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História God Killer - Capitulo Sete - Hermes


Escrita por: esquecidinha e taemeetevil

Notas do Autor


Ia postar ontem mas tava tão cheio com aniversario do jungkook que deixei pra hoje mesmo
eu to tão feliz com os comentários de vocês, o amor que ces dão a GK tá me motivando muito, obrigada de verdade
capitulo de Hermes aka Jackson. Tudo que meu bixinho tem pra falar é importante apesar de que ele não fala tudo hehehe

Capítulo 8 - Capitulo Sete - Hermes


Fanfic / Fanfiction God Killer - Capitulo Sete - Hermes

— A carta? Sim, eu a guardei — minha mãe saiu, indo em direção ao seu quarto. Meu pai me lançou um olhar questionador.

— Por que nunca me falaram sobre isso antes? — perguntei, ele deu de ombros.

— Nunca importou. Você já tinha sofrido o suficiente por todos esses anos e passou tanto tempo, eu nem me lembrava dela — assenti, fazia algum sentido, mas eu ainda me sentia mal por não saber da carta antes. Talvez eu tivesse me importado com os deuses antes ou no mínimo me adaptaria melhor a eles. Não seria um mundo completamente novo para mim.

Eu não teria raiva de Taehyung por saber de sua pequena aproximação através da carta. Na verdade, nunca tive, mesmo no começo, quando meu pai o acusava. Sempre me vi muito mais como culpado do que qualquer força divina. Eu que insisti para pescarmos com nosso avô e Hyun foi porque era meu aniversário e ele só teria aquele fim de semana em Busan antes de se mudar oficialmente para Seul. A vida dele iria mudar para melhor e eu arruinei tudo.

— Não foi culpa sua — meu pai disse como se pudesse ler meus pensamentos. — Poseidon mandou a tempestade, não você. Quando o alerta da guarda costeira foi emitido, vocês já estavam no mar há muito tempo.

— Não foi culpa de ninguém — minha mãe interrompeu, com a carta da mão. O material tinha um brilho diferente e não parecia tão velha, mas era bem provável que fosse algum tipo de magia divina para mantê-la assim. — Jungkook, você devia descansar da viagem e seu pai descansar da gripe, você ficou muito mal esses dias.

— Não fale como se eu estivesse com o pé na cova — meu pai resmungou como uma criança birrenta.

— Ora, vá logo. Vocês podem conversar mais no jantar — ri comigo mesmo, vendo-o resmungar e sair da cozinha reclamando de como ele era desrespeitado pela própria esposa na frente do filho. Minha mãe apenas riu — Não puxe novamente esse assunto — pediu. — Já houve sofrimento demais nessa casa.

— Tudo bem. Desculpe, mãe — ela se inclinou e beijou meu rosto. — Preciso dar uma olhada no Jeonghan na floricultura.

— Está aberta hoje?

— Sim, está tendo um festival. Podemos ir amanhã se quiser.

— Amanhã eu volto pra Seul. Não posso me ausentar da investigação por mais de um dia — ela assentiu.

— Sem problemas, querido — esperei ouvi-la sair de casa para dar atenção a carta, já estava começando a repensar se era uma boa ideia lê-la, contudo não iria conseguir resistir a curiosidade de saber o que Taehyung escreveu. Respirei fundo e abri de uma vez.

 

“Sra. Jeon.

Você provavelmente não quer saber sobre meus sentimentos a respeito do que aconteceu, mas gostaria de me explicar pelo que houve. A tempestade que chegou até seus filhos não foi iniciada por mim ou Namjoon - Zeus seria o menor dos culpados por isso já que a chuva naquela manhã sequer foi um fator tão agravante - aconteceu porque a natureza tem seu próprio curso. Porque os ventos e principalmente o mar tem seu próprio poder que não pode ser controlado, nem mesmo pelo deus dos mares. Nós somos uma força conjunta, o mar faz parte de mim e eu dele. Respeito sua força e ele respeita a minha, tem sido assim há gerações.

