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História Glue - A Diferença Entre O Remédio e o Veneno


Escrita por: Vyvs

Notas do Autor


Fiquei feliz pelos comentários do capítulo passado e não posso deixar de agradecer. Sério. Muito obrigada. 😍😍😍 eu sei que pode parecer frescura pedir por comentários (e acredite, eu não gosto de ter que pedir) mas eles são muito necessários para que eu possa ter uma noção do que o povo está achando da história.
E eu sou imensamente grata por todos que concedem um pouco do seu tempo para comentar. Obrigada mesmo ❤

Capítulo 15 - A Diferença Entre O Remédio e o Veneno



Jiwoo:

Saí do palco sentindo a decepção congelar meus ossos. Cometi alguns erros durante a apresentação que me tirariam a vitória. Mas o que fazer quando minha atenção só sabia se focar em Somin e Matthew? Os dois estavam tão próximos quanto namorados. Aquilo, somado à pressão sufocante de Yang Mi, tirou toda a minha concentração da dança que estava executando.

Meus músculos também clamavam por descanso. Tudo que eu mais queria era me deitar e dormir até esquecer daquilo tudo. Não queria nem ver o resultado dos solos. Ganhar não era tão importante para mim, porém para Yang Mi era. Prestígio e mais medalhas eram as únicas coisas que lhe importavam, além do dinheiro. 

Andei até os bastidores sentindo-me decepcionada comigo mesma. Não dei meu melhor ali de maneira alguma. Sabia que ouviria coisas horríveis vindas da minha professora e eu não estava preparada para outra sessão de gritaria. 

Como um anjo lá estava Matthew. Alto, forte e preocupado. Ele corria em minha direção, vestindo um blazer azul que destacava sua beleza. Tudo que eu precisava era de um abraço e um pouco de conforto para amenizar minha decepção. Envolvi seu corpo forte com meus braços e ele me apertou contra si.

Estar com Matthew era como uma droga. Me levava para outro mundo além de provocar dependência. Nunca parecia ser o suficiente estar com ele. Sempre queria mais e mais. 

— Eu não vou ganhar oppa — me lamuriei, já derramando lágrimas sobre o tórax dele.

— Não sofra por antecedência — aconselhou BM. 

— Eu sou tão incompetente oppa! — seu abraço ficou mais apertado e eu, consequentemente, mais próxima do seu corpo, inalando seu perfume inebriante. A dor parecia diminuir quando eu estava perto dele. 

— Você é fantástica — elogiou. Meu coração saltou. Aquela reação estava começando a ficar muito comum quando estávamos juntos. 

— Obrigada — sussurrei. 

 

Eu consegui ganhar o terceiro lugar na competição. Meus pais me abraçaram de forma carinhosa, me parabenizaram. Somin fez o mesmo. J.Seph me abraçou e me ergueu do chão, dizendo o quando eu era especial. 

Matthew não disse mais nada, porém o sorriso de pai orgulhoso não abandonava seu rosto. Depositei um beijo carinhoso em sua bochecha antes de encarar o rosto insatisfeito de Yang Mi pouco distante de nós. Ela fez um gesto com as mãos, me chamando para conversarmos e naquele momento eu soube que ia me dar mal.

Era necessário ser forte. Escutar em silêncio tudo que a professora tinha a me dizer, no caso xingamentos sobre a minha incompetência. Fechei os olhos e respirei fundo, tomando coragem para ir conversar com a mulher. 

— Se essa mulher for grossa com a minha filha eu juro que mato ela — mamãe cochichou para meu pai. Abri um sorriso sem jeito e andei até Yang Mi, distante de nós alguns metros. Sua expressão não era nada boa. Eu sabia que ouviria o maior esporro da minha vida. 

O collant preto se ajustava ao corpo magro da mulher de forma quase perfeita. Os saltos altos não eram empecilhos para que Yang Mi dançasse com perfeição. As rugas ao redor dos olhos admitiam que os anos dourados da professora já se passaram há muito tempo, mas mesmo assim sua pose autossuficiente e autoritária não era afetada. 

— Eu esperava mais de você — foi a primeira coisa que ela falou, não economizando a decepção no tom de voz. Baixei meus olhos e encarei meus pés, sem ter coragem de olhar para a senhora. 

— Desculpe-me — pedi num fio de voz. Eu estava nervosa. Agitada. 

— Não, não desculpo. Jiwoo, você está com preguiça ou o que? Isso tudo é incompetência? Eu te treino há quinze anos e você nunca chega à perfeição! Sinceramente, estou desistindo — Yang Mi suspirou. Provavelmente ela não sabia o que aquelas palavras causavam em mim. Coisa boa não era.

— Você engordou como uma porca e ultimamente tem andado excessivamente distraída. Provavelmente arrumou algum homem. Seu comportamento está deixando muito à desejar. 

— Lamento senhora. Eu prometo que nunca mais irei falhar assim — me limitei a dizer. Levantei a cabeça e encarei a expressão de superioridade que ela exibia. 

