História Girls Like Girls - Lauren Trouxa

LAUREN

Toquei de leve o rosto dela, Camila resmungou alguma coisa enquanto se aconchegava, o cobertor estava esparramado pela cama e eu o ajeitei em cima do seu corpo. Por sorte uma enfermeira apareceu antes que eu me desesperasse ainda mais.

- ela dormiu... mas ela estava tonta, será que ela está bem? – perguntei assustada enquanto a mulher arrumava o soro.

- relaxe senhorita?

- Lauren.

- Lauren. Ela apenas dormiu, ainda está sob observação então só poderá se alimentar após o sono. Por enquanto só vou aplicar um analgésico antitérmico para evitar alguma complicação. – ela tirou a seringa e espetou a bisnaga do soro. – por enquanto é só. Mas se acontecer alguma coisa me chame. Regina Mills...

- oh, sim, eu chamo sim... – respondi.

A segui até a porta voltando até a cama e me certificando que ela ficaria bem, respirei fundo olhando aquele quarto, ele parecia tão vago. Sorri negando com a cabeça, Camila parecia me xingar até em sono, ela resmungava algumas coisas enquanto apertava o travesseiro. Louca.

Sai do quarto dando de cara com a senhora Cabello, engoli em seco quando senti aqueles olhos cinzas sobre mim, buscando alguma reação, farejando o medo.

- Lauren...

- hum... Camz.. digo... Camila dormiu... e bem... eu i..a.. pe.. pegar um.. suco – eu estava gaguejando e rezando para que ela não torcesse o meu pescoço.

- venha... – segurou a minha mão me fazendo sentar de frente para ela. – Sofia me contou que esteve com ela ontem...

- be..bem sim. Digo, nos esbarramos no cinema, e ela estava com a garota com o cabelo roxo... e depois...tenho quase certeza de que ela estava no mesmo bar que eu acabei indo – cocei os cabelos tentando me lembrar de tudo, mas meu sistema de memória também tinha sido afetado pela álcool.

- você sabe me dizer se ela bebeu? Ainda estamos esperando ela melhorar para só então fazer exame de sangue... – frisei o olhar, claro que eles iam manipular isso também.

- ela bebeu sim Dona Cabello, muito na verdade – me lembrei das várias doses de tequila que ela ingeriu. – eu pretendia voltar com ela... mas ela quis ficar com a Dj...

- ela poderia estar morta agora... – ela se levantou rapidamente com as mãos na boca.

- sua filha é uma chata, tio Lu não quer ela nem tão sedo no inferno! – disse logo me arrependendo com o olhar curvado que a mulher loira deu. – quero dizer... desculpe... eu só... ela está ótima! – segurei as mãos dela tentando dar uma calma que nem eu possuía naquele momento – vai acordar daqui a pouco com um buraco negro no estômago, e ai eu que vou sentir pena dos cozinheiros daqui. – ela sorriu negando com a cabeça.

- eu fiquei um bom tempo longe delas... não estou muito por dentro das coisas que ela faz...

- ela é uma nerd estranha, aposto que essa foi a primeira vez que ela saiu sem a Dinah... não que ela seja uma santa, mas não acho que ela vai voltar a aprontar.

- será?

- uhum! Só sinto pena do carro, coitado!

- Alejandro está trazendo outro para ela.

- não! – quase gritei e ela me olhou assustada – digo... ela não pode dirigir enquanto não estiver seriamente habilitada, se você quiser eu levo elas para a escola... não que a Camila mereça, mas como a Tay namora a Sofi...

- oh é... desculpe por ontem quanto a isso... – ela coçou os cabelos sorrindo de canto. Não entendi nada. 
[tsc tsc tsc, imaginem uma laddy gaga batendo na porta com um taco de basebol procurando pela filha]

- eu vou ir comprar algumas coisas para a Camz... depois eu volto... – sai dali antes que aquela conversa entrasse no campo do constrangimento. Enquanto saia do hospital resolvi ligar para Vero, merda, eu sentia nossa amizade ficando fraca com toda essa merda que estava acontecendo na minha vida.

"Heey Vero... hum, como você está, e onde você está?"

"Bem, eu estou em casa agora, arrumando umas coisas...."

" como... sua mãe está? eu preciso ver você Vero... preciso abraçar você..."

Minha voz saiu embargada, eu já estava em prantos antes de cruzar a porta de saída.

"Ela está na mesma Lolo... só dorme, vai ficar assim pelos próximos seis meses... eu ainda preciso ver algumas coisas, e tem uma assistente social me procurando, ainda tenho que arrumar isso"

"Eu vou com você!"

"Ok, podemos ir na segunda feira depois da escola, agora não precisa vir, minha casa está bem bagunçada" – ela riu ao celular e eu neguei com a cabeça enquanto seguia até as redondezas do hospital.

"fechado, e como está a Lucy?"