Como um deus, poucas vezes tive de pedir desculpas. Na verdade, durante toda minha existência - anterior a essa - não lembro de tê-lo feito. O usual é que os humanos me peçam perdão. Que ajoelhem e imploram por misericórdia. Ninguém espera o caminho inverso. Entretanto desde essa encarnação e desde que tive uma vida humana mais longa, pedidos de desculpas tornaram-se mais necessários. Então eu lhe peço perdão pela dor que lhe causei, mesmo de forma indireta.

Seu filho não merecia morrer. Meu coração dói em mortes no mar e acredite em mim que tentei evitá-la.

Existe um deus acima de todos nós, o chamamos de Moros, porém os humanos o chamam de Destino.

Destino nos dá o caminho que devemos seguir e nem mesmo temos o direito de saber para onde estamos indo. Infelizmente seu filho estava destinado a morrer naquele dia. Parece injusto com tudo que o rapaz estava começando a construir, porém a morte faz parte do ciclo natural de toda criatura viva.

A maioria dos destinos são infelizes.

É injusto ele ser tão jovem, injusto vocês não poderem se despedir, injusto que o irmão tenha essa última lembrança traumática. Eu não o vi quando fui lhes visitar, mas espero que o garoto esteja bem. Diga-o que tem a minha bênção e que se um dia quiser, me procure, gostaria de saber como ele está. Lembre-o sempre que não foi sua culpa e quando achar que ele compreendeu isso, lembre-o um pouco mais. Espero que o garoto tenha uma vida longa e feliz, apesar de tudo.

Espero também vê-la novamente, saber que com o tempo, sua família ficou em paz e seu luto, apesar de longo e necessário, um dia terá fim, pois nenhuma dor permanece para sempre.

Fiquem juntos, fiquem a salvo.

Taehyung.

 

Foi estranho de ler e em parte, sentia que não foi o certo a se fazer. Me perguntava agora se Taehyung sabia sobre mim, talvez de alguma forma tenha me visto ou soubesse que era eu desde o começo. Na carta ele dizia me dar sua benção, talvez eu tivesse uma marca ou isso me fizesse diferente de alguma forma. Mas se eu era diferente por algo que ele mesmo fez, Taehyung deveria saber. Seria possível que ele estava fingindo o tempo todo? Ele se lembrava de Hyun? Sabia que eu era o irmão dele? Mas ele nunca indicou nada ou ao menos nunca percebi.

Quanto mais pensava sobre isso, menos conseguia entender.

Estava me sentindo sufocado em minhas próprias dúvidas. Eles - os deuses num geral - sempre pareciam hábeis em mentir e eu não era capaz de distinguir nada de errado em seus discursos. Não hesitavam, não gaguejavam, não demonstravam culpa. Era bem provável que Taehyung soubesse sobre mim e escondeu a sua antiga relação com minha família. Talvez acreditasse que eu teria mais raiva dele ou a informação interferiria diretamente na imparcialidade da investigação.

— Pai? — chamei, ele emitiu um resmungo. — Está dormindo?

— Vem logo, garoto — segui até o quarto dele, meu pai estava sentado jogando sudoku. Em meus 23 anos de vida eu não conseguia jogar aquela porcaria nem se minha vida dependesse disso. — O que quer perguntar? — sentei no chão, perto da porta. Ele não desviou os olhos da revista.

— Já tinha lido isso? — indiquei a carta.

— Não. Poseidon escreveu para sua mãe. E de qualquer forma não quero as desculpas dele. Não quero nada de deuses estranhos, acredito num único Deus.

— Eles não pedem a fé de ninguém.

— Eu sei. Sei também que eles fizeram grandes coisas, salvar as cidades do Japão na Segunda Guerra, interferir no Norte, todos sabem que foi importante. Mas todo o resto sobre eles, esses costumes de…

— Se relacionarem entre si? Homens viverem juntos, como Namjoon e Seokjin? — aproveitei a fala dita pelo espírito, meu pai assentiu.

— Eu não vou julgá-los. Quer dizer, na cidade falam que Eros é apaixonado pelo deus da morte, aquele demoniozinho cantando sobre o quão incrível é e como comanda os sete infernos — deu mais um de seus resmungos. — Como vocês jovens ouvem essas coisas? — Na verdade eu não ouvia, nunca tinha buscado os raps de Yoongi ou as apresentações de dança de Jongin e Hoseok, apesar de que ultimamente comecei a reparar muito mais neles. —  E se querem ficar juntos que fiquem, eu só não tenho de aceitar esse tipo de coisa.

