1. Spirit Fanfics >
  2. Girl Meets Evil >
  3. Jimin?

História Girl Meets Evil - Jimin?


Escrita por: Ghost_Fanfics

Notas do Autor


Hey,

Já somos mais de 9 mil favoritos e os mais de 500 comentários no último capítulo. Não tenho nem como agradecer a todo mundo que continua a me dar uma chance de contar a história da Monstrinha e do Jungkook. Todas as vezes em que penso em formas de agradecer, me faltam palavras, porque o que vocês tem feito por mim é me ajudar a manter um sonho vivo. Um sonho que muitas vezes ao longo do caminho, pensei estar longe demais pra percorrer o caminho. A cada vez que me pedem pra continuar, vocês me ajudam, me impulsionam, seguram as minhas mãos e me impedem de desistir. A força que vocês me dão, seja pelos comentários, pelos favoritos, ou apenas lendo a história e torcendo por mim em silêncio, isso é o que me mantém de pé. Muito obrigada. Hoje eu sei que o que a gente tem aqui não é só uma relação de leitor, história, autor. O que temos é cumplicidade. Muito obrigada por serem comigo parte de algo tão lindo e pleno.

Ps.: O #GhostSelcaDay dia 31 no twitter me fez chorar várias vezes. Vocês foram lindas <33
Foram muitas Fanarts, desenhos, Fanfics da GME e Selcas de vocês como personagens da GME. QUIS APERTAR TODO MUNDO MUITO OBRIGADA!

Eu tenho orgulho de dizer hoje que sou com vocês parte da GhostGang.
E isso é mais forte que qualquer desafio, medo ou tristeza.

Obrigada. <3

Obs.: deixei pra postar hoje porque diversas meninas iam fazer ENEM hoje, aí eu não quis atribular ontem, e queria fazer alguma coisa pra distrair e confortar quem fez prova. <3 espero que estejam todas bem. <3

Capítulo 63 - Jimin?


Fanfic / Fanfiction Girl Meets Evil - Jimin?

Jeon Jungkook's P.O.V.

— Há quanto tempo ele está dormindo?

Minha pergunta flutua no ar denso do cômodo. As cortinas cerradas mantém a penumbra confortável que acalenta o sono de Yoongi, prostrado em uma cama que, certamente no século passado, pertenceu a uma criança. Com as mãos enfiadas nos bolsos da calça social, caminho pelo quarto de "hóspedes" do apartamento de Seokjin Hyung e esquadrinho o lugar. Já estive aqui antes. Eu mesmo passei um Rut aqui, mas não consigo me acostumar com a atmosfera. Esse quarto me lembra solidão, dor e sofrimento.

É que tudo aqui cheira a passado. Os odores são de naftalina, encadernamentos antigos e verniz. Um pouco de bolor, talvez, por causa da pequena infiltração em uma das paredes conjugadas com o banheiro social. Toda a mobília é uma herança dos antepassados de Jin Hyung e suas formas arcaicas me lembram dramas de época.

Aproximo-me de uma cômoda de mogno escuro e envernizado, com puxadores de metal conservados, e analiso tudo o que há sobre ela. Frascos de vidro com líquidos coloridos, semelhantes a perfumes. Potes com unguentos e emulsões analgésicas e anti-inflamatórias, além de um bule com água ainda quente. O vapor fumacento que sai pelo bico de louça exala à uma leve combinação de ervas frescas.

Ergo o olhar para Taehyung, à espera de uma resposta. Meu amigo lobisomem está empoleirado sobre um baú de madeira austero, que substitui o guarda-roupas neste cômodo, e tem os olhos fixos no rosto desfigurado do nosso Hyung. Distraído, como sempre. Perdido no fantástico mundo de Tae. Pigarreio para fazê-lo voltar, e ele pisca. 

— Há quanto tempo ele está dormindo? — Repito. Tae volta-se para mim e toma um fôlego longo demais.

— Vim pra cá depois da aula. — Sua resposta não me satisfaz e ele percebe. Taehyung confere a hora em seu relógio de pulso. — São cinco da tarde, então ele está dormindo há quatro horas. — Seus olhos recaem sobre Yoongi. O rosto pálido exibe manchas escuras por todo o lado esquerdo, e um corte feio no canto da boca. A área de um dos olhos também tem um hematoma azulado, com bordas amareladas e disformes. — Quando cheguei, ele estava almoçando. Estava abatido, com dores pelo corpo. Você judiou muito dele, Jungkook. Aigoo, eu entendo que ele tenha tentado atacar sua irmã, mas era necessário deixá-lo nesse estado?

A culpa súbita me deprime e me sinto mal pelo estado em que o deixei, mas, no momento da raiva, não me contive.

— Eu sei que exagerei. Quando ele acordar, vou pedir desculpa.

— É bom que faça isso mesmo. Assim, acho que ele vai entender o motivo da surra, mas... Olha a cara dele. — Taehyung aponta com o queixo. — Está parecendo um maracujá murcho. Jimin falou que ia trazer maquiagem da mãe dele pra amenizar os hematomas. — Os olhos dele se voltam para mim. — Imagina a cara do Yoongi se ele acordasse maquiado pelo Jimin.

Meus lábios se franzem quando tento prender a risada.

— Ia ser engraçado.

