Uma semana tinha se passado desde aquele dia que eu cheguei tarde da noite em casa e assim que me fechei em meu quarto desabei no choro, não vou dizer que agora estou melhor porque estaria mentindo, eu apenas estava convivendo com a dor por obrigação, meus pais tentaram varias e varias vezes saber o que aconteceu mas eu me recuso a tocar no assunto, eles não precisam saber o quão patetica é a filha deles. Ele tentou me ligar algumas vezes, porem eu nunca atendi uma ligação se quer, nessa uma semana eu tambem me recusei a ir qualquer dia para a escola ou sair de casa por qualquer outra coisa, comia por obrigação por causa da anemia, meus pais estavam preocupados que eu voltasse a viver da mesma forma como era quando meu irmão morreu, só que agora era diferente, ninguem tinha morrido, eu apenas tive meu coração destroçado sem dó nem piedade. Hoje começaria uma nova semana, ja tinha faltado muitos dias na escola eu deveria aparecer la hoje, mas a minha vontade de sair da minha cama era zero, nesses dias eu tambem evitei a escutar uma musica sequer, não queria ouvir a sua voz, apenas me concentrei nos meus livros. Olhei para o relogio na cabeceira da cama, se eu fosse pra aula deveria me levantar logo, me levantei com muito custo, tomei um banho rapido e coloquei a primeira roupa que vi na frente, parei na frente do espelho que tinha no meu quarto, e então reparei o quão deploravel estava minha aparencia, rosto amassado e inchado, os olhos então nem se falam, vermelhos por causa do choro que vinha todas as noites sem falta, por sorte estava com um moletom de capuz assim poderia me esconder parcialmente atras do mesmo. Peguei a mochila que estava jogada no chão do quarto e desci, ao chegar na cozinha meus pais me olharam surpresos e não falaram absolutamente nada, assim como eu. Comi o mais rapido que pude, e dei um tchau rapidamente e sai de casa.
Estava sentada na ultima classe no fundo daquela sala, os outros alunos conversavam animadamente entre si enquanto o professor não entrava na sala, mas não durou muito, pois a professora de japones logo apareceu ali para dar a sua aula. Estaria mentindo se dissesse que prestei atenção em uma unica palavra dela, eu fiquei a manha inteira viajando em meus pensamentos e me perguntando o que diabos eu estava fazendo ali, então me lembrei o motivo, meus pais... se não fosse por eles, eu ainda estaria trancada naquele quarto. Quando o sinal tocou informando o final daquelas aulas foi a melhor coisa que tinha me acontecido desde que tinha levantado da cama. Peguei minha mochila e sai rapidamente da sala. Ja na calçada enfrente a escola, percebi o quanto é entediante ir pra casa sem os fones, sem minhas musicas, mas se eu escutasse sua voz eu acho que acabaria chorando de novo. Eu estava destraida e encarando o chão, sem prestar atenção a minha frente, ate que eu me esbarrei com alguem e acabei caindo no chão, instantaneamente uma cena assim se veio a minha mente, meu coração se apertou pelo medo de quem poderia ser a pessoa a minha frente...
- Voce esta bem? - ouvi uma voz grossa e familiar, olhei rapidamente para cima o encontrando me olhando curioso.
- S-sim... - aceitei sua mão que estava estendida no ar para me ajudar a levantar do chão.
- Não esperava te encontrar aqui. - Choi falou sorrindo gentilmente para mim.
- Minha escola é aqui perto. - falei dando de ombros, só queria ir pra minha casa e esquecer que algo assim aconteceu novamente.
- Entendo... mas voce anda falando com o Kwon? Ele esta preocupado com voce. - sua voz era calma e despreocupada.
- Não... pessoas famosas não se misturam com pessoas comum, a ficha caiu, agora se me der licença tenho que voltar pra casa. - ele me olhou surpreso.
- Olha se o Kwon fez algo de errado, isso é com ele, voce não precisa se afastar de mim por causa disso. - ele falou segurando me braço me prendendo no lugar.
- Não posso afastar alguem que nem sequer é proximo a mim. - o olhei com indiferença, não que eu não gostasse dele, mas ele era o melhor amigo dele, ele contaria para o Kwon que me viu e sei la mais o que, eu só queria evitar problemas futuros, pelo menos o maximo que eu conseguir.
- Na primeira vez que te vi, voce parecia fofa. - ele ainda segurava meu braço.
- Okay... mas sera que da pra me largar? Eu realmente quero ir pra minha casa, voltar pra minha vidinha comum e sem graça e esquecer que algum dia eu conheci qualquer um de voces. - ele ficou quieto por alguns segundos e então me puxou pelo braço, fazendo com que meu corpo fosse de encontro ao seu, seu outro braço passou pela minha cintura meio que me abraçando.