Nesse momento eu queria muito que fosse o espírito novamente e não meu pai.

— Pai e se… quer dizer… — Eu nem sabia direito o que estava tentando dizer. — O senhor tem raiva do Taehyung? — emendei antes que começasse a me embolar nas palavras. — Teria raiva se o visse novamente?

— E porque eu o veria novamente?

— É uma situação hipotética — meu pai estreitou os olhos e me arrependi imediatamente da frase mais óbvia de quando se queria referir a si mesmo. “Burro, burro, burro! ”

— Não tenho raiva dele, mas não quero vê-lo. Em 17 anos ele nunca nos procurou e nunca achei que precisasse.

— Oh… — foi o que disse por fim. Talvez não fosse uma boa ideia começar com aquele assunto agora, entretanto eu tinha outra dúvida. — Pai, isso vai parecer estranho, mas tem algo de errado comigo?

— Como assim algo de errado?

— Não sei. Algo no meu nascimento. Ou quando cresci. Eu fazia coisas diferentes? Especiais, talvez?

— Você sempre foi especial, filho.

— Não assim, pai. Especial como algo realmente diferente — ele não estava me entendendo e também não sabia como explicar sem ter de entrar na loucura sobre a espada — Algo a respeito de fazer coisas que ninguém mais poderia. Ou ter atitudes diferentes — não estava fazendo um bom trabalho em me fazer entender.

— Não, acho que não — parou um pouco, puxando da memória. — Apesar que… — pensou um pouco mais — Apesar de você ter uma fixação em se tornar um herói quando era bem menor. Seu irmão te deu aquela espada de brinquedo e…

— Espada? — cortei. — Eu tinha uma espada?

— De brinquedo. Você queria ser um herói como aquele… Aquiles? Não me lembro bem, seu irmão que contava essas bobagens para você — eu estava tentando me apegar a alguma relação que explicasse o que eu era. Eu podia ser a encarnação de Aquiles? Ele era um deus? Um semideus? Mas se o fosse, Hoseok saberia quando me investigou.

— Mais nada?

— Eu acho que não. O que exatamente quer saber, filho?

Sendo bem sincero, não sabia o que estava procurando. Eu nunca tive nada de especial de verdade. Minha vida foi pautada em seguir a de meu irmão: Arrumar uma namorada, ser um policial, conseguir uma casa decente. Ser um policial foi o máximo que consegui fazer e era tão ruim nisso que só não fui rejeitado pelo fato do meu pai e irmão terem sido oficiais e a polícia ter uma relação estranha com tradição familiar. Todo o resto era muito além da minha capacidade.

— Nada, pai. Eu só estou com a cabeça cheia sobre esses assuntos das divindades.

— Você devia descansar. Suas olheiras estão enormes, está se alimentando? Mesmo sendo uma investigação em tempo integral, você ainda tem de se cuidar, filho.

— Estou bem, pai. Juro. Eu só me sinto estranho.

— Eles fazem você se achar estranho? Por isso quer saber se teve algo diferente na sua infância? Acham que você é uma aberração como…

— Eles não são aberrações. Mesmo sendo deuses e tendo poderes eles ainda são em parte humanos e eles sentem também. Eles têm sentimentos, assim como nós, podem se magoar de verdade com palavras duras e não é justo tratá-los dessa maneira. Eles choram e sofrem e… E vivem seu luto. E eles amam também e… E…

— Filho?

— E…

Eu sabia que não estava falando somente para o meu pai. A parte de mim que se sentia culpada pelo que disse a Taehyung comprimia meu coração de forma que me fazia sentir raiva de mim mesmo. Porque disse aquilo tudo? Eu era tão melhor que meu pai? Ele ao menos admitia - mesmo que em parte - o próprio preconceito, enquanto eu o disfarçava graças a minha total ignorância.

— Filho?

— Sim — recobrei de meus pensamentos.

