A noite em Gotham estava como de costume, um ventinho frio invadia as ruas e as residências, porém na mansão Wayne as coisas fugiram do padrão já que playboy convidou seus amigos do “trabalho noturno” para irem num jantar em comemoração ao seu noivado, claro que isso só aconteceu após uma longa chantagem emocional de Selina que o questionou várias vezes sobre ter vergonha dela. Apesar de ter resolvido ceder o tal jantar, para alguns mais chegados a apresentação da gata não era necessária, porém Bruce ainda se sentia um tanto desconfortável em abrir sua casa para os colegas, já Alfred achava aquilo um grande avanço, afinal fora os bailes e comemorações necessárias devido a empresa, a mansão costumava a ser vazia e silenciosa até alguns meses atrás antes da pequena Wayne não morar ali.
O processo de recepção dos convidados até se sentarem na mesa de jantar para comer foi um pouco demorada, embora alguns membros da Liga, como os Lanternas, que não puderam comparecer por motivos de “bem maior”. Durante esse processo, Bruce também acreditava que veria convidados peculiares por parte de sua noiva, mas quando questionada a mesma deixou claro que achou melhor não ter convidado ninguém, o que foi um alívio para o morcego. De todos que estavam presente Lois e Felicity pareciam as mais dispostas a se socializar com Selina, Sara e Oliver aproveitavam para resolver detalhes sobre a guarda de Olivia, Jenny insistia em querer que Damian convidasse Jonathan mais vezes para ir em casa brincarem, mas o garoto se recusava a aceitar e bem no canto da sala estava Bruce, segurava um copo whisky enquanto era sondado por Diana e Clark.
- Ainda não acredito! Você está noivo! – Clark disse com um leve sorriso – Você!
- Pensei que lutasse contra criminosos. – Diana disse olhando de canto para Selina.
- Eu luto.
- Mas vai se casar com uma criminosa.
- Ex-criminosa. – ele respondeu enfatizando o “ex”.
Selina passou perto dos três para pegar a garrafa de vinho em cima da mesa e levar para servir as novas amigas, ao passar por Diana notou o laço em sua cintura, já que estranhamente a amazona veio para o jantar usando seu uniforme de guerra.
- Belo chicote.
- É um laço!
- Tanto faz! – Ela deu de ombros e saiu em direção a Lois e Felicity.
Clark soltou uma pequena risada que lhe custou o olhar cerrado da guerreira, mas logo sua atenção foi desviada para a pequena Wayne correndo de uma ponta a outra da sala para pegar mais refrigerante.
- Então, está fazendo isso por ela? – Diana perguntou sem tirar os olhos da criança.
- Não.
- Então, o que é? – Clark questionou – Está solitário?
- Quando eu caio, ela me pega.
- Que coisa mais brega!
A estridente voz de Jason chamou-lhes a atenção, estava claramente torcendo o nariz para aquele comentário e ao seu lado estava Dick segurando a risada.
- É por isso que não converso sobre assuntos amorosos com ele... – o garoto voltou a se pronunciar mesmo com os três lhe observando de maneira rude – Aliás, se for só por causa disso... Olhe a sua volta, tem muita gente pra te pegar quando cair! O garoto do circo seria o primeiro, do jeito que é baba-ovo...
- Tá legal, agora você está sendo ridículo, Jason! – Dick retrucou levemente mal-humorado.
- Garotos! – Clark os interrompeu sorrindo – Vocês dizem isso porque ainda não se apaixonaram de verdade.
Jason estava prestes a retrucar de maneira um tanto rude, mas antes que pudesse dizer qualquer coisa o barulho de um copo se quebrando acabou prendendo o olhar de todos para o outro lado da sala, onde próximo a porta Damian e Jonathan pareciam ter se desentendido.
- Repete isso! – ele puxou Jonathan pelo colarinho da camisa – E eu vou...
- Vai o que? – ele retrucou segurando fortemente as mãos de Damian.