O motivo d’eu aguentar aquelas grosserias? Ela era a melhor no que fazia. Yang Mi era a melhor professora de toda Seul e, apesar do meu fracasso, nossa academia foi a que mais conquistou prêmios na noite. Eu queria ser a melhor no que fazia, e para isso precisava da melhor professora, no caso aquela velha turrona. 

— Todos esses alunos enchem seu rabo de dinheiro e você ainda tem a audácia de tratá-los mal? — aquela voz grave só poderia pertencer à uma pessoa: Matthew Kim. O vocabulário sujo não deixava dúvidas sobre essa afirmação. 

— Quem é você para falar assim comigo? — Yang Mi parecia estupefata com a pose audaciosa do rapaz. Ninguém nunca questionou sua autoridade ou sua opinião e por essa razão ela parecia tão zangada. 

Um dos braços de Matthew Kim rodeou meus ombros e puxou-me para perto do seu corpo. Ele olhou para Yang Mi como se esperasse que ela entendesse sua insinuação. 

— Então é você que anda deixando Jiwoo tão distraída? — a velha indagou sem abaixar a crista. — Saiba que por culpa sua ela tem mudado demais! Não é mais a mesma!

— Ah, poupe-me por favor! Jiwoo e eu não somos nada além de amigos, e, aliás, nenhum de nós lhe deve satisfação — a voz grave de Matthew ressoava longe. — Você que é uma velha amarrotada que só sabe dar ordens. Incompetente! 

— Incompetente é a sua namorada que tinha tudo para ganhar e ainda conseguiu ficar em terceiro lugar! — a senhora vociferou pingando veneno. — Provavelmente ela só conseguia pensar em ficar de quatro para voc... 

— Já chega! — interrompi o monólogo dela. Também não deixaria que ela me tachasse de vadia e seus derivados. Eu não tinha sangue de barata! — Quer saber? Que você enfie essa escola tão prestigiada no seu rabo! Eu cansei de aguentar seu falatório, seus xingamentos e seu mau-humor! Eu saio dessa merda agora mesmo! Estou fora da escola e espero do fundo do meu coração que você se foda! — minha fala saiu um pouco enrolada graças às lágrimas que inundaram meus olhos. 

Sem aguentar mais ofensas gratuitas eu saí do abraço de Matthew e corri para fora do teatro. Ainda ouvi o rapaz dizendo para a minha família que cuidaria de mim e que não era para eles se preocuparem. Em seguida os passos pesados do rapaz estavam atrás de mim. 

De maneira abrupta ele tomou as chaves do carro que estavam na minha mão e destrancou meu veículo pouco a frente. Tentei recuperar minhas chaves. O esforço foi em vão. Matthew ergueu seu braço anulando minhas chances de pegá-las. 

— Vamos comprar algumas porcarias para comermos em casa — Matthew disse assim que sentou-se no banco do motorista. Entrei no banco do passageiro e fiquei em silêncio. As lágrimas não cessavam e, pelos nós brancos  dos dedos, eu percebi que BM estava preocupado. 

Vez ou outra os dentes prendiam o lábio inferior. Os olhos estavam centrados na rua, mas eu sabia que ele estava preocupado com a minha situação emocional. Tentei secar as lágrimas com as costas das mãos. Eu estava decepcionada e desiludida com as palavras ditas por Yang Mi, repetidas incessantemente na minha memória. 

O percurso até uma loja de conveniências durou cerca de quinze minutos. Já era tarde da noite e aquela foi o único estabelecimento aberto naquele horário. O silêncio entre nós dois reinava, mas eu preferia assim. Precisava lidar sozinha com meus problemas. 

— Vai ficar trancada dentro do carro ou virá comigo? — indagou assim que estacionou enfrente à mercearia. Suspirei alto e saí do carro, deixando a bolsa no banco traseiro. Não me preocupei por estar maquiada de forma exagerada e nem por usar uma roupa chamativa. 

Matthew travou as portas do automóvel e andou rumo às portas de vidro do lugar. Entrei logo em seguida, o suficiente para ver Matthew dobrando um corredor. A loja era um lugar decorado por tons claros, prateleiras baixas e não muito extensa. Cheguei ao corredor de doces, onde o rapaz analisava os produtos dali. 

Parei um pouco distante de BM e comecei a analisar as balas e jujubas coloridas. Alguns minutos se passaram enquanto eu encarava os pacotes coloridos com produtos altamente calóricos. Minha atenção foi roubada quando uma respiração quente bateu contra a pele sensível do meu pescoço, provocando-me arrepios. Aquele cheiro só poderia pertencer à uma pessoa: Matthew Kim. 

Meu corpo se retesou com a proximidade absurda entre nós dois. Os meus batimentos cardíacos aceleraram bruscamente, fazendo com que eu me pegasse pensando se o rapaz estaria ouvindo a bagunça causada dentro do meu peito. 

— Gosto dessas aqui — o rapaz disse, a voz mais rouca que o normal. Mais rouca e, consequentemente, mais sexy. Minhas pernas fraquejaram. Só então percebi seu dedo indicador apontando para um pacote rosa neon com ursinhos brancos estampados no plástico. Lá dentro havia muitas jujubas com sabor ácido. A mão grande do modelo apanhou o doce que estava enfrente ao meu rosto e jogou na cesta vermelha que carregava no braço.