— Se agir dessa forma na frente de um de seus superiores vai ser afastado do caso. Eu entendo que está sob pressão e numa realidade tão diferente… você não tem onde se apoiar. Mas é importante que mantenha a calma — concordei, respirando fundo várias vezes. — Uma vez já tive de lidar com dois deuses e eu mal sabia o que fazer. Foi um caso muito mais simples, imagino como deve estar sendo difícil para você resolver um assassinato.

Assenti, respirando devagar, recobrando o controle.

— Qual foi o caso com deuses que lhe deram?

— Um deus nórdico estava reclamando que perdeu a aposta para um dos deuses gregos, sem saber que este podia ir de um lugar para outro muito mais rápido. O tal deus se chamava Jongdae? Algo do tipo, faz realmente muito tempo. Enfim. Ao que parece esse Jongdae tinha… portas — ele riu um pouco da lembrança. — Que podiam levá-lo a qualquer lugar que quisesse muito mais rápido.

— Qualquer lugar? E qualquer um podia usar essas portas ou somente ele?

— Qualquer um poderia, ele até tentou me mostrar como fazia depois que esclarecemos tudo, mas eu não quis me arriscar. De qualquer forma foi provado que ele trapaceou e teve de pagar a aposta.

— Pai, onde ficavam essas portas especiais?

— Num hotel. O lugar mais incrível que já estive, chamava-se Arcádia, pertence a outro deus, o tal Baco.

— Baek — completei.

Aquela informação podia não significar muita coisa, mas fez minha curiosidade crescer a respeito do hotel de Baekhyun. Alguém poderia ter cometido o crime no hotel e usado as tais portas para levar o corpo para o rio. Contudo isso no mínimo colocaria o tal Jongdae e Baekhyun como cúmplices. Eu não sabia que conclusões chegar a respeito, me parecia improvável que os dois soubessem de algo e conseguiram esconder dos outros deuses.

De qualquer maneira, talvez a viagem até Busan tenha sido útil de certa forma.

 

+++

 

Jackson provavelmente era o deus mais ocupado com “coisas humanas”. Ele estava literalmente em todas as emissoras nos programas da manhã ou da noite e tinha o fandom mais fiel que já ouvi falar. Era como os idols só que com uma dose maior de adoração. Isso dificultou meu trabalho já que os fãs dele constantemente se disfarçavam de oficiais da lei para poder ter a chance de encontrá-lo. Unir isso, meu uniforme e minha cara de garoto de 19 anos não ajudou a equipe da emissora a acreditar que eu era mesmo um policial. Somente quando pesquisei a mim mesmo no Naver e exibi uma foto minha associada as matérias sobre Namjoon que fez eles me deixarem passar.

A equipe pessoal dele me acompanhou até sua sala e me deixaram lá alertando para não encostar em nada e para levar o alerta a sério já que havia como saber caso eu tentasse. Então eu apenas me sentei, olhando para a parede repleta de fotografias. Várias delas eram com Namjoon, reconheci Taehyung e Jimin em algumas. Taehyung foi o que me chamou mais atenção, porque ele sorria em todas elas. Um sorriso quadrado e infantil que nunca vi pessoalmente.

— Desculpe a demora — me assustei ao ouvir a voz atrás de mim — Programas ao vivo são meio imprevisíveis — Jackson sentou-se diante de mim — Então… no que eu posso te ajudar?

— Preciso de qualquer coisa que possa me dar provas. Ou um suspeito mais convincente — disse, sincero. — Pelas regras divinas você não é um suspeito já que existem as...

— Restrições territoriais — ele completou. — Eu não o machucaria de qualquer forma. Namjoon me descobriu enquanto deus, eu era uma criança quando ele e Seokjin me encontraram. Devo muito a eles.

— Você não tem família? — negou.

— Eu me perdi deles. Me meti em problemas, eu era muito bom em roubar — Jackson riu um pouco. — Acho que ser o deus dos ladrões favorece isso. Não precisei mais depois de conhecê-lo. Confie em mim, Namjoon costumava um homem bom.

Reparei que ele falou no passado.

— Costumava?