— Ele disse que vai passar por aqui mais tarde. — Taehyung escorrega os dedos do queixo ao maxilar. Seu semblante se abstrai, torna-se distante e obscuro como o crepúsculo. É quando percebo uma linha fina e mais clara na pele do rosto. É uma nova cicatriz. Pergunto-me como ele a conseguiu, apesar de ter uma suspeita. Durante suas transformações, a violência o toma por inteiro. — Yugyeom veio também, mais cedo. Até pensei em te avisar, mas estava no estágio, ia só se chatear à toa. — Sua voz ressurge e me tira do pensamento.

Quem?

— O que ele veio fazer aqui?!

— Saber se Yoongi precisava de ajuda. — Taehyung dá de ombros. — Foi uma visita rápida. Ele trouxe um pouco do inibidor que tinha em casa, e perguntou o que tinha acontecido. Namjoon falou por cima, mas ele pareceu preocupado. Perguntou se o Yoongi tinha atacado a __________. Depois, ele pareceu preocupado com a própria reação, quando o cio dele chegar. Namjoon disse que ainda ia ver como resolver isso, porque acha que os feromônios de Ômega intensificaram o Rut do Yoongi e por isso ele saiu de controle.

— E o Yugyeom está pensando em se aproximar da Monstrinha pra atacá-la por "acidente" no Rut dele?

Meu tom de ironia não passa despercebido por Taehyung, que solta o ar pelas narinas dilatadas.

— Não acho que ele planejaria, mas... Pode acontecer. É uma possibilidade, né? __________-ah está por aí, com um alvo gigante no pescoço. — Taehyung suspira pesaroso e eu sinto o peso de suas palavras.

Ele tem razão.

Pensar nessa possibilidade me desestabiliza e meus olhos se semicerram. Imagino um mundo em que Yugyeom ata o nó e marca a Monstrinha durante o cio, se enlaçando a ela para sempre. Se isso acontecesse, ela andaria ao lado dele. Sorriria para ele, entrelaçaria os dedos nos dele. Ele seria o dono de seus beijos e abraços, e o cheiro dele se entranharia em sua pele e seus cabelos escuros, não o meu. E eu... Nunca mais sentiria a essência almiscarada de seu perfume, nunca mais me inebriaria com as notas adocicadas de caramelo e baunilha.

Nunca mais a tocaria, a beijaria, ou me aproximaria.

Ela nunca mais seria minha, mas eu permaneceria dela, porque a ela pertenço.

Seria meu fim.

— ...Às vezes, quando o Yoongi acorda sem o efeito dos analgésicos, fica repetindo que precisa dela e a febre dele não passa, nem a dor. E ele está tomando o inibidor, não devia sentir nem desejo. Eu nunca tinha visto isso. Ele está incontrolável. — A voz de Taehyung torna-se mais inquieta, o timbre grave enchendo o cômodo. Em sua introspecção, ele revela muito mais do que normalmente deixa aparente em seu rosto, e me rouba dos pensamentos nefastos sobre meu próprio futuro sem a Monstrinha. 

Reparo em meu amigo e agora noto quão perturbado ele está. Seus cabelos castanhos estão presos no boné virado para trás e a testa à mostra deixa uma ruga de preocupação visível. Os olhos sempre opacos e distraídos parecem mais alertas, concentrados em Yoongi, em mim, e em tudo ao nosso redor. Vejo as bolsas escuras nas pálpebras inferiores e barba por fazer em seu queixo.

Olheiras? Por que?

— Tae, me diga que você não está aqui desde ontem, quando eu fui pra casa. — Encosto-me na cômoda e retiro as mãos dos bolsos para cruzar os braços sobre o peito. Estreito o olhar para ele, que ergue as sobrancelhas e curva os lábios para baixo, meneando a cabeça. Mas, para sua pouca sorte, Taehyung é um péssimo mentiroso. — Você dormiu? — Ele pigarreia, e eu insisto. — Tae.

Seus olhos se obscurecem como a lua nova, presos em mim.

Os lábios tremem antes de jorrar uma torrente de palavras sobre nosso silêncio.

— Jungkook, eu sei o que é ser incontrolável. Sei qual é a sensação de sentir medo de si mesmo. Sei como é perder a consciência e o lado racional... Pra agir como um animal selvagem. Eu sei o que é machucar alguém sem ter plena noção do que está fazendo. Sei exatamente o que Yoongi está passando. E acho que de nós, só eu sei plenamente qual é essa sensação. E o Yoongi sempre fica comigo na primeira noite de lua. Sempre. — Uma sombra perpassa por sua expressão. — Estar aqui é minha obrigação por lealdade.

Sua intenção é nobre, mas há algo que não posso olvidar.

— Tae, estamos no quarto crescente. A lua cheia está chegando. Você precisa descansar...

— Não vou deixar o Yoongi sozinho. Sem chance. — Ele dá de ombros.

Péssimo mentiroso, ótimo teimoso.

— Ficar com o Yoongi é muito mais obrigação minha do que sua, você sabe. Eu o machuquei. — Insisto.

— Jungkook-ah, você precisa estar por perto da sua irmã, isso sim. Pelo que Jin Hyung me contou... — Taehyung se levanta em um pulo e dá a volta no quarto. Vem até mim sem desviar os olhos dos meus. Só para quando decide respeitar os poucos centímetros que nos separam, mas ainda sinto os sopros de seu hálito infestado pela infusão do chá que jaz na cômoda. Nas raras vezes em que decide socializar, Kim Taehyung não tem a mínima noção do que é espaço vital. — Ele me contou tudo o que vocês ainda não haviam me dito.

