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História Gringa Grudenta - (Catradora) - Magicat


Escrita por: BriasRibeiro

Notas do Autor


é isso, migues. Chegamos ao último capítulo.

PS: ainda vamos ter o epílogo no sábado. E não se esqueçam de votar na enquete das notas finais, por favor.

Capítulo 39 - Magicat


Domingo, 13 de julho de 2031

Bogotá, Colômbia

É a final.

É a porra da final da Copa do Mundo de futebol feminino de 2031, sediada na Colômbia.

Ágata sente o peso da faixa de capitã no seu braço esquerdo. Da camisa número dez nas suas costas. Do nome “Magicat!” que é gritado pelos torcedores, pelos narradores. O suor que escorre pela sua face enquanto respira ofegante, vendo os cartazes da torcida que lota o estádio, mostrando seu rosto, seu nome, e de velhas companheiras suas: Vavá, Renata, e outras garotas que conheceu no caminho, como as atacantes Jaqueline e Jéssica Valentim, a jovem lateral Dinha, a goleira grandalhona Raiane...

A partida é contra a Austrália, que vem de uma vitória sensacional por 5 a 0 sobre a Suíça na semifinal. O Brasil não teve resultados tão espetaculares na fase final, mas ao contrário da Austrália, enfrentou todos os times mais barra-pesada do torneio: Holanda na semifinal (vitória por 2 a 1), Etéria nas quartas de final (1 a 0, gol de Catra), França nas oitavas (2 a 0)...

E por isso não há favoritos: todos sabem que ambas as equipes merecem o troféu, e o placar em 0 a 0 aos 30 minutos do segundo tempo demonstra bem isso.

Ela queria que Adora estivesse ali, no camarote, a acompanhando. Como esteve nas oitavas de final e nas partidas da primeira fase em que os jogos do Brasil e de Etéria não estavam acontecendo ao mesmo tempo, mas após a eliminação de Etéria da Copa (pelo próprio Brasil) a federação eteriana voltara para casa, levando consigo todas as suas atletas.

A Magicat sabe que a sua companheira a está assistindo de casa.
- Vavá, se posiciona na entrada da área – murmura a capitã à sua velha colega – manda as mina mais alta ficar atenta, eu vou mandar uma curva na segunda trave.

É falta para o Brasil na lateral do campo.
- Falou.
- Fica pronta pro rebote.
- Falou.

A camisa 7, Vavá, vai se posicionar na meia-lua, gritando e gesticulando para as suas companheiras. Ela reconhece as duas zagueiras, Renata Conceição e Cláudia, as mais altas do time, se posicionando mais para trás, perto da segunda trave, enquanto Jaqueline, a centroavante, vem se posicionar mais pra frente, perto da primeira trave.

O Brasil veste seu clássico uniforme amarelo com calções azuis, enquanto a Austrália usa seu segundo uniforme, inteiramente verde. Quando a juíza autoriza a cobrança, ela bate, mirando naquele mesmo lugar para onde sempre manda para Renata cabecear. É a jogada típica das duas desde que viraram regulares na seleção brasileira. A zagueira brasileira é mais esperta que as defensoras australianas e vai com tudo na bola, uma cabeçada forte no cantinho direito da goleira...

... mas Jazmine Bray faz uma defesa espetacular, mandando para escanteio. A Magicat grunhe em frustração. As duas são companheiras de equipe no North Carolina Courage e a brasileira sabe o quanto essa goleira australiana consegue ser um puta pé no saco que ela não tem.

Vavá vai para a cobrança de escanteio, e dessa vez é Catra quem se posiciona na entrada da área, gritando ordens às suas companheiras e coordenando sua movimentação e posicionamento. Durante a partida inteira, as brasileiras martelaram e martelaram e martelaram, sem fim, a defesa australiana. Catra quase se sente de volta à Red Horde, de onde saiu em 2026, enfrentando aquela defesa infernal da Royal Grayskull.