— Ele estava perdido, assim como eu já estive. Ele foi o primeiro de nós aqui, viveu anos sozinho até Seokjin encontrá-lo. Depois veio Taehyung e Yoongi…. As pessoas começaram a se interessar pelos deuses e Namjoon era o líder, ele tomava decisões para o bem de todos, mas nem tudo é bem aceito quando se tem de tomar decisões difíceis, entende? Temos tantas regras que as vezes me sinto mais limitado que os humanos. Namjoon padecia mais que qualquer um.

— Ele padeceu ao manter a própria mãe viva enquanto negou a mesma oportunidade pra Jimin e Yoongi? — Jackson maneou a cabeça. O rapaz não era do tipo sério, isso era bem óbvio no modo como falava, na expressão mais leve que da maioria, porém ele mudou de postura quando mencionei o fato.

— Você acha que é por isso que eles teriam raiva? Um conselho divino séculos atrás decidiu os deuses opostos, que nunca poderiam permanecer juntos. Namjoon foi o voto de minerva para Yoongi e Jimin, mas na época não importava, eles não se relacionavam. Quando começaram a se envolver, Jimin pediu que Namjoon revogasse o voto e reabrisse o conselho.

— Ele não o fez — completei.

— O equilíbrio de um universo tão fodido… as coisas são como tem que ser, nem sempre é justo.

— Se fosse com você, pensaria assim?

— Eu burlaria as regras, o que eles já fazem.

— Matá-lo também, talvez. Eu com certeza guardaria muita mágoa.

— Se vai começar a acusar as pessoas, precisa de uma lista maior — apertou os lábios numa linha.

— É exatamente por isso que vim procurar você. Em especial pelas amantes de Namjoon.

— Ele não tinha. Quer dizer, tinha antes, mas eram outros tempos. Antes a maioria de nós não… prestava? Não consigo pensar em uma palavra melhor. Deuses sempre foram filhos da puta, nessa encarnação tentamos melhorar. Às vezes dá certo, às vezes não.

— Quem trouxe Calisto? — A expressão dele anuviou. Yoongi estava certo sobre Jackson, ele era muito óbvio.

— Namjoon.

— Então Namjoon trouxe uma das amantes dele para essa encarnação. E não traia Seokjin. Porque eu não estou acreditando nisso?

— Te falta fé — tentei não rir de sua expressão, mas foi quase impossível. — Ok, eu não estou dizendo que ele traiu o Jin, porque para mim ele não fez isso. Mas ele escreveu muitas cartas, para muita gente nos últimos meses. Tenho cópias da maioria delas.

— Você tem cópias? — Me pareceu bem invasivo.

— Sou carteiro nas horas vagas — ele riu um pouco. — Qual é, eu sou o deus mensageiro, tudo que mandam para deuses aparece uma cópia para mim ou às vezes eu recebo as correspondências por eles. Não posso fazer nada sobre isso, é a minha função.

— Pode me dar essas cartas?

— Não precisa de um mandado? — Na verdade precisava sim, porém eu estava torcendo para que ele não se lembrasse disso. — Eu estou zoando. Eu só preciso ir buscá-las e…. Não. Um momento — ele deu uma risadinha maligna e pegou o telefone. — Mark? Eu tenho um trabalho sujo para você. Preciso que pegue uma caixa para mim — fez uma pequena pausa. — No meu escritório. Eu tenho escritório sim eu aluguei um! Sim. No mesmo prédio que o Yoongi, não ia perder a chance de deixar ele puto — mais uma pausa, o sorriso maléfico dele se tornou maior. — Décimo segundo andar, quero as cartas do Namjoon. Sim tem um milhão de caixas. É uma caixa branca. Eu sei que todas as caixas são brancas! Dá teu jeito eu pago teu salário. Não manda eu me foder! Tchau.

Desligou.

— Você tem pressa para ver as cartas?

— Um pouco.

— Se der sorte consigo para você amanhã, mas o garoto é lerdo então eu daria uns dois dias, com sorte.

— É… tudo bem. Não tem muito que eu possa fazer — dei de ombros como se não me importasse, mas dois dias? Eu queria me adiantar nesse caso.

— Achei que Taehyung viria com você quando falou comigo no dia do eclipse.

— Taehyung tem seus próprios assuntos. Estava ocupado demais para vir — foi a melhor explicação que consegui dar.

