Pois se eu te quero, e eu te quero, amor
Não vou andar para trás, nem pedir espaço
Pois 'espaço' é só uma palavra
Inventada por alguém com medo de chegar
Perto
"Close" - Nick Jonas feat. Tove Lo
Jade
— Cala a boca — Meredith disse depois de quase cuspir o café. — Cala a boca. Cala a boca! É uma brincadeira, me diz que é uma brincadeira.
— Não é brincadeira, Mer. — falei.
— Você fodeu a porra do Ben Affleck, Dee! — ela exclamou. — Você fodeu o maldito Ben Affleck dentro da porra de um carro como a porra de uma adolescente!
— E o que tem demais?
— Ele é casado, não é? — ela perguntou.
— Eu não sei. — falei. — Só sei que não vamos nos ver de novo. Graças a Deus por isso.
— Como ele fode? — Meredith perguntou e eu revirei os olhos. — É só uma curiosidade científica, Dee.
— Não sei se ele pratica com frequência — comecei. — mas ele é bom, bom até demais.
— Cristo amado. — Meredith colocou uma das mãos no lado esquerdo do peito. — Isso vai acontecer uma vez a cada mil anos na vida de alguém. Quem que tomou a iniciativa, foi você?
— Ele.
— Puta que pariu, Jade Amelia Lennox! — ela riu. — Cada dia que passa, eu quero mais desse mel seu, pra ver se é bom mesmo.
— Não. — falei séria e ri depois de um silêncio.
— Você deu uma surra de boceta no Demolidor…
— Esse filme é uma bosta. — ri.
— Usou preservativo? — perguntou e eu neguei com a cabeça. — Porra, Jade!
— Eu estou na pílula, Mer. — respondi e ela suspirou aliviada. Sean veio até nós segurando o lençol com o qual dormia, junto com o boneco do Batman que ele nunca largava. — Bom dia, meu amor.
— Bom dia, Dee. — ele disse, bocejou e coçou os olhinhos. — Bom dia, tia Mer.
— Bom dia, baixinho. — ele foi até Meredith e ela pegou ele no colo. — Olha quanta coisa gostosa, Seano. Por onde você quer começar?
— Leite com chocolate? — Sean arriscou.
— Leite com chocolate é o que teremos. — Meredith disse e preparou o leite para Sean. Passei um pouco de manteiga em um pão e separei uma tigela de biscoitos recheados.
— Vocês são as melhores mamães do mundo! — Sean disse e começou a comer. Meredith e eu nos entreolhamos: estávamos, de fato, sendo mães de Sean, mesmo não tendo uma relação. Os olhos de Meredith lacrimejaram e os meus já estavam cheios d’água.
Éramos mães de Sean e nada disso realmente mudaria.
Um mês depois
— Eles estão de volta! — Tina exclamou quando começamos a abrir o bar.
— Eles quem? — perguntei confusa.
— Os soldados. — ela respondeu com um suspiro. — Sempre um dia depois de voltarem para o país, o regimento comemora aqui.
— Ah, sim.
— Você está indiferente agora — começou. — Mas é cada soldado mais lindo que o outro.
— Não me diga. — ri.
— Te digo. — ela riu. — E digo mais: é cada homem bonito, se eu me concentro no trabalho é por esforço.
— Te dou um crédito se eu me impressionar com um deles hoje. — sorri.
— Vamos bater uma aposta, Jade.
— Uma aposta?
— Se você não se impressionar com nenhum dos soldados — Tina começou. — te pago uma rodada de chopp Stella Artois e 20 pratas. Você paga um pack de Bud Light pra mim se você for embora com um deles hoje.
— Feito. — apertamos as mãos e começamos a receber as pessoas. Hoje era um dia que podíamos beber, porém moderadamente, e depois das 10, que era quando as famílias começavam a ir embora e os soldados começavam a chegar.
— Agora é quando ganhamos mais dinheiro. — a senhora Perkins, dona do bar e que estava no auge de seus cabelos brancos e pele também branca, me explicou. Assenti. — Vou precisar de você na frente da equipe, Lennox.
— Mas eu conheço pouco aqui senhora Perkins. — falei. — Tina conhece mais que eu.
— Ela pode te orientar, mas não sabe liderar uma equipe. — ela disse. — Kevin é o DJ do bar e eu não confio nos meus funcionários mais antigos. Confio mais em você do que neles.
— Tudo bem. — suspirei. — Farei o meu melhor, senhora Perkins.
— Sabia que podia confiar em você, menina. — ela sorriu e fomos de volta para o salão, que estava lotado e que tocava Metallica em um nível quase ensurdecedor. — Peça para que Kevin abaixe o volume, sim. Já passa das 10 horas. Vou dormir um pouco no escritório, mas vou te liberar. Hoje sou eu quem fecha o caixa.
