1. Spirit Fanfics >
  2. Grande Guardião >
  3. Seja Bem-Vindo

História Grande Guardião - Seja Bem-Vindo


Escrita por: MrLovely

Notas do Autor


Essa história não parava de saltitar na minha mente, então vou compartilhar com vocês ;)

Tentei encontrar uma capa melhor, mas não consegui, então deixei a foto da representação mais fidedigna do Otávio. Não faço ideia de quem seja esse cara, KKJJKK, mas, vocês podem acessar a foto pelo Pinterest, e é de lá que eu recolho as imagens para fazer minhas capas:
https://br.pinterest.com/pin/854065516819323083/

Capítulo 1 - Seja Bem-Vindo


A luz da manhã atravessava a janela do quarto de Gavin enquanto seu despertador tocava em ritmo agitado. Estava na sexta hora do dia e ele precisava se preparar para um novo dia de trabalho, portanto seguiu sentido ao banheiro para a higiene pessoal. Aquele era um dia excepcional, pois teria uma apresentação importantíssima em sua empresa. Por ser o gestor financeiro, foi encarregado de expor o balanço geral de movimentação de capital do último trimestre. Por uma longa semana, se muniu com todas as informações relevantes. Apenas uma simples demonstração de seu bom trabalho. 

Gavin tinha 29 anos e lutou muito para conquistar seus bens maiores. Seu apartamento em um bom condomínio, um emprego importante e o seu grande amor: seu filho Nicolau. Posteriormente ao lar e ao trabalho, o objetivo primordial de Gavin era ser pai, ainda que isto não fosse fácil para ele. Gostar do mesmo sexo pouco impedia de realizar sua paternidade, o maior obstáculo era seu status civil que constava que era solteiro. Mesmo em uma família com muitos parentes, não significava um local ideal para uma criança; um lar com parente único por vezes nem era considerado. Contudo, seus esforços contribuíram para a decisão de que Gavin seria um pai perfeito. Após dois anos de luta, um garoto baixinho, com braços gordos e que adorava usar gorros passou a ser seu filho. 

O físico de Gavin não deixava tão aparente que era pai adotivo. Sua estatura era mediana e seu cabelo curto e encaracolado se assemelhavam com estas características de seu pequeno filho. Não estava em sua melhor forma, ainda que sua beleza lhe dava aspecto de galã de novela. Seus maiores encantos podiam ser encontrados em sua personalidade zelosa: era cativante, sociável e aberto para novas ideias. Não conquistava à primeira vista, porém com algum esforço, deslumbrava de ótimas amizades por todo canto em que vivia. 

Utilizando o seu terno e vestindo seu filho com o uniforme da escola, charmoso e feito para uma criança de 5 anos, começou sua rotina. O condomínio Belas Águas era vasto, cobria todo um bairro, incluía áreas de lazer, comércios, um escritório da administração e uma escola aberta tanto para os moradores quanto para alunos de outras regiões da cidade. A Escola Interna Janette Klohe se destacava por sua qualidade em ensino, relação com a comunidade e segurança. Era bem equipada e comportava alunos do primeiro até o último ano, além de conter uma ala para creche em tempo integral. Realmente possuía um prodígio impecável e invejável e era onde Nicolau passava suas manhãs enquanto Gavin trabalhava. O pai pegava seu carro e dirigia por 50 metros até a escola, e após acomodar seu filho, dirigia por três cidades até seu emprego; apesar da longa distância, a duração da viagem não ultrapassava 30 minutos.  

Antes de sair de casa, pai e filho se dedicavam a uma boa refeição. O café da manhã era muito valorizado por Gavin que garantia que seu filho tivesse uma alimenção rica em nutrientes e vitaminas. Gavin e Nicolau degustavam o iogurte matinal, com ao menos cinco tipos de frutas. Na mochila de seu filho, colocava um frasco para água e outro para chá e um sanduíche de espinafres e creme de queijo caso não gostasse da comida da escola. Em sua mochila, Gavin guardava o mesmo com o dobro da quantidade e adicionava alguns biscoitos de passas para momentos de stress. Em um dia longo como o de uma apresentação trimestral, os petiscos doces eram realmente necessários. 