— Ele está em Jeju? — “Jeju? ”

— Sim — emendei rapidamente para parecer que eu realmente sabia do que ele estava falando. — Ele quis ir logo — meu coração batia rápido com medo de ser pego em minha mentira.

— Tudo bem, você está mentindo. — E ele me pegou.

— O que ele foi fazer em Jeju? — Já que fui pego ao menos podia extrair algo daquilo.

— Os assuntos de um deus não lhe dizem respeito.

— Sou um policial e ele um suspeito. Tudo sobre ele me diz respeito. Você pode me dizer onde ele foi ou posso acusá-lo por tentar sair da cidade sem permissão.

— Taehyung disse que você era um policial horrível. Não parece tão ruim assim.

Tinha de admitir que estava um pouco satisfeito em ouvir isso.

— Eu não sei o que ele vai fazer em Jeju, mas Tae recebe correspondências constantes de um hospital que funciona lá. Não sei o que tem nas correspondências, não sei quem manda. Só sei que ele vai até Jeju todas as vezes que recebe uma carta nova. A última chegou há três dias.

— Nenhuma suspeita do que possa ser?

— Não. Não é da minha conta, se ele nunca quis contar, não me diz respeito — ele me lançou um olhar bem significativo.

— Isso é um conselho para eu não buscar saber?

— Na verdade, sim. Sabia que Poseidon era um deus tendencioso a raiva? As piores vinganças do mundo antigo foram promovidas por ele. Bom, ele e Hera. De qualquer forma, muito rancoroso.... Confie em mim, você não quer deixá-lo com raiva de você.

“E se eu já o deixei com raiva? ” Havia alguma possibilidade de que eu acordasse como um camarão? Ou um monstro do mar?

— Não vou me meter. Juro. Provavelmente não tem nada a ver com a investigação — claro que era mentira, mas minha voz soou muito mais estável dessa vez. Jackson deu de ombros.

— Precisa de mais alguma coisa?

— Uma teoria, talvez? Apostaria em alguém como suspeito?

— Espera que eu denuncie minha família?

— Espero que faça um assassino pagar pelo crime que cometeu.

— Touché — ele parou um momento. — Se quer saber, todos tinham motivos para querer se livrar dele. Hobi tem sua questão com a Sun e mesmo que ele não tivesse coragem de fazer, Jongin o faria se Hoseok realmente quisesse. Eles fariam qualquer coisa um pelo outro. Seokjin sempre teve muito ciúmes mesmo baseado em coisa nenhuma. Você já sabe o drama de Jimin e Yoongi. Namjoon e Taehyung mal conseguiam conviver…

— Espera. O que? Como assim não conseguiam conviver?

— Já te falaram que Namjoon estava diferente? — Ele se inclinou na mesa, chegando o rosto mais perto. — Ele não estava diferente, ele estava maluco!

— E porque ninguém me disse isso antes?

— Porque um deus instável não é novidade para ninguém. Baek passou metade da primeira encarnação dele como um louco, Minseok e Kyungsoo estavam em crise até serem encontrados, Yoongi viveu anos em depressão porque via gente morta até saber que era um deus, ele chegou ao limite da loucura humana, se Hoseok não tivesse o encontrado, ele teria de encarnar de novo em outro corpo. Isso não é nem metade do que houve com os nossos.

— Não achei que era tão ruim. Ser um deus parece ótimo.

— Tem um longo caminho até a parte boa chegar. Namjoon nunca teve o momento de surto porque estava ocupado demais protegendo a todos, então ninguém o condenou quando ele perdeu um pouco do próprio controle. Aconteceu com todos. Não, não todos. Seokjin nunca teve, mas ele é especial, então não conta.

Jackson fez uma longa pausa.

— Eu não posso te indicar um suspeito, porque qualquer um poderia ser. Desculpe. Mas eu confio neles, confio na minha família, não somos assassinos.

— Acreditando ou não, um deles o matou. Um deles é um assassino.

— A espada, “A vingança de Zeus”, está comigo — sua expressão pareceu dolorosa enquanto falava. — Seria minha função aplicar o julgamento, a escolha não foi minha, porém… quem mais poderia fazer? Era o melhor amigo dele. Mas não importa quem tenha matado Namjoon, eu não vou matar outro dos nossos.