Num piscar de olhos o pequeno Robin acertou um soco no amigo que o puxou junto para o chão e assim eles começaram a rolar trocando socos e pontapés. Lois, Felicity e Selina, por estarem mais perto, foram rapidamente tentar controlar a situação, a loira puxou Sophia e Jenny para uma distância segura dos briguentos, em seguida a repórter e a gata os separaram.
- Jonathan, o que pensa que está fazendo?! – ela o puxou fortemente pelo braço irritada.
Enquanto Jon se sentia envergonhado pela bronca da mãe e com os olhares de outros membros da Liga, entre eles o de seu pai, se aproximando para entender a situação, Damian estava ordenando aos berros para que a gata o soltasse.
- Pode solta-lo, Selina. – Bruce disse sério.
Assim que a mão dela perdeu totalmente o contato com o seu pulso esquerdo, ele recuou dois passos para trás e fechou ainda mais a cara, estava extremamente bravo como se tivesse sido injustiçado.
- Não é assim que tratamos uma visita. – Bruce o advertiu – Agora peça desculpas.
- Não. – ele respondeu destemido.
Bruce cerrou fortemente o olhar encarando o filho, que estava determinado a não torcer o braço, Jason e Dick trocavam olhares pensando no quando Damian estava sendo insano em desobedecer às ordens do pai em tal situação. Com o clima a cada segundo mais tenso, Selina se colocou à frente na tentativa de jogar panos quentes, acreditando que aquilo poderia trazer de volta a calmaria da noite.
- Damian, tenho certeza de que o que seu pai quer dizer é que vocês dois estão errados em terem agido dessa maneira e que por tanto deveriam conversar e fazer as pazes, não é querido? – apesar do timbre suave de sua voz, ela fez questão de lançar um olhar rude para o noivo, afim de que ele concordasse com ela.
- ... – Bruce se manteve calado, mas a verdade é que não concordava.
- Bom, eu concordo. – Clark tentou dar apoio para amenizar a tensão, se aproximou e colocou a mão no ombro do filho – Jon, não tem nada que gostaria de dizer para Damian?
- Me desculpe, Damian. – o garoto disse levemente sem graça.
- Muito bem. – Clark sorriu.
- E então, Damian? – Selina perguntou confiante de que o garoto responderia bem.
- Não! – ele novamente se negou e fez a gata ficar levemente surpresa por sua tentativa não ter dado certo – Você não manda em mim!
Todos em volta retraíram seus rostos em uma expressão de choque, até mesmo Jonathan, que evitava confrontar seus pais de maneira grosseira como aquela, estava surpreso e ficou levemente receoso quando o amigo se virou novamente para ele.
- ELA NÃO É MINHA MÃE! – ele disse claramente irritado, deixando Jon mais desconfortável – E EU NÃO ESTOU FELIZ!
Damian saiu apressadamente da sala, tudo o que mais queria era ir para o seu quarto ficar sozinho com seus pensamentos, não pareceu se importar com o impacto que suas palavras causaram em todos que estavam presentes e que até mesmo os deixaram constrangidos por verem tal cena. Bruce não teve tempo de responder e quando pensou em ir atrás do filho, foi impedido pela mão de Dick em seu ombro balançando a cabeça em sinal de negação.
- Fique aqui. – Dick disse suspirando – Eu vou falar com ele.
Enquanto Grayson aceitava a missão de tranquilizar o pequeno Wayne, vários convidados acharam melhor se retirar para que a família pudesse resolver seus problemas, então começaram a das desculpas para se retirarem o que começou a deixar o clima ainda mais caído. Mesmo assim alguns ainda permaneceram, entre eles a família Kent e a família Queen permaneceram para tomar um café na sala de estar, junto deles Jason, Tim, Kate e Barbara conversavam entre si sobre o ocorrido.
- Pensei que ele já tinha superado isso... – Kate murmurou.
- Pois é... – Tim concordou.
