1. Spirit Fanfics >
  2. Glass Bridge >
  3. Capítulo 64

História Glass Bridge - Capítulo 64


Escrita por: Gi-Ka

Notas do Autor


Agradecemos aos 460 favoritos e a todos que comentam!!! :D

Para mais informações ou se quiserem bater um papo com as autoras,
nos sigam no Twitter: @giseledute | @isidoroka ;)

Capítulo 64 - Capítulo 64


Hoseok não havia saído da cama quando Yoongi voltou para o castelo e aquilo era muito estranho, afinal passava do meio dia e o vidente tinha hábito de acordar bem cedo para curtir a natureza, como Jung sempre falava.

– Amor, está tudo bem? – Yoongi perguntou, levando a mão ao cabelo do namorado e esfregando com carinho. – Está sentindo algo?

Hoseok nada falou, somente fez um som estranho com a boca e puxou ainda mais o edredom, de forma que Yoongi retirasse a mão do seu cabelo. O escudeiro suspirou alto, mas resolveu dar alguns minutos para o moreno.

Após algumas pequenas tarefas e uma passada na cozinha, Yoongi voltou para o quarto com uma bandeja que misturava almoço com café da manhã, afinal não sabia o que Hoseok realmente iria querer comer.

– Seokie, voltei… Trouxe comida para a gente – disse Yoongi, apoiando a bandeja na escrivaninha. – Estou com fome, você não está?

O moreno não respondeu.

– Fala comigo, amor, por favor – pediu o escudeiro, novamente sentando-se na beirada da cama. – Foi alguma visão?

Hoseok não falava, mas seu corpo chacoalhava levemente na cama seguido de alguns soluços e Yoongi soube que o namorado estava chorando.

Sem perder tempo, Yoongi abraçou Hoseok de qualquer maneira, afinal a posição não era a das melhores.

Os dois ficaram daquela maneira por alguns minutos, até Hoseok movimentar-se de forma que ficasse de frente para o namorado, que se aconchegou na cama, passando os dedos no rosto do moreno, retirando as lágrimas insistentes.

– Fala comigo, amor – pediu Yoongi, levando os dedos a franja do namorado e a retirando de cima dos olhos. O cabelo de Hoseok precisava de um corte. – O que aconteceu?

– Não sei… Quer dizer, eu tive uma visão – explicou o moreno, fungando. – Mas não consigo interpretá-la. Mas era tão ruim, Yoongi… Eu estou me sentindo mal. Eu estou com tanto medo. Tudo o que eu vejo é terrível e está se tornando mais e mais constante, o que significa que está próximo de acontecer…

– Calma, Seokie…

– Não consigo, Yoon! Pessoas irão morrer! – disparou o vidente, fechando os olhos. – Você pode morrer…

– Amor, não tenho medo da morte – disse Yoongi, suspirando fundo. – Mesmo que eu morra agora, posso dizer que vivi bem, principalmente nesses últimos meses, com você.

– Não fala isso, por favor… Não fala isso.

– Desculpa, Seokie… Mas, uma guerra vai acontecer; mortes são inevitáveis.

Hoseok chorou ainda mais forte e Yoongi se odiou por ter aberto a boca.  O loiro então abraçou o outro, sussurrando palavras de conforto e carinho na orelha do moreno até sentir este se acalmar e finalmente adormecer vencido pelo cansaço.

Yoongi fingia não perceber, já que Hoseok queria assim, mas as visões do namorado estavam cada vez piores e ele não sabia mais como lidar muito bem com aquilo. Min queria poder ajudar mais, fazer algo para deixar Jung calmo, porém além dizer que tudo ficaria bem, nada mais sabia.

A primeira vez que acreditou realmente no dom de Hoseok, pensou como seria bom ter visões sobre o futuro e assim evitar várias tragédias e problemas, porém atualmente conseguia perceber como era estressante e sofrido para o moreno passar por aquilo e ainda sentir-se responsável por mudar tudo de ruim que pudesse a vir acontecer.

Uma batida na porta, minutos depois, tirou Yoongi de seus pensamentos. Com cuidado, o loiro levantou-se de forma que não acordasse Hoseok e foi até a entrada, encontrando Jungkook com um sorriso.