Quando o escanteio é cobrado, as australianas – que em geral, possuem a vantagem da estrutura e força física contra as brasileiras – vencem no jogo aéreo e afastam da área. A bola sobra com a volante Collier, mas Catra chega rasgando e arranca a bola dela. A capitã tem sangue nos olhos: quando a outra defensora australiana chega para dar o bote, leva um drible tão desconcertante que cai no chão, completamente confusa com o que acabou de acontecer e sob gritos alucinados de “olé” da torcida brasileira, e a camisa 10 chuta da entrada da área. Uma defensora australiana desvia a bola para fora de novo, mas nada cala a torcida brasileira, que canta e comemora e empurra sua seleção para frente, ensurdecendo o estádio como se estivessem ganhando, os gritos de olé recomeçando a cada vez que Catra humilha uma defensora adversária.

Dessa vez pelo lado oposto do campo, é Catra quem vai para a cobrança. Em vez de jogar na área, ela decide jogar curto com a ponta-direita, Vic Albuquerque, que chega para dar apoio. Quando Catra passa correndo por trás dela, a ponta toca de calcanhar e, de pé esquerdo, Catra toca para Vavá na entrada da área. Ela chuta de primeira, antes que qualquer defensora australiana possa chegar para a dividida, e a goleira Bray mais uma vez agarra com segurança.

Ela não titubeia para colocar a bola no campo de novo, dando um chutão para a frente que busca Hammond, a artilheira da Copa do Mundo com 8 gols e a única atleta australiana a não estar ajudando na defesa, e ela fica no um-contra-um contra Débora, a lateral-direita brasileira que é a única a não estar apoiando o ataque. Hammond e Débora correm ombro-contra-ombro, a lateral brasileira 10 centímetros menor e 15 quilos mais leve usando toda a força que tem para tentar tirar a bola da gringa, enquanto todas as jogadoras em campo, tanto australianas quanto brasileiras, à exceção da goleira Bray, correm desesperadamente para o campo de defesa do Brasil. A goleira Raiane começa a sair do gol, Hammond usa sua força física superior para superar o bloqueio de Débora e driblar à direita, tirando da goleira. Catra vê toda a sua carreira passar diante dos seus olhos, como se a morte se aproximasse...

Um apito agudo corta o ar, mas gol algum é anunciado. Em vez disso, o que se vê é a atacante australiana caída na entrada da área com uma lateral debaixo dela, as duas emboladas num caos que Catra não sabe quando aconteceu. Para salvar o Brasil, Débora havia lhe dado um carrinho, bloqueando seu chute e levando tudo no caminho, inclusive a atleta. A falta é marcada, e não tem uma alma naquele estádio que não saiba o que vem depois: a juíza arranca o cartão vermelho do bolso antes mesmo de chegar à atleta. Catra respira fundo, tornando a cabeça ao jogo: ainda não acabou. O telão indica 84 minutos de partida. Faltam 6, mais acréscimos.

Quando a lateral passa por Catra, de cabeça baixa, ela a segura pelo ombro e murmura em seu ouvido:
- Você é a porra de uma heroína – Débora sorri, reconhecendo o elogio, e continua seu caminho até o túnel do vestiário.

Haley Black, a ponta-esquerda australiana, cobra a falta pra fora. Não muito depois, a juíza apita o final do tempo normal.

Prorrogação.

Uma fodendo prorrogação.

Catra odeia prorrogações, mas pelo menos não é uma disputa de pênaltis. Isso sim, é o inferno na Terra.

E mesmo com uma atleta a menos, quando o jogo recomeça, o Brasil mais uma vez toma as rédeas e parte furiosamente ao ataque. Logo de cara, Catra já troca passes com Jéssica Valentim pela esquerda e lança Jaqueline pelo meio. Ela supera a defensora grandalhona da Austrália na corrida, mas chuta pra fora na saída da goleira. A centroavante mete as duas mãos na cabeça, lamentando a oportunidade de ouro perdida.
- SE CONCENTRA, PORRA! – a capitã grita às suas companheiras – INDA TEM MUITO JOGO NESSA MERDA!

A oportunidade seguinte é novamente do Brasil, com Vavá dando um dos seus chutões a quase 40 metros do gol e surpreendendo todo mundo, mas a goleira Bray, pra variar, se estica toda pra mandar a bola pra escanteio. A cada lance, Catra se sente mais motivada a acabar com o jogo perfeito da sua companheira de clube e rival de seleção.