- O que voce...? - o olhei sem entender.
- Como eu disse, voce nao precisa se afastar de mim por causa do Kwon. - ele não me deu tempo para responder, sua boca tomou a minha de um jeito rapido e agil. Eu estava assustada com o estava acontecendo e nem sequer reagia ao seu beijo, senti sua lingua me pedir passagem, eu não queria aceitar, mas por algum motivo imagens dele me passaram diante de meus olhos e eu acabei aceitando o beijo do Choi, fechei meus olhos e me desliguei do mundo a nossa volta.
- Beijo tão mal assim? - ele perguntou baixo assim que nossas bocas se desgrudaram, só então fui perceber que meu rosto estava umido pelas lagrimas que sairam sem eu perceber.
- Me desculpa... - sussurrei um pouco envergonhada pelo acontecido.
- Venha, vamos dar uma volta e conversar um pouco. - ele me estendeu sua mão novamente para mim, eu não sabia se aceitava ou não, mas acabei aceitando por impulso e sem saber o que fazer estando em uma situação assim.
Caminhavamos em silencio, ele segurava a minha mão me guiando pelas ruas de seul, o tempo todo eu andei de cabeça baixa, o que eu estava fazendo? Aceitando o beijo do melhor amigo dele e agora andando de mãos dadas com o mesmo, eu só podia ser louca. Ele me puxou para dentro de um estabelecimento e so então fui perceber que entramos em um restaurante.
- Voce não almoçou ainda não é? - ele perguntou enquanto me guiava ate uma mesa.
- Não.. - minha voz saiu baixa.
- Que bom, a comida daqui é otima, eu e os garotos quase sempre viemos aqui. - nos sentamos em uma mesa perto de uma enorme janela, o restaurante era rustico e muito bonito.
Como os pratos que estavam no menu, eu não conhecia deixei que ele escolhesse por mim, no fim ele escolheu bulgogi* para mim e para si ele escolheu bibimbap°. Ele tentava puxar assunto enquanto o nosso pedido não vinha, mas eu respondia tudo com curtas palavras para cortar logo o assunto. Algusn minutos mais tarde nosso pedido chegou e então começamos a comer em silencio.
- Não sabia que voce ia estar aqui Choi. - ouvi a voz do Lee atras de mim e por um momento senti minhas mãos suarem frio.
- Veio só voces dois? - Choi perguntou olhando para atras de mim.
- Não, o Dong e o Kwon pararam ali na entrada para ver algo. - Kang disse calmamente.
"Kwon..." o nome dele se repetia inumeras vezes em minha cabeça, eu sabia que deveria ter ido embora, mas que droga! Eu olhei rapidamente pra o Choi e ele me olhava preocupado, eu tinha que sair dali antes que ele entrasse e me encontrasse, eu não queria o ver nunca mais na minha frente.
- Eu tenho que ir! - falei me levantando rapidamente, assim que me virei dei de cara com ele apenas alguns passos a minha frente, ele me olhava serio e surpreso.
Não falei absolutamente nada, apenas desviei o olhar do seu e tentei sair dali o mais rapido, porem ele segurou meu braço quando estava passando por ele.
- Espera! A gente tem que conversar. - eu respirei profundamente tentando me manter indiferente.
- Não temos nada para conversar. - falei sem olhar para ele.
- Claro que temos! Voce foi embora do meu apartamento chorando sem me dizer o que aconteceu, e não atendeu quando te liguei, fiquei uma semana sem noticias suas e sem saber o que aconteceu, esta achando que virei videndo agora? - sua voz era irritada.
- Estou achando que voce é um idiota babaca e tudo o mais, mas vidente? Nunca cheguei a pensar no caso. - falei debochadamente, seus olhos faiscaram de raiva, ele me puxou para fora do restaurante sem falar uma palavra.
- Me fala o que esta acontecendo! - ele perguntou com a voz grossa assim que estavamos na rua.
- Nada de importante, agora estou indo pra casa. - falei virando as costas e começando a ir embora.
- Para de bancar a criança! - sua voz estava alterada, e consequentemente algumas pessoas passaram a olhar a nossa situação.
- Exatamente, voce falou tudo agora! Eu sou uma criança! Porque voce não volta pra sua namorada adulta e me deixa em paz?! Volta pra sua vidinha perfeita e me deixa viver a merda da minha vida! - eu gritei com toda a raiva que eu estava sentindo dele nesses ultimos dias, ele me olhava de olhos arregalados surpreso pela minha resposta.