– Boas notícias? – Yoongi questionou, ele tentou sorrir, mas deveria ter saído mais com o uma careta, pois o sorriso de Jungkook morreu aos poucos dando lugar a uma faceta preocupada.

– O que aconteceu? Hobi está bem?

– São as visões… – disse o escudeiro, olhando para trás e saindo do quarto, fechando a porta com cuidado. – Elas drenam ele.

– Minnie disse que a meditação ajudou um pouco, mas não tinha mais muito o que fazer. Provavelmente é o futuro que é terrível.

– Anda, me fala algo bom. Tô cansado de desgraça – disse o escudeiro, apoiando as costas na parede. – Qual foi a sua decisão? Me diga que não terei que te bater.

– Eu escolhi Hyunwoo…

– Você fez o quê?! – Yoongi disparou a pergunta, dando um passo à frente. – Eu vou te meter a porrada, moleque. Você bebe mijo de manhã?!

Hey!

– ‘Hey’ coisa nenhuma! Você tem duas pessoas que te amam e que você também os ama. Por que vai se casar com ele?

– Céus, você não é nada engraçado. É mentira, okay? Eu escolhi Tae e Minnie. Estou indo conversar com Hyunwoo antes de encontrar minha irmã. Aliás… – Jungkook proferiu mais baixo, aproximando-se do escudeiro. – Aparentemente ela expulsou Hyunah do castelo. As empregadas estavam recolhendo os pertences dela e uma carruagem está sendo preparada.

– Como é que é?! – Yoongi arregalou os olhos passando as mãos pelos fios loiros bagunçando-os. – É muita informação; ‘tô até tonto agora…

– Fresco – falou o mais novo, revirando os olhos. – Mas eu vi Jiwoo e ela está feliz da vida…

– Eu também estou! Já estava na hora da sua irmã se tocar que aquela mulher não prestava!

– Não sei o que aconteceu, mas estou muito feliz com isso – afirmou Jungkook. – Hoje é um ótimo dia!  

– Hoseok vai adorar saber da sua decisão, Kookie. E que Hyunah está deixando o castelo.

– Tomara que o alegre um pouco – proferiu o príncipe. – Ah! Pelo visto Jack ‘tá melhor… eu vi Jaeh o ajudando a sair do quarto. E minha irmã está chamando para o almoço.

 – Se Hoseok acordar eu o levarei para o almoço. Ele precisa descansar.

– Tudo bem… Eu vou indo lá falar com Hyunwoo. Deseje-me sorte.

– Quer que eu vá junto? – questionou o loiro, preocupado. – Acha que ele reagirá mal?

– Não… Eu preciso fazer isso sozinho – afirmou o moreno. – Mesmo que reaja mal, ele não vai me atacar dentro do meu próprio castelo. Meu medo é ele resolver não mais apoiar Seokjin por conta da minha decisão.

– Não acho que ele seja infantil assim… Mas se acontecer, você me fala que dou um jeito rapidinho – Yoongi afirmou, estalando os dedos da mão. Jungkook riu. – Não se preocupe com isso, Kookie. Tudo vai dar certo, okay?

Jungkook sorriu e abraçou Yoongi. O loiro sempre havia sido a sua fortaleza e ficava extremamente feliz por tê-lo em sua vida.

O príncipe então sorriu e correu pelo corredor decidido a fazer o que era certo de uma vez por todas.

 

 

Yoongi estava dobrando algumas roupas quando Hoseok acordou, sentando-se na cama, com os olhos arregalados. O loiro correu para o lado do namorado, vendo-o se acalmar assim que percebeu que sua visão não estava acontecendo naquele momento.

– Eu dormi por quanto tempo?

– Ah… Meia hora mais ou menos… – disse o loiro, levando a mão ao cabelo do namorado e afagando o local. – Sente-se melhor?

– Sim – Hoseok proferiu, mas sua mentira não enganou nem a ele, quem dirá a Yoongi, que deixou os lábios em uma linha fina. – Que cheiro é esse? Hmmm… Estou com fome.

– Eu trouxe comida – disse o escudeiro. – Mas agora já está gelada… Você não prefere descer e almoçarmos com a rainha?

– Ela não gosta muito de min, Yoon…

– Somin expulsou Hyunah e Jungkook está namorando Jimin e Tae.