Entreolhamo-nos tão próximos que se ele der mais um passo, poderia encostar nossas bocas.

Concentro-me para não revelar nada em minha expressão, e encolho os ombros.

— Tudo o quê?

— Jin disse porque ela é bruxa e Ômega. Falou da descendência da linhagem de bruxos, os Wang. Disse que ela é vítima de uma maldição que a transformou em Ômega, e que essa maldição começou com uma moça, Wang Juran, que morreu nas mãos dos caçadores de bruxas que estão atrás da __________-ah agora. Mas, o mais importante... Ele disse que essa moça, Wang Juran se casou com um bruxo, Choi Youngjae. Que era um Alfa. E ela é tataravó da __________-ah.

Taehyung fala com os olhos vidrados nos meus, ansiosos.

Sua respiração colide contra meu rosto.

— Sim. E daí?

— Jungkook, você não entendeu? Sua Monstrinha é descendente desse tal de Choi Youngjae e ele era um Alfa. Quer dizer, independente de maldição, ela tem sangue A.B.O. nas veias. A gente já viu isso nas aulas de biologia. São genes hereditários. Você é um Alfa porque seu pai era um Alfa, não porque sua mãe é uma Beta. Simples. __________-ah era Beta antes de ser atingida pela maldição, mas ela tem genes A.B.O.

— Ela...

Sim, Taehyung tem razão.

Choi Youngjae era pai dos filhos de Wang Juran. Dos dois. E um deles foi a bisavó da Monstrinha. Em algum grau distante, portanto, ela tem sangue A.B.O., assim como Jisoo tinha. E, se é assim, agora posso entender a ligação sobrenatural que Yoongi tinha com a irmã mais velha de __________. Ele sempre diz que Jisoo foi o amor de sua vida, e que parte dele morreu com a partida dela, como se ele a tivesse marcado. Jisoo podia até ser Beta, mas tinha genes A.B.O. em seu sangue, assim como a Monstrinha.

— Eu ouvi Namjoon Hyung dizer que, mesmo que essa maldição que transformou ela em Ômega se quebre, a magia não será capaz de reverter o processo ao estado original de Beta, porque ela tem sangue A.B.O. Então, ou ela continua a ser Ômega, mesmo sem maldição, ou não resiste ao processo de reversão das células. E aí...

A voz se extingue nos lábios dele.

Morte. É o que ele quer me dizer.

— Não...

— Namjoon Hyung explicou isso ontem à noite pro Hobi Hyung e eu ouvi... Ele disse que foi uma tal de Jisoo que falou isso pra ele.

Consigo sentir o sangue ser drenado por meu corpo até os pés.

Meus dedos se resfriam.

— Jisoo...?

Minha pulsação se eleva e minhas pupilas se dilatam, porque consigo captar mais nitidez nos traços de Taehyung. O nariz longo, de pele lisa e brilhante. Os cílios iluminados à luz amarelada do abajur. Os sinais que se distribuem em seu rosto. Os lábios meio umedecidos pela saliva. Há uma expectativa mórbida em seus olhos castanhos. Meus pulmões se esvaziam e eu tento falar, mas não consigo.

A Monstrinha tem sangue A.B.O. nas veias e isso pode matá-la, caso a maldição se quebre.

Meus ouvidos zumbem e minha pele comicha abaixo do terno.

— Claro, ele falou de uma forma bem científica e cheia de termos estranhos, mas, resumindo, foi isso aí. — Taehyung murmura e não se afasta de mim, com a voz incisiva e grave. — Agora, imagine o caos se alguém descobrir que há uma Ômega saudável prestes a entrar no cio, solteira e livre, aqui em Juggi. — Sinto um gosto acre na língua. — Você viu como Yoongi reagiu a ela quando o cio começou. Você mesmo suspeita do Yugyeom. Jungkook... Sua Monstrinha está em perigo.

Não consigo pensar.

— Ela não é minha Monstrinha. — Pisco lentamente, com os olhos secos. — É só uma Monstrinha.

— Aish, que seja. Ela é sua irmã, Jungkook-ah. Imagine se algo de ruim acontecer com ela.

Serrilho os dentes e encaro seus olhos. Posso ver as ranhuras mais claras em suas íris castanhas, perigosamente próximas. Então, entendo. O tato em suas palavras, os argumentos desde o início, tudo o que Taehyung me falou até agora tinha um propósito. E ele sabia que se oferecesse sua ideia diretamente, terminaria com um olho roxo, por isso me cercou de todos os lados. Seu raciocínio tem um objetivo e agora entendo. Ele quer me propor algo.

— É melhor dizer logo o que tem em mente, porque eu já estou perdendo a paciência, Taehyung. — Rosno, baixo e sombrio.

Depois de um curto silêncio, as palavras fluem simples.

— Ela precisa de uma Marca.

— Ah, isso é fácil. Quem a marcaria? — Pergunto com sarcasmo, por mais que isso não seja uma preocupação.

Eu vou marcá-la, quando chegar a hora.

— Aigoo, o Yoongi.

Meus olhos se estreitam.

— Como é?! — Murmuro, serpentino.