— Tudo bem. — sorri e fui até Kevin, que abaixou o volume, deixando a música em um nível suportável para todos. Voltei para meu posto no bar e o trabalho começou.
— Whisky cowboy! — Tina gritou. — Quem pediu duas doses de cowboy?
— Mesa 2! — gritei enquanto servia uma cerveja a um sargento de meia idade que estava tentando, só tentando, me ganhar. — Aqui está sua cerveja, Sargento.
— Eu poderia te tomar ao invés dessa cerveja — ele comentou. — Seria de graça, não seria?
— Não transo com homens que têm idade para ser meu pai. — falei quando cheguei bem perto dele e fui atender um outro cliente que pediu um Bloody Mary e uma Budweiser. Peguei a cerveja e a abri com rapidez. — Cadê o Bloody Mary?!
— Chegando! — Craig serviu o cliente. Nos cumprimentamos com um High Five e “Alive”, do Pearl Jam, começou a tocar. — Chegou mais um no canto do balcão, você atende? Preciso servir a mesa 5, pediram uma porção de Buffalo Wings e doses de tequila.
— Vai lá. — falei e fui até a ponta do balcão, onde o cliente estava. — Boa noite, o que vai querer hoje?
— Uma dose de Tennessee, com gelo, por favor. — fui pega de surpresa com a educação dele e murmurei um ‘O.K.’ sem perceber. Fui até o bar, preparei o whisky dele e o servi.
— Aqui está.
O homem olhou para mim, seus olhos verde-azulados (ou seriam azul-esverdeados?) sorriram para mim, assim como ele, que tinha uma barba por fazer e cabelos bem cortados que poderiam ser quase louros, se não fossem castanhos. Seus lábios rosados se moveram, mas eu estava muito perdida nele para entender o que saia de sua boca.
— O que disse? — perguntei depois de voltar ao foco.
— Quer uma cerveja? — ele perguntou. — Você parece cansada e sei que podem beber no dia que voltamos.
— Só pareço? — sorri enquanto meu rosto queimava violentamente. Ele riu.
— Só um pouco. — ele sorriu. — Aceita uma cerveja? Eu pago.
— Agora não. — respondi, recusando o convite de forma educada. — Talvez daqui a pouco.
— Vou esperar. — ele sorriu. — Ah, e meu nome é Trevor.
— Jade. — sorri e voltei ao trabalho, ainda balançada por Trevor.
— Parece que o oficial Jenkins te balançou. — Tina chegou perto de mim e tomei um susto.
— Não me assusta assim de novo! — quase gritei e Tina jogou a cabeça para trás em uma risada. — É, talvez.
— Vai passando o dinheiro do meu pack de Bud Light, queridinha.
— Oi?! — ri. — Só se eu for embora com ele, lembra do que disse?
— Algo me diz que você vai.
— Duvido muito, eu sou bem difícil. — fui atender mais um cliente que chegava e mandei um beijo para Tina.
Depois de algum tempo, alguns poucos soldados foram embora. O movimento ficou mais tranquilo e vi Trevor chegar perto de onde eu estava.
— Acho que agora você tem tempo pra aquela cerveja de umas duas horas atrás. — ele disse.
— É. — sorri. — Acho que sim. — olhei para os dois lados, Tina não estava em nenhum lugar para ser vista. — Você gosta de apostas?
— Não faço muitas. — ele respondeu.
— Minha amiga, Tina — comecei. — Acho que já conhece ela, até porque estou aqui só há quase dois meses. — ele assentiu para que eu continuasse. — Ela fez uma aposta comigo. Se eu ganhar, tenho uma rodada de chopp Stella Artois e vinte pratas.
— Bem vantajoso. — ele riu. — E se você perder?
— Tenho que dar um pack de Bud Light. — sorri.
— O que eu ganho? — ele perguntou.
— Eu te dou dez pratas? — arrisquei.
— E se eu te levar para minha casa? — ele perguntou.
— Para sua casa?
— Eu finjo que tento até o último suspiro e saio uns 10 minutos antes de você. — ele começou e assenti. — 20 minutos antes. Você ganha sua cerveja e o dinheiro. E eu te ganho. É uma troca justa, não?
Trevor deu um sorriso malicioso e acabei por sorrir com ele também. Nós estávamos começando a nos entender.
— Pode ser. — respondi. — Agora vamos parar de sorrir, ou isso não vai soar nem um pouco convincente.
— Tudo bem. — ele disse e fez uma cara neutra, enquanto segurava seu copo. — Mais uma dose de Jack, por favor.
— Claro. — peguei a garrafa de whisky e o gelo para o copo de Trevor. Ele agradeceu e fui atender outros clientes.
