História Goodbye In The Summer - Único

Eu realmente odeio o verão… Mesmo com altas temperaturas, tenho de sair com roupas compridas e escuras, o que atraí diversos olhares na rua, afinal, não são todos os dias quais você vê um cara, quase tão branco quanto papel, e de manchas avermelhadas sob o rosto.

Era por volta das cinco da tarde e, estava indo para um parque perto de minha casa, já enjoando de ficar na mesma…

Quando chego ao local, me sento em um banco e permaneço ali, olhando para as árvores iluminadas pela luz solar quente, essa que tanto odeio. Perdido em pensamentos, me assusto quando alguém toca meu braço, viro-me, vendo um belo garoto, vestido de preto e com sorriso adorável.

— Uh? Olá! Eu sou Jeon Jungkook e você? — ele falou cordialmente.

— Min Yoongi, prazer em conhecê-lo. — falei com um leve e pequeno sorriso. — Precisa de algo?

Seu rosto ganhou um tom corado, me fazendo pensar que minha pergunta fora extremamente direta.

— Sendo sincero? Preciso sim. Ahn… — Ele diz envergonhado, fofo. — Eu sou estudante de medicina. — oh, sério?— E tenho um trabalho sobre doenças de pele, se você não te incomodar, poderia responder algumas perguntas?

Certo, ele estava muito nervoso! Não era do meu feitio responder perguntas sobre minha doença, mas ele era tão adorável que eu não pude negar…

— Claro! Te ajudarei no que for possível! — seus olhos se iluminaram, e ele sorriu feliz, era lindo de se ver…

— Fico feliz que possa me ajudar! Então… — sua fala fora cortada pelo toque de seu celular — Ah! Com licença, Yoongi… Eu realmente preciso atender essa chamada. — Concordo com a cabeça, e vejo-o se afastar.

— Yoongi! Infelizmente não poderei fazer às perguntas hoje, um imprevisto apareceu. Você poderia me passar seu número? Assim podemos ver um dia para me ajudar... — ele parecia realmente nervoso e envergonhado; me pergunto se é sua primeira vez pedindo o número de alguém, seu rosto corado denunciando que sim.

— Claro! — Depois de salvar meu contato, Jungkook some entre às árvores e alguns mínimos raios solares.

Eram sete horas da noite, o sol estava se pondo, o que me fez ir junto de si. Quando cheguei em casa havia uma mensagem do universitário, o mesmo me perguntava se eu havia chegado bem em casa, adorável. Depois de respondê-lo e retornar sua pergunta, tomo um banho para finalmente dormir.

Logo ao amanhecer o clima estava quente e ensolarado e, eu como um bom hater do sol, havia me levantado, logo fechando todas as cortinas da casa e ligando o ar condicionado em seguida. Durante meu café da manhã, recebo uma mensagem de Jungkook questionando se eu poderia responder algumas de suas perguntas hoje às cinco da tarde no mesmo local de ontem, respondi concordando e me trocando, afinal teria consulta em poucos minutos.

Quando chego no parque, Jungkook já está lá, igualmente como nos conhecemos; em seu celular.

— Jungkook? — falo sutilmente, afinal, não queria o assustar-ló. O citado se vira, me agraciando com seus dentes saltadinhos.

— Oh! Olá, Yoong! Como você está? — esse garoto é realmente, muito fofo! Céus! Seu sorriso brilhava como o sol, e isso deveria me fazer odiá lo, mas… Estava demais ocupado pensando em como seria beijá-lo. Seria caloroso como um banho de sol?

— Estou bem e você? — respondo, sorrindo.

— Estou bem! Podemos começar às perguntas? — maldita seja sua boca bonita, que me deixa alheio do que saí dela. — Yoongi?

— Uh? Ah sim, às perguntas? Podemos sim! — afirmei abaixando minha cabeça, envergonhado,

ora, eu estava perdido admirando seus lábios!

Ele sorriu meigo pegando em sua mochila — a qual, até então, não havia reparado — um pequeno caderno.

— Certo. A primeira: qual é sua condição? — ele perguntou, receoso.

— Carcinoma espinocelular*. — digo, e vejo-o concordo enquanto anota.

— Entendo. É causada por raios UV ou por conta de alguma mutação genética hereditária? — Perguntou, fitando o caderno em suas mãos.

— Raios ultra violetas.

— Uh! Certo. Qual o estágio da doença? — ugh…! Abaixo minha cabeça, àquela pergunta sempre era constrangedora.

— TNM4*. — murmuro, sem ânimo.

— Como? Poderia repetir? Não consegui entender. — respiro fundo e deixo com que às palavras saíam junto do meu fôlego.

— TNM4. Ele já se tornou câncer invasivo. —Jungkook levanta sua cabeça, me olhando espantado.

Isso… Eu odeio isso! Odeio que médicos ou estudantes me olhem com pena, eu sei

que minhas expectativas de vida são baixas e, também, que irei morrer logo…

Estudante de medicina você já me encheu a paciência hoje.

Quando iria abrir minha boca para falar algo, seu celular tocou, fazendo-o suspirar.