— É simples. Você e Yoongi são os Alfas mais próximos dela, mas você é irmão dela, né? Então... Não. Já o Yoongi é diferente. Ele é o oppa dela, um amigo íntimo. E eu acho que ela tem uma quedinha por ele. Lembro do jeito que ela olhava pra ele nos domingos tradicionais dos jogos. E tem mais, o Yoongi é tipo super amigo do pai dela. Os dois são, sei lá, unha e carne. Eles só precisam de um empurrãozinho pra ficar juntos, e a gente pode ajudar. Casal perfeito. Final feliz. Aigoo... Minha ideia é boa, né?

Um bolo se forma em meu esôfago, com uma sensação ácida. Meu coração retumba em uma velocidade incrível dentro da caixa torácica. Posso ouvi-lo bater nos ouvidos. Minha cabeça fervilha e todos os cabelos se arrepiam, desde a nuca até o topo. Minhas mãos e pés formigam em uma ira que se dissipa nos poros em forma de calor. O suor escorre lentamente por entre as têmporas, umedecendo os cabelos próximos aos ouvidos. É difícil me conter ao ouvir os planos de final feliz e Marca entre __________ e Yoongi Hyung.

Amaldiçoo nosso namoro clandestino e faço força para me controlar e exibir uma reação minimamente isenta.

Sorrio. Não posso falar a verdade. Tenho que manter o sigilo para a nossa proteção.

Não posso falar a verdade.

Não...

— Tae... E se, sei lá... Se, por acidente, eu marcasse a Monstrinha? — Seu cenho se franze. — Ia ser tão criminoso? Você fica repetindo que ela é minha irmã, mas... Sabe que nós dois não somos irmãos de verdade, né? Não temos o mesmo sangue, não fomos criados juntos, nem mesmo temos uma relação de irmãos. Você acha que seria assim tão errado se a gente namorasse? — Taehung se distrai. Percebo pelo modo como seus olhos se desfocam. Espero um tempo, e volto a falar. — Hein?

Ele pisca.

— Não. Não ia ser errado. Se vocês se gostassem, não iam ter culpa pelos pais de vocês quererem se casar. Mas... Você sabe que muita gente ia entortar o nariz, né? — Ele ergue as sobrancelhas e eu dou de ombros.

— As pessoas já entortam o nariz pra mim de qualquer jeito. Sou o filho baderneiro da mãe solteira em uma cidade pequena.

Ele ri.

— Não esqueça que a mãe solteira vai se casar com um magnata. — Taehyung me adverte e eu suspiro. Esse bendito casamento me persegue em qualquer lugar. — Você tem alguma coisa com a __________-ah? — A pergunta me atinge lentamente e eu tento reagir com naturalidade. Meneio a cabeça, em negativa. Ele parece satisfeito com minha resposta. — Você já chegou a explicar pra ela o que é a Marca? Já disse o que pode acontecer, se...

— Já.

— Ela já considerou ficar com o Yoongi?

Minhas pálpebras pesam e semicerram.

— Já.

— Então, temos um começo, oras. Agora eles só precisam se entender. Podemos fazer isso juntos, até, não? Hm... Podemos agilizar isso e ela pode passar o primeiro cio na casa do Yoongi, e lá os dois se entendem. Eles se gostam e formam um casal muito bonito. — Taehyung sorri, satisfeito. E eu... Bem, eu franzo o nariz, solto o ar pela boca e o empurro, afastando-o de mim. Taehyung dá um passo desequilibrado para trás e me olha sem entender. — O que foi que eu fiz?

Passo as mãos pelo cabelo, penteando-o entre os dedos, e fito a cama de relance. Yoongi se mexe entre os lençóis com um arquejar dolorido. Paraliso. As molas do colchão rangem, há um ruminar em sua boca, o ruído dos lençóis em sua pele. Tudo indica que ele está prestes a abrir os pequenos e inchados olhos. E é o que ele faz. Após uma leve tensão em seus músculos, como se fosse se levantar, Yoongi desmorona na cama. Há uma camada brilhante de suor em seu rosto cheio de hematomas.

Os cabelos grudam em sua testa e os lábios estão pálidos, exceto pela ferida aberta no inferior. Então, as íris negras como carvão se encravam em meu rosto e me observam. Ele parece tentar me reconhecer, e quando o faz, vejo o pomo-de-Adão subir e descer em sua garganta pálida. Reteso os músculos dos braços e estalo os ossos do pescoço. Aliso a gravata fina e preta que uso e massageio a nuca com as pontas dos dedos, apertando com força. Ando até a cama. Yoongi parece ainda pior, acordado.

Há uma perturbação em seus olhos tremeluzentes, uma angústia incontida em seu semblante antes tranquilo.

Paro diante da cama e solto um suspiro.

— Oi, Hyung...

Ele demora a responder. Primeiro penso que é por causa de um constrangimento pelo que aconteceu, mas dura tempo demais. Os olhos negros pesam em contato com os meus, mas não o abandono. Não quero que ele se sinta mal por tudo o que houve entre nós ontem. Se há alguém errado aqui, sou eu. Eu devo um pedido de perdão porque, como sempre, fodi o esquema por ser impulsivo e agressivo demais. Não consegui me controlar de novo. Então, algo vem à mente. Talvez ele esteja com raiva disso e de mim.

Por isso não me responde.