– O quê?! Oh! Vamos descer! – disparou o moreno, batendo na cama como uma criança faria. – Quero ver as tretas de perto!

Yoongi riu, mas no fundo sabia que o namorado estava fingindo uma falsa animação para o escudeiro não ficar preocupado. Aquilo deixava o loiro um pouco triste, pois queria ser um porto seguro para Hoseok assim como o vidente era para ele, mas se o moreno precisava de tempo de para confiar nele, Min esperaria e estaria ali para quando Jung precisasse.

O moreno caminhou pelo quarto pegando algumas roupas limpas e então indo para o banheiro para tomar um rápido banho enquanto Yoongi recolhia alguns pertences e arrumava um pouco a cama, mesmo sabendo que uma das empregadas do castelo logo iria fazer a faxina.

Quando Hoseok deixou o banheiro, o escudeiro pode sentir o aroma cítrico do shampoo e ouvir o namorado cantarolar uma melodia conhecida apenas por eles dois, afinal era uma das composições de Yoongi.

– Vem cá… – o loiro chamou com um sorriso gentil que apenas se expandia conforme o dançarino se aproximava dele, exibindo pela primeira vez em vários dias seu sorriso verdadeiro, permitindo ser abraçado e beijado pelo loiro. – Eu te amo, Seokie.

– Você me mima com tanto amor – brincou Hoseok, deixando um beijo nos lábios do loiro. – Eu também te amo.

– Conseguiu encontrar algo sobre licantropos? Ontem eu cheguei você já dormia…

Hoseok ainda tentava achar a família, mas como Yoongi ou tinha que proteger Jungkook ou ajudar no treinamento dos novos recrutas do exército, o moreno ficava sozinho em sua busca. Quer dizer, com Dawon e, sinceramente, era uma das melhores companhias para Jung, que aprendera a se divertir com a coruja após tantos anos.

A coruja já havia até mesmo ganho um nome em sua versão humana – Hyerin –, para que Hoseok pudesse caminhar com ela pela biblioteca do palácio.

– Não muito… Mais do mesmo – disse Hoseok, suspirando fundo. – Eu devo ser mesmo de outro continente. Pois meus traços eu posso ter herdado do meu pai…

– O que você pretende fazer?

– Não sei… Depois da guerra talvez eu possa ir em outros reinos licantropos…

– Não quer ir agora?

Hoseok enrugou a testa e se afastou do loiro, não entendendo o que Yoongi queria dizer.

– O que você quer dizer? – questiono o vidente. – Quer se livrar de mim?

– Claro que não… Só estou dizendo que talvez seja melhor partir antes da guerra.

– Você está estranho – afirmou o moreno, cruzando os braços. – O que está acontecendo?

– Depois da guerra pode ser difícil deixar o reino…

– Yoongi, por favor – pediu o moreno, novamente aproximando-se do namorado, dessa vez tomando suas mãos. – Me fala a verdade… Estamos em um relacionamento e eu pr-

– Fui designado para a linha de frente – disparou o loiro interrompendo o pedido do namorado. – Vão arranjar algum outro escudeiro para a Kookie durante a guerra e eu vou lutar. Quer dizer, eu já sabia que iria, mas… De qualquer maneira, talvez seja melhor você partir antes de tudo.

– Isso é um absurdo! Como assim você não será escudeiro de Jungkook? – Hoseok perguntou, afastando-se novamente no namorado. Ele estava nervoso e por isso começou a andar pelo quarto, mal escutando as palavras do loiro. – Kookie sabe disso?

– Ainda não contei… Mas Seokie, isso é normal. Eu sou bom no meu trabalho… Não é nenhuma surpresa eu ser designado para a linha de frente.

– A rainha sabe disso?

– Sim? Provavelmente ela que assinou – disse o escudeiro. – Mas isso não é o fim, Seokie… Não quer dizer que vá morrer. Só quero garantir que você sairá do reino com segurança e talvez indo agora seja o melhor.

– Não vou sair coisa alguma do reino – afirmou o moreno, expirando com força. – Vamos logo para esse almoço.

Yoongi franziu a testa, mas nada comentou enquanto os dois saíam do quarto. O escudeiro estava pensando que havia sido tudo muito fácil, já que o moreno mal discutira sobre o assunto.

