1. Spirit Fanfics >
  2. Gringa Grudenta >
  3. I love you

História Gringa Grudenta - I love you


Escrita por: BriasRibeiro

Notas do Autor


Traduções e vocabulário nas notas finais.

Avisos: cena de sexo/nudez

Momento cultura: para quem não sabe, Algarve é uma região no sul de Portugal. A Algarve Cup é um torneio amistoso de futebol feminino que existe na vida real e já é disputado desde os anos 90 por várias seleções diferentes. O torneio tem esse nome, obviamente, por sempre acontecer na região de Algarve em Portugal. Por ser um torneio já bastante tradicional e que sempre recebe várias seleções fortes, ele foi apelidado de “mini-Copa do Mundo”.

Capítulo 13 - I love you


Crista passa seu primeiro “jogo” pela seleção inteiro sentada num banco de reservas.

Okay, não inteiro. Nos quinze minutos finais, sua treinadora a mandara ir se aquecer junto com várias outras, que acabaram não entrando no jogo. Não que Crista realmente esperasse que teria alguma chance de estrear com sua camisa verde-e-amarela disputando vaga com Matilde, mas no fundo do seu ser, havia se permitido torcer por pelo menos uns cinco minutos, no finalzinho do jogo, quem sabe?

A partida foi contra a Nova Zelândia e terminou num apertado 2 a 1, de virada, com um gol de Debrinha e outro de Bea Carpatto, ambos em jogadas começadas por Matilde. Crista sempre se orgulhou de sua técnica, sua capacidade de driblar, dar passes bonitos, se virar em espaços apertados, mas só de ser colocada ao lado de Matilde, se sente pequena, como se toda sua habilidade polida em 19 anos de vida fosse insignificante. Ela é boa nessas coisas todas quando comparada com jogadoras mais comuns, não a foderosa rainha do futebol. Um quê de instinto covarde no fundo de sua mente lhe grita que vá logo para o McDonald’s mais próximo pedir o emprego de atendente que merece. Uma outra parte da sua mente ainda a lembra das Olimpíadas de Tóquio, dali a poucos meses.

Simplesmente não existe a menor possibilidade que um dia ela possa superar Matilde, é o pensamento que a domina.

Sua partida ocorrera apenas algumas horas depois do jogo de Alter contra a Bélgica e, como se quisesse retribuir, Aglaia lhe enviara mensagem logo após o jogo.

 

Aglaia

Hey, parabéns pela vitória!!!!

Crista

Por quê?

Eu não joguei

Aglaia

Claro né!!! Sua primeira vez na seleção menina apressadinha ^^’

Mas foi um jogo bonito

E vc conseguiu chegar lá

Daqui 2 ou 3 anos vai ser titular absoluta, anota minhas palavras u3u

 

Crista se pergunta se Aglaia observou o esquema tático que o Brasil está usando. Se pergunta se observou que Matilde não está jogando como centroavante e sim, como meia-armadora. A garota de 19 anos ainda não consegue lidar com o fato de estar sendo colocada para substituir a maior estrela da história do futebol feminino. Cada vez que começa a refletir sobre isso, sente um vazio no estômago, sua pressão baixa, começa a suar frio.

– Em que estás a pensar? – Camila pergunta, sussurrando no pé do seu ouvido. A respiração dela tão perto do seu pescoço chega a fazer cócegas.

É o dia seguinte após a estreia do Brasil na Algarve Cup, quase meio-dia. Crista se encontra deitada de bruços na cama de Camila, com a própria deitada sobre ela e ocasionalmente beijando suas costas, pescoço, rosto, mas a brasileira já não tem reagido há algum tempinho.

– No treino.

– Uhum – Camila beija a parte alta do pescoço de Crista e vai descendo até os seus ombros, enquanto com uma das mãos massageia os seus seios – e o treino é mais interessante que eu?

Crista não responde, nem reage aos toques da outra. Camila suspira fundo e se senta na cama, recostada à parede. Em reação a isso, Crista se vira e se senta onde está, de frente para a garota. Completamente nua, Crista descobrira que ela também possui uma tatuagem de um gatinho na parte alta d’um dos seios. Normalmente se distrairia com isso, mas não agora.

– Um ano e meio atrás eu tava jogando no campeonatinho da escola, tá ligado? E agora eu tô aqui.

– É uma grande mudança – concorda Camila.

– Eu nem tinha que tá frustrada, saca? Na minha cabeça era preu tá limpando chão da casa de burguês agora, e no fim eu que virei a burguesinha. Sei lá. Nem sei na real que que tá me incomodando. Eu tava nem aí até outro dia.

– Com o tempo deves aprender a lidar com isso – supõe Camila, desviando o olhar de Crista para checar as próprias unhas. A brasileira tem a impressão de que ela não está muito interessada nessa conversa. Não a culpa.

Crista engatinha até Camila e beija a base do seu pescoço. A portuguesa suavemente pousa a mão em suas costas e geme baixinho.

– Foi mal, falar disso do nada – ela murmura, beijando mais uma vez.

– Não vais ficar demasiado cansada para o treino? – pergunta a outra, fingindo mágoa. Crista passa um dos braços pelas suas costas e ri baixinho antes de beijar seu pescoço com mais intensidade, ganhando gemidos cada vez mais altos da outra. Ela desce a outra mão para a parte íntima exposta de Camila.