O segundo tempo da prorrogação começa com Jaqueline recuando a bola para Catra. Ela conduz a bola pelo meio-campo, chamando a marcação australiana para si. Ainda se lembra de quatro anos atrás, o ano do “quase”, quando chegaram à final contra a França e perderam por 3 a 1. A capitã das canarinhas ainda tem aquela derrota entalada na garganta.

Ela dribla a meia Olga Suarez da Austrália e tabela com Vavá. Busca opções entre as três atacantes: Jéssica Valentim escapa pela esquerda, Vic Albuquerque corta para o meio vindo buscar o jogo, Jaqueline arranca pelas costas da zaga. A Magicat puxa a bola tranquilamente para a esquerda e, com o lado de fora do pé, dá um passe forte de trivela. Jaqueline, mais esperta, se adianta à sua marcadora, domina a bola, escapa no meio do bote das duas defensoras e chuta de peito do pé, baixo, no canto esquerdo da goleira.

Pela primeira vez, Bray não alcança. A bola passa suavemente, bem por baixo das mãos estendidas da goleira australiana, toca a rede lateral pelo lado de dentro e rola até a rede do fundo do gol.

Catra já havia visto estádios explodindo antes, e talvez seja impressão sua por conta do momento, mas nunca havia visto uma torcida explodir assim. Ela mesma grita, e vibra, e sente uma euforia tão absurda que é como se seu peito fosse explodir. Ela abraça Jaqueline com força perto da linha lateral, rugindo para a torcida que canta o nome do país, enquanto várias outras garotas se juntam a elas na comemoração.

Dois minutos do segundo tempo da prorrogação, Brasil 1, Austrália 0.

Quando a bola torna a rolar, o cenário muda: dessa vez são todas as australianas no ataque, e todas as brasileiras na defesa, exceto a veloz Jéssica Valentim, estrategicamente posicionada na ponta esquerda, pronta para um contra-ataque. E ele vem: Renata Conceição desarma a atacante Hammond, a bola sobra com Vavá, ela toca para Catra e a capitã, vendo a atacante já disparando para o ataque, dá um chutão para a frente, de primeira, e movida puramente pela adrenalina e força do ódio, dispara numa arrancada alucinada logo atrás, usando cada fagulha de energia que consegue encontrar em seu corpo cansado para mover suas pernas e se manter à frente das atletas australianas, que tentam voltar à defesa tão rápido quanto ela, mas Valentim já deixou a única defensora australiana para trás e se aproxima rapidamente do gol adversário. Bray começa a sair, agressiva, imponente, mas Valentim não se abala.

Catra jogou ao lado dela na sua época no Olympique Lyonnais, entre 2026 e 2029. Sabe da frieza da jovem atacante, que mesmo quando era apenas uma promessa já mostrava que seria especial um dia. Valentim altera ligeiramente a sua rota, sem diminuir nem por um segundo a velocidade da corrida, e deixa a lenta e grandalhona goleira australiana para trás. Com o gol completamente aberto, meio desequilibrada, meio de lado, ela empurra de pé esquerdo. A bola rola e gira até a linha do gol e entra, ainda quase sendo alcançado pela capitã australiana, a lateral Carpenter.

É o segundo gol brasileiro, o que sepulta a vitória, que confirma o título, que esfrega na cara do planeta inteiro: “nós SOMOS as melhores do mundo!”, um título que demorou, que escapou entre os dedos em 2027, que cometeu o pecado de nunca se deixar ser conquistado pela geração da rainha Marta, que chega quase como uma homenagem póstuma.

Brasil 2, Austrália 0.

A goleira australiana se deixa cair no chão, derrotada. Só um milagre tiraria o troféu das mãos do Brasil agora.