- O pirralho ficou maluco! – Jason comentou debochando – O “papai” morcego estava quase espumando pela boca! Hahaha!
- Não tem graça, Jason! – Barbara o reprimiu e depois suspirou fundo – Espero que o Dick consiga acalma-lo!
●●●
Damian estava debruçado sobre sua mesa de desenho, sua cara não era das melhores e ficou ainda pior quando Dick entrou no quarto.
- Vá embora, Grayson! – ele resmungou.
- Eu só quero conversar.
- Mas eu não quero! – o garoto retrucou se levantando e indo sentar na cama.
- Damian, sabe que pode contar comigo! – Dick se sentou do lado dele – A gente já passou por muita coisa junto, lembra?
- Eu sei...
- Olha Damian, eu entendo que está sendo difícil para você... – ele colocou sua mão direita sobre o ombro esquerdo do menino – Quando perdi meus pais, foi difícil também... Me adaptar a novas pessoas, novos lugares, nova rotina... Isso exige muito de nós.
- Hmm.
- E o Bruce... Bom, você sabe... Tem um temperamento forte. – ele continuou a puxar assunto já que Damian ainda não estava se entrosando – E eu compreendo, você tá a pouco tempo com a gente, ainda mal se acostumou e criou vínculos e agora tudo vai mudar de novo, porque seu pai vai se casar! Mas, isso não é motivo para você odiar a Selina, entende? Eu tenho certeza de que ela gost...
- Eu não odeio ela.
Dick ficou surpreso em finalmente obter uma resposta, em sua cabeça a conversa inteira seria monótona e o garoto não lhe responderia, mas ficou feliz em ver que estava errado e que estavam progredindo.
- Então, você tem medo que a gente te deixe de lado?
- Não. – Damian se limitou a responder cabisbaixo, tentado se concentrar no assoalho do quarto, não queria ter falar olhando para outra pessoa se sentia levemente constrangido – Eu só... É algo bobo...
- Tenho certeza de que não é nada bobo.
- Eu nunca tinha visto meu pai gostar de alguém, como ele gosta dessa mulher. – ele fez uma breve pausa procurando um jeito de explicar, enquanto o “irmão” se mantinha atento para conseguir entender – Eu sei que a minha mãe não é uma boa pessoa... Ela tentou nos fazer mal, ela tentou criar uma versão minha sem sentimentos para os seus próprios objetivos... Eu não passava de um instrumento, ou uma arma, pra ela.
- Hmm. – Dick balançou a cabeça concordando.
- E eu realmente acreditava que ela e o meu pai tivessem tido algo bonito e profundo, mas depois percebi que não foi bem assim. Ele sempre amou aquela mulher de verdade, as outras, foram apenas pessoas que precisavam passar por sua vida. – ele suspirou fundo e suas mãos, apoiadas em cima de sua coxa, puxaram e prenderam fortemente o tecido de sua calça – No começo, pensei que tal vez ele e a minha mãe pudessem ter essa relação... Mas, quando eu encontrei aquele anel, tive certeza de que nunca seria pra minha mãe... Aliás, acho que ele nunca faria isso por ela.
- Acho que consigo entender o que quer dizer.
- Fiquei irritado quando Jonathan disse que eu parecia feliz com a minha nova mãe. – ele bufou cansado.
- E você está?
- Quando ela me levou para fazer compras no shopping, eu realmente desejei ser filho dela... – havia um nó em sua garganta que o fez engolir seco, apenas afim de conter suas emoções – Porque eu queria que minha mãe biológica me tratasse daquela maneira.
- Sabe Damian, acho que você está se esquecendo de algo muito importante. – Dick deu um leve sorriso, apesar dele não estar o olhando – Sangue, parentesco e essas coisas não significam amor, nem que as pessoas são de fato uma família! Esse tipo de relação e sentimento, a gente vai construindo aos poucos, com ações, demonstração de afeto, respeito, conversas... Isso tudo, faz com que nos criemos um vínculo com as outras pessoas, você entende o que eu quero dizer?