– Ei, qual é. Eu sou uma atleta profissional, tenho energia de sobra.

– Crista... – a outra geme.

– Ei... quer me ouvir falar francês? – provoca a brasileira, sussurrando no ouvido da outra, sem deixar de acariciar a parte externa da sua genitália.

– Hm... e desde quando tu falas francês?

I love you – ela diz, e recua sutilmente só para poder ver o rosto chocado da outra. Ri baixinho – quer dizer “morena” em francês.

– Hã? – a outra estranha, completamente confusa. Crista arqueia as sobrancelhas, numa expressão maliciosa, antes de começar a passar os dedos diretamente sobre o clitóris da outra, arrancando gemidos ainda mais intensos.

– Auto da Compadecida, mulher. Vou te fazer ver depois.

[...]

As meninas do Brasil têm usado um centro local para realizar seus treinamentos desde que chegaram em Algarve e Crista, normalmente mais relaxada e fluída nos treinos, nunca pegou tão pesado consigo mesma na sua vida. Sente os olhos de Esther, de sua assistente, de toda a comissão técnica e das maiores estrelas do futebol feminino brasileiro em suas costas o tempo todo. Olhos estes que julgam duramente, analisam cada movimento, avaliam seus limites, a pressionam a ser cada vez melhor ou desistir de uma vez.

A carne nova. A caçulinha da seleção. A novata. A promessa que ainda não se realizou. As palavras duras de Kaan'uh Moon ressoam em sua mente durante a corrida, o treino de ataque versus defesa, o treino de impulsão, de velocidade e a sessão de musculação no final da tarde. “Te falta objetividade”. “Te falta disciplina”. “Você precisa pensar na equipe”. “Atenha-se à tática”. “Observe sua respiração”. “Seu fôlego é desprezível, como você consegue se chamar de uma atleta profissional?”. “Pense no todo. E eu não me refiro somente à equipe: você não pode ser só uma máquina de dribles, existem outros fundamentos no futebol. O que acontece quando você não puder mais driblar?”, ela ouve a voz de Moon retumbando em sua mente.

Isso foi antes dela ver aquele vídeo que Carmen havia lhe mostrado, da sua própria treinadora nos tempos de jogadora. Antes de ler a sua página completa na Wikipédia. Antes de ver o vídeo da jogada que causou uma lesão no seu tornozelo e joelho direitos que fizeram com que ela nunca mais possuísse a velocidade e agilidade de antes e como, mesmo assim, manteve seu status como jogadora lendária da seleção Alteriana.

Antes, ela teria respondido “eu sempre vou arrumar uma maneira de driblar”. Hoje, o que ela ouve não é “o que você vai fazer quando estiver cercada por tantas jogadoras que driblar será impossível? Finalmente vai se render e pensar na equipe, de forma objetiva?”, e sim “o que você vai fazer quando sofrer uma lesão tão grave que não puder mais driblar como antes? Sua carreira vai acabar? Eu não deixei a minha acabar”.

Conforme ela lia aquela página da Wikipédia os detalhes de uma lesão horrível que nunca foi completamente resolvida, se sentia mais frágil, como se a próxima entrada dura que sofresse fosse significar o fim da atividade que mais ama. E quando ouviu sobre substituir Matilde? A princípio, achou que aquela treinadora tivesse ficado completamente louca. Sentiu uma pressão indescritível.

– Opa. Fazendo o quê aí? – uma voz já conhecida por Crista a chama, vindo de trás. Não uma que ela reconhece da sua vida pessoal, no entanto.

Meia-hora depois do treino físico ter sido declarado finito, Crista continuava pulando de uma máquina para outra naquela academia, repetindo sequências extras de todos os exercícios passados, dando atenção especial à esteira. "Seu fôlego é desprezível. A única razão pela qual você aguenta jogar uma partida inteira é porquê corre menos que qualquer outra atleta do time". "Você tem sorte de ter se tornado uma favoritinha da torcida e se entrosar bem com as outras atacantes, eu não escalaria alguém tão indisciplinada por vontade própria". Suor escorre como uma catarata pelo seu corpo, marcando toda sua camisa branca de pano ao redor do top, sentindo cada centímetro da sua pele escorregadio.

– Treinando – murmura Crista. Ela suspira profundamente e segue a sua corrida, num silencioso desespero por cada faísca de energia que ainda consegue encontrar em seu corpo.

A imagem da mulher que teve como heroína no futebol por anos, por ser o ideal que nunca alcançaria, por viver o sonho que nunca viveria, surge pela sua visão periférica. Crista tenta ignorar o quanto pode. Uma mulher tão pequena em altura quanto ela, mas que por trás desse corpo pequeno, possui uma aura gigante que Crista duvida que um dia poderia igualar.

– Que bom que está animada – Crista não responde. Sente que se falar, perderá o fôlego. Matilde coloca um dos dedos sobre o painel da esteira e diminui a velocidade – mas oush menina, assim cê vai se lesionar.