E assim prosseguiu, depois de entregar seu filho para a escola, à medida que dirigia, recitava os fatos em voz alta para que os mantivesse em sua mente e formulasse uma apresentação cada vez mais precisa. Ligou o som com baixo volume e selecionou uma melodia pouco profunda e mais reconfortante para acalmar os nervos e manter a mente no lugar certo. Eliminar preocupações desnecessárias era a melhor opção para situações como aquela e foi isso que Gavin fez. Chegou em um prédio modesto e estacionou na vaga reservada de sempre. 

— Bom dia Gavin! — A assistente correu para a janela do carro, carregada de aflição oculta sob uma superfície de benevolência. 

— Bom dia, Linda. Reservou a sala que eu te pedi? — Perguntou enquanto a cumprimentava. 

— Claro! Sim, sim! Como não né? Escuta não dê atenção se nada der certo sabe? Esses CEO's são muito exigentes mesmo, eu só queria ... — Linda foi interrompida pela expressão despojada de seu superior. 

— Eu nem entrei no prédio e já está me consolando, Linda. Não sofra por antecipação, deste jeito, se der mesmo errado, vou achar que você sabotou meu seminário. 

— Verdade Gavin ... Verdade, perdão. — Se recompondo de modo veloz, Linda continuou. — Os preparativos estão prontos, e os convidados estão chegando, em 45 minutos você vai à sala 9 do quarto andar. 

— Perfeito Linda, muito obrigado, vou terminar de me preparar e já subo. 

— Boa sorte chefe. 

— Eu não sou chefe, pare com isso. — Disse rindo enquanto entrava no prédio ao lado de sua assistente. 

Com a mochila em mãos, adentrou o banheiro e analisou seu rosto e suas expressões. Suas vestimentas estavam de acordo com o momento. A barba estava desenhada, delimitando o contorno da face. Não gostava de ter bigode, por isso pediu ao barbeiro que o removesse. O cabelo estava harmonicamente arrumado e com um toque de soberba dobrou a gravata borboleta. Realizou suas necessidades e se higienizou, logo após saiu do banheiro. Se hidratou e foi para a sala, ameaçadora a princípio. 

A sala estava repleta de homens mais velhos e mulheres fortes que marcavam sua presença apenas com um olhar. Todos elegante e adequadamente bem vestidos e com seus notbooks, pastas, caderninhos e canetas sobre a mesa avaliadora. Com uma saudação branda e educada, Gavin iniciou o seminário. Longos minutos se passavam a cada conjunto de fatos e insinuações certeiras relacionadas à economia da empresa. Os olhos perfurocortantes apenas davam-lhe atenção ao passo que Gavin focava-se em manter uma postura séria e profissional. Entre algumas pausas para umidecer as cordas vocais, alguns dos avaliadores lançavam questionamentos que logo eram supridos com as respostas concretas de Gavin. Os slides eram objetivos e a fala do gestor financeiro era acertiva com pouca margem de erro. Após três horas e meia de apresentação, foram expostas as considerações finais. 

Quando os avaliadores se retiraram e Gavin desligou os aparelhos, um grupo de funcionários entrou com uma garrafa de champanhe e uma bandeja de canapés vegetarianos gritando em comemoração. Todos elogiaram o posicionamento de Gavin e suas informações. Deixou a todos sem palavras. Abraçavam e beijavam o apresentador bem como fazem com heróis. 

— Perdão galera, eu não bebo. — Gavin cansava de deixar isto em explícito. 

— Tudo bem Gavin, ao menos prove estes quitutes de beringela e salsa. — Disse um dos estagiários. 

Gavin realmente estava feliz. Algo tão importante que recebe elogios por ser bem feito provocava uma sensação alucinante. Ondas trêmulas e garganta seca eram apenas efeitos colaterais de um alívio incalculável. Ele abocanhou 5 canapés antes de tomar seu chá e sentar-se respirando fundo enquanto os outros funcionários dançavam e comemoravam se embebedando. Observando a cena, Gavin apenas riu e fechou os olhos, desfrutando de mais uma grande conquista. 

— Bem, vejo vocês amanhã. — Disse Gavin pronto para o retorno ao lar. 

— Não vai ficar para comemorar mais? — Linda perguntou com a boca cheia, assustadoramente convidativa. 

— Não, estou exausto. Até amanhã. Adeus. — Saiu acenando e recebendo mimos em forma de palavras. 

