Uma vida cheia de nada, preenchida por um enorme vazio, por mais contraditório que isso pudesse parecer. Simples assim. Era ao que se resumia a vida de Lauren. Uma mulher bem-sucedida, de boa aparência, inteligente e todas aquelas coisas que normalmente colocam alguém em destaque numa vitrine de pré-requisitos para um relacionamento e mais a faziam parecer uma personagem clichê saída de um livro, do que uma mulher de verdade. Mas como alguém que tem tudo, poderia ao mesmo tempo, não ter absolutamente nada? Era o que ela tentava entender.
Apesar de ter sempre o que queria em suas mãos quando bem quisesse e entendesse, Lauren nunca deixou que isso subisse a cabeça, afinal, tudo o que tinha era fruto de seus esforços, estudos e também dos riscos aos quais se submeteu ao longo do caminho. Sempre fez questão de manter sua família e seus amigos por perto, sempre procurando ser feliz com o que a vida tinha de melhor e mais simples, algo que a deixava muito orgulhosa de si mesma. Mas ainda assim, algo faltava. Algo que não podia ser preenchido com bebidas, boates cheias de pessoas vazias e nem mesmo com as mulheres com quem eventualmente se deitava para tentar esquecer um pouco do vazio que trazia dentro de si. Até mesmo nos momentos mais leves do seu dia a dia, quando estava rodeada das pessoas que amava, se alguém olhasse com atenção, poderia reparar que havia certa melancolia em seu sorriso, um ponto de tristeza que estava sempre por ali a rondando vem em quando.
Já fazia tempo que não carregava em seu rosto aquele sorriso que muitas vezes encantou a muitos, que não era mais aquela garota que sempre via o lado positivo em tudo, que nunca estava triste, que passava por qualquer coisa sem medo, pois sabia que no final, as coisas sempre se ajeitavam e o tempo colocava tudo em seu devido lugar. Ao menos, era o que costumava pensar.
Há tempos deixara de ser ela mesma. Havia se perdido. Tanto tempo que já nem se lembrava mais de como ou quando isso aconteceu. Pode ser que talvez nunca tivesse de fato esquecido, e no fundo, ela sabia bem que essa era a verdade, seu subconsciente fazia questão de maltratá-la sempre que a oportunidade surgia. Existiam marcas e cicatrizes dentro de si, que mesmo depois de tanto tempo, nunca foram realmente curadas e latejavam ainda mais quando os dias eram frios e escuros, quando uma companhia seria mais do que bem-vinda, mas parecia nunca estar disponível. Lauren já havia perdido noites e noites de sono por conta disso, por não saber mais o que fazer para simplesmente se livrar de toda essa sensação que trazia em seu peito. Era irônico que se sentisse tão angustiada por uma vida que muitos julgariam como perfeita, afinal, a liberdade é almejada por muitos. Mas naquelas circunstâncias, ser tão livre a tornava prisioneira de si mesma e de seus fantasmas.
Seu estado a impedia de sentir que o vento trazia mudanças, o encerramento de alguns ciclos para que outros se fechassem ou recomeçassem, tudo era uma questão de ponto de vista. Algo se aproximava, ela só não sabia disso ainda...
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