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História Glue - Seu Rosto ou Sua Voz


Escrita por: Vyvs

Notas do Autor


Já ouviram o ditado: quando não caga na entrada caga na saída? Pois é. Aconteceu comigo. Eu só postei o capítulo errado, mas não vou apagá-lo. Esse antecederia o que eu postei anteriormente, mas eu tenho que cometer alguma gafe, caso contrário não sou eu. Muito obrigafa pela compreensão.

Capítulo 24 - Seu Rosto ou Sua Voz


 

Matthew já havia saído quando Somin chegou. Ela usava um vestido tubinho cor de  creme que, além de modelar seu corpo, deixava muito pouco para a imaginação. Já eu optei por uma calça jeans de lavagem clara e cintura alta, uma camisa preta de botões e um par de Converse na cor lilás. 

Resolvemos por ir de táxi. A noite estava morna e a brisa soprava um pouco fria em nosso rosto. Foram vinte e cinco minutos até que chegamos ao Paladino, uma boate bem abstrata em Seul. Já havia frequentado aquele lugar algumas vezes quando ainda namorava MinHo unicamente pela saborosa bebida de manga servida ali. 

Demorou um pouco para que entrássemos no lugar graças à fila enorme de pessoas querendo a mesma coisa que nós. Era um lugar amplo e pouco iluminado, mas bastante animado. 

— Vocês transaram? — a pergunta inconveniente e repentina da minha amiga me assustou.

— O que? — demorei alguns segundos para captar o que ela quis dizer. Bati com a palma da mão na testa e a encarei de forma sarcástica. — Obviamente que não. 

— Por que? — insistiu. Andamos até o bar e nos sentamos. Fizemos nossos pedidos para o barman para que pudéssemos voltar àquele assunto péssimo de antes. — Por que não transaram? 

— Porque eu não sou como as garotas que transaram com ele — respondi com um pouco de impaciência. — Não são umas palavrinhas ou outras que me levarão à cama. Nem mesmo carência. Quando eu me sentir confortável vai acontecer — Somin parecia um pouco assustada com as minhas palavras, e anuiu fracamente com a cabeça. Aquilo não era típico dela. Algo estava errado. Muito. — Somin eu vou perguntar outra vez: você sente algo por Matthew? Seja sincera antes que as coisas se compliquem. 

— Claro que não Jiwoo! — suas palavras saíram mais alto que o necessário. — Eu só estou meio chateada porque ninguém olha para mim. Você conseguiu fisgar Matthew Kim e eu estou ficando aqui, sozinha — aquele era um assunto complicado. Por trás da mulher forte e bela existia alguém frágil e insegura. Apenas eu conhecia aquela face de Jeon Somin. 

— Eu não fisguei ninguém Somin — sussurrei. Peguei suas mãos e a segurei entre as minhas. — Não entendemos a mente masculina, mas é certo que alguém vai aparecer hora ou outra. Você é linda e todo mundo sabe disso. 

— Tem certeza? — concordei balançando a cabeça. 

— Já pensou em investir no Taehyung? — indaguei. Ela fez uma expressão esquisita e separou nossas mãos. Aquela foi uma ideia abrupta que iluminou minha mente sem precedentes. 

Se bem que os dois combinavam muito. Ele fazia o tipo de Somin. Era o tipo de rapaz discreto, atencioso e muito carinhoso. Não possuía a fama de garanhão como o melhor amigo.

— Bem, ele é muito bonito — ponderou a loira. Sorri. 

— É sim. 

Conversamos amenidades durante a noite esperando ansiosamente a apresentação. Infelizmente eu não pude aproveitar a noite de forma completa graças à uma pessoa: BM. 

Ele não saiu dos meus pensamentos nem por um minuto inteiro. A cada casal eu pensava em nós dois, me lembrava dos beijos trocados e carícias roubadas. Até mesmo quando as mãos dele tocaram minhas nádegas. 

Aquele toque foi algo muito ousado. Não que fosse fisicamente ruim, mas era muito cedo para encabeçarmos aquela etapa. Eu desejava muito Matthew, mas não faria com ele nada por impulso ou calor do momento. Precisava ter certeza antes de tudo, pois tinha consciência que acabaria me machucando caso contrário.

Somin bebia tranquilamente enquanto ouvia a música ambiente. Meu drinque de manga já estava no fim. Finalizei a bebida e minha amiga achou uma ótima ideia irmos para a pista de dança. 

Mesmo resmungando eu a segui até que ficássemos bem no centro, escondidas entre as pessoas bêbadas. Dançamos de forma divertida, balançando nosso corpo para lá e para cá conforme o ritmo. 

— Será que Taehyung me acha bonita? — indagou bem perto do meu ouvido. Sorri satisfeita. 