Hoseok, por outro lado, tinha um plano em mente. Ele iria para aquele almoço e daria um jeito de conversar com a rainha, não importava de que maneira. Onde já se viu arranjar outro escudeiro para Jungkook e colocar Yoongi na linha de frente? A monarca estava maluca?! Jung tiraria aquela história a limpo e daria um jeito de Somin reverter aquela situação.

Chegar à sala de jantar não demorou muito para acontecer.

Somente Somin e Jiwoo estavam na grande mesa. Yoongi ficou sem graça de interromper, mas logo recebeu um sorriso da rainha – o que o fez levantar uma sobrancelha –, e por isso sentou-se, indicando que Hoseok ficasse ao seu lado.

O escudeiro logo reparou como sua amiga parecia brilhar, sem contar os sorrisos que ela dava e todos eram na direção da rainha. Havia ocorrido algo e Min já estava feliz com aquilo.

– Jiwoo, cadê sua roupa de escudeira?

A pergunta partiu de Hoseok, que olhava para as duas mulheres à sua frente como se soubesse de algo. Yoongi ponderou se o namorado havia tido alguma visão sobre as duas ou se somente estava sendo um bom observador e queria descobrir o resto na conversa. Por fim, Min nada falou, afinal não era uma pergunta ofensiva ou coisa do gênero, então não tinha problema uma simples curiosidade.

– Ah… Não sou mais uma escudeira – disse a loira, colocando o cabelo atrás da orelha. – Pelo menos não da rainha…

– Quê? – Yoongi disparou a pergunta, surpreso. – O que aconteceu?

– Nada grave – falou a rainha, ganhando atenção dos homens. Ela bebericou um gole de suco de laranja antes de continuar sua fala. – Só que eu farei Jiwoo minha princesa.

A surpresa atingiu três pessoas, inclusive Jiwoo, que não esperava por aquilo. Para ser sincera, a loira nem esperava pelo título de namorada, somente estava feliz por novamente estar ao lado de Somin como muito mais do que escudeira. Céus, no momento seu coração batia tão rápido que a moça não soube o que fazer, além de se levantar em um impulso e beijar a rainha.

A morena sorriu por entre o beijo, sentindo os fios loiros batendo em sua bochecha enquanto Jiwoo parecia vários centímetros mais alta do que ela, porém a verdade era por conta da posição, já que Somin estava sentada, com o rosto levemente inclinado para cima enquanto a ex-escudeira a beijava.

– Então, Vossa Majestade pode ser feliz com Jiwoo, mas Yoongi tem que morrer na guerra?

O loiro engasgou no suco ao mesmo tempo que se assustou, pois, a voz de Hoseok era alta, forte e desafiadora.

– Hoseok! – A voz de Yoongi soou surpresa e antes que ele pudesse controlar o namorado, a rainha se colocou de pé. – Majestade, e-

Somin interrompeu o escudeiro com um silvo alto que proferiu com a boca ao mesmo tempo que contornava a mesa, a passos lentos se aproximou de Hoseok. Ela não gostava daquele olhar, detestava a confiança que aquele simples andarilho tinha de lhe dirigir a palavra com tanta ousadia e petulância.

– Eu estou farta da sua personalidade.

– Somin, por... – Jiwoo tentou intervir, também se colocando de pé, mas não arriscando caminhar na direção da rainha.

Somin olhava furiosamente para o andarilho e este que retribuía o gesto na mesma intensidade.

– Quem você acha que é para contradizer minhas decisões?

– Como você pode colocá-lo na linha de frente? Yoongi é a mão direita do seu irmão – afirmou o vidente, apontando o dedo indicador para a morena. – Como você acha que Jungkook irá reagir a isso, hn? Ele vai morrer lá; todos…

Hoseok sentia como se seu coração fosse explodir em seu peito. Lembranças das visões invadindo sua mente como tempestades de horror e desespero.

– Seu insolente! Minhas decisões não lhe dizem respeito. Eu sou a rainha e não devo ser contrariada por um qualquer.