Meu coração se aperta. Yoongi é meu Hyung, meu irmão mais velho. A pessoa em quem eu mais confio, fora Omma e a Monstrinha (espero que Jin Hyung nunca seja capaz de ler pensamentos). E o pior é que eu sei que errei feio com ele, o decepcionei. Mais uma vez, eu o desapontei e meti os pés pelas mãos. Eu devia ter confiado nele e perguntado se ele tinha a intenção de nos fazer algum mal. Devia o ter segurado para manter a todos em segurança. Eu sou mesmo o idiota que a Monstrinha vive dizendo que sou.

Quero ir embora, me trancar em meu quarto e ouvir Radiohead.

E nunca mais sair.

— Jungkook. — A voz estala, sonolenta e desacostumada. Está embargada. Ergo as sobrancelhas e faço um sinal de que o escuto. — Você... está bem? — Franzo o cenho, sem entender sua pergunta. — Está com uma cara de enjôo. — Entreabro os lábios para responder, mas ouço a risada de Taehyung às minhas costas. Franzo o nariz. — É nojo da minha cara? Foi você que deixou assim.

A voz é rabugenta, mas, de alguma forma, sinto que ele está brincando comigo. Ele não me odeia.

— Eu já acho que te deixei melhor. Vai atrair mais meninas com essa cara de quem briga na rua. Vai por mim. — Respondo. Espero por uma reação, mas o rosto dele se mantém impassível. Então, ele sorri. E, sem que nenhum de nós precise falar nada além, sei que o dia de ontem ficou para trás. É passado e não precisa voltar à tona. Só nos faria mal.

— Agora, vendo seu rosto... Estou me sentindo mal. Não ficou nenhuma marca. — Ele faz uma careta. — Acho que estou precisando me exercitar. — Taehyung para ao meu lado e passa o braço por meus ombros.

— Se quiser eu deixo o olho dele roxo, Hyung.

— Não inventa, Taehyung. — Resmungo e ele ri.

— Cai pra dentro, Jungkook-ah. Tá com medo do lobisomem? — Ele me provoca e eu acerto suas costelas com o cotovelo. Taehyung responde com uma risada e enfia o dedo no meu nariz. Incrédulo com o que ele faz, me desvencilho com um tapa com as costas da mão. Olho-o de esguelha e Taehyung dá um de seus sorrisos quadrados, cutucando minha nuca com a mão que antes me segurava pelos ombros. — Pareço inofensivo. Pareço.

Arqueio a sobrancelha.

— Ô, Tae, Deus me livre de entrar numa briga com você. — Resmungo em resposta.

— Podemos falar de qualquer outra coisa. Minhas costelas estão doloridas. — Yoongi chama nossa atenção e nós nos viramos para ele. Taehyung ainda mexe nos cabelos em minha nuca. — A __________ está bem? — Sua pergunta é mais séria e eu confirmo com um aceno. — Eu nunca vou conseguir me desculpar com ela... Eu me lembro de algumas coisa que falei e... — Seu semblante se perturba. — Eu... Deveria protegê-la. E...

— Tudo bem, Hyung. Ela está bem e sabe que você estava... Sob efeito do Rut.

— Eu disse coisas horríveis. Pra você e pra ela. — Seus olhos negros se fecham e ele suspira. Parece sentir dor.

— Não faz mal. Já passou.

— Onde ela está? — Yoongi pergunta, e abre os olhos.

Sorrio.

— Isso eu não vou te dizer, nem fodendo. Você ainda está no cio, e... Se eu bem conheço Jin Hyung, nenhuma moça entrou nesse quarto desde que se hospedou aqui. Estou certo? — Pergunto, e ele engole em seco. — Não vou te dizer onde ela está, e ela não vem te ajudar com nada. Isso não vai acontecer. — Suas pálpebras tremem. Ele sabe o que minhas palavras dizem, mas sinto o olhar curioso de Taehyung encrustado em mim, ao meu lado. O carinho que ele fazia em minha nuca para.

— Jungkook-ah... — Ele sussurra. Fito-o de soslaio. — E aquilo que a gente conversou?

— Agora não, Tae.

— ... Por que? — A curiosidade se mistura com certo ressentimento e eu torço os lábios.

— Depois eu te explico. Fica de boa. — Volto-me para Yoongi, que tem uma máscara menos tranquila no rosto. — Hyung?

Suas narinas tremem.

— ...J-Jungkook... — Suas mãos amassam as fibras do lençol que o cobre parcialmente. — Você a trouxe...? Estou sentindo... É o cheiro dela. — Um frio passa por minha barriga, por um segundo, e logo se desfaz. Eu acabei de sair do estágio, não vi a Monstrinha depois que saímos da escola, mais cedo. — Ela está aqui, em algum lugar.

Ergo meu próprio pulso e esfrego a manga da minha camisa no nariz. E o cheiro dela está em mim.

Sorrio.

— Não, Hyung... Acho que essa minha camisa ficou entre as roupas dela, aí ficou com o cheiro d...

— Ela está aqui. — Ele murmura entredentes. É irredutível. — TIRE-A DAQUI! NÃO! A TRAGA! NÃO! — Yoongi se senta na cama e Taehyung corre para segurá-lo pelos ombros. Ele me olha súplice e aponta para a porta. Arregalo os olhos e assinto, correndo para fora do quarto. — Tire-a daqui, Tae... Ela... Não posso... Não... A traga... Eu preciso dela... — A forma com que fala, torturado e confuso, me machuca.

— Calma, Hyung. — É a última coisa que ouço de Taehyung.