Crista põe o dedo sobre o painel novamente, pronta para tornar a aumentar a velocidade, mas reflete sobre as palavras da outra. Se lesionar de novo não parece uma boa opção. Teve sua primeira lesão da carreira há poucas semanas e não quer voltar àquela situação tão cedo, principalmente de ler tudo aquilo sobre a lesão da treinadora Moon. Engolindo o orgulho, ela tira o dedo do painel sem mexer na velocidade. Sente o olhar da estrela sobre ela.

– Como cê tá se sentindo?

– Tô de boa – Crista sente a garganta doer. Consegue ouvir sua eu de 16 anos gritando desesperada em seu ouvido pra pedir uma foto e conversar direito e, pelo amor de deus, não chorar nem ficar gritando agudo e nem agir estranho. Já está falhando na parte de agir estranho, mas pelo menos pensa que já superou aquela fase onde teria surtado na frente dos seus ídolos.

Não é só pelo excesso de exercício que sua garganta dói.

– A gente sempre tenta fazer as jogadoras novas se sentirem confortáveis aqui nesse ambiente, sabe? – a outra diz – e cê num parece muito confortável aqui não.

O sotaque alagoano da estrela é tão diferente do que Crista está acostumada a ouvir... 

Sentindo as pernas cansando, Crista diminui a velocidade mais um pouco, pensando em fazer algum dos exercícios de braços e costas em seguida e dar um descanso às pernas antes de voltar à esteira. Sua mente tenta evitar pensar naquilo. A situação mais cedo com Camila já fora desconfortável o suficiente. Logo ela diminui a velocidade para uma caminhada rápida.

– Eu e as outras meninas vamos dar uma saída agora. Se quiser ir com a gente e contar o que anda se passando nessa sua cabecinha... – o tom dela é brincalhão.

– Fazer o quê?

– Dar um rolê por aí pela cidade, relaxar, tocar violão.

– Cêis trouxeram um violão é?

– Trouxemo, ué.

– Vem cá, a Renatão vai?

– Vai, sim!

– Então nem fudendo que eu vou falar nada lá. Ela ia me zuar pro resto da vida – o comentário arranca risadas de Matilde. Crista sorri de lado, surpresa por ter feito a outra rir, desliga a esteira e desce do aparelho, refletindo se ainda deve continuar suas sequências extras. Tenta não parecer ofegante demais.

– Então, você vem? – Crista pega sua garrafa de água pela metade ao lado da esteira e molha o rosto e o pescoço, se deixando respirar por um momento, antes de responder.

– Vou, né.

– Show! A gente te espera tomar uma ducha – quando ela se vira para sair, Crista a segura pelo pulso. A veterana e a novata se encaram em silêncio por um momento.

Crista se lembra da primeira partida de futebol feminino que viu na vida: foi a Copa do Mundo de 2007, quando tinha apenas 6 anos. Uma goleada do Brasil sobre os Estados Unidos por 4 a 0 nas semifinais, com dois gols de Matilde, então uma novata de 21 anos. Havia visto o jogo pela Band. Perceber que se lembra até desse detalhe aquece o seu coração. Nunca vai se esquecer do segundo gol de Matilde naquela partida, em que ela deu algum tipo de meia-lua aérea na primeira marcadora, tirou da segunda e chutou com o pé ruim. Por muitos anos, ela não tinha noção do quanto aquilo era importante. Encarava aquele ano, aquele momento, aquele lance, como apenas mais uma grande jogada da longa história de grandes jogadas da história do futebol, mas era muito mais do que isso.

– Eu não sei como lidar com isso – ela admite finalmente, e sente vergonha de si mesma por aquelas palavras, por aquele sentimento. Matilde sorri de maneira compreensiva, e Crista continua – eu só quero jogar o meu jogo como sempre fiz, mas me disseram que é para eu substituir você. Eu... – Crista trava, sem conseguir terminar a frase. "Não estou à altura", completa em pensamento.

– Todas vocês da geração mais nova vão nos substituir. Nós não vamos durar pra sempre, precisamos que vocês continuem o nosso legado. Pode parecer distante pra caramba pra você agora, mas daqui uns 15, 20 anos, quando cê for uma craque consagrada, também vai aparecer umas meninas novas e cheias de talento pra tomar o lugar que era teu na seleção. É assim que tem que ser minina, nada dura pra sempre não.

Crista já sabe disso. Ouviu o discurso da rainha na Copa do Mundo no ano anterior. “Não vai ter uma Matilde pra sempre, não vai ter uma Cristiana pra sempre, não vai ter uma Abelha pra sempre”.

– Eu quero jogar do meu jeito, sem pressão. Ser livre. Saca?

– Pressão sempre vai haver. A gente tem que aprender a lidar.

Crista se lembra de como Carmen, Storm e outras garotas do time já haviam lhe sugerido algumas vezes de começar consultas com a psicóloga da Red Phoenix, algo que ela sempre se recusou a fazer só para desafiar a treinadora Moon, além de não sentir que precisava de ajuda. Talvez seja hora de lhes dar ouvidos.

Ela não se sente confortável o suficiente para continuar falando sobre isso, de qualquer forma. O clima já está estranho o suficiente.

– Tira uma foto comigo? – pede Crista. Matilde sorri.

– Claro!

[...]

É quando Crista se senta no banco de uma praça que ela percebe o quão cansada estava. A sensação de alívio é tanta que ela sente que teria dormido se deitasse.