– Como sua decisão não me diz respeito? – questionou Hoseok, com raiva. – Você está mandando o amor da minha vida para linha de frente de uma guerra! Duvido que se a situação fosse contrária, você se sentiria como eu; se fosse Jiwoo indo para linha de frente saberia exatamente o que eu estou sentindo.

– Eu sou a rainha! Foda-se que ele é o amor da sua vida! – Somin gritou, batendo com o punho na mesa. Uma rachadura surgiu no mesmo instante no tampão de madeira. – Sou sua rainha! Esse é o meu último aviso: não discuta as minhas ordens!

– Você não é a minha rainha! Você não é nada minha!

– Como ousa?!

– Seokie, por favor – pediu Yoongi, com os olhos arregalados e uma das mãos no braço do namorado. – Para, por favor… Por favor…

Yoongi estava apavorado, pois havia até um certo ponto onde poderia livrar Hoseok da morte certa e, naquele momento, a barra de porcentagem estava quase em zero. Se o vidente irritasse a rainha um pouco mais, mesmo que Min caísse de joelhos e implorasse, duvidava que as coisas terminassem bem para o namorado.

O escudeiro tinha mania de preparar planos em situações desesperadas e aquela era uma para ele, então, por isso, a mente de Yoongi já trabalhava em uma forma de escapar daquele castelo com Hoseok em segurança, pois pelo olhar da rainha, era claro que ela queria a cabeça de Jung em uma bandeja de prata.

– Retire o que disse agora mesmo ou…  – Somin ameaçou dando um novo passo.

– Ou o quê? – Hoseok comprou a briga, dando um passo ele mesmo na direção da rainha, para desespero do namorado e de Jiwoo. – Vai me matar? Acho que tenho medo de monarcas? Já vi vários e também suas derrotas. Vocês são uns nada, igual a gente, igual a mim. A diferença é um castelo luxuoso e dinheiro. Mas, no fim do dia, vocês todos sangram.

 – Você está me ameaçando?

– Eu não! Foi você quem me ameaçou segundos atrás, não distorça minhas palavras…

 – Retire o que disse agora!

Hoseok não gostava do tom da rainha. Algo nela sempre o deixara desconfiado, nervoso e incerto, fora a maneira com que ela sempre o olhava com soberba. Era diferente com os outros, mesmo eles também serem forasteiros como ele. Somin o tinha colocado em uma classe ainda mais abaixo deles e o olhava com superioridade. E aquilo o irritava.

– Agora!

A rainha gritou e no fim de sua voz, o andarilho reconheceu o rosnado.

O escudeiro sabia que Somin estava dando tantas chances a Hoseok por causa de Jungkook, afinal ele mesmo já havia entrado nesses momentos de bondade da monarca. Quantas vezes, ainda mais adolescente, tinha dado olhares raivosos ou respondido atravessado para seus governantes e no fim era simplesmente ignorado por conta do seu protegido?

– Não irei retirar porra nenhuma! – Hoseok gritou, assustando a todos, inclusive Yoongi, que já estava desesperado com o futuro do vidente. – Você vai mandar Yoongi para a linha de frente! E todos esses anos que ele protegeu Jungkook? Ingrata! É isso o que você é! Uma ingrata do caralho!

– Você não sabe de nada! Quer falar de ingratidão? Eu te alimentei, te dei um teto e tudo o que você faz agora é me desrespeitar debaixo do meu castelo!

– Eu não preciso de nada disso! Eu fiquei por Yoongi! – disparou o vidente, puxando o braço ao sentir os dedos do loiro tentando o mover para trás. – Porque o amo! E agora você assinou a sentença de morte dele!

– CALADO! – berrou Somin. Os pelos da nuca de Yoongi se arrepiaram e ele não sabia exatamente mais o que fazer. Hoseok estava condenado. – Eu mando aqui! Eu mando em todo o reino!

Somin rosnou, alto, deixando claro o seu poder.

– VOCÊ NÃO MANDA EM MIM!

A resposta veio imediata da parte de Hoseok, seguida do rosnado mais alto que Yoongi já havia presenciado. O loiro conseguiu escutar os vidros das taças que estavam na mesa rachando e alguns até se quebrando. Era muito poder, de ambos os lados, o escudeiro não tinha vergonha de admitir que estava com medo naquele momento.