Fecho a porta às minhas costas e paro no corredor do apartamento. Minhas entranhas se apertam. Encosto-me na parede e minha cabeça bate contra a moldura de um quadro. Fecho os olhos com a testa dolorida e suspiro. Sinto-me impotente por não conseguir ajudá-lo, mas nem eu sei o que está acontecendo. O cio é algo selvagem, mas não é totalmente incontrolável. O que Yoongi tem é algo que eu nunca vi.

E não sei lidar com isso.

Inspiro o ar profundamente e tenho um sobressalto.

Sinto as notas almiscaradas de baunilha e caramelo em algum lugar por aqui, e elas não vêm das minhas roupas. A essência forte de Yoongi dentro do quarto mascarou o cheiro de Ômega e me impediu de captá-lo no ar, ou... Essa merda de alergia me atrapalhou outra vez, por causa do mofo na infiltração do quarto. Que merda. Merda. Merda. O que ela está fazendo aqui?!

Corro pelo apartamento de Seokjin e avanço até a porta. Desço pelas escadas pulando alguns degraus e ouço vozes. Diminuo o passo abruptamente e olho ao meu redor. A livraria está vazia, mas eu posso ver duas pessoas lá fora, para além das amplas prateleiras cheias de livros. Aproximo-me devagar, para não ser visto. E reconheço-os. São __________ e Jin Hyung. Os dois conversam muito próximos, segredando algo. Esgueiro-me até conseguir ouvi-los com a audição aguçada.

E o que eu escuto me atinge como um tiro.

Rápido e letal.

— E essa é a história... Mas, o que fica pra gente é que... Em 1911, durante o sacrifício de Wang Juran, algo aconteceu e amaldiçoou os caçadores. E, desde essa data, eles estão inativos. E esperam pela primeira descendente de Wang Juran que seja portadora da maldição, para dizimá-la e recuperar seus poderes. — Jin Hyung conclui, com um pesar sério que não combina com seu humor inabalável. Suas palavras demoram a penetrar minha mente. — Amorzinho... Os caçadores não estão procurando qualquer bruxa. Eles estão procurando especificamente uma bruxa. Você. Porque eles querem recomeçar a inquisição, transformar Juggi em uma nova Salem, quem sabe.

— Mas, Jin... Eles querem... Eles não podem... — A Monstrinha se exaspera e eu fito o chão. — Quer dizer que se os caçadores me matarem... Eles virão atrás de vocês? — Meu estômago se embrulha. Quase todos os meus amigos são bruxos. Agora todos estão em perigo? Todos eles?! Serrilho os dentes, zonzo.

— Temo que sim. Por isso, temos que acabar com algo que eles possuem. Não sei o que é, nem como vamos fazer isso. Mas, eu vou te ajudar, certo? Você está pronta? — Olho pelo vidro e vejo a Monstrinha menear a cabeça.

— Ainda estou treinando...

— Continue. Logo, logo enfrentaremos algo... Grande. Espere. Você sabe fazer um feitiço para paralisar?

— Não...

— Veja. — Jin começa a gesticular, mas não me dou ao luxo de ver, para não denunciar minha presença.

Os dois trocam palavras e gestos que já não percebo.

Só consigo imaginar todos mortos ao meu redor. A visão é terrível, mórbida e gélida. Todos os meus amigos mais queridos lacerados, com peitos abertos e sem seus corações. Frio cadáveres que eu tenho, sem qualquer chance, proteger. Como em meus sonhos. E agora sei que o cerco está se fechando, cada vez mais claustrofóbico. Estamos à beira de conhecer a face do inimigo, e isso me assusta ligeiramente. Então, cerro os punhos. Se depender de mim, nenhum deles morrerá.

Nem que para isso a vítima precise ser eu.

***

Desde que ouço a conversa entre a Monstrinha e Jin Hyung, não consigo pensar em mais nada. Saio da livraria e denuncio minha presença. Ambos me olham como se vissem um fantasma, mas logo sorriem e disfarçam. Ninguém me diz nada. Levo a Monstrinha para casa, e espero que, no caminho, ela me explique tudo. Nada sai de sua boca, à respeito do real perigo que nos ronda. Imagino que ela queira me poupar, mas só consegue me deixar mais angustiado.

Se não me falou nada, é porque quer resolver isso sozinha, o que eu considero suicídio. Enfrentar uma horda de caçadores de bruxas sedentos por seu sangue e por sua maldição pode ser sua ruína, assim como Wang Juran foi a ruína dos caçadores de bruxas.

E é esse pensamento que martela minha mente quando chegamos em casa, ao anoitecer. Não desço para jantar e, quando __________ me chama na porta, digo que estou estudando. A verdade é que estou pesquisando tudo o que há na internet sobre bruxaria, maldições e caçadores, na esperança de encontrar uma solução mágica para nossos problemas. Uma facilitação de roteiro. Mas, ela não existe. E todas as revelações que me foram feitas durante a tarde gritam em minha cabeça esfolada pelo medo.

São ameaças demais ao seu redor. A Monstrinha tem sangue A.B.O. independentemente da maldição. Há um risco de degeneração de suas células, se a maldição for quebrada. Ela necessita de uma Marca para ficar imune a abusadores. Há uma legião de assassinos em busca dela, para matá-la e recomeçar uma inquisição. Uma caça às bruxas generalizada, em pleno século XXI.

