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História Growing Up - Onde você está indo, Victoria Van Violence?


Escrita por: QuaaseGay

Notas do Autor


CHAGAAAAAAAAAAAAAAYYYYYYY

Para comemorar o hino que foi o TCA com a vitória das duas mulheres mais amadas por mim - junto com Lady Gaga, obviamente. - Trouxe uma att importante para vocês <3

Agora sim, como vocês estão? Eu estou ótima, linda, maravilhosa, plenissima!

Ah, FELIZ ANIVERSÁRIO para o anjo lindo que me pediu att! Espero que tenha um dia maravilhoso! Muita saúde, sucesso e muita energia boa para você. Aproveite o capítulo e o seu dia, é uma data importante!
Espero que gostem e bom, coloquem os coletes. Ou não, ceis que sabe.

DIVIRTAM-SE!!!!

Capítulo 27 - Onde você está indo, Victoria Van Violence?


Camila

Acordar na segunda feira com bom humor para ir trabalhar parece até ser algo impossível de se realizar. Mas depois no final de semana maravilhoso que eu tive, meu humor não poderia ser melhor.

Finalmente passei boa parte da manhã sem ter que apartar uma briga entre Normani e Dinah. As duas ainda não se falavam, mas eu sabia que aos poucos elas iriam se dar melhor, no momento, era bom que ambas se dessem espaço.

Eu e Matts tínhamos acabado de ver pela internet quais seriam as melhores travas para se colocar nas portas, já que as que tinham não estavam executando tão bem a sua função.

Também precisava resolver o problema com as duas mulheres da limpeza, Tropical não era muito grande, mas o movimento estava aumentando e eu precisava contar com as pessoas que tinham a tarefa de limpar, coisa que ambas não estavam fazendo com competência.

Preciso resolver isso antes que vigilância sanitária apareça por aqui.

Ouvi o barulho de batidas na porta e segundos depois, vi a cabeça de minha melhor amiga surgir, espiando para dentro da sala. Usava uma camiseta amarela e um gorro da mesma cor, Laura amava gorrinhos e sempre estava com um.

- Está ocupada? - Perguntou, sorrindo.

- Para você, nunca! Entra logo! - Ela riu e fechou a porta atrás de si.

A dei um abraço apertado, tê-la por perto era sempre bom. Não pude deixar de notar o cheiro de outra ômega em suas roupas, pelo visto não foi só eu quem teve um excelente fim de semana.

- Como você está? - Perguntei, me afastando e caminhando até o sofá.

- Muito bem. - Se jogou ao meu lado. - Mas eu vim aqui para saber sobre seu encontro. Conte-me tudo, não esconda-me nada.

- Foi perfeito. - Meu coração acelerou só de lembrar do que aconteceu. - Lauren foi incrível em todos os momentos. Mas falando nisso, eu tenho que te pedir uma coisa.

- Ih, lá vem. - Revirou os olhos. - Manda.

- Pode ir buscar suas coisas…? - Mordi o lábio. - É que… Lauren ficou chateada ao ver que você é praticamente moradora lá.

- Sua garota é um tanto quanto insegura. - Arqueou uma sobrancelha.

- Você que é segura demais. - Rebati, dando um tapinha em seu ombro. - Eu também não vejo nada de mais, mas Lauren se incomoda e eu não quero que ela se sinta desconfortável lá… Quero que ela goste de ficar em minha casa. - Laura sorriu e negou com a cabeça. - Ah, e se fosse sua ômega?

- Não mudaria nada, eu confio em mim e na Alina. - Tinha momentos que eu detestava a segurança e tranquilidade de Lau, porque eu tenho certeza de que ela realmente não se importaria.

- Não é tanto a questão da confiança. - Falei. - E mesmo que fosse, eu não posso culpá-la. É natural que ela se sinta assim, cada um lida diferente com cada situação… Entenda, não estou te expulsando de minha casa e muito menos da minha vida! - Me apressei em explicar.

- Ei, ei! - Ela se sentou de frente para mim e segurou em meu rosto. - Relaxa, nunca vou sair da sua vida, Mitz. Sabe que eu estarei sempre aqui. Eu entendo, hoje mesmo passo lá, okay? - Sorriu. - Estou feliz que esteja se dando uma oportunidade, sabe que é tudo que eu desejo para você.

- Eu sei. - Eu tenho mesmo uma amiga maravilhosa. - Ah, só uma coisa. A camiseta verde, fica.