— Com certeza. Quem não acha? — a loira deu uma risadinha convencida. Parecia ter gostado da ideia de investir em J.Seph. Eles formariam um belo casal. 

Uma mão invasiva tocou meu ombro. Pela expressão de Somin não era algo bom. Suspirei e virei para encarar o maldito que me interrompeu. 

Quão grande foi meu desgosto quando encontrei o olhar de MinHo! Soltei o ar de maneira pesada pelas narinas. Meu humor se alterou por completo quando o vi. Por que ele não me deixava em paz? 

Não era difícil para o desgraçado ficar bonito. Não era necessário muito esforço para que isso acontecesse. Seu melhor e mais perigoso artefato certamente era seu sorriso, os dentes brancos ladeados pelos lábios chamativos. 

Porém algo mudou. 

A beleza dele não me importava mais. Era irrelevante. Quando não se possui caráter ou uma personalidade ruim nada no mundo te fará atraente. Nem toda a beleza que ele possui. 

Matthew tinha seus defeitos — muitos, aliás — mas ele nunca mentiu sobre suas intenções para uma garota. Ele se envolvia quando elas estavam cientes do que ele queria ou não queria. 

Já MinHo não era assim. Só por ter cabelo, corpo e sorriso muito bonitos ele achava que o mundo tinha que se ajoelhar perante ele. Poderia ter todas que quisesse usando todos os artifícios mais podres para isso. 

— O que foi? — fiz questão de deixar evidente todo o meu nojo. Ranço. O sorriso não desapareceu do seu rosto. — Como você sempre aparece onde estou? 

— É só seguir Terp que você estará lá — respondeu. Até o som de sua voz era capaz de aquecer meu sangue. A intenção era sufocá-lo com minhas mãos até que seu rosto adquirisse o tom de uma berinjela.

— Vamos embora Jiwoo — Somin chamou me puxando pelo pulso. De forma ágil MinHo fez o mesmo e sussurrou:

— As pessoas que você mais confia serão as primeiras que te trairão — olhei sem entender nada para ele. O rapaz me soltou e sorriu. Ergui uma sobrancelha e retruquei antes de ir: 

— Como você já fez? — ergui uma sobrancelha e me afastei sem querer dar continuidade àquele assunto esquisito. Segui minha amiga até outro ponto do salão e esperamos Terp aparecer. 

As reações nunca mudavam, apenas se intensificavam. Ver o dançarino misterioso se alongando bem ali à frente era quase magia. Minha mente não conseguia processar o fato d’ele ser um ser humano como eu, e não um alguém etéreo, uma entidade divina. 

Os passos de dança eram uma evolução. Se antes ele já era incrível naquele momento ele estava indescritível. Para Terp não existia nenhum adjetivo bom o suficiente. Nada que pudesse descrevê-lo. 

Segurei com firmeza o pingente que ele me deu. Era como se aquilo nos conectasse. Uma ponte de ligação entre mim e ele. Apertei com mais força o colar nos meus dedos, sem saber ao certo como reagir. 

Era normal sentir uma ligação tão profunda assim com alguém que se desconhece o rosto? Eu sabia que não. 

Com o fim da apresentação Terp pulou do palco e se dirigiu até mim. Novamente a sensação de falta de ar, hiperidrose, aceleração nas batidas cardíacas. A sensação do peito ser pequeno demais para o coração. 

O rapaz me estendeu um pedaço de papel. Novamente recortes formando uma frase curta e objetiva: “me encontre lá fora em quinze minutos”. Como Terp sempre estava preparado para me surpreender? Ele adivinhava quando eu iria aos seus shows? 

Graças aos meus devaneios não percebi quando o dançarino se afastou e desapareceu entre as pessoas. Eu estava nervosa. Somin aproximou-se boquiaberta de mim e leu o bilhete em minha mão. As pessoas ao redor não se importaram muito com a situação. Deveriam pensar que éramos namorados. 

— Você vai? — minha amiga perguntou. Concordei, incerta. Minha curiosidade falava mais alto que meus medos. Eu precisava ir. 

Foram minutos doídos. Pareceram uma eternidade. Fui ao bar e bebi mais um drinque de manga, esperando que o álcool acalmasse meus nervos e amenizasse a confusão da minha mente. 

Somin continuou ao meu lado, tentando apaziguar minha agitação acariciando minhas costas com uma mão e bebendo seu drinque de hortelã com a outra. Mal pude esperar o fim dos minutos demorados para me levantar e fingir andar tranquilamente até a saída. Somin foi atrás, parando na porta do lugar.

— Eu vou te esperar aqui. Qualquer coisa me grite que eu vou lá e chuto as bolas dele, tudo bem? — sussurrou minha amiga sem se dar ao trabalho de esconder sua preocupação. Abri um pequeno sorriso e concordei. 