O milagre não acontece. A juíza apita o final de jogo não muito depois, e Catra jamais admitiria para ninguém no mundo – exceto Adora – mas ela desaba em lágrimas. Se sente fora de si, num sonho talvez: só pode ser um sonho quando ela levanta aquele troféu para o estádio e o mundo inteiro verem, a braçadeira de capitã firme no seu braço, a companhia de uma geração de jogadoras que ainda estava se criando quando ela começou a jogar bola profissionalmente há doze anos, lá no São José, em 2019. Muitas das garotas aqui hoje ainda eram criancinhas naquela época, como a lateral-esquerda Dinha, de 22 anos, a mais jovem titular do elenco, a lateral-direita reserva Janaína de 21, as meias Érica e Quênia, de 23 e 24. Catra se pergunta se aquela garotinha de 18 anos que acabava de começar a jogar pelo time profissional do São José, naquela época, acreditaria se lhe dissessem que hoje, aos 30, é a capitã e a estrela maior da seleção brasileira, a líder que veio depois de Marta, uma lenda viva na Red Horde de Etéria, no Olympique Lyonnais da França e no North Carolina Courage dos Estados Unidos, a primeira capitã brasileira a vencer uma Copa do Mundo. Não há outra palavra para descrever: é surreal.

“Como minha vida pôde mudar tanto em só 12 anos?”, se pergunta, assombrada por dentro, o rosto coberto por lágrimas de emoção por fora, rindo de euforia enquanto a chuva de pedaços de cartolina verde-e-amarelo cobrem as meninas canarinhas.

A única coisa que tornaria o dia de hoje ainda mais perfeito seria se Adora estivesse ali naquele estádio, e se pudesse beijá-la, abraçá-la, ouvir dela o quanto ela se orgulha pelo o que fez nessa Copa, e lhe responder ironicamente “eu sei que sou foda”.

Subitamente, Ágata se lembra de algo que prometeu há muitos anos. “Puta que me pariu”, ela pensa.

[...]

Haviam sido semanas difíceis afastadas da sua loirinha tatuada preferida. Após o título, todos a queriam para entrevistas, eventos, e ela, como capitã, não tinha como recusar ao seu país ouvir as palavras que mereciam, responder tudo o que queriam saber. A cada final de dia cansativo no seu país natal, ela fazia questão de fazer uma chamada de vídeo com sua companheira de vida, sua parceira, seu amor, sua princesa – em português.

Já deve ter se passado mais de um mês desde a última vez que se viram pessoalmente, naquele aeroporto um dia após a eliminação de Etéria da Copa do Mundo – eliminação essa que veio por uma cruel cobrança de falta da própria Catra, numa vitória por 1 a 0 nas quartas de final.