— Desculpe, Yoongi-ssi. Terei que ir para casa, podemos continuar amanhã? — Agradeci aos deuses.

— Claro! Até amanhã, Jungkookie! — oh! Jungkook me olhou sorrindo, não demonstrando estar desconfortável com o pseudo apelido.

— Até amanhã, Yoonie! — merda. Meu coração acelerou ao escutar o breve apelido.

Novamente, ele se vai junto do sol… Quem sabe, ele seja alguém tão caloroso, que até mesmo o sol queira-o por perto. Enquanto caminho pela rua iluminada por luz artificial, surgem lembranças de quando era mais novo e admirava as estrelas desejando viver sem medo, admirar a noite estrelada bem velhinho, ou que o sol passasse a gostar de acariciar minha pele, o que em minha mente é realmente impossível.

Após mais dois dias tendo de responder às perguntas do estudante de medicina, eu chego a conclusão de que se o sol sempre deixar suas bochechas pálidas avermelhadas e, se sua voz continuar tão melodiosa eu não poderei desviar meus olhos de sua boca com brilho labial que refletia poucos raios presentes no local, eu posso não o odiar tanto.

Bem, eu não precisava que ninguém me dissesse. Eu já sabia… Sabia que estava completamente apaixonado pelo garoto com sorriso bonito, podendo se comparar à lago iluminado pelos raios da manhã, com toque gentil e quentinho, como se o sol estivesse acariciando minha pele.

Hoje, seria o último dia qual eu responderia às suas perguntas, logo, resolvi que iria me declarar. Quiçá, não passasse de um simples “eu gosto de você”, mas, sinceramente não queria passar meus últimos dias com essas palavras sufocadas em minha garganta.

— Jungkookie? — o chamei. Ele estava com a cabeça baixa anotando algo em seu caderno.

— Sim? — quando o mesmo levantou seu rosto, senti às costumeiras borboletas em meu estômago. Quando olhei em seus olhos, tudo parecia ter sumido, a única coisa que me importava era como ele me fazia sentir vivo, como ninguém nunca havia feito antes. Tomando coragem, respirei fundo e fechei meus olhos por míseros segundos, segurando minha respiração.

— Eu gosto de você… — murmurei e ele me fitou, perguntei-me se ele havia escutado. — Eu gosto, muito de você. — Ele estava totalmente estático e eu não o culpava, não é todos os dias que alguém, principalmente um homem, se declara para você.

Eu não estava á espera de uma resposta positiva, deseja, apenas, não morrer com isso em minha mente. Assim, não estava realmente me importando se era recíproco ou não, é claro que eu ficaria triste caso ele me desse uma resposta negativa ou se mostrasse totalmente homofóbico, mas essas não foram nenhuma das suas reações. Portanto, agora que estava clara minha resposta, sabia que ele não estava interessado em mim, eu poderia ir para casa, sem nenhum peso na consciência. Quem sabe ele namore, já que todas às vezes em que seu telefone toca o mesmo corre para atender… Como um bom namorado faria.

Quando estava prestes à dar meu primeiro passo indo embora, Jungkook segurou minha mão, me puxando novamente para que eu ficasse sentado no banco, enquanto ele admirava meu rosto e suspirava pesadamente. Diferente da outras vezes, quando o seu telefone tocou, o garoto quente desligou, me fitando com atenção.

— Eu também gosto de você, hyung! — ele estava nervoso. Seu peito subia e descia por conta de sua respiração pesada, e eu não estava diferente. — Tipo, muito mesmo! Sabe, não precisaríamos nos encontrar todos esses dias, eu poderia ter feito às perguntas por mensagem, ou então em apenas um dia. Confesso que o primeiro dia em que falei com você pela primeira vez, não fora o primeiro qual eu te vi, isso pode parecer um tanto stalker, mas eu meio que venho ao parque apenas para poder te ver. — sua voz estava quase inaudível e, eu totalmente sem palavras, era como se o mundo irreal de meus sonhos estivesse se tornando realidade; como se tudo o que sonhei durante esses dias, e o constante pensamento sobre o garoto em minha frente.

Quando percebo, a respiração de Jungkook está muito próxima de meu rosto e seus olhos fixados em minha boca, ele me puxa como um ímã; era como se eu realmente fosse um planeta que estava orbitando ao redor dele, o sol.

Quando seus lábios tocaram os meus eu sinto meu corpo esquentar, meus batimentos gritando em euforia… Com um sorriso de ambas às partes, o casto selar é findado. Ao mirar os olhos brilhantes do garoto em minha frente, não consigo descrever com precisão minhas emoções, ele deixava todos os meus adorados dias de inverno no chinelo com seu adorável sorriso.

— Então, agora, nós estamos saindo? — a pergunta do loiro havia me pegado desprevenido. Eu não queria o fazer sofrer, mesmo sabendo que tenho um mísero mês restante de vida.

— Você sabe, tenho somente um mês… Quer realmente entrar nessa? — falei baixo. Era sua escolha… Não consegui sustentar seu olhar, passando a observar meus pés, escutando seus suspiros.