Na maior parte do tempo, ela é mais uma observadora que uma participante de fato. As outras garotas passam o violão entre si, tocando e cantando músicas de pagode, forró, sertanejo. Nada que realmente faça muito o seu estilo, ao menos até Renata ganhar a posse do violão e começar a tocar uma versão no violão de Mun Rá, do Sabotage. A zagueira encara Crista com um sorrisinho de lado. Sabe que Sabotage é uma de suas fraquezas, elas sempre tocavam e cantavam juntas na época do São José. O ritmo do violão de Renata é acompanhado por um pandeiro na mão de uma das garotas que Crista reconhece como outra novata.

– Vamo lá, Cris. Solta a voz – provoca, ganhando um olhar sarcástico da outra em resposta.

– Cê me ama pra caralho memo, né?

As duas começam a cantar ao mesmo tempo.

 

Menina Leblon, vermelho batom

Foi vista com jow malhando na praça

Sabote Canão, convoca no som

A paz dos irmãos de toda a quebrada

Sabotage, mano Anisio

Eu vejo diabólico, confiro, analiso

Um branco e um preto unido

Resposta que cala o ridiculo
 

Logo algumas outras meninas da roda começam a cantar junto, algumas batucando as próprias pernas, outras que conseguem ser ainda mais desafinadas do que Crista.

 

Vejo assim confisco, mundo submisso

Eu adiquiro, alivio, paz para os meu filhos

Na decente, atenciosamente eu sigo em frente tipo assim

Regenerado delinquente lá do Brooklyn

Não sou Mun-Rá mas tenho sim uns Pit Bull por mim...

 

Quando a música termina, Renata oferece o violão para Crista.

– Nah, véi. Sei tocar não.

– Deixa de ser fresca, ô.

– Sai véi, cê sabe que eu não sei tocar, caralho – Renata ri e desiste de insistir, passando o violão para outra garota.

[...]

Naquela noite, as garotas alterianas não param de falar no grupo do Messenger. Alguém – cof cof, Lumia – adicionara novas pessoas lá. Crista fica lendo aquela conversa, sem nada dizer, por uns quinze minutos, antes de pôr o celular de lado para dormir. Descobrira que ficar forçando sua mente a entender inglês era uma boa forma de pegar no sono.

Crista tem um sonho simples, feliz. Nele, está de volta em sua comunidade natal, no Campo dos Alemães. Nada de grandioso acontece. Ela se vê alguns anos mais nova, acordando antes das 6 da manhã para ajudar sua mãe a preparar o café da manhã dela e de seus irmãos, saindo para a escola com Luana e Caio, deixando a irmã mais nova na creche. Se vê ajudando na mercearia do bairro após a escola por umas marmitas grátis e uns trocados, jogando futebol no fim de semana de manhãzinha até à noite, ignorando completamente seus deveres da escola.

O sonho não é uma lembrança específica, é mais como um emaranhado delas.

Crista acorda na manhã seguinte com um sentimento de nostalgia. A primeira coisa que faz é enviar uma mensagem a Lucas e Jefferson no grupo que os três têm no whatsapp, mas não há resposta alguma. Crista tenta calcular que horas são no Brasil, desiste, pesquisa no google e descobre que na sua terra natal, ainda é madrugada. Eles devem estar dormindo.

Suspira, entediada. O ambiente silencioso denuncia o fato de que todo mundo ainda está dormindo. De vez em quando, ouve roncos baixos vindo da cama de Renata.

Crista decide fazer algo que sente que vai se arrepender, mas não consegue se segurar: checar seus álbuns antigos do facebook, rede social que já não usa há uns bons anos.

Começa pelos seus primeiros álbuns, da época que criou seu perfil aos 11 anos. Em quase todas as fotos, ela veste ou o uniforme do colégio, ou uma camisa do Corinthians com um número 10 nas costas, boa parte delas acompanhada por seus irmãos, todos corintianos como ela, ou amigos da escola. A partir de certo momento, começa a aparecer com uma Luana recém-nascida no colo numa foto ou outra, normalmente sentada na mesa de jantar ou no sofá de casa e com cara de apavorada. Conforme avança as fotos, sua expressão se torna mais relaxada e confiante, demonstrando a passagem dos meses. Em algumas, chega até a ficar de pé com a irmãzinha nos braços.

Sorri de maneira triste a cada foto em que Caio aparece. Ao contrário dela, ele parece sempre confiante com Luana no colo. Num videozinho curto que encontra, ele a joga para cima e a pega de novo no ar várias vezes, com a mãe gritando desesperada de fundo para que ele pare enquanto Luana ri, se divertindo com a situação. 