Quando a Magicat – agora, apenas Ágata – toca o interfone da sua própria casa no subúrbio de Raleigh, na Carolina do Norte, é inevitável se deixar dominar pelo sentimento de paz. Adora atende tão rápido quanto tocara o interfone, e vestida numa camisa branca rasgada e shorts jeans, suas roupas de limpar a casa, ela corre para o portãozinho da frente com um sorrisinho contido no rosto e se joga nos braços de Ágata. As duas riem, se apertam, se giram no ar. “Senti tanto sua falta!”, a voz de Adora soa chorosa e eufórica ao mesmo tempo. “Também te amo”, replica Ágata, e as duas trocam um beijo cheio do amor e saudade acumulada por esse mês afastadas. Adora sorri para ela quando se separam, as lágrimas nos cantos dos olhos doidas para escapar.
- E como está a minha mais nova lenda do futebol?
- Fala sério, eu já era uma lenda do futebol há muito tempo – retorque Ágata, sarcástica, e as duas riem e se abraçam novamente, e se beijam novamente, e fazem tudo de novo e novamente.
- Te amo.
- Também te amo.
- Te amo pra caralho – Adora retruca em português, arrancando risadas gostosas de Ágata.
- Te amo tanto que ficava 12 horas seguidas te chupando fácil.
- Ai meu deus, Ágata!
- Então, vamos entrar?
- Vamos! – Adora praticamente arranca as malas das mãos de Ágata, fazendo questão de carregar tudo para dentro. Ela encontra Melog deitada no sofá e é a primeira que vai cumprimentar. Já velhinha, ela não tem feito muito além de dormir ultimamente, mas mesmo assim ela levanta a cabeça para cumprimentá-la quando sua mãe humana entra. E logo o resto da trupe aparece: Sparkly, a gatinha siamesa super animada que haviam adotado quando filhote na França, e que haviam nomeado assim em homenagem a Glimmer; Pirata, o gato tigrado com uma pata de trás amputada que Ágata e Adora encontraram num abrigo quando se mudaram para os Estados Unidos; e Sombra, a gatinha escaminha filhote que desde que chegou em casa, fica seguindo Sparkly para todo lado e imitando tudo o que ela fez, como se fosse a “sombra” dela.
- Oi meus bebezinhos! Mamãe chegou, voshê viu? – ela fala em voz de bebê e em português com cada um deles, e assim que Sombra aparece, a pega no colo – oi, sua fofinha! Mamãe Adola cuidou dileitinho de voshês? Ela deu whiskas todo dia? Tem que dar né? Sparkly, vem aqui, você não vai escapar do meu abraço não!
- Ai, você age como se eu fosse a mãe ruim e você, a mãe boa – Adora reclama, fingindo seriedade.
- Mas é exatamente isso que acontece – replica Ágata – por isso eles me amam mais.
-
Ai, que mentira! – Adora ri.
- Então, você tava limpando a casa? – pergunta Ágata, notando um balde cheio d’água perto do corredor e o cheiro de produto no ar.
- Aham. Tava tentando deixar tudo perfeito pra quando você chegasse, mas... parece que não deu tempo – Ágata ri baixinho, deixa Sparkly e Sombra voltarem ao chão, e mais uma vez toma sua loirinha nos braços.
- Já é perfeito ter você aqui.
- Boba.
- Gostosa – Adora gargalha e aperta Ágata num abraço forte.

Adora ter aprendido português num nível tão bom quanto ela própria sabe inglês, é uma das melhores coisas que já aconteceu às duas.
- Ei, vem cá – a loirinha sussurra no ouvido da morena – você não tinha prometido algo certa vez, envolvendo seu cabelo e vencer uma Copa do Mundo?
- AH NÃO, NEM VEM – Ágata empurra Adora e sobe no sofá como se estivesse fugindo de uma barata – me deixa com o meu cabelo!
- Mas vai ficar lindo! Você não me achava linda, quando eu tinha cabelo curtinho? – pergunta Adora, rindo e subindo no sofá atrás da companheira, enquanto Melog fica encarando as duas como quem diz “pff, essas crianças” e Sombra subindo logo atrás delas, animada para brincar e se agarrando no tornozelo de Ágata.
- Mas eu tô gata pá carai assim também, porra!
- Ai Ágata, olha essa boca, você vai ficar falando essas palavras na frente dos nossos filhos?
- Desculpa, Sombra. Mamãe tem vocabulário ruim mesmo
– Ágata diz, pegando a filhotinha no colo e a segurando como um bebê, enquanto ela fica dando patadinhas no rosto de Ágata.
- Aí, pronto. Não é pra seguir o exemplo da mamãe Ágata, viu Sombra? Mamãe Ágata é uma bobona.
- Okay, eu te deixo cortar meu cabelo com uma condição.
-
O que é?
- Se algum dia a gente for ter filhos que não sejam gatos, quem faz a parada lá da inseminação artificial é você. Não quero ficar grávida não.

A loira ri e abraça a companheira.
- E se a gente adotasse?

No final das contas, Ágata até gosta do resultado. Talvez não faça mal manter esse corte curtinho por um tempo... além disso, ela conseguiria se acostumar com Adora pagando ainda mais pau pra ela que o de costume.

Antes que se dê conta, Adora já postou várias fotos do "ensaio" improvisado no seu Instagram.

05adora.mccartney minha campeã ganhou um corte novo hj :3 @catra10.official #worldchampion #newhair #soccerlegend #lesbianpride

Uma resposta em particular chama a atenção do casal.