- Fala daquela com um pequeno bolso preto? - Assenti. - Lauren sabe que você quer ficar com essa camiseta?

Dei um tapa em seu ombro, aquilo era jogo baixo. Eu adorava demais aquela camiseta, simplesmente por ser confortável e grande. Até o Nate gostava de usar, mesmo o tecido ficando em suas canelas.

- Lauren vai entender muito bem e enquanto ela não me der uma melhor, a blusa verde, fica. - Cruzei os braços.

- Sabia que eu também gosto daquela camiseta?

- Eu não me importo. - Dei de ombros e ela arregalou os olhos. - A camiseta fica.

- Vou falar com a sua alfa e mandar ela te comprar uma, eu quero a minha camiseta. - Novamente dei de ombros. - Enfim, voltando ao assunto, como foi… A noite? - Balançou as sobrancelhas, me fazendo corar.

Era engraçado, eu já havia transado com Lau várias vezes, mas falar disso com ela ainda me fazia corar. Digo, eu confiava em minha melhor amiga e sabia que era bobeira, mas ainda assim, era estranho conversar sobre isso com uma alfa, por isso liguei para Samantha ontem.

- Ah… - Senti minhas bochechas arderem um pouco. - Aconteceu.

- A-há! - Deu um pequeno pulo. - E como foi? Digo… Para você.

Respirei fundo, aliviada por ela não querer detalhes. No fim, eu sabia que seria bom falar de meus sentimentos com ela, pois sabia que em relação à isso, Lau me entenderia.

- Eu pensei muito sabe? - Olhei em seus olhos. - Não trabalhei na sexta apenas para me preparar psicologicamente para o encontro. Fazia tanto tempo que eu não saía com alguém que… Mexesse tanto comigo, entende?

- Claro. - A fiz ir mais para trás e deitei no sofá com a cabeça em seu colo.

- E durante um tempo, me senti culpada. Como se eu estivesse traindo Jace. - Laura começou um carinho em meus cabelos. - Mas eu pensei em nossas conversas e cheguei a conclusão que eu merecia ter um amor que me foi negado. Então eu comecei a me arrumar e deixei Jace de lado, concentrei meus pensamentos só nela.

- Interessante. - Comentou, fazendo-me franzir o cenho. - Continue, Mitz.

- E assim o tempo foi passando sem que eu percebesse. Quando ouvi o carro dela parando em casa, eu fiquei ansiosa e… - Corei, desviando o olhar para o teto. - Quente. Eu não sabia ainda se eu iria para cama com ela ou não. Essa parte eu não havia decidido. Mas tomei uma pílula, para prevenir.

- Uma mulher precavida vale por duas, lembro-me de quando me disse isso pela primeira vez. - Nós rimos.

- Exato. - Tomei uma longa respiração. - Lauren foi incrível durante a noite toda e antes da corrida eu tinha tomado a decisão de que iria… Fazer… Com ela. Não sei explicar muito bem o que ela faz comigo, mas eu queria muito.

- Só que..?

- Só que quando estávamos voltando eu comecei a questionar essa decisão. - Olhei em seus olhos, incerta sobre o que eu iria dizer.

- Fala, você não vai ferir meu ego. - Riu. - Digamos que meu ego está muito bem alimentado.

- Idiota. - Dei risada. - Eu nunca tinha ido para cama com alguém desde Jace, alguém que eu realmente tivesse sentimentos fortes. - Olhei rapidamente em seus olhos e ela assentiu. - Naquele momento eu me dei conta de estaria entregando à ela, muito mais do que eu tinha entregado a qualquer outra pessoa.

- Eu entendo, não é fácil se desprender. É muito difícil soltar nossas próprias correntes.

- Sim, porque parece que sou eu quem está desistindo, sabe? Quando na verdade, não estou. - Suspirei. - Quando chegamos, eu senti medo. Estava prestes a desistir, sair do carro, entrar em casa e trancar a porta. Mesmo assim, a falei para descer comigo.

- É assim que reconhecemos a coragem que há em nós.

- Mama me ensinou que quando temos muito medo, é o momento que temos que pular. Foi isso que eu fiz, pulei. - Sorri ao lembrar das palavras doces que Lauren me disse, das atitudes carinhosas, dos beijos. - Ela estava lá e me segurou… Entende?

- Mais do que você imagina. - Passou o polegar por minha bochecha e só então percebi que estava chorando. - Estou orgulhosa de você, Mitz. É bom saber que se permitiu. - Sorriu para mim. - E bom, Lauren não é grande coisa, mas é melhor que o Shawn.

