— Filha da mãe. – Prageujei no banheiro, enquanto olhava o estrago feito pela outra no meu lábio inferior. – Taehyung vai me matar. – Senti meu lábio ficar um pouco quente. A minha sorte, é que onde a vadia mordeu, não seria visto, a não ser que eu abrisse muito a boca ou beijasse ele.
Voltei para a mesa e vi que meus pais já haviam chegado.
— Jungkook, você está inquieto, aconteceu alguma coisa? – Tae me perguntou.
Balancei a cabeça negativamente, me doeu mentir para ele, mas eu não podia contar sobre a garota, agora.
Eu queria muito sair correndo dali toda vez que passava a língua no meu lábio inferior e sentia o machucado. Fiquei encarando o ruivo por uns instantes e comecei a me sentir mal por não ter falado nada. O mais velho, dessa vez, estava mais atencioso, acariciava meus cabelos, depositava selares na minha bochecha... será que ele estava fazendo isso só por que meus pais estavam ali?
O ruivo se inclinou para mim e puxou meu lábio com os dentes.
— O que é isso, Kookie? – Ele passou o polegar sobre a mordida da garota.
— Eu mordi o lábio. – Respondi sem graça e abaixei a cabeça.
— Forte assim? – Ele perguntou e eu assenti.
Me levantei da cadeira e estava indo na direção do banheiro quando trombei no Mark e o mesmo deixou metade do seu vinho cair na minha camisa branca.
— Mark. – Exclamei.
— Ai, Kookie... Me desculpa. – Ele disse já largando sua taça semi vazia num canto e direcionando toda sua atenção a mim.
— Não foi culpa sua. – Respondi.
— Venha, vamos no banheiro lavar isto. – Ele me puxou.
Chegamos no banheiro e tirei minha camisa para lavar.
— Tá frio aqui, o quê que eu vou fazer?
— Toma – O loiro deu um puxão no seu moletom amarelo cheio de estampas de rosquinhas que estava amarrado na cintura e me entregou.
— Não, Mark. Pode ficar. – Fiquei sem graça.
— Isso, fica sem camisa então. Quero só ver a cara do Taehyung quando ver você sem camisa.
Revirei os olhos e vesti o moletom.
— Caramba, essa mancha não sai. – Reclamei.
Nesse instante, Jin entrou no banheiro e viu todo nosso sufoco.
— O que aconteceu, gente? – Perguntou.
— Deixei cair vinho na camisa do Jungkook, Jin. Agora a mancha não sai. – Mark respondeu sem graça. – Kookie, eu vou comprar outra camisa para você.
— De jeito nenhum. Fui eu quem esbarrei em você.
— Calma gente. Vão lá no meu apartamento e lavem a blusa lá. Tem produtos de limpeza que tira a mancha. – Jin enfiou a mão no bolso. – Toma a chave.
Em outra ocasião, eu teria recusado, mas nesse caso, eu me senti necessitado de um sabão.
— Obrigado, Jin. – Peguei a chave e saí correndo para perto da minha mãe.
— Mãe, como que eu tiro mancha de vinho de camisa branca?
— Uai Jeon, se você sujou agora, apenas sabão tira. – Assenti e já ia voltar correndo quando senti alguém me segurando pelo braço.
— Posso saber o que você está fazendo com o moletom do Mark? – Taehyung se levantou e me fuzilou com os olhos.
— Eu sujei minha blusa e ele me emprestou a dele.
— Jungkook... – Ele respirou fundo. – Tira esse moletom.
— Para com isso Taehyung. – Puxei meu braço com força e saí indo na direção do elevador me encontrar com o loiro.
Nós entramos no apartamento e fomos direto para a área de lavar. Com muita dificuldade, tiramos a mancha de vinho da camisa.
— Ai Mark, obrigado pela ajuda. – Respondi sorrindo. – Pode voltar a para a festa se quiser, eu só vou secar ela aqui e te devolvo seu moletom.
— Relaxa, Kookie. Depois você me entrega. – Ele me deu um tapinha no ombro. – Vou lá e aproveito e aviso o Jin que deu tudo certo.
Nós esfregamos tanto a blusa, que o que eu senti de frio lá em baixo, se transformou em calor triplo lá em cima e eu com aquele moletom, já estava sentindo o cabelo grudando na testa.
De repente, ouço a porta bater com força.
— Mark, esqueceu alguma coisa? – Perguntei e continuei debruçado na máquina de secar.
— Mas que história é essa, de que você estava de dancinha com o Mark lá e baixo e depois beijou uma garota? – Virei de uma vez e me deparei com Taehyung na porta com os punhos cerrados.
— Como você... – Interrompi minha pergunta quando me lembrei da expressão sarcástica de Choi quando a garota me beijou. – Tae, eu...
— Então é verdade? – Ele começou a gritar.
— Sim, mas...
— Eu não acredito. Jungkook eu não acredito que você fez isso comigo. – Ele gritava e os vizinhos com certeza estavam ouvindo.
— Calma, Tae. – Tentei encostar no rosto do mesmo que me afastou com um tapa na mão.