GlimmerMoon_OFFICIAL  NÃO QUERO SABER, AINDA TO DE MAL COM VC POR TER NOS TIRADO DA COPA @catra10.official GRRRRRRRRRRRRRR >:( 

Depois de passarem pelo menos uma hora rindo e conversando sobre os comentários nas fotos, trocando beijos, carícias, e servindo de ninho para os seus gatos, e claro, protagonizando falsas brigas públicas com Glimmer, as duas finalmente se levantam e vão terminar de limpar a casa. 

Naquela noite, Adora prepararia um dos jantares mais incríveis que já fizera para o amor da sua vida.

[...]

21 de dezembro de 2037

Coletiva de imprensa na sede do Corinthians, São Paulo

Ágata Catrina Macieira, a Catra, a Magicat, a Gata Mágica, a melhor jogadora de futebol feminino de uma geração inteira, sempre soube que um dia esse momento chegaria. Não sabia como seria, não sabia como estaria, se sairia por cima. Durante boa parte da sua vida, parecia tão distante que nunca realmente chegaria, mas chegou.

Ela já havia anunciado sua intenção de se aposentar como jogadora no começo da temporada. Hoje é o dia que ela confirma que aquela partida da semana passada, a vitória por 2 a 0 sobre o São Paulo válida pela última rodada do Brasileirão, foi, de fato, a última da sua carreira.

Terminou por cima de fato, com o título do campeonato brasileiro, como estrela e capitã do time que amou desde criancinha.

Catra pigarreia e dá bom dia a todos, indicando o início oficial da entrevista coletiva.
- Então... acho que finalmente chegou a hora do adeus – ela tenta soar divertida em vez de melancólica, e sorri confiante – eu não consigo nem expressar em palavras tudo o que passa pela minha mente, mas enfim... quem quer começar?

Ela se lembra do seu primeiro ano lá no sub20 do São José, tendo que correr atrás do prejuízo por chegar “atrasada” nas categorias de base, e sua temporada de estreia pela equipe principal. Os longos e glamorosos anos que passou na Red Horde, onde foi indicada para um prêmio de melhor jogadora da Fifa pela primeira vez aos 21 anos e venceu um pela primeira vez, aos 23. Venceu tantos prêmios e campeonatos na Red Horde que ela sequer sabe tudo de cabeça, e aquela fase da sua vida finalmente acabou ao final da temporada de 2025/26.

Adora e ela queriam novos ares, uma nova aventura, sair da zona de conforto que haviam criado em Etéria, e por isso foram para o Olympique Lyonnais, da França.
- Catra, aqui! – um dos jornalistas chama – tem alguma atleta que você vê, hoje em dia, como a sua substituta na seleção brasileira?

Há muitos anos, numa Algarve Cup, ela havia ouvido palavras parecidas: de que ela substituiria Marta. “Eu nunca substituí Marta”, filosofa, “eu criei meu próprio legado”.
- Não – responde – as próximas grandes atletas que vierem serão elas mesmas, não uma cópia de mim.

Ela sabe que não era essa a resposta que esperavam, mas não se importa. Ela responde mais algumas perguntas enquanto se deixa viajar em lembranças. Se lembra de como foi indicada a melhor do mundo várias vezes após o seu primeiro título, e como perdia a cada ano, até finalmente tornar a vencer em 2030, e de novo em 2031, e de novo em 2032. Atingiu seu auge na mesma época que via Vavá fazer o mesmo, e o meio-campo temível que a seleção brasileira formara com aquelas duas fez Catra comparar-se ao meio campo da seleção de Etéria dos anos 90 mais de uma vez, dentro da própria mente. Quando expôs o pensamento, no calor da euforia de uma entrevista pós-Copa de 2031, alguns a chamaram de arrogante, mas ela nunca se importou: era verdade.

Aquela medalha de ouro inédita nas Olimpíadas de 2032 foi inesquecível. Uma vitória por 2 a 1 contra a Alemanha, de virada, com dois gols de falta do Brasil, um de Vavá e outro dela mesma.
- Você realmente não poderia ficar só mais um ou dois anos? – pergunta uma jovem repórter loira, em tom de brincadeira.
- Com Adora como minha personal trainer, eu podia ficar fácil até os 50, te mandar a real. Mas tá na hora de abrir espaço pras mais novas e eu e a Adora temos nossos próprios projetos pessoais – sua expressão metida é a de alguém que guarda um segredo da multidão – vocês logo vão ouvir mais sobre isso.