Tudo isso impede meu sono. Ao amanhecer, estou deitado com os olhos presos no teto, exausto e me sentindo impotente. Não sei quantas vezes desejei, nessa madrugada, ter apenas uma vida normal. Eu e a Monstrinha juntos em Seul, dividindo as contas, a cama, os lençóis e o apartamento. Eu cozinharia, ela lavaria a louça. Nós veríamos filmes legais na Netflix. Sairíamos para jantar, dançar, nos divertir livremente. Ela me hipnotizaria com seu corpo, seu cheiro, sua voz e sua inteligência. Eu faria de tudo para vê-la feliz.

Não haveria empecilhos. Nossos pais, Juggi, Yugyeom e Yoongi, caçadores, maldições, fantasmas, bruxas e Alfas bisbilhoteiros.

Nada.

Apenas nós dois.

E, eventualmente, uma criança. Ou duas.

E um cachorro.

Meu despertador toca e esvaece todas as minhas fantasias de pai de família. Sou apenas eu, sozinho no quarto de uma casa mal-assombrada. Me levanto com movimentos cansados, mecânicos. Tomo banho e visto meu uniforme. Reprimo o desejo de partir sozinho para a escola mais cedo, como sempre faço quando estou com a cabeça cheia, porque tenho um compromisso. Não posso deixar a Monstrinha sozinha. Sou seu sentinela, seu protetor. Antes de tentarem matá-la, vão ter que passar por cima de mim.

Mas, mesmo assim, quando entramos no Porsche para ir, não consigo manter uma conversa com ela. Meus olhos comicham, minha língua incha na boca. Minha garganta arranha. Às vezes eu tento, mas da minha boca não sai uma só palavra. E quando ela tenta falar comigo, respondo curto, com acenos. Queria poder falar mais, mas algo me bloqueia. Estou angustiado.

Ao menos isso ela respeita. Não parece ofendida quando nos despedimos na porta da escola e seguimos nossos caminhos. Com os cantos dos olhos, porém, vejo-a me observar. Sua atenção se fixa em minha mochila, e eu passo os dedos pela fita vermelha que carrego comigo desde o início do ano. Ela entende meu gesto e sorri. Dá-me as costas e corre na direção de sua classe.

E, durante as aulas, é tudo igual. Os professores entram e saem, os alunos mudam de lugar, abrem e fecham cadernos. Todos parecem concentrados em suas atividades, com as provas de semestre se aproximando. Uma vez ou outra me pego sendo observado por Lalisa, estranhamente sentada em uma cadeira mais próxima de mim. Ela tem os cadernos abertos e o celular ligado na calculadora. Sorri para mim, quando percebe que eu retribuo seu olhar. Lanço-lhe uma piscadela.

Ouço o roncar esquisito de Taehyung, que dorme abraçado em sua mochila desde a segunda aula. Imagino que a noite com Yoongi foi difícil. Às vezes, Jimin me cutuca com a ponta do lápis e me pergunta se estou bem. Eu digo que sim, mas posso ver em seus olhos que ele não acredita. E não deveria. Eu não estou bem. No terceiro horário ele se cansa e sai da sala. Volta pouco tempo depois com um saco de balas de goma em forma de ursinhos. Joga sobre minha mesa e volta a se sentar em seu lugar, atrás de mim.

Cutuca minhas costas e eu o olho por cima do ombro.

— Coma. É açúcar. É ótimo pra tristeza. E esses ursinhos são fofos.

Jimin encolhe os ombros e sorri até seus olhos se transformarem em risquinhos.

Sorrio.

É o primeiro que mostro desde que ouvi a conversa no dia anterior. E, assim, como as balas de goma. Não melhora o humor, mas ao menos me distrai até o intervalo das aulas. E, quando a sirene toca, o ruído de cadeiras arrastadas, cadernos se fechando, passos e conversas dos alunos se torna cada vez maior. Seguimos todos nós por entre a multidão que se aglomera nos corredores, e seguimos na direção dos refeitórios. Ando com Jimin e Taehyung em meu encalço, e recebo alguns acenos de pessoas que conheço e não conheço.

Em algum momento, percebo o olhar fixo de Tzuyu. Ela me encara com um sorriso lascivo. Reviro os olhos e entro no refeitório, sem chance de resposta para ela. Eu e os meninos pegamos nossos lanches nas bandejas e seguimos para a mesa em que costumeiramente sentamos. Procuro a Monstrinha com o olhar atento, na tentativa de encontrá-la aqui, o que é uma raridade. Ela foge de ambientes com comida como o diabo foge da cruz. Mas, excepcionalmente hoje, a vejo sentada de costas para nós, numa mesa não tão próxima.

Está ao lado de Lisa, que empurra uma fruta para que ela coma.

Sorrio.

É o segundo de hoje.

— Jungkook. — A voz irritante de uma garota corta meus pensamentos e eu ergo os olhos para encontrar Tzúcifer, como apelidou a Monstrinha. — Oi. Precisamos conversar. Tem um minutinho pra mim? — Inclino a cabeça em silêncio e estreito o olhar. De todas as horas, ela escolheu a pior para falar comigo. Se Tzuyu fosse um homem, nesse momento, receberia um chute no meio das pernas. Como é uma garota, eu apenas meneio a cabeça com um gesto negativo e volto-me para o sanduíche em minha bandeja. — Jungkook.

Ergo os olhos para ela outra vez.

— O que você quer? — Murmuro rouco. Passei muito tempo em silêncio.