Afastei-me da minha amiga e andei os vinte metros até o beco em questão. Eu não sabia se estava sentindo frio ou calor, mas uma sensação estranha dominava meu tato. O beco estava vazio. Encostei minhas costas no muro de tijolinhos e torci para que Terp não demorasse. 

Mas ele já estava ali.

Brotou da escuridão, andando tranquilamente até mim, usando seu capuz e sua máscara de sempre. Meu corpo inteiro pareceu congelar quando ele parou a minha frente, colocando um dedo coberto na frente da boca, indicando silêncio. Anuí com um aceno de cabeça. 

A mão do dançarino cobriu meus olhos. Continuei imóvel. Sabia que qualquer movimento brusco seria capaz de assustá-lo, o que faria com que se afastasse de mim. Resolvi apenas esperar o que estava por vir. 

Ouvi a máscara ser afastada do seu rosto, mas não possuía coragem o suficiente para espiar suas feições. Sabia que se o fizesse estragaria todo o momento, e a curiosidade para saber o que viria em seguida estava me corroendo. 

Eu poderia jurar que senti meu coração parar por alguns segundos. Acho que foi tanta coisa difícil de processar ao mesmo tempo que eu fui ao paraíso, mesmo que por poucos segundos. 

Terp me beijou. 

Não foi nada com língua, malicioso ou ousado. Foi carinhoso, terno e inesperado. Nada menos que fantástico. Eu queria aprofundar o beijo, sentir melhor os lábios macios como nuvem, mas Terp afastou-se tão rápido quanto se aproximou. 

Sua mão deixou meus olhos logo que terminou de ajeitar a máscara sobre o rosto. Havíamos nos beijado e ainda sim eu não o conhecia! Não fazia a menor ideia da forma do seu rosto ou o tom da sua voz. 

Fiquei observando ele acenar com a cabeça e correr para fora do beco. Precisava acalmar meu coração. 

 

Cheguei em casa algumas horas depois; confusa, letárgica e cansada. A única coisa que desejava era dormir até o meio-dia e aliviar a sensação de culpa reinando dentro de mim.

Aquilo não era por causa do beijo de Terp. Eu sentia-me culpada porque eu quis mais. Aquilo era justo com Matthew? Era certo?

Nós dois não possuíamos um relacionamento sério ou algo do tipo. Mas por que mesmo assim eu me sentia errada? Estava incomodada com o que havia acabado de acontecer e, o pior de tudo, era o fator de ter sido maravilhoso. 

Um simples selar de lábios causou todo aquele caos dentro de mim. 

Entrei no meu quarto e tirei minhas roupas, trocando-as por um pijama confortável. Tirei a maquiagem com o auxílio de um removedor, prendi meus cabelos num coque alto e despenteado. 

Depois de escovar os dentes eu fui até a cama e me deitei, ainda processando o que havia acontecido naquela noite. Certamente o sono não viria mais. 

Ouvi quando Matthew saiu do seu quarto pelo ranger da porta. Imaginei que ele estaria dormindo, pois era quase manhã. Silenciosamente ele entrou no meu quarto e aproximou-se da cama. 

— Posso me deitar? — ele perguntou. Murmurei um “sim” e BM o fez. Ele parecia ter aprontado alguma coisa, que eu logo imaginei o que seria quando um perfume feminino desconhecido invadiu minhas narinas. 

A culpa antes torturante se dissipou, seu lugar sendo ocupado pelo ciúmes. Era errado ficar enciumada quando eu só sabia pensar no beijo de outro homem. E no de BM, claro.

— Eu preciso te confessar algo... — começou, a voz carregada de incerteza. 

— Já imagino que você tenha ficado com outra mulher — o cortei. Estava zangada, mas que direito eu tinha para isso? — Ou mulheres. Não precisa me dar satisfações. 

— Eu estou confuso Jiwoo. Muito. É tanta coisa que eu preciso processar que está ficando difícil — defendeu-se. Revirei os olhos. — Mas te prometo que não passou de alguns beijos. 

— Não precisa arranjar desculpas — disse. — Também beijei alguém. 

— Sério? — Matthew parecia surpreso. Olhei para seu rosto, que revelava o descontentamento que a informação lhe trouxe.

— Sim. Para falar a verdade Terp que me beijou — confessei. Matthew levantou seu tronco da cama e olhando-me de forma assustada. Corei. 

— E você gostou? — quase engasguei. Por que ele queria saber de uma coisa daquelas? Eu não perguntei se ele gostou de beijar a vaca da boate.

— Não vou mentir para você — respondi um pouco desconfortável. — Foi... Foi bom. 

— Só bom?

— Por que você quer saber? 

— Bem, nada — Matthew deitou-se na cama e me puxou para perto de si. 


Notas Finais


O próximo capítulo ocorrerá no mesmo tempo que o último. Malz pelo vacilo galera.


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