— Gostoso. — Ouviu Linda dizer baixinho para as amigas enquanto todos riram. Gavin também se divertiu com isso. 

Saindo do prédio comercial, Gavin pensou em como seria sua comemoração familiar. Para alegrar o seu dia e o de seu filho, comprou cupcakes. Quatro bolinhos com cobertura clássica, dois de mirtilo e dois de framboesa. Mirtilo era a fruta favorita de Nicolau. Seguiu com o carro de volta para casa, ainda não era hora da saída da escola, então Gavin poderia cochilar antes de ir buscar Nicolau. No retorno para a casa, Gavin escolheu uma música mais agitada e que pudesse acelerar seu coração, de forma boa, claro. Ele chegou a cantar a música, com certa vergonha e medo de alguém testemunhar a cena. 

Com um sentimento indescritivelmente bom, deixou sua mochila na mesa de centro e foi tomar um banho. A casa não era tão grande, mas de qualquer modo cada cômodo detinha seu valor. Como ainda estava de manhã, a luz natural era o suficiente para Gavin que permitiu a água fria escorrer por seu corpo com um sorriso de satisfação em sua expressão. Vestiu uma bermuda curta e uma camiseta justa; deixou a roupa de baixo de lado pois queria vetilação em suas partes. Deitou no sofá próximo a porta da frente e ligou o ar condicionado. Quando o relógio da sala marcasse 12:45 iria buscar seu filho. Permitiu-se relaxar e se entregou ao sono. Um ambiente tão confortável não poderia ser ignorado. Nem mesmo lençóis eram obrigatórios, o próprio couro agia com uma cama de hotel. 

— Papai! — A porta rugiu por três vezes. — Papai! Abre a porta eu cheguei! — A voz estava um pouco abafada devido à presença da madeira nobre, porém Gavin despertou mesmo assim. Acordou desnorteado sem entender a situação, foi quando mirou o relógio que marcava 12:50 que pulou do sofá em desparada.

— Filho! Filho? O que? ... Quem te trouxe? ... — Com pouca noção de tempo e espaço olhou para frente e se deparou com um homem fardado com braços cruzados e sorrindo. 

— Boa tarde senhor Gavin, eu sou o novo guarda da Escola Interna Janette Klohe. Sou o guarda Otávio, é um prazer. — Estendeu a mão. 

— Perdão, o que está acontecendo? — Gavin perguntou esfregando o rosto, sem notar a mão do homem a sua frente sendo ignorada. 

— É que eu achei que você tinha pedido para trazerem seu filho até em casa porque teria um compromisso importante no trabalho. Me enganei? — Disse recuando a mão e massageando o ombro, em certo grau amedrontado com a surpresa que causou. 

— Perdão eu me esqueci. — Olhando com maior clareza, Gavin se surpreendeu ainda mais. O guarda novato não era tão alto porém era corpulento e esbanjava atração mortal. Seus lábios, envoltos por barba a fazer, entreabertos e dentes brancos semi fechados poderiam ser claramente um convite em uma ocasião diferente. Seus olhos escuros encaravam Gavin sem saber como reagir. Seus músculos enrijecidos com o movimento de um braço dobrado e outro paralelo à cintura. Seu cabelo curto e bagunçado, e aquela farda que deixaria qualquer um pirado. Gavin parou de fitar muito para não demonstrar a ausência de cuéca. — Mil perdões, eu não queria te deixar desconfortável, eu sou um desastrado, me esqueci que havia pedido mesmo. Sinto muito. — Sorriu com uma expressão penosa. 

— Tudo bem, ele está entregue. — Riu  Otávio, descontraído. — Até amanhã. 

— Não! Espere! — Gavin disse sem pensar. — Entre, vamos se apresentar decentemente. 

— Não posso, tenho que voltar ao trabalho. 

— Vamos, só por 5 minutos. Me deixe tentar recompensá-lo por esta inconveniência, vai! — Disse Gavin em tom manhoso. 

— Tudo bem. — Otávio expôs um sorriso lateral fechado. Enquando andava seu cinto fazia barulho devido aos acessórios encaixados. Ele hesitou por um momento. — Perdão, é meio descorfortante te ver desse jeito. — Disse rindo e corando, olhando para o lado. 