Vejo os poros em seus braços se eriçarem e suas pupilas se dilatam. Até sua frequência cardíaca se eleva, e as bochechas coram. Não é raiva, é excitação. É difícil acreditar que ela ainda sinta algo por mim depois de todas as vezes em que eu disse: NÃO. NÃO. CARALHO, NÃO. NÃO. NÃO DISSE SIM, EU DISSE NÃO. NUNCA. JAMAIS. EM TEMPO ALGUM. NÃO!

— Preciso falar com você em particular.

— Eu não quero. — Dou de ombros e mordo meu sanduíche.

— Como assim, não quer? O assunto é sério, e envolve mais que nós dois. Tem a ver com algo que vi um dia desses. — Ela sorri como se tivesse um trunfo na manga. — Você vai querer saber o que é... E vai querer que seja em segredo, sim. Venha comigo. — É uma ordem.

Tzuyu quer... Me chantagear?

Suspiro.

Eu tenho que enfrentar caçadores sanguinários e assassinos, não adolescentes histéricas.

— Não. — Desafio. Fito Taehyung, distraído com um cubo mágico nas mãos, sem tocar em seu lanche. Depois vislumbro Jimin, que come devagar, olhando seu celular como quem não está presenciando essa cena.

— Não? Você quer que eu diga na frente de todo mundo?

— Nada que você diga pode me fazer mal.

Tzuyu se inflama. Não é mais excitação, é raiva. Ódio contra meu desprezo.

— Jungkook, você não está entendendo.

— Quem não está entendendo é você, Tzuyu. Eu já te pedi, já mandei, já implorei, já fiz até oração pra você sair do meu pé e fingir que eu não existo. Eu não aguento mais escutar sua voz. Não quero te ver, não quero falar com você. E, aliás, hoje eu não quero falar com ninguém, e gostaria que você respeitasse isso, mas, comprovando meu desprezo, você não liga pra ninguém, e não respeita ninguém. E é por mais essa que eu NUNCA mais vou encostar um dedo em você. E vou manter o que eu te falei na sala restrita. Pra mim, você nem existe.

Vejo as cabeças de Jimin e Taehyung se virarem para mim.

Os olhos de Tzuyu se enchem, brilhantes.

Se ela chorar, eu saio do refeitório.

— O que você tem com sua irmã? — Tzuyu pergunta, usando sua carta na frente dos meus amigos. Algumas pessoas das mesas próximas se viram para nos olhar.

— O que você tem a ver com isso? — Pergunto com sarcasmo.

— Eu vi vocês dois saindo de mãos dadas da escola. — Ela fala em tom de acusação. Arqueio a sobrancelha.

Eu poderia responder que a consolei porque Tzuyu a chamou de pobre coitada, disse que a depressão dela era uma mentira e xingou a menina até que ela chorasse. Poderia até ameaçá-la, dizer que eu não esqueci e que ainda posso ir à diretoria relatar esse incidente. Mas, não devo satisfações à Tzuyu.

— Foda-se o que você viu.

— Bem... Pra quem dizia que odiava a irmã, você estava bem perto dela. De mãos dadas. Por que estava andando de mãos dadas com ela, se supostamente a odeia?! — Sua pergunta é irônica, venenosa, cheia de acusações implícitas. Não respondo. — Anda, Jungkook, fala logo! Por que estava andando de mãos dadas com a irmã que você supostamente não suporta?! — Tzuyu ainda insiste e eu reviro os olhos.

— Alguém fala pra essa garota que eu não sou obrigado a dar satisfações pra...

— Vocês por acaso têm alguma coisa que ninguém...

— Oh, Tzuyu, vai à merda, tá? — Jimin joga o sanduíche no prato e se levanta. — Não tem como o Jungkook ter nada com a __________ porque quem está ficando com ela sou eu. Inclusive, é bom até tocar nesse assunto, pra todo mundo ficar ciente. — Jimin começa a gritar para todo o refeitório ouvir. — É isso aí. Eu estou mesmo com a __________-ah! E eu vou lá na mesa dela entregar esse pudim que eu comprei pra ela. — Ele se levanta, dá um tapa na mesa e se afasta, indo na direção da mesa onde a Monstrinha está sentada ao lado de Lisa.

E eu fico parado com o sanduíche na mão. Emudecido.

Que diabos deu no Jimin?

Ele vai até a mesa dela, se senta entre as duas meninas e entrega o pudim para a Monstrinha, que não exibe reação inicialmente, mas sorri e... Encosta a têmpora no ombro dele? O que ela está fazendo? Ei... Jimin está passando o braço pelos ombros dela? Descendo a mão pelas COSTAS DELA? A PORRA DA MÃO DO JIMIN ESTÁ NA CINTURA DA MINHA NAMORADA?

A Monstrinha olha para trás, diretamente para Tzuyu, e lhe mostra o dedo do meio.

QUE MERDA É ESSA?!

***


Notas Finais


Meu canal no Youtube: https://www.youtube.com/channel/UC09weGTRInSQa0IJ1seTw6g
TRAILER DA FANFIC: https://www.youtube.com/watch?v=alMhPs3sAvI&t=1s
Meu Wattpad: @Ghost_Fanfics

desculpa pelo horário, é que eu estou com muita dor de cabeça e demorei mais pra terminar de escrever </3
desculpa também pelo capítulo gigante.. oihohihoiho FOI MAL VOU DIMINUIR NO PRÓXIMO

~~Ghokiss


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...