Ele se afastou e continuou andando pelo corredor. Precisei de alguns segundos para recuperar minhas forças gastas com aquela aproximação inesperada. Matthew Kim não precisou ao menos me tocar para que eu perdesse a sanidade. 

Segui-o até as bebidas. Estudava atenciosamente as garrafas de refrigerante completamente indiferente. Ele não estava nem um pouquinho alterado pelo que acabara de acontecer. Esperei que ele não notasse a vermelhidão do meu rosto. 

— Acho melhor você não consumir álcool — comentou. — Que tal um refrigerante? 

— Tudo bem — concordei fracamente. 

 

As horas se passaram e eu ainda estava deprimida, mesmo após ingerir todo aquele açúcar. Eu só esperava que meu organismo não reagisse mal àquela quantidade enorme de porcarias.

A madrugada ia longe. Matthew Kim e eu estávamos sentados no sofá assistindo à um filme de péssima qualidade sobre zumbis. Vez ou outra ele soltava um comentário ácido sobre o longa metragem, criticando até os mínimos erros das cenas. 

— Olhe lá! — apontou para a tela da TV. — A maquiagem daquele zumbi está tão horrível que é visível a cor da pele da atriz — o zumbi era parecido com uma mulher usando um vestido em farrapos. Quando analisei melhor era visível uma faixa branca de pele logo abaixo da orelha do zumbi. 

Nem mesmo um sorriso eu consegui esboçar. Recostei minha cabeça em seu ombro e suspirei alto. Por mais que eu quisesse meu humor não melhoraria tão rápido assim.

Matthew levou uma jujuba à sua boca e mastigou o doce molenga fazendo uma careta. Pelo visto aquilo era muito azedo, mas ele adorava e metade do pacote já se encontrava no seu estômago. 

— Não gosto de ver você abatida assim — comentou. Demorei alguns segundos para encontrar palavras para dizer. 

— Desculpe-me por estar sendo uma péssima companhia — murmurei. Eu não sentia sono e estava agradecida por BM estar me fazendo companhia. Mãos tocaram meu rosto e pouco depois seus lábios tocaram minha testa com ternura. 

— Eu só quero te fazer sorrir outra vez — desabafou. Maldita palpitação! — Já sei! — exclamou. — Vou ligar para Somin — voltei a deitar a cabeça no seu ombro sentindo irritação. Aquele ciúme ardeu em meu peito. Matthew sacou o celular do bolso da calça e ligou para Somin, deixando a ligação no viva voz. 

Ele vestia apenas uma elegante camisa branca, agora amassada e manchada. Seu blazer estava jogado na mesa de centro da sala, enquanto os pés ainda calçavam meias brancas e grossas. 

— O que foi Inferno? — Somin rosnou do outro lado da linha. Seu clássico mau-humor quando estava sonolenta. 

— Eu quero te pedir uma coisa — Matthew disse, sem se abalar pela grosseria da outra. — Você disse que seus pais tem uma casa no litoral. Será que Jiwoo, J.Seph, você e eu poderíamos passar uns dias por lá? Claro, se isso não for um problema para a sua família. 

— É uma ótima ideia — Somin concordou. — E minha amiga? Está melhor? — preocupou-se. 

— Um pouco. Nada extraordinário — Matthew disse sem conter um suspiro alto. — Por isso sugeri que passássemos alguns dias no litoral. Quem sabe assim ela se distrai dos problemas? 

— Ótima ideia — Somin bocejou. — Que dia nós iremos?

— Que tal amanhã depois do almoço? — Matthew sugeriu. 

— Ótimo. De manhã eu ligo avisando para os meus pais. Comprarei nossas passagens — outro bocejo vindo da minha amiga. — Vou dormir. Um beijo para você.

— Outro pra você — a ligação foi encerrada. O ciúme martelou pesarosamente dentro de mim, mas eu não disse nada. 

— Não acha que amanhã será muito precipitado? — perguntei. Matthew negou com a cabeça. Seu braço circundou meu corpo e me trouxe para perto do seu. Minha cabeça se apoiou em seu peito e então eu relaxei um pouco. 

Aquele corpo era aconchegante. A temperatura elevada e o perfume delicioso formavam a combinação perfeita. As batidas ritmadas do seu coração mais se pareciam com uma canção suave de ninar. Fechei os olhos e respirei fundo. Timidamente eu o abracei outra vez e esperei que o sono viesse me acalentar. 

Era contraditório os efeitos causados em mim por Matthew. Ele tinha o poder de me fazer ficar nervosa; o coração agitado, o suor excessivo nas palmas das mãos e o calor súbito. Porém ele também me acalmava como um santo remédio, fazia eu me esquecer dos problemas e relaxar. 

BM poderia ser meu remédio tanto quanto poderia ser meu veneno. A diferença entre esses dois extremos é apenas a dose.
 



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