— Não encoste em mim.
— Taehyung, por favor, me escuta?
— Jungkook, eu confiei em você. – Ele começou a chorar e eu tentei pegar na mão dele mais uma vez e fui empurrado para longe. – Fica longe de mim.
— Amor, não é isso que você está pensando.
— Não me chama de amor. Se você me amasse, não teria feito isso comigo.
— Mas eu não fiz nada. – Comecei a gritar também. – Me escuta.
— Como não fez nada? – Ele veio para perto de mim e puxou meu lábio com força. – Essa marca, você mordeu o lábio né? Sei muito bem.
— Taehyung, isso dói. – Eu empurrei a mão do mais velho.
— Jungkook, eu estou com nojo de você.
Senti uma fincada forte no coração e comecei a chorar.
— Não fala isso. – Disse enquanto as lágrimas iam saindo com vontade molhando meu rosto inteiro. – Você não sabe o que está dizendo.
— Não sei? Olha bem, você me fala que viria com seus pais e chega aqui de moto com o Jimin. Ele deve ter vindo se esfregando em você o tempo todo e você devia estar gostando, não é? Aí você fica de papinho com o Mark, depois some e quando eu vou atrás de você, fica dando piti e não aceita me beijar... de repente você fica dançando colado com ele enquanto todos aplaudem e aí você beija uma garota?
— Você tem que me ouvir, me deixa falar? – Eu não conseguia parar de chorar. – Por que você não me deixa explicar? Você prefere confiar nas palavras de uma pessoa que te traiu.
— Você também me traiu. – Ele cuspiu as palavras.
— Não... – Eu balançava a cabeça negativamente. – Eu amo você, eu nunca faria isso. — Comecei a soluçar.
— Você não me ama. – Ele disse com calma. Isso me doeu tanto, que eu não conseguia falar nada. – Você vestiu a roupa de outro homem e quando eu chego aqui, ele está saindo do apartamento e você aqui todo suado. Você estava dando para ele?
A minha tristeza se transformou em raiva quando ele me disse isso. Desferi um tapa no lado esquerdo do seu rosto, que fez arder a minha mão.
— Eu nunca te dei motivos para pensar isso de mim. – Apontei um dedo na cara dele. – Se você não confia em mim, por que colocou essa droga dessa aliança no meu dedo?
— Jungkook, você perdeu o juízo? – Ele me fitava e raiva exalava dos seus olhos. – Se eu coloquei essa aliança aí, foi porque eu achei que você me amava.
— Taehyung... – Eu ia dizer que o amava, mas minha raiva e tristeza não deixaram. Ouvi a máquina de secar apitar e eu tirei com força minha camisa de lá.
Tirei o moletom do Mark e vesti minha camisa, levemente amassada. Quando eu já ia saindo, o mais velho me puxou pelo braço.
— Me larga, Taehyung. – Dei um puxão no braço e ele veio andando atrás de mim.
Saí do apartamento, tranquei a porta e corri para o elevador sendo seguido pelo ruivo.
— Jungkook, é isso mesmo? Você vai me deixar falando sozinho?
O ignorei e entrei no elevador, quando me virei, ele tinha entrado junto.
— Jungkook? – Ele se aproximou.
— Taehyung, fica na sua. Não encoste em mim, não fale comigo, não me olhe. – Disse com calma. – E não venha atrás de mim.
— Você não tinha esse direito. Você me trai, me dá um tapa na cara e vai me deixar aqui falando sozinho?
As portas do elevador se abriram, saí correndo até a mesa que minha mãe estava.
— Mãe, entrega isso para o Mark depois fazendo favor? – Entreguei a ela o moletom e peguei meu capacete. – E leva o Jimin para casa.
— Kookie, onde você vai meu filho? – Ela me perguntou preocupada.
— Para casa. – Saí andando com pressa e vi que estava sendo observado por Choi.
Cheguei perto da moto e senti alguém pegando meu braço.
— Jungkook, você vai fugir de mim assim?
— Já mandei não encostar em mim, Taehyung.
— Você não acha que nós devemos conversar?
— Ah agora você quer conversar? Agora, vai se foder. Você não está com nojo de mim? Pois é, eu também estou com nojo de você.
— Jungkook? – Ele tentava se aproximar, quando subi na moto e coloquei meu capacete.
— Taehyung... — Olhei para ele através do espaço da viseira do capacete. — Fica aí com seus ciúmes, com suas palavras, com seu ex. Não me procura mais. Você morreu para mim.
Fechei a viseira e arranquei a moto o mais rápido que eu consegui.
Eu só conseguia chorar e chorar enquanto eu acelerava cada vez mais a moto. Quando olhei no retrovisor, vi o Jeep já consertado de Taehyung vindo atrás de mim e logo ele me alcançou.
— Jungkook, para essa moto. – Ele gritava e eu só chorava. — Jungkook, estou mandando você parar essa moto. Você vai se machucar.
Logo mais à frente, notei um engarrafamento e aproveitei a oportunidade, acelerei mais e me enfiei entre os carros deixando Kim Taehyung para trás.
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