"Dormindo... bom digo, ela dormiu aqui..."

"hum, ok então. Amo você baixinha"

"também amo você Lolo"

Camila era dona da metade do meu coração e Vero possuía o outro, eu amava aquelas duas, faria tudo por elas, até mesmo entrar na floricultura do hospital, olhei a pequena loja que cheirava a cravos e rosas, aquilo era horroroso, mas ajudaria no momento.

- olá, vocês tem alguma coisa para vida a um quarto... sabe minha amiga está internada... – a mulher atrás do balcão apontou para uma das prateleiras que continha alguns ursinhos de pelúcia com a frase "é um garoto" ou "é uma garota" estampado nos bichinhos. Eu sorri pegando um escrito "é um garoto"

Acabei comprando cinco arranjos de flores vermelhas e lilás, a mulher encheu dois balões um rosa e outro azul que pareciam grandes demais. Paguei tudo saindo rápido dali antes que eu acabace comprando uma coroa de caixão. Amarrei os balões no ursinho que era modelo "Teddy", por sorte encontrei Dinah escorada na parede do corredor principal para pegar o elevador e quase senti um alivio quando ela me ajudou ainda gargalhando com os arranjos de flores.

- sério, não acredito que você fez isso! – ela ainda ria enquanto colocávamos as flores numa prateleira e eu amarrava os balões um de cada lado da cama.

- logo ela acorda, então vamos ter que ir comprar comida... – gemi me lembrando da enorme lista. Mas nada do que ter a melhor amiga dela por perto par me ajudar nesse quesito.

- ela vai esganar você por ter comprado um ursinho escrito "é um garoto" até porque todo mundo sabe que a Mila prefere as garotas.

- nosso primeiro filho será um menino! Eu sinto isso. – digo arqueando uma sobrancelha.

- pois eu quero uma menina! E espero que o seu filho fique longe da minha filha!

- meu filho será lindo monamu, e eu aposto que a sua filha que vai ficar suspirando por ele!

- só mantenha as mãos do seu filho longe da minha filha! – Dinah disse cruzando os braços, estávamos cada uma perto da cama, e ela me olhava como se a qualquer segundo fosse voar no meu pescoço e sugar a minha energia vital.

- AI MEU DEUS! – Camila deu um grito assustando o inferno dentro de mim. – não acredito que vocês duas estão brigando por causa de crianças imaginárias! – resmungou enquanto

- a bela adormecida acordou! – Dinah gritou indo até ela e a apertando com força, se ela não estivesse com Normani eu juro que ia arrancar aquela loira de cima da minha pequena.

- ela precisa dormir mais! Vamos Dinah, ela tem que descansar!

- com vocês duas discutindo? Acordariam até uma múmia! Agora calem a boca e vão... – ela parou de falar observando as flores no quarto e balão na cama. Merda onde eu estava com a cabeça quando fui preparar tudo aquilo? – mas o que?

- toma! – entreguei o ursinho que ainda estava no meu colo para ela. Camila pegou o bichinho ainda confusa e mudou o olhar para a Dinah.

- não olha pra mim, eu não sei de nada, quem fez foi a gasparzinho ai – ela levantou o queixo me olhando.

Queria que a terra me engolisse naquele momento.

- eu é... hum... achei que você fosse gostar... – ela ainda abraçava o teddy então, talvez não tenha odiado tanto assim.

- eu... acho que...

- vou deixar as pombinhas a sós e fazer a guarda na porta... – Dinah deu um grito saindo, vi o rosto da Camila se contorcendo enquanto a loira caminhava para fora. – NADA DE SEXO EM! OU ARRANCO SEUS DEDOS JAUREGAY! – ela terminou de gritar e eu neguei com a cabeça.

- eu vou, hum... sair e pegar um lanche pra você...

- olha Laur... obrigada pelo ursinho... – sua voz saiu manhosa e eu claro que sorri como uma panaca que era por aquela garota.

- eu vou pegar sua comida, isso deve ser a fome falando – digo rapidamente saindo dali, ela estava calma demais para o meu gosto.

Dinah gargalhou quando eu fechei a porta, tentando controlar a minha respiração.

- você é tão trouxa por ela! – gargalhou batendo nas minhas costas, dei de ombros. Era verdade.

- olha quem fala, um espirro da Mani e você já está lá com um lencinho! – joguei com artilharia pesada.

- eu sei... eu amo aquela negra gostosa... – neguei com a cabeça desmanchando o seu cabelo – ouch!

- minha melhor amiga, melhora o linguajar! – ela revirou os olhos e eu dei língua.

Até que conhecer um pouco mais a Dinah não era lá tão ruim, até porque a Mani já tinha me dito quase tudo sobre ela, desde a família ao tipo sanguíneo, é tão chato aguentar amiga apaixonada, agora eu sei o que elas passam comigo.