- Acho que sim.
- Olha só, eu, o Jason e Tim, não somos filhos do Bruce, mas ele nos ama... Bom, da maneira dele, mas ama! Hahaha.
- É, ele tem uma maneira estranha de demonstrar... – Damian concordou deixando escapar um sorriso.
- Bom, cada um tem um jeito diferente de demonstrar amor... – Dick deu de ombros – Até mesmo você.
- Cala a boca, Grayson. – ele pegou o travesseiro e tacou na cara do mais velho que começou a rir.
●●●
Todos os convidados já haviam se retirado, no sofá da sala de estar restaram Bruce e Selina, tendo uma conversa amigável sobre Damian e deitada no tapete felpudo estava Jenny, totalmente adormecida, tinha pego no sono enquanto assistia episódios da Ladybug. A conversa dos adultos foi interrompida por Dick e Damian entrando na sala, o mais velho estava ali para se despedir e pegar seu rumo para o apartamento no centro da cidade, já Damian havia descido para acompanha-lo, mas o encontro acabou o deixando levemente desconfortável.
- Bom, eu tenho que ir! – Dick anunciou sem acordar a pequena – Preciso pegar meu uniforme no apartamento e dar uma volta.
- Agradeço por ter vindo, Dick. – Bruce se levantou para acompanhar o rapaz até a porta.
- Com certeza esperamos vê-lo no casamento. – Selina sorriu pegando a filha no colo, sem acorda-la. – Preciso levar essa mocinha pra cama, então não vou acompanha-los.
Eles saíram para o hall da mansão e se separaram, mãe e filha seguiram em direção as escadas, enquanto os cavalheiros seguiram na direção oposta, rumo a enorme porta principal.
- Bom, nos vemos depois! – Dick se despediu acenando de cima da moto.
E assim que ele partiu Damian e Bruce se recolheram para dentro da mansão novamente, eles andaram em silêncio até as escadas e assim que o garoto se movimentou para subi-las, Bruce resolveu quebrar o silêncio:
- Damian, eu sei que ainda não passamos muito tempo juntos. – o garoto se virou para prestar atenção no pai – E também há muitas coisas que ainda não sei sobre ser pai, por tanto estou tentando ser mais flexível e aprender, mas eu sei que te amo e espero que não esteja se sentindo jogado de lado.
Damian avançou em silêncio até o pai e o abraçou fortemente, de maneira que Bruce não esperava.
- Eu também te amo pai. – ele sussurrou baixinho.
As palavras o fizeram retribuir o abraço na mesma intensidade, após alguns segundos eles se separaram e Bruce lhe deu um breve sorriso. Logo em seguida, começaram a subir as escadas juntos.
- Estava conversando com Selina e decidimos que a Jenny seria a madrinha de honra no casamento.
- Ela vai gostar.
- Com certeza, mas estamos com medo dela ficar com medo, ou com vergonha de entrar sozinha com pessoas olhando... – o playboy tentava parece convincente de que a filha, a mesma que adorava dar entrevistas, ficaria coagida em um casamento – Então, pensamos que, tal vez, você pudesse entrar com ela.
- Eu não acho que ela teria problemas em entrar sozinha.
- Eu entendo, mas estamos preocupados dela ficar com medo no meio do caminho. – ele insistiu, mesmo com o olhar desconfiado de Damian – Sabe, as coisas são diferentes quando chega realmente na hora.
- Tudo bem, eu acompanho ela pra vocês não se preocuparem. – ele resmungou tentando parecer levemente incomodado, mas na verdade estava extremamente feliz de ser incluso.
- Ótimo, amanhã precisamos ir ver os ternos. – Bruce lhe deu um tapinha nas costas.
- E o que vamos fazer hoje?
- Gordon disse que estava tendo problemas com uma quadrilha que rouba bancos.
- Isso vai ser fácil.
E assim os dois seguiram em direção a passagem secreta para a entrada da caverna.
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