Hoseok continuava com os olhos fixos em Somin, mas não era mais capaz de ver seus olhos, afinal a rainha estava de cabeça baixa. A constatação pegou a todos de surpresa e apenas o silêncio reinou por longos e intermináveis segundos.

Jiwoo fitou a namorada e em seguida Yoongi, que pareceu fazer o mesmo movimento e no momento a encarava, sem entender o que aquilo significava.

O vidente, igualmente ao outros, também não entendia o que tinha acontecido. Afinal, por que a rainha Jeon estava abaixando a cabeça para ele? A surpresa e a falta de entendimento foi tanta, que os olhos dourados de Hoseok foram perdendo o brilho, até novamente se tornarem castanhos.

Somin levantou a cabeça, seu cabelo saindo de seu rosto, com o movimento. Dos olhos da monarca, grossas lágrimas escorriam e no silêncio mortal que estava no ambiente, o soluço da rainha pareceu alto e sofrido.

– E-eu… me desculpa. E-eu… – Hoseok não entendia nada, ele queria se desculpar, pois não queria ver a outra chorando, sentia-se da mesma maneira com que se fosse Jungkook na frente dele.

– Eu não assinei ne-nenhum do-documento para enviar Yoongi… – Somin estava soluçando, provavelmente tentando conter o ímpeto do choro.

– Por que… por que me deixou gritar com você, então?! Eu estava errado, me desculpa!

– Eu não deixei você gritar comigo! Você… Você é meu alfa!

Yoongi quis gargalhar, pois todas as teorias que manteve para si ao longo daqueles meses estavam realmente certas, mas Hoseok parecia ainda não entender o que estava acontecendo e por isso balançava a cabeça negativamente, como se estivesse indo contra as palavras da rainha.

– Não sou, Vossa Majestade – disse Hoseok, estalando a língua para o tratamento. Ele nunca gostou de os usar, achava realmente soberbo e exagerado, mas no momento somente queria ver a rainha parar de chorar e se isso ajudasse, iria falar o que fosse preciso. – Foi… hn… surpresa, só isso… Me desculpe.

– Não… não foi! Você não me respeita, pois, o seu lado licantropo não permite e eu odeio você porque meu lado alfa se sente ameaçado – Somin proferiu de uma só vez, respirando fundo, mas ainda assim ela sentia que o ar não era o suficiente. – Quem é você? Me diga!

– E-eu? – O vidente gaguejou de surpresa. Que pergunta era aquela? A rainha o conhecia. – Sou… Hoseok? Órfão? Cresci em um orfanato…

– Tem mais nessa história – disse a rainha, estreitando o olhar. – E você sabe…

– Talvez seja melhor ter essa conversa em um lugar mais privado – afirmou Yoongi, mostrando com a cabeça o local onde estavam, afinal qualquer um poderia entrar na sala de jantar. – E… chamar Jungkook?

– Já era para ele estar aqui.

– Somin, meu amor… Se acalma um pouco, hm…  – Jiwoo pediu, tomando coragem para segurar a mão da rainha que com um suspiro pesado aceitou a sugestão, puxando a namorada para um abraço apertado. – Eu sei que você está nervosa, mas Hobi não é inimigo, okay?

A loira confiava em Hoseok, afinal Yoongi tinha plena confiança nele, então de alguma forma, a rainha sentia-se minimamente mais tranquila.

Então, não demorou muito para seguirem até o local mais privado que existia no castelo: o pequeno escritório da rainha.

Hoseok agarrava a mão de Yoongi, em parte por perceber como havia sido irresponsável, afinal, e se Somin ficasse com tanta raiva que descontasse em seu namorado? Céus, havia colocado tudo a perder e agora se arrependia amargamente.

– Você é órfão, mas é um licantropo – Somin começou a falar, sentando-se na cadeira que ficava atrás da mesa. Ela estava tentando mostrar que o seu lugar era sempre o de poder. – Por que uma família real te abandonaria?

Hoseok encarou Yoongi, como se pedisse permissão para contar a verdade e o namorado apenas balançou a cabeça, apertando a mão dele como um gesto de segurança.

– E-eu sou um híbrido.

– Igual a Jungkook?

A rainha ainda nem sabia das boas notícias e aquilo fez Yoongi se movimentar desconfortavelmente na cadeira. Somin logo o fitou, com um olhar sério.