Depois do Olympique Lyonnais, jogara pelo North Carolina Courage nos Estados Unidos, e então voltara para Etéria com Adora (que a seguira durante todo esse percurso, criando a fama de que qualquer time que contratasse uma, ganharia a outra de brinde) para jogarem no time pelo qual a loira torcia desde infância, a Royal Grayskull. E após alguns anos lá, a Magicat finalmente tornou ao Brasil para encerrar a carreira no Corinthians, ao lado da sua eterna parceira, que jogou apenas 6 meses pelo alvinegro antes de se aposentar.
- Você pretende se tornar treinadora e continuar trabalhando com futebol?
- Nossa, cêis são apressadinho pacarai hein, benzadeus – diz Catra, arrancando risadinhas de uma certa loira no fundo da sala – já falei que logo mais cêis vão ouvir a respeito, acalma essa pepeca.
- Como você avalia essa sua última temporada no Corinthians?
- Fantástica. Vencemos o Brasileirão, quer mais o quê?
- E jogar pelo Corinthians, o time pelo qual torcia na infância, é um sonho que se realiza?
- Mais como realizar o sonho do meu irmão – brinca a Magicat, sorridente – que Deus o tenha.

Quando a entrevista coletiva termina, Catra agradece a presença dos jornalistas e se despede. Caminha tranquilamente em direção ao fundo da sala, onde sua companheira a espera. Troca um olhar rápido e intenso com sua mulher, como se comunicassem telepaticamente, entrelaça os dedos aos dela, e deixa aquela sala em sua companhia, não como Catra ou Magicat, mas como Ágata.

Ela pode ter se aposentado como jogadora, mas ainda há muito trabalho pela frente.


Notas Finais


Resultado das votações sobre as shorts, primeira parte:
https://twitter.com/pseudoedgygirl/status/1328826008745766920/photo/1

Nova votação (É UMA ENQUETE DIFERENTE DA ÚLTIMA, POR FAVOR VOTEM!): https://forms.gle/XAXA24dRwza6tqBv5

E gente, aqui a minha fic nova:

A guerra entre a Coalizão de Remnant e a Aliança Oriental tem se arrastado há tanto tempo que Yang e Blake já não sabem mais o que são tempos de paz. Diante desse cenário catastrófico, sua ex-amiga e agora superior, Weiss Schnee, as manda para o Templo de She-Ra, escondido entre as montanhas, com a missão de recrutar a Deusa do Poder para a sua causa e dar um fim à guerra, mas uma certa mulher-gato que insiste não ser um faunus põe toda a missão a perder.

Essa não é a única preocupação de Yang: ela não sabe onde sua irmãzinha se encontra, mas sabe que ela está viva, e que está servindo no mesmo exército que ela. A comandante-especialista Schnee pode lhe ordenar que desista o quanto quiser; Yang não irá desistir.

Enquanto isso a próxima Avatar, Korra, é submetida a intensos treinamentos de forma a prepará-la para a guerra, desde o dia que nasceu, sem ser permitida contato com o mundo exterior. Ela não tem propósito algum em sua vida, exceto ser a criatura semi-divina que destruirá a Coalizão e trará paz às nações do Oriente.

https://www.spiritfanfiction.com/historia/o-panteao-21013353

Por favor, me deem uma chance nessa nova saga :pensive:

Curiosidades: Vic Albuquerque é uma jogadora real. Ela joga no Corinthians e foi a revelação do Brasileirão de 2019. Ela é uma das minhas atletas femininas preferidas e eu gostaria mto de vê-la na seleção mais vezes :c
Jaqueline também é uma jogadora real. Ela é uma atacante do São Paulo e eu assisti algumas partidas dela pela seleção brasileira sub20 um tempo atrás, e adorei essa guria. Eu realmente espero que um dia ela vai nos representar na seleção principal.
Ellie Carpenter, a capitã australiana, também é uma jogadora real. Ela é uma das grandes revelações da seleção australiana no momento.

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