— Os outros deuses sabem da sua decisão?

— Eles entenderão que é o melhor. Já houve dor o bastante para causar ainda mais.

E eu sabia, mesmo que ele não demonstrasse em sua expressão dolorosa e que nada no céu ou no inferno o faria falar, que Jackson estava protegendo alguém.

 

+++

 

Ninguém me indicou a saída, o máximo que consegui foi um “Siga a direita, a esquerda e vire no setor 7 até o saguão principal”. Jackson não pode mais me dar atenção já que tinha uma chamada importante com um programa de TV chinês, então me limitei a ir embora, levando minhas suspeitas e a promessa dele que traria a caixa com as cartas.

— Setor 7… — busquei a placa mais adiante que indicava o setor seguinte. “Setor 12”. 12? Como eu havia parado ali? Eu deveria seguir em frente ou voltar? Melhor seria voltar para a sala de Jackson e pedir ajuda ao deus. Retornei pelo corredor, tentando me lembrar se segui a primeira ou a segunda à esquerda — Segunda…

Congelei.

Haviam três pessoas pelo corredor, as mais próximas eram mulheres, caídas no chão, cobertas de sangue. Não precisava de muito para saber que estavam mortas. A última pessoa estava aos pés dele. O homem de pé se assemelhava com Min Yoongi, mas eu sabia que não era ele. Havia algo além do cabelo loiro e das roupas mais claras e largas. Sequer parecia ter uma forma física. Senti meus ombros e coração serem comprimidos como foi com o espírito que se passou pelo meu pai.

— Jeon Jungkook — estremeci quando disse meu nome. Fez uma mesura, sem tirar os olhos de mim, o sorriso perverso não saiu de seu rosto. — Eu esperava algo diferente quando ouvi falar sobre o portador da “God Killer”. Algo com um herói de verdade, mas acho que me enganei.... Você é pequeno — passou por cima do corpo caído, pisando sobre a mão da pessoa - um homem, podia ver seu rosto jovem e arrebentado - que não emitiu qualquer som.

— Você também não é muito grande. Sou maior que você — eu não sabia de onde estava criando coragem para responder, meus instintos me mandavam calar a boca, porém estava agindo no automático. Ele parou e olhou para algo no teto. Demorei a notar ser uma câmera.

— Imagino como Yoongi fará para explicar que não matou essas pessoas — riu esganiçado, como se estivesse sufocando. Fez um gesto com a mão e ouvi o som do equipamento se quebrando. As peças de metal destruído caíram no chão, salvando nos arquivos a suposta imagem de um Yoongi assassino — Senti saudades de causar problemas.

— Quem manda em vocês?

— Ninguém manda em mim. Agora seja um bom menino e me dê o “Assassino dos deuses”.

Porque eles insistiam em pedir a espada? Eles não poderiam simplesmente pegá-la. Taehyung disse que um espírito somente agia no mundo material ligado a alma de alguém e duvido que ele se ligou a alma de Yoongi. E seu corpo, apesar de ser uma cópia muito boa, não me pareceu… palpável? Não havia palavra melhor para descrever.

— Você é um espírito, não pode pegá-la — “Por favor, God Killer, não aparece agora não. ” Implorei em silêncio.

— Claro que posso — riu um pouco mais. — Eu só preciso de um humano — seus olhos faiscaram, olhando para mim.

“Merda” Era o momento de gritar por socorro.

— Jacks- — Não consegui gritar, sentia como se uma mão invisível envolvesse meu pescoço, minha boca abria tentando clamar por ajuda enquanto ele se aproximava a passos largos pelo longo corredor.

— Você precisa de um pouco de veneno — o aperto em meu pescoço intensificou, minhas tentativas de me mexer eram em vão, mais um pouco e eu perderia a consciência. “Se tem algum deus me ouvindo, me ajudem, por favor, por favor, por favor”. Fiz um último clamor desesperado. Aquela coisa tinha feito algo comigo, sentia percorrer em minhas veias. Não havia salvação.

Então o falso Yoongi parou, com a mão a um centímetro do meu pescoço e com uma bendita seta cravada no peito.