É a partir de 2014, seus 13 anos, que Scarlet começa a se tornar uma figura comum em suas fotos. Alta, magra, havia se conectado com a garota desde a primeira semana de aula na sétima série. Não foi por esse nome que Crista a conheceu, no entanto. A maioria das pessoas a chamavam por outro nome, ao qual Crista se recusa a lembrar por respeito a ela. Sua evolução conforme os meses passam é visível: logo, Scarlet aprendera a fazer maquiagens melhor do que ela mesma. Não que signifique grande coisa, Crista nunca soube fazer muito mais do que passar esmalte, batom e um delineador simples e, mesmo nisso, tem sérias dúvidas do quão aceitáveis realmente são seus resultados. E então, suas roupas de moletom largas e folgadas aos poucos se tornavam mais leves, mais femininas, uma saia florida que Crista a havia ajudado a comprar num brechó se torna cada vez mais comum, até ela ter conseguido sua segunda saia, essa de tecido jeans, que se tornaria a nova estrela. Crista encontra um vídeozinho curto, gravado numa qualidade péssima, onde ela tenta dar seus primeiros passos no salto-alto da mãe de Crista. Ela se lembra daquele dia como se fosse ontem: as gargalhadas de sua mãe de fundo, que de vez em quando saía de trás das câmeras e vinha ajudá-la, enquanto Caio filmava e Crista ficava ao lado da garota o tempo todo. Scarlet mantém um sorriso constrangido, porém radiante, do começo ao final do vídeo.

Crista não se lembra bem, mas acha que foi não muito antes disso que contou à sua família que era lésbica. Não foi realmente um momento de muitos dramas. Mais um, “ei Caio, eu sou lésbica”, “legal mana, eu já sabia”, “ei mãe, eu sou lésbica”, “ah que ótimo, você não vai aparecer grávida na minha porta, agora coma suas verduras”.

Por um lado, sente falta de Scarlet. Por outro, prefere deixar o passado no passado. Não tem ideia que tipo de pessoa ela pode ter se tornado depois de tantos anos ou como reagiria ao vê-la. Começando a sentir aquele vazio que tem quando começa a pensar nessas coisas, Crista logo troca para o twitter para ver vídeos de gatinhos.

Queria tanto um gatinho. Pensa se não deveria adotar um, quando arrumar seu próprio cantinho em Alter. Ela começa a pensar que talvez já esteja se virando bem o suficiente por conta própria e deveria começar a pensar em deixar Carmen e suas amigas em paz logo.

Naquela tarde, enfrentariam a seleção de Alter e Crista já se conformara com a ideia de ser uma mera espectadora do começo ao fim.

[...]

A fila da esquerda tem a seleção alteriana em seu uniforme secundário: roupas vermelhas da cabeça aos pés, com detalhes amarelos e brancos, o escudo da Alterian Soccer Federation no peito com as duas estrelas simbolizando os dois títulos de Copas do Mundo, 1991 e 1999, logo acima do escudo, e a goleira vestida de camisa negra e shorts e meiões cinzentos.

Do outro lado, as brasileiras com sua clássica camisa verde-e-amarela, shorts azul e meiões brancos, e a goleira, a novata Natascha, toda de verde. As alterianas têm suas melhores jogadoras na fila, em ordem: Asta, Aglaia, Lumia, Daisy Forest, Storm, Mira, Flaur, Brigitta, Amer, Kyveli e, fechando a fila, a goleira Alura. Todas elas atuantes no futebol alteriano, possivelmente a liga de futebol feminino mais disputada do mundo. Do outro lado, as brasileiras misturam suas antigas estrelas com jovens promessas, atuantes em diversas ligas diferentes: França, Estados Unidos, Alemanha, Brasil...

Crista não está entre elas. Mais uma vez, ela acompanha a entrada das jogadoras do banco de reservas, observando Renata na fila com inveja. Ela não é a única novata da fila: Mariângela, lateral-esquerda, também está ali e, no jogo anterior, Vick e Gisele ambas fizeram sua estreia.

A ideia de que pode ser a única das cinco a não entrar em campo nem uma vez a atormenta e a angustia ao ponto de querer chorar. Renata ainda tem a pachorra de mandar um tchauzinho sorridente na direção de Crista, enquanto caminha para o centro do campo junto das outras. Se pudesse, teria ido até a colega e lhe dado um tabefe na cara.

Aglaia gruda em Matilde desde o momento do primeiro apito.

– Ei, Crista. Você joga na liga alteriana, não é? Que dica cê tem pra dar pra gente? – ela lembra da conversa no dia anterior, durante sua saída com as outras. 

– Mano, sei lá. Tenho cara de tatiquista, porra?

– Ah, sei lá né véi. Fala aí suas impressões.

E logo todos os olhos daquele grupo estavam virados para ela.

– Tá, xeu pensá. Calma lá.

– Dá até pra ver a fumacinha saindo da cabeça daqui, de tanto pensar – zombara Renata, ganhando um tapão no ombro.

– Cala tua boca, Renatão. Tá, tem aquela loirinha odonto. Joguei contra ela no meu primeiro jogo lá na gringa. Essa mina gruda em ti que é um inferno, puta que me pariu que mina chata do caralho. Mas ela vai ter que enfrentar nossa Matilde né, então foda-se, nem fodendo que ela vai ganhar – algumas das garotas riem. Outras, as veteranas, se entreolham com expressões misteriosas – é zoeira, tá gente? Ela é bem daora na real, só no campo que não dá pra aguentar.

E depois de vinte minutos de jogo, a prevista vitória fácil da rainha parece longe de ocorrer. Aglaia tem ainda mais sangue nos olhos do que no dia que jogou contra Crista. É menos cautelosa que naquele jogo da Red Phoenix contra as Foxes. Sem medo de bater, de chegar dando ombrada, de agarrar pela camisa desde os primeiros momentos. É como se estivesse usando a pressão de marcar a melhor jogadora da história como combustível para a sua determinação.