- Namorada? Do que voce esta falando? - ele estava nervoso e eu tambem, e o resultado disso era nós dois brigando na rua com plateia e tudo o mais.
- Eu acabei vendo a foto... então minha ficha caiu, olha não me importo mais se fui so mais uma diversao pra voce, mas agora por favor, me deixa em paz, ta legal? Voce pro seu lado e eu pro meu... - falei suspirando, quero acabar com tudo isso de uma vez, ja tinha gente tirando foto com seus celulares.
- Voce não pode tirar conclusões precipitadas sem ao menos perguntar pra alguem a respeito! Eu te disse que não tenho namorada! O que diabos te faz pensar que eu tenho agora?! - ele passava as mãos nervosamente pelos seus cabelos os bagunçando ainda mais.
- Eu ja disse, a foto, com o cordão e tudo, o simbolo... - minha voz foi morrendo a cada palavra.
- Aquilo... podemos conversar sobre isso em casa? Agora o que voce precisa saber é que não estou com aquela pessoa... - ele me suplicava com os olhos, eu sei que ele não quer se expor mais do que ja fez, mas eu não queria sair com ele de novo.
No fim acabei aceitando... e agora nos encontravamos na sala de seu apartamento um olhando pra cara do outro.
- Olha se for pra ficar nesse silencio eu vou embora. - falei suspirando.
- Não... estou tentando pensar por onde eu começo. - ele encarava suas mãos em seu colo.
- Que tal pelo começo?
- Okay... Quando eu tinha 17 anos eu comecei a namorar uma amiga minha de infancia, quando eu fiz 18 anos eu comecei a trabalhar com a banda e fazer os shows por ai e tudo o mais, nós dois guardamos dinheiro e compramos esse apartamente e viviamos juntos aqui. Ao nossos 21 anos Ayu foi parar no hospital por ter desmaiado do nada, e la os medicos fizeram varios exames e constataram que ela estava com anemia aplastica (é uma doença auto-imune onde a medula óssea diminui a produção de células sanguíneas. Seu tratamento é feito com transplante de medula óssea e transfusão de sangue, quando não é devidamente tratada, pode levar à morte em menos de 1 ano.), foram cinco meses de transplantes e tranfusões de sangue, mas ela não aguentou e acabou falecendo... Desde então eu nunca me relacionei serio com ninguem. Por esse motivo eu entrei em desespero quando voce desmaiou, porque novamente eu me encontrava naquela situação e sem saber o que fazer, e quando a medica falou que voce estava com anemia, eu ja nem ouvi o resto, me sentia sem chão e tudo que me veio em mente foi que eu perderia alguem de novo para o mesmo problema... Eu sinto muito se te fiz pensar que eu estava namorando e apenas te enganando, não era o que eu queria... - ele olhava um ponto fixo no nada, eu nao sabia o que falar, na verdade eu me sentia pateticamente idiota agora por saber o real motivo.
- Eu... sinto muito... - falei de cabeça baixa, envergonhada por tudo ate aquele momento.
- Voce não tem culpa, eu deveria ter te falado desde o começo... so achei meio cedo pra voce saber de algo assim. - ele me olhou com um meio sorriso em seu rosto.
- Voce ainda a ama? - perguntei com um pouco de medo de sua resposta.
- Não como antes... antes de morrer ela me pediu para eu continuar minha vida, e eu fiz, no começo contra minha vontade, mas hoje agradeço por ter conseguido. - ele deu de ombros.
- Entendo... - falei com um meio sorriso em meu rosto.
- Então voce me perdoa? - ele se aproximou de mim, ficando apenas alguns centimetros longe de mim.
- Si-sim... - falei me engasgando com a palavra.
Ele sorriu e me beijou, meu coração parecia que iria perfurar meu peito de tão frenetico que ele batia. Meu estomago estava repleto de borboletas me causando um certo desconforto no mesmo. Minha cabeça girava me deixando tonta e aerea a tudo a minha volta. Minha audição apenas ouvia um zumbido sem se importar em identificar o mesmo para saber do que se tratava. Ele me deitou no sofa calmamente, ficando por cima de mim, ficamos nos beijando ate todo o ar dos nossos pulmões ser consumido. Nos afastamos ofegantes, ele ficou me olhando e sorrindo de um jeito bobo que me fez sorrir tambem... Eu estava com medo, medo de passar por aquilo de novo, por o perder de verdade, medo dele perceber que eu não tenho nada para lhe oferecer, medo de que alguem melhor apareça e ele se de conta disso... Se eu o perder de novo, dessa vez eu não vou aguentar... uma segunda vez daquela dor, vai me definhar definitivamente... que deus me ajude a partir de agora, é so o que eu peço...
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