— Ai, desculpa! — Gavin riu acompanhando Otávio. Rapidamente se envolveu em um roupão, para diminuir a intimidade ameaçadora. — Pronto. Pode entrar. 

— Com licença. — Otávio sorriu amigavelmente. 

— Prazer eu sou Gavin. — Estendeu a mão como cumprimento. 

— Prazer, como eu disse, me chamo Otávio. 

— Venha tomar um chá. Você gosta de framboesa? 

— Papai! Papai! Você comprou cupcakes! — Nicolau pulava de alegria. 

— Sim! Pode pegar um de mirtilo, filho. 

— Vocês são sempre animados assim? — Otávio cruzou os braços assistindo a cena.

— Hoje é um dia especial. — Disse Gavin, orgulhoso. — Então eu comprei bolinhos. Sente-se! — Gavin convidou colocando duas xícaras e dois pratos de sobremesa. 

— Claro. — Os movimentos de Otávio eram gentis, como se tivesse medo de machucar algo ou alguém. 

— Então você é novo aqui? Quantos anos você tem? Você mora aqui por perto? — Perguntou Gavin servindo o chá e os cupcakes. 

— Comecei semana passada e já vi você e o seu filho algumas vezes. — Sorriu encarando Gavin. — Eu tenho 37 anos e tenho treinamento militar, já fui policial mas deixei de viver em ambientes de muito perigo. Eu moro fora do condomínio, em frente a uma das portarias. 

— Impressionante. — Reagiu Gavin. — É isso que sempre faz? Proteger as pessoas? 

— Sim. Eu gosto de proteger os outros. É muito bom quando alguém se sente seguro ao meu lado. 

— Isso é muito bonito ... — Gavin sorriu pensativo. 

— E você? Trabalha no quê? — Perguntou Otávio eliminando metade do bolinho de uma só vez. Tudo ficou mais claro quando ele disse que já foi militar. 

— Eu sou gestor financeiro de uma empresa. Eu cuido do dinheiro da empresa, movimentos financeiros, investimentos, ações ... Tudo relacionado a dinheiro. 

— E você ganha bem, não é mesmo? — Sugeriu, olhando ao redor em direção aos móveis requintados. 

— Sim. O suficiente para ter uma boa vida com meu filho. 

— São somente vocês dois? 

— Sim sim, sou pai solteiro. Parece difícil mas vele completamente o esforço. 

— Imagino. Eu não tive ainda a chance de ser pai. Porém eu quero muito. 

— Talvez você seja um ótimo pai coruja. 

— Sim! — Ambos riram. 

— Eu entendo. Um filho deve ser protegido com unhas e dentes. 

— Concordo. — Otávio abocanhou a outra metade do bolinho e se levantou. — Hm, foi um imenso prazer conhecer você Gavin, mas tenho que voltar ao trabalho. 

— Perdão. Não vou mais te interromper. — Disse Gavin encarando o chão. 

— Eu queria conversar a tarde inteira porém, você sabe ... Temos que dar o exemplo. 

— Tudo bem. — Sorriu Gavin. 

— Anote meu número... — Sugeriu Otávio. 

— Claro! — Gavin ligou o celular enquanto o guarda ditava. Ditou separadamente. — Mas espera, você me passou dois números ... 

— O segundo é para conversarmos e o primeiro é para emergência. — Otávio lançou uma mirada sugestiva. 

— Está bem ... — A timidez correu o rosto de Gavin rapidamente. 

— Me liga se puder. Tchau. — Otávio se despediu com um abraço estranhamente demorado. 

— Tchau. — Gavin sussurrou ao pé do ouvido de Otávio. 

— Se precisar de ajuda é só discar o primeiro número que venho às pressas. Até mais. — Disse retornando a pé em sentindo à escola. 

— Até. E seja bem-vindo! — Gavin fechou a porta e riu com uma sensação peculiar. Riu ao recordar que Otávio apareceria na escola com a barba suja de buttercream de framboesa e foi brincar com seu filho. Gavin gostou de conhecer um homem tão atraente, porém seu histórico de decepções estava cheio. Ele viu aquele encontro como o começo de uma amizade que não duraria por muito tempo e que significaria pouco para ambos. Gavin não poderia estar mais enganado. 


Notas Finais


Se preparem, porque vem muitas emoções ;)


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...