Faz Crista pensar que talvez esteja encarando toda aquela coisa da “pressão para substituir Matilde” da maneira errada.

– Tem uma defensora lá chamada Daisy Forest. A mina parece um trator, saca? Deve ter 1,90 de altura, sem tiração. Não consegui sacar muito qual é o jogo dela porque num era em mim que ela tava chegando, mas porra! Uns pernão assim tá ligado – ela gesticula com os braços – eu que num quero tá na barreira quando ela for cobrar falta. Aquela mina deve dá um pau até no Superman se quiser tá ligado.

Força física e imponência ela com certeza tem, mas não é isso que a destaca nesse jogo. A cada bola que tentam botar na centroavante Bea Carpatto, Daisy Forest aparece para cortar, sempre com um posicionamento e tempo de reação perfeitos. Ela tem uma técnica e graça para conduzir e tocar a bola que Crista não costuma esperar de zagueiras, muito menos de gigantas como ela.

– E uma lateral chamada Lumia. Minha mana essa daí. Cabelin vermelho igual esses vestido de muié femme fatale de filme, foguete enfiado no cu. Se pá um dia ela inda enfia a cara no alambrado e vai pra fora do estádio e nem percebe, de tanto que corre – o comentário arrancara risadinhas das outras – o jogo que eu vi na tevê, ela parecia manjar de dar carrinho e puxar contra-ataque, saca? Ela usa a velocidade e surge cê nem vê da onde, quando cê se toca ela já tá do outro lado do campo, parece até o Flash.

Ao menos nessa previsão, ela foi precisa: na ponta direita da seleção brasileira, Andreia Alvares vem perdendo todas as corridas para a lateral alteriana.

– E as outras duas zagueira lá, manjo quem são não. Nem vi. Ah é, e o ataque delas é filha da puta. Aquela Storm e Mira, carai viado, acho que nem a loirinha odonto segurava – as outras assentiram com o comentário, especialmente as mais velhas. Storm e Mira já são bem conhecidas como estrelas globais do futebol feminino e, no ano anterior, conforme Crista bem se lembra, a seleção brasileira havia enfrentado Alter na Copa do Mundo. Perderam por 3 a 1. Foi a primeira vez que Crista havia visto Alter jogando futebol e, até ir jogar pela Red Phoenix, não havia guardado nenhum dos nomes das jogadoras. Recentemente, aprendera que houve pouquíssimos jogos na história de Alter contra o Brasil e que aquele havia sido o primeiro em muitos anos.

As brasileiras são as que tomam a iniciativa para o ataque primeiro, mas são frustradas vez após vez pela segura defesa alteriana. Fazem seu jogo com calma, conservando energia enquanto chamam as brasileiras pro jogo, cansando as adversárias. Ela observa aflita, atônita, enquanto as maiores estrelas do país do futebol encontram uma resistência impecável, que frustra os seus ataques com tal calma e precisão que mal parecem reconhecer a ameaça canarinha.

Crista sente como se fosse inevitável quando as alterianas marcam seu primeiro gol, com Asta escapando da dividida de Abelha, dando um passe longo nas costas de Renata e Mira surgindo do além para dar um toquinho colocado, de primeira, no canto da jovem goleira brasileira. Um gol simples, de categoria, digno de uma centroavante com quem Crista teria tido o maior gosto do mundo em formar dupla de ataque com, mas que dessa vez está contra ela.

O placar de 1 a 0 ao final do primeiro tempo não parece refletir o resultado de forma justa com as alterianas. Faz Crista agradecer mentalmente pela garra das jogadoras da defesa e a habilidade da goleira em parar várias bolas difíceis.

Meninas, ainda temos 45 minutos – começa Esther Stormare, em inglês, no vestiário. Sua assistente a traduz – e dá pra jogar muita bola em 45 minutos.

“Os discursos motivacionais dela são muito melhores que o da treinadora Moon”, pensa Crista, ainda desesperançosa pelo o que viu no primeiro tempo. “Aglaia anulou a Matilde”, pensa, num quê de assombro. “Como que nem a Matilde consegue escapar da marcação dela?”.

Vamos adotar um estilo mais ofensivo no segundo tempo. Quero a Abelha e Thaís dando cobertura para as subidas das laterais. Andreia e Débora, joguem mais avançadas, como pontas, mas valorizem a posse de bola...

A treinadora explica algumas outras mudanças táticas, ao que Crista para de prestar atenção, até que ouve seu próprio nome sendo chamado.

Crista e Luz Mila, pretendo colocar vocês duas durante o segundo tempo. Quero que vão pro aquecimento assim que voltarmos. Mila, quero ver bom uso do seu poder explosivo – ela espera a treinadora ser traduzida antes de comemorar, apenas internamente, pela chance que pode estar prestes a receber – Eduzinha, você também vai pro aquecimento. 