— Já vai embora, Jenkins? — Tina perguntou algum tempo depois. Eu escutei.
— Vou. — ele respondeu. — Preciso voltar para casa.
— E a moça que te atendeu?
— Jade? — ele perguntou e olhou para mim. — Morri na batalha. Ela é dura na queda.
— Vai morrer sem lutar, Trevor? — ela perguntou espantada. Sabia que tinha perdido a aposta.
— Você não sabe — ele começou com uma risada. — o quanto eu lutei entre as oito doses de whisky e a garrafa de água com gás.
— Entendo. — ela suspirou. — Vai lá, então. Estamos começando a limpar tudo aqui, vamos demorar uns trinta minutos.
— Acho que vou tentar mais dez minutos de saideira. — ele disse e arregalei os olhos.
— Dee — Tina me chamou e eu olhei. Ela estava sorrindo com alguma esperança. — Serve o Jenkins.
— Tudo bem. — falei e fui até Trevor. — O que vai querer?
— Uma água com gás. — ele respondeu olhando para mim. Tina estava do meu lado. — Tenho que dirigir ainda hoje.
— Tudo bem. — falei e dei a água para ele. Aqueles dez minutos seriam os mais longos da minha vida.
— Terminamos? — Tina perguntou.
— Exceto por uma pendência. — falei. Trevor já me esperava em seu carro, na esquina do lado esquerdo, como havíamos combinado. — Minha cerveja e minhas vinte pratas.
— Merda. — ela grunhiu. — Você realmente não viu nada no Trevor?
— Nadica de nada. — sorri. Tina colocou cinco pratas na caixa registradora e pegou vinte pratas de suas gorjetas e pegou uma taça de chopp Stella Artois para mim. Peguei cinco dólares da minha gorjeta e dei à ela. — Pega um pra você também, nós merecemos.
— Merecemos. — ela sorriu e brindamos, depois de colocarmos o dinheiro na caixa registradora.
— Como você é gostosa, Dee. — ele sussurrou em meu ouvido enquanto eu cavalgava nele. Ele me segurava pelos quadris e eu ditava o ritmo do sexo naquele momento.
— Trevor… — gemi seu nome e puxei-o para perto de mim. Seu peito encostou no meu e começamos a nos beijar. Trevor aproveitou a deixa para nos virar e ficar por cima de mim. Acabei soltando um gritinho e rindo. — Você é rápido.
— Você ainda não viu nada. — ele disse e começou a se mexer. Amarrei minhas pernas em seus quadris e cravei minhas unhas curtas em suas costas, coisa que o fez ir mais rápido. — Jade…
— Trevor! — meu corpo encheu-se de espasmos e começou a tremer.
— Vem, gostosa — ele sussurrou no meu ouvido. — Vem, Dee…
Mordi meu lábio inferior para abafar o grito que veio com o orgasmo que Trevor me deu e arqueei as costas. Quando ele estava perto de gozar, eu gozei pela segunda vez, até que seu corpo relaxou sobre o meu.
Quando saiu de cima de mim, Trevor me puxou para ele. Deitei-me em seu corpo enquanto olhava em seus olhos.
— Valeu a pena vir para casa comigo? — ele perguntou. Eu ri.
— Valeu. — respondi com um suspiro. — Valeu, sim. Você é muito bom de cama, é gentil, cavalheiro… tudo isso conta.
— Então eu passei por uma avaliação de desempenho hoje? — ele perguntou com deboche.
— Você é sempre debochado assim? — perguntei.
— Só quando trago garotas tão bonitas quanto você para casa, senhorita Lennox. — ele sorriu e senti minhas bochechas esquentarem. — Jade?
— Hm?
— Daqui a duas quadras — ele começou. — tem uma pizzaria que fica aberta de madrugada. Eu estou com fome e não tem nada para comer aqui e agora.
— Você quer pedir pizza às — comecei e procurei meu celular no criado mudo, que era o lugar mais próximo naquele momento. — que horas são?
— Umas três da manhã, acho. — Trevor respondeu quando deu de ombros. — Mas creio que, nesse momento, eu esteja com vontade de outra coisa…
— E do que seria, senhor Jenkins? — perguntei e abri um sorriso malicioso. Ele retribuiu o sorriso.
— Me beija que eu te mostro. — ele falou e fiz o que ele pediu. — Meu Deus, que beijinho mais ou menos.
— Mais ou menos? — perguntei e comecei a fazer menção de levantar. — Então eu vou embora.
— Volta aqui, mulher. — ele falou com um sorriso preguiçoso, me puxou para ele e começamos a nos beijar.
Depois disso, ficamos transando o resto da madrugada, enquanto estava escuro. A madrugada, para nós dois, não teve hora para acabar.
E, surpreendentemente, eu não queria que acabasse.
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