– Jungkook… O soro de Taehyung deu certo – comentou Yoongi, vendo a expressão da rainha se suavizar. – Achei que Vossa Majestade já sabia… Kookie agora é só um licantropo.

– Eu fico aliviada! – Somin disse, respirando fundo. – Cadê Jungkook?

– Está falando com… o noivo.

Argh – disparou a morena, revirando os olhos. – Okay… … Hoseok? Eu ainda estou esperando uma resposta.

– Eu já disse. Sou um híbrido. Eu não sabia, vivi a vida em um orfanato. Não sabia nada da minha origem até pouco tempo atrás, quando conheci Yoongi e Jungkook.

– O que isso significa?

– Na floresta… Eu me transformei pela primeira vez – explicou Hoseok, abaixando a cabeça. – Eu quase matei Yoongi.

Yoongi apertou de leve a mão do namorado, mostrando que estava ali para ele e que aqueles dias haviam ficado para trás. Min somente se lembrava da floresta quando queria reviver seus primeiros momentos apaixonado por Hoseok.

– Entendo… Sinto muito – disse Somin, genuinamente sentida, afinal sabia como era difícil aquele momento, ainda mais sem saber suas origens. – Você deve ter ficado muito confuso.

– Sim! Ainda mais quando descobri que também sou uma fada – afirmou o moreno. – E que Jimin é minha família.

– Espera… Como é que é?

– Park Jimin é o príncipe Park que se perdeu durante o ataque ao reino das fadas.

– Eu ainda estou confusa…

– E não estamos todos? – brincou Hoseok, vendo um brilho divertido passar pelo rosto da monarca. – Mas, sério… Eu não sei como posso ser o seu alfa. Achei que era só em Jungkook por ele ser mais novo… Talvez seja isso, não?

Somin balançou a cabeça negativamente.

– Qual a sua data de nascimento? – perguntou a rainha.

– No meu registro nada dizia – explicou Hoseok. – Mas o diretor do orfanato me disse que cheguei em fevereiro de Quinhentos Depois da Guerra. Aí eu inventei uma data… Sempre gostei do número dezoito…

– Tudo bate – murmurou a monarca.

– O que bate?

– E-eu acho que você é meu irmão. – Somin observou os olhos de Hoseok se arregalarem com a surpresa e percebeu que ela mesma não deveria estar parecendo muito mais composta. – Pouco antes dos meus pais partirem na viagem em que sofreram o acidente, minha mãe estava muito nervosa, como se soubesse que não iria voltar… – A voz da morena sumiu e ela teve que respirar fundo algumas vezes para não chorar. Ainda doía comentar e se lembrar dos pais. – Ela me contou como antes do meu pai, houve alguém e que desse amor havia nascido uma criança. Minha mãe pediu para que quando eu fosse rainha, encontrasse meu irmão mais velho.

– M-mas pode ser qualquer um – disparou Hoseok. Ele não queria ter esperanças e se enganar. – Não significa que seja eu.

– Não… Ela me disse que eu deveria protegê-lo. Que o mundo não iria ser bondoso com ele porque meu irmão era especial – explicou a morena. – É você. Porque você é um híbrido e existe uma lei que literalmente proíbe a sua existência, Hoseok!

– Mas… Mas…

– Somente familiares próximos são afetados pela relação de alfa, beta e ômega – afirmou a rainha, com um sorriso. – Se você fosse, sei lá, meu primo, nada ia acontecer. Claramente não és meu pai, nem filho, então…

– Sou seu irmão – concluiu Hoseok, sentindo seus olhos encherem de água e a respiração falhar. – Jungkook é meu irmão… – disse o vidente. – Mas… por que… Eu estive procurando todo esse tempo… Por que você não me procurou?

– Eu procurei! Mas… ela nunca soube o que aconteceu com você. Disse que te entregou para o homem que amava e ele o levou para longe. Eu não podia sair por aí dizendo que minha mãe tinha um outro filho que minha coroa não me pertencia, Hoseok… Me desculpa.