Quando as garotas voltam para o jogo, Crista se divide entre a angústia da derrota e do domínio alteriano, com a animação pela possibilidade de ganhar sua primeira chance. Embora o Brasil comece a tentar pressionar mais no ataque, a coisa não muda muito de figura e elas continuam esbarrando na sólida defesa alteriana, com Matilde tendo dificuldades para escapar da marcação de Aglaia e tocando poucas vezes na bola. A melhor chance do Brasil vem quando a própria Matilde consegue escapar da pesada marcação da loirinha, recebe uma bola pouco atrás da meia-lua, finta a volante e chuta de esquerda pro gol, de fora da área, mas a goleira espalma pra fora com segurança. 

Crista sente o coração acelerado pela ansiedade conforme o relógio se aproxima dos 20 minutos do segundo tempo. Finalmente, o momento chama.

– Crista, Mila! – ela ouve a voz da assistente as chamando de volta do aquecimento – preparem-se para entrar. Crista, você vai fazer a armação, avise a Matilde que agora ela vai jogar de centroavante. Estamos passando para um 4-4-2 losango.

A treinadora já grita algo para a estrela do time do banco de reservas. Crista e Luz Mila vão se posicionar na lateral do gramado esperando a próxima bola fora e, quando isso acontece, o quarto-juiz levanta a placa eletrônica, indicando a entrada da camisa 20 no lugar da 11, e Andreia Alvares vem correndo para a lateral, cumprimentando a ponta reserva e desejando boa sorte antes dela entrar. Quando a placa é erguida novamente, ela mostra o número 19 de Crista de um lado para entrar e, do outro, o número 8 de Abelha para sair.

Ninguém tinha avisado Crista que era ela que seria substituída. As duas dão aquele rápido abraço tradicional quando acontecem substituições.

– Acaba com elas, garota – a veterana de mais de 40 anos murmura em seu ouvido nesses rápidos momentos de interação.

Crista entra o campo, correndo num passo regular para a sua posição e esperando que a goleira brasileira cobre o tiro-de-meta. Enquanto Matilde corre para a posição de centroavante pela esquerda, dando espaço para Crista se posicionar como armadora pelo meio, Crista percebe que Aglaia não desgruda da capitã. “Vai deixar a Brigitta na minha marcação memo, loirinha?”, pensa Crista, já rindo internamente pelo quanto vai humilhar a própria companheira da Red Phoenix no jogo de hoje.

Pouco a pouco, o Brasil começa a avançar, com Luz Mila apostando corridas disputadas com Lumia pela direita e tendo a vantagem da energia, porém as duas centroavantes brasileiras continuam sem conseguir participar do jogo, sempre muito bem marcadas pela defesa alteriana. Crista não consegue encontrar opções para tocar a bola, exceto para trás ou para as laterais, por mais que tente ganhar tempo para as companheiras se reposicionarem driblando para lá e para cá, soltando provocações para Brigitta através de gestos ou palavras a cada oportunidade. Em dado momento, arrisca um chute de fora da área e a bola passa longe do gol.

Ela tem a impressão de que Brigitta está pegando mais pesado do que nunca, o que torna as coisas um pouco mais difíceis. Em dado momento, ela recebe uma bola da volante pouco à frente do meio-campo, gira pra cima da companheira da Red Phoenix e supera sua marcação. Crista dispara para o ataque, percebendo a defesa alteriana levemente mais desorganizada que o de costume. A velocista Luz Mila escapa pela direita, conseguindo deixar uma cansada Lumia para trás, enquanto Debrinha corre ombro-a-ombro com Flaur. Crista procura suas opções pelo meio, vê uma Bea Carpatto tendo a passagem bloqueada por Daisy Forest, enquanto Matilde... ela dá uma ginga de corpo pra cima de Aglaia e escapa por milímetros da sua marcação – é o mínimo do espaço aceitável para receber uma bola. Crista não tem dúvidas e toca a bola para a rainha, que protege da volante alteriana e finta para fora, enquanto Crista continua dando um pique na direção da área. Matilde pedala para cima da outra zagueira, finta ela e cruza, tendo Crista e Beatriz como opções na área, com Beatriz ainda bloqueada por Daisy Forest.

Crista vê a bola vindo perfeita na sua direção, Brigitta poucos metros atrás tentando alcançá-la, a goleira alteriana gritando alguma coisa para as suas defensoras que Crista não tem tempo de tentar entender. Na fração de segundo em que a bola está no ar, vindo perfeitamente em sua direção, ela analisa suas possibilidades. Debrinha adentra a área pelo lado esquerdo, o mesmo de onde Matilde está cruzando, com Flaur agarrando seus ombros agressivamente, enquanto Luz Mila entra pela direita, Lumia em seu encalço. Ela poderia ajeitar a bola de cabeça para alguém, mas nenhuma delas está bem-posicionada e a marcação em área das alterianas é forte: as chances de perder a posse de bola são muito altas. 

Crista decide fazer o óbvio, porém inusual para ela, e arrematar para o gol. A goleira, uma mulher enorme de quase 1,80, começa a sair em sua direção, fechando seu ângulo. Crista se adianta um passo e tenta dar um toque para baixo, de forma a tirar dela, no mesmo estilo do gol de Romário contra a Suécia na semifinal da Copa de 94.

Em vez disso, Crista acerta uma testada desajeitada e manda para bem longe do gol, quase na bandeirinha de escanteio. Uma zagueira não teria cortado o cruzamento melhor do que isso.

