olho para trás, para Jungkook. Sem conseguir controlar minhas emoções, me desespero.

— É-é... É ele. — Murmuro, sem conseguir falar a plenos pulmões.

Jungkook se empertiga imediatamente e arqueia a sobrancelha.

— É ele... O quê?

— Os olhos... Vermelhos.

— Que... Olhos... — Seu semblante endurece e empalidece. Os olhos de Jungkook se injetam, vermelhos como rubis, e encaram Yoongi, ainda inerte como uma estátua. Todo o corpo robusto do meu namorado estremece e suas mãos se transformam em garras. Um rosnado flui de sua garganta, baixo e ameaçador.

— Espera, Jungkook. O que está acontecendo? — Jin pergunta, perdido e atordoado.

Jungkook rosna mais uma vez.

— Vou saber agora.

***


Notas Finais


TRAILER DA FANFIC: https://www.youtube.com/watch?v=alMhPs3sAvI
Link da música: https://www.youtube.com/watch?v=FHmSF-_6xlo
Meu Wattpad: @Ghost_Fanfics

Gente!! A capa nova é obra da Isadora Arrais <33333 linda demais! Fazia muito tempo que ela tinha me mandado essa arte e eu estava esperando um momento pra colocar aqui. Ah... Amo essas capas que vocês fazem pra mim <3

PARABÉNS PRA TODAS AS MENINAS QUE ESTÃO FAZENDO NIVER ESSA SEMANA!! <333

~~Ghokiss


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