– Hoje, eu poderia ser rei de dois reinos – comentou Hoseok. Somin mudou de postura no mesmo instante, com o corpo todo tenso e um olhar que indicava que estava pronta para lutar. – Ei, calma! Eu não ligo para isso, sério! Eu só queria uma família… E que essa família me abraçasse.

– Mas… é o seu direito. Você é o alfa, Hoseok.

– Não, é o seu direito – afirmou Hoseok, balançando a cabeça negativamente. – Você nasceu para isso, é tão óbvio. Suas atitudes, sua segurança no que faz, tudo… Somin, você é uma rainha e ninguém pode te tirar isso. Desculpe-me por gritar mais cedo… Eu não fiz para tentar ser superior a você. Eu só estava com medo.

– Eu não assinei para colocar Yoongi na linha de frente. Nunca faria isso.

– Majestade… Seu nome estava lá no documento assinado – comentou o escudeiro. – Com a sua assinatura. Matthew e Seph também estão… E vários outros escudeiros formados.

– Hyunah – disse a rainha, fincando as unhas nas palmas das mãos. – Só pode ter sido ela. Eu fui uma idiota todo esse tempo!

O ambiente ficou silencioso por vários segundos.

– O importante é que você sabe agora… – afirmou Hoseok. – E isso pode ser desfeito, não pode? Por favor, por favor…

– Claro que pode – disse a rainha, com um sorriso. – Eu lá vou deixar meu cunhado na linha de frente? Ele vai ficar ao lado de Jungkook, bem longe de qualquer luta! E você também!

– Mas Majestade… Eu conheço bem as tropas… – o escudeiro proferiu, para logo ser interrompido.

– Yoongi, fique quieto. – Somin revirou os olhos antes de sorrir. – Você não é família só para Jungkook e Hoseok. Agora, sobre abraços… – a morena proferiu, levantando-se da cadeira e virando-se para encarar Hoseok que sorriu e cruzou o pouco espaço entre ele e a irmã, apertando-a em um abraço. – Oh… Eu ia dizer que não sou muito boa nisso… Mas… tá bom.

O abraço de Hoseok era diferente do que Jungkook. Com o irmão mais novo, a morena sentia-se protetora, mas com o mais velho, sentia-se protegida. Era boa aquela mudança, afinal tinha falta de quando era somente uma menina e seus pais a acolhiam em suas asas.

Anos como rainha convenceram Somin de que não precisava de alguém para apoiá-la, mas Jiwoo, Jungkook e agora Hoseok, mostraram-na que estivera enganada e que no final do dia, somente queria ser abraçada enquanto a diziam que tinha feito um bom trabalho.

– Para alguém sozinho no mundo agora eu tenho três irmãos! Três! Uau!

Yoongi riu e apoiou as costas na cadeira. Ele não conseguia mensurar sua felicidade pelo fato de Hoseok ter encontrado a sua família.

– Cadê Jiwoo? – disparou Somin, depois de alguns minutos. – Ela não foi buscar Kookie? Cadê ele também?

Hm… Não sei – disse o escudeiro, enrugando a testa. – Vou atrás deles.

Hoseok ainda tinha um braço na cintura de Somin, quando ele viu.

Era um quarto. Pela janela ele conseguia ver que era cedo, mas a noite estava se aproximando aos poucos, suas cores mesclando no céu. A garotinha estava sendo protegida por dois cães, mas eles não eram capazes de segurar a pantera negra de olhos esverdeados, por mais ferozes que fossem, por mais alto que seus latidos e rosnados soassem.

A garotinha também era feroz, mas a pantera era simplesmente mais forte, com suas garras ela tirou os cães de guarda da frente e atacou a garotinha com uma única mordida.

Um grito e uma explosão.

Quando recobrou a consciência o dançarino se encontrava no chão, com dois rostos preocupados pairando sobre ele.

– Jiwoo. Ela a pegou. Yoon, Jiwoo!

Yoongi não entendeu o que Hoseok quis dizer, mas não houve tempo do vidente explicar o que tinha visto, pois seguido de suas palavras um grito foi escutado.

Segundos depois, uma bomba explodiu.


Notas Finais


Sabem a famosa paz? Acabou na fanfic.

Gostaram do capítulo? Divulguem a fic!
E, por favor, deixem comentários com as suas opiniões; amamos lê-los.

Até amanhã ;*


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...