— A cavalaria chegou, princesa — disse para mim antes de desaparecer como fumaça. Alguns metros mais atrás estavam Jongin - segurando uma balestra, com outra flecha já preparada - e Yoongi. O real. Os cabelos pretos e a cara de ódio eram inegáveis.

— Ele tocou em você? — neguei com a cabeça, tentando respirar corretamente, sem dar atenção para quem dizia. Ergui o olhar vendo Jimin caminhar a passos largos. Ele foi o primeiro a chegar até mim.

— Tudo bem? — perguntou segurando meus ombros. — Eu nem sabia que isso funcionava mais.

— O que?

— Orações. Nós tínhamos perdido o rastro do espírito quando ele entrou no prédio. Então ouvi sua voz pedindo ajuda — o máximo que consegui fazer foi dar um sorriso de “Que bom que deu certo”.

— Obrigado, Jongin — disse ao rapaz que apenas acenou já que estava ocupado com Yoongi ao lado do corpo do funcionário da emissora. — Estão todos mortos?

— Sim — Yoongi suspirou. — Aquele desgraçado matou pessoas usando o meu rosto! Agora além de suspeito de matar meu irmão eu tenho mais três crimes nas costas!

— Eu vi que não foi você — lembrei.

— E só a sua palavra vai me salvar do ódio das pessoas? Porque é claro que Min Yoongi, o demônio, tinha que ser o responsável. Provavelmente sou seu suspeito número um, certo, Jungkook? Porque eu sou frio e sem coração e claro que o deus da morte, que sempre invejou a merda do trono de Zeus, iria matá-lo.

— Yoongi-hyung, ninguém nunca diss… — Jongin tentou dizer, mas foi cortado.

— E precisa? Eu não sou idiota! Sei o que pensam. Está nos mitos, nos tabloides, na merda da TV. Eu sempre sou o monstro — Jimin se afastou, aproximando-se dele, segurando-o pelos ombros.

— Yoongi, em nome de Gaia, você tem que se acalmar — levou uma mão até seu rosto. — Nós vamos resolver isso, ninguém vai te chamar de monstro, se você manter a calma...

— Não me manda ficar calmo, não encosta em mim — sacudiu os ombros livrando-se do toque do outro — Quer saber uma coisa, Jungkook? Namjoon era o pior de todos os deuses, a auréola de santo não o salvou de tentar arruinar tudo e levar todo o resto na sua loucura. Talvez morrer tenha sido a melhor coisa que tenha feito por nós. Se eu fosse você, deixava de ser um humanozinho estúpido e saia dessa merda enquanto ainda tem chance!

— Yoongi, você não sabe o que está falando! Jungkook ignora, ele só está com raiva — Jimin tentou justificar.

Meu corpo pendeu para baixo, imaginei que a espada viria até mim - como da última vez - mas a sensação era muito pior, eu mal podia sentir meus braços.

— O que é isso? — Jongin falou, alertando Yoongi, os dois olhavam para o meu rosto, a expressão de puro ódio do deus da morte se desfez em preocupação. Os três chegaram mais perto. Jimin segurou meus ombros mais uma vez, tentando me dar sustentação.

— Não… não, não! O desgraçado o envenenou! — A voz de Yoongi pareceu soar de muito longe. “Isso vai matá-lo. ” Um deles disse, eu sequer sabia quem. Em um segundo haviam os três deuses.

No outro não havia mais nada.

 


Notas Finais


*pra quem não conhece, uma balestra é basicamente uma arma que atira flechas
JUNGKOOK VOCE SE FUDEU BEBE ou não, não sei
PROXIMOS CAPITULOS SÃO FORTES EMOÇOES CARALHO ou nem tanto não sei
Jungkook vai se dar mal, como sempre isso tá confirmado
E esse foi o último capitulo adiantado que eu tinha, seguirei orando os deuses pra não atrasar com a fic
VOLTO PROXIMO SABADO! Comentem, favoritem, falem comigo no twitter se quiserem: https://twitter.com/taemeetevil
ah! e minha oneshot yoonmin: https://spiritfanfics.com/historia/please-comeback-10173208
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