Dinah é do tipo que fala mesmo, não importa onde está, com quem, ela além de ser uma boa observadora estava sempre atenta a ter um boa opinião, claro sempre usando da ironia sarcástica, isso era contagiante. Enquanto eu fazia o pedido da refeição da Camz a loira me contava sobre a Mani e o do porque ela ter deixado a Camila ir ao cinema sozinha.

- não precisa se sentir culpada Dinah! A Camila é mais velha que você! – ela curvou os olhos. Sim eu até sabia a data do seu nascimento, fonte? Mani. – ela não é nenhum bebê que usa fralda, eu amo ela, mais que a mim mesma, e eu quase tive um avc quando soube do acidente... mas ela precisa amadurecer, se você e todos ficarem protegendo ela a todo instante, ela não vai conseguir andar com as próprias pernas.

- nunca achei que eu fosse dizer isso na minha vida, mas você tem razão. Vou ser mais pulso forte com ela, só não quero que você e nem o seu exercito de beldades tocando nela!

- eu já resolvi isso – apontei para o meu próprio rosto.

- que seja, mas porque você não pede ela em namoro em?

- o que?

- sabe, em namoro...

- não. Eu já tenho namorada... – torci o nariz, lá ia eu apanhar dela no meio da cantina.

- Vero... mas se você ama a Camila como disse a pouco, porque não termina com ela e fica logo com a Camila?

- porque a Camila não me ama? Acho que consigo receber mais afeto de uma serpente do que dela! – Dinah estalou um tapa no meu braço e eu senti meus olhos lacrimejarem – Ai! Por que infernos fez isso? – esfreguei o lugar que já estava vermelho.

- você também não se comportou como uma linda cavalheira Jauregui!

- eu to na maior ressaca, passando o meu tempo de descanso cuidando, sendo uma completa trouxa por uma garota que vive me chamando de "jaurecoral" tudo pra apenas arrancar um mísero sorriso dela... quero que ela goste de mim Dinah... só um pouco, ai sim eu sequestro ela e forço ela a casar comigo.

- ual, mês passado eu tive essa mesma ideia de sequestrar a Mani...

- mas ela era trouxa por você também! Ela ia amar ser sequestrada por você.

- serio? Tipo... ela me curtia? Tipo muito?

- uhum! – sorri enquanto arrumava os lanches da latina numa bandeja – ela vivia babando nas suas pernas...

- ainda não consigo entender o que ela viu no meu irmão!

- nem eu! Seu irmão era tão babaca! Falando nisso ele sumiu né?

- dei uma surra nele e Thomas está morando com nossa tia em L.A. é melhor tirar o sanduiche natural daí, bem capaz da Camila jogar ele pela janela.

- esse infelizmente é para mim... – ela sorriu negando com cabeça. – só de olhar todas essas guloseimas eu já engordei uns dois quilos.

Dinah acabou aceitando apenas o suco de laranja enquanto voltávamos para o quarto da latina. Sinu obrigava a pequena a comer a gelatina do hospital, e os olhos dela brilharam quando me viram, pena que o motivo não era eu e sim a bandeja que eu levava.

- Lauren, acho que nunca te amei tanto na minha vida! – ela sorriu empurrando a gelatina vermelha que a senhora oferecia. – o que trouxe pra mim em?

- um misto quente pra começar e o seu suco de laranja – entreguei a ela e ela torceu o nariz.

- querida a regra é simples, primeiro a sobremesa. Quero aqueles cookies ali – ela apontou para a bandeja que eu tinha deixado em cima do criado mudo. – não quero morrer enquanto eu como misto quente sem antes provar aqueles deliciosos biscoitos...

- nada, primeiro você come o salgado, se você morrer te enterramos ao lado dos biscoitos! – digo e todas me olham com as sobrancelhas curvadas. – não me olhem assim, você descumpriu uma regra e veio parar aqui senhorita Cabello, não queremos que isso aconteça mais uma vez certo? – todas moveram a cabeça negativamente. Camila revirou os olhos pegando o salgado das minhas mãos e mordendo gemendo logo em seguida.

- delicia!

- meu deus! Uma adolescente é mais mãe que eu! Lauren querida depois faça ela comer mais coisas naturais! – mudei o meu olhar para a pequena que fazia caretas na minha direção enquanto Dinah gargalhava batendo palmas.

- quanto tempo ela ainda vai ficar? – perguntei me sentando ao lado dela na cama.

- até amanhã... domingo a tarde ela recebe alta... –Sinu respondeu enquanto arrumava os travesseiros abaixo dela. Teddy ainda estava ao seu lado, e eu suspirei pegando o meu lanche e comendo também.

- heey! – a latina gemeu me olhando furiosa – achei que fosse meu também!

- gulosa! Não, esse é meu! Ou você quer um sanduiche natural sem queijo e presunto? – ela torceu o nariz e eu revirei os olhos.

- todo seu!