Alguém grita “puta que pariu!” na distância, outra aplaude a tentativa por educação. Crista fica por alguns momentos observando o ponto por onde a bola saiu, decepcionada consigo mesma, antes de voltar à sua posição. Exceto por algumas bolas de efeito de média distância, finalizar para o gol nunca foi sua especialidade, menos ainda de cabeça, mas ao menos dessa vez havia imaginado que a sua determinação a permitiria ter um resultado diferente.

Quando a goleira alteriana cobra o tiro-de-meta, Carmen, que havia entrado no lugar de Mira poucos minutos antes, vence no jogo aéreo contra Renata e a bola sobra para Storm, que lança Lumia na corrida e cruza para o meio da área no último segundo antes da bola sair pela linha de fundo. Carmen chega por trás, cabeceando com força e mais uma vez vencendo Renata no jogo aéreo, marcando o segundo gol das alterianas.

Uma jogada de ataque começada pela falha bisonha de Crista. Ela sente suas estranhas afundarem ainda mais.

O final do jogo é assinalado não muito depois. Brasil 0, Alter 2.


Notas Finais


O que pensam sobre a Scarlet? Vai ter mais sobre ela no capítulo 16 e provavelmente outros capítulos posteriores, então deixem suas teorias aí (não se preocupem, não vai ser nenhuma história trágica como a do Caio)

E quem aqui já viu O Auto da Compadecida? Se vc não viu, Q Q CE TA FAZENDO? VAI ASSISTIR LOGO VIADO
Sem migué, Auto da Compadecida é provavelmente a melhor produção da história do cinema brasileiro

Esse aqui é o gol do Romário contra a Suécia ao qual a Crista faz referência:
https://www.youtube.com/watch?v=4SzL5bjZwW8
- O goleiro da Suécia, Ravelli, era um dos melhores do mundo na época e até hoje é considerado por muitos um dos melhores da história. Percebam que em vez de cabecear para frente, como a maioria dos atacantes teriam feito, Romário cabeceia pra baixo, o que deixa Ravelli sem reação: percebam que ele mal tenta defender, o lance é inesperado e deixa ele confuso. É esse tipo de cabeçada que a Crista tenta imitar, mas falha miseravelmente.

Essa aqui é a entrevista/desabafo de Marta à qual a Crista faz referência:
https://www.youtube.com/watch?v=GIEE1ZBJKU0

Vocabulário:
Promessa – é como chamam jogadoras jovens que possuem grande talento e potencial, antes que elas se tornem grandes jogadoras de fato. Existem muitos atletas “promessas” que acabam nunca conseguindo alcançar seu potencial e acabam se tornando atletas apenas medianos ou ligeiramente acima da média, por isso é bom tomar cuidado com “promessas”: significa um atleta com grande potencial, não significa que ele vai atingir esse potencial. Nesse ponto da história, é o status da Crista: uma jogadora jovem, com apenas um ano de experiência, que nunca ganhou nenhum título ou prêmio importante, mas que todos percebem que pode se tornar grande coisa no futuro. Ênfase em “pode”.

4-4-2 losango: eu expliquei noutro capítulo já sobre formações. Nessa fic, o Brasil está jogando a Algarve Cup numa formação 4-4-1-1 (cheque imagem no final para exemplo visual), ou seja, 4 defensoras, 4 meio-campistas (sendo duas defensivas pelo meio e duas ofensivas pelas laterais), uma meia-atacante e uma centroavante. Nessa fic, a Cristiane não está jogando a Algarve Cup para dar mais experiência a centroavantes mais jovens. Quando a Luz Mila e a Crista entram, a Luz Mila mantém a posição da jogadora que ela substitui, como uma meio-campista ofensiva pela lateral, enquanto a Crista (meia-armadora) entra no lugar da Abelha (volante), fazendo com que o Brasil perca uma meio-campista defensiva e ganhe uma meio-campista ofensiva, e a Matilde passa de meia-atacante para centroavante.

Formação original do Brasil (4-2-3-1):
https://i.gyazo.com/9747787a11c5202409685126e43fe395.png

- a goleira Natália é referência à goleira Natascha Honneger, do Corinthians.
- a lateral Patrícia Santos é referência à Letícia Santos, do Eintracht Frankfurt.
- a lateral Gisele é referência a uma lateral da base do Grêmio, Gisseli Calixto.
- a zagueira Daiana é uma referência à zagueira Daiane, do Real Madrid.
- a volante Thaís é referência à Thaísa, que costumava ser figura regular na seleção um tempo atrás.
- Abelha, como citado anteriormente, é a Formiga.
- Andreia Alvares = Andressa Alves.
- Debrinha = Debinha.
- Matilde = Marta.
- Bea Carpatto = Bia Zaneratto.
- Luz Mila = Ludmila.

Formação do Brasil após entrada da Crista e Luz Mila (4-4-2 losango):
https://i.gyazo.com/bf44ba019d780072e9bb6c6bc5dabbf7.png
- Equipe se torna mais ofensiva.

Formação-padrão da seleção Alteriana (4-3-3):
https://i.gyazo.com/ae7d0b423ad5689cc566ceaf4975cb70.png


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...