— Claro que quero, Yoongi! Irei passar cada dia que reste junto á ti, fazendo com que eles sejam os melhores de sua vida! — falou sorrindo.

— Oh, sério? Então agora nós estamos saindo? — havia ficado totalmente desconcertado, me perguntando como existirá alguém tão adorável.

Depois desse dia, todos os outros foram regados de sorrisos, beijos e carícias; aos finais de

semanas, quando Jungkook não precisava fazer algo da faculdade, íamos em encontros, era

como se cada dia fosse o nosso primeiro. E, quando menos percebemos, era fim de mês.

Tínhamos marcado um piquenique no parque já tão conhecido por nós, após virar nosso ponto de encontro. Eram cinco horas quando chegamos, o loiro trazia consigo a pesada cesta, enquanto eu carregava a toalha. O sol já estava se pondo, e isso era normal em nossos encontros — quando não, fazíamos algo em casa, saíamos bem cedo ou após às cinco da tarde, pelo sol já estar baixo. Sentia que aquele não era o melhor dia.

[…]

Ponto de vista: Jungkook

Estava animado para o piquenique com o Yoongi, no nosso ponto de encontro. Quando terminei de arrumar era por volta das quatro e quarenta da tarde, indo ao encontro do meu hyung ao ver a calmaria aparente do sol.

Chegando no parque vejo Yoongi sentado sobre a toalha xadrez com os olhos fechados. Chego perto do mesmo e dou-lhe um abraço, estava com saudades de sua pele pálida e quente. Ele era uma pessoa muito importante, mesmo que eu não consiga explicar o porquê dele ter se tornado tão significativo; apenas pegou meu coração para si e resolveu que o guardaria a sete chaves, me fazendo perder o controle sobre meus sentimentos.

O moreno me olhou com seus olhos de gatinho e sorriu fazendo que seus pequenos dentinhos aparecerem, como se todos á minha volta tivesse parado para observar a beleza do garoto em minha frente, era como se eu estivesse prestes a cair nos braços de Morfeu* e ter um belo sonho.

[…]

Estávamos nos divertindo, quando o relógio anunciou serem seis horas, de repente Yoongi ficou quieto, logo começando a tossir e ficar assustadoramente corado, sem saber o que fazer, peguei-o no colo, levando para meu carro dirigindo o mais rápido possível em direção ao hospital. Quando cheguei, tudo fora muito rápido, eram muitos enfermeiros correndo e médicos falando alto, havia acontecido um acidente perto e muitos feridos estavam sendo transferidos neste hospital.

Minha mente estava confusa. Levaram Yoongi para uma sala e, colocaramum aparelho respiratório em si, dizendo-me que seu médico logo chegaria, mas, quando seria o logo? Ele estava morrendo e eu não poderia fazer nada, mesmo com minhas horas de estudo, mesmo com minha prestigiada faculdade, agora me limitava em olhar e sentir as lágrimas caindo de meus olhos. Eu não queria que meu amor se fosse, mas, isso não sou eu quem determino.

Na sala branca com cortinas verdes, fria como o inverno, vejo Yoongi abrir seus belos olhos e sorrindo para mim.

— Ei… — ele parece cansado e não era para menos. Eu sabia o que um câncer como esse poderia causar, afinal, estudava medicina. Hyung sempre tentava esconder seus estados de fraqueza, e mesmo que eu percebesse escolhia por não falar nada, respeitava sua escolha. — Ao que parece meus calorosos dias de verão acabaram hoje, não é meu amor? — ele era tão mau! Falar sobre isso com uma leveza inexplicável e, com seu costumeiro sorriso bonito em seu rosto. — Ei, olhe para mim, sim? — malvado.

— Obrigado por me fazer gostar do verão… Não é nada fácil odiá-lo quando se mora na califórnia e, mesmo sabendo que já deveria ter me acostumado com ele á muito tempo, era inevitável… eu simplesmente odiava-o antes de você chegar. — Ele deixava com que às palavras simplesmente saíssem de sua boca, não se importando com a dificuldade em respirar, ou qualquer outra coisa; ele não estava preocupado com sua morte e, eu sabia que não deveria me preocupar também.

— Sabe, eu nunca soube ao certo com o que lhe comparar, mas agora creio que sei. Você, é como o deus Apolo; quente como o sol, sua voz soa como música, suas palavras são poesia e você me curou do ódio impensável que eu tinha pelo verão, isso fará com que minha partida seja mais leve? Talvez. Me desculpe por estar partindo, eu gostaria de passar anos com você, mas desde criança, escondido em meu âmago já sabia que eu seria uma passageira chuva de verão. 'Le vent se lève, il faut tenter de vivre’ eu te amo meu sol, meu Apolo.

— Eu também lhe amo, Min Yoongi, do fundo de meu coração.

Processando tudo que fora dito pelo moreno, eu o vejo fechar seus olhinhos sorrindo. Ele havia partido.

— Talvez, sejas como Morfeu e venha me visitar por sonhos.