Não pude evitar de começar a gargalhar junto com ela. Só minha melhor amiga para trazer a tona meu único e fracassado namoro. Shawn era um cliente aqui da Tropical, nos conhecemos assim e meio que entramos em um relacionamento.

Não era bem um namoro, eu não sentia tanto por ele. Foi um tempo em que eu me sentia profundamente carente, necessitava de alguém para mim e para Nate. Era uma fase que a necessidade de ter alguém se sobrepunha a qualquer coisa.

Durante esses anos, eu tive altos e baixos. Não foi fácil passar por tudo que passei e eu tive machucados profundos que não curavam de forma alguma. E na tentativa de fechar essas feridas, eu acabei abrindo mais.

Porém agora, com Lauren, eu sentia que tudo estava sendo curado. Aos pouquinhos, mas ainda assim, era um progresso. Sorri ao constatar isso.

- Shawn era um bom alfa. - De fato era, educado, inteligente e muito bonito. - Cuidava de mim e de Nate mesmo com as malcriações do pequeno.

- Não disse que não era. - Ela riu, correndo o indicador pelo meu nariz. - Mas era um cara intelectual demais, todo engomadinho. Muito sério para você. Lembra quando Nate te trancou dentro do banheiro para você não sair com ele?

- Aff. - Ela começou a gargalhar. - Nem me lembre.

- Um moleque de cinco anos te prendeu dentro do banheiro, você deveria se envergonhar, Mitz.

- Em minha defesa, eu estava no chuveiro, não percebi a presença dele.

Por mais que o alfa fizesse de tudo para agradar meu filho, Nathan não aceitava minha relação de forma alguma. O pequeno não tinha nada contra Shawn, especificamente, o problema era o que o alfa mais velho representava.

- Bom, foi engraçado. - Parou de rir. - É bom que ele goste e aceite Lauren.

- Sim. - Sorri, os dois estavam tão fofos no parque de diversões. - É muito bom. Mas me fale de sua ômega agora, quero saber.

- Ela é estudante de engenharia mecânica. - Sorriu tão lindamente, que tive certeza do quanto minha amiga estava apaixonada. - Mas trabalha como secretária em uma oficina, Al me falou o nome, mas eu não lembro. Ela não pode fazer estágio porque ainda está no segundo ano de curso. Ah, ela gosta de pitangas e cerejas, detesta cereais e joga vídeo game melhor do que eu.

- Me parece encantadora. Posso ver uma foto dela?

Os castanhos de Laura brilharam tão intensamente que me deixou feliz. Em todo esse tempo de amizade, ela já ficou com várias, nenhuma importante o suficiente para que parasse de passar meus cios. Por isso, quando ela me disse que não passaria mais, soube que ela estava realmente amando.

Mas agora, ver a forma que seus olhos brilhavam e o sorriso em seu rosto era irrefreável, eu soube que ela tinha encontrado seu caminho, logo formaria uma família e céus, ela seria a melhor alfa do mundo.

- Claro! - Puxou o celular do bolso e mostrou-me.

Sentei novamente para poder ver melhor, enquanto ela mexia no aparelho em busca da imagem. Tudo isso sem parar um segundo de sorrir, Lau parecia até mais saudável, com a pele mais bonita.

Será que essas características são tão visíveis em mim também?

- Uau! Ela é linda! - Comentei, observando a ruiva, combinava com minha amiga. - Quem sabe um dia, possamos sair todos juntos. Tipo aqueles encontros de casais.

- Seria muito legal! - Sorriu, dando um beijo em minha testa. - Bom, eu vou indo, preciso trabalhar e você também. Eu passo lá mais tarde, por volta das sete da noite.

- Tudo bem. - A acompanhei até a porta.

Nos despedimos rapidamente e quando Laura foi embora, eu voltei a trabalhar, já pensando em abrir o site que sempre posta anúncios de quem precisa de trabalho. Afinal, com as duas faxineiras que eu tinha, não dava para contar.

Mas antes de fazer qualquer coisa, puxei meu celular e fiquei pensando em enviar uma mensagem para minha alfa, me perguntando se ela gostaria de almoçar comigo.

Lauren

- Lauren, já temos um carro pronto. - Austin falou ao se aproximar. - O cliente vem buscar amanhã. Por volta das três da tarde.

- Certo. - Fechei o capô do meu Dodge. - Este aqui está ficando perfeito. Sabe se Caleb já decidiu com que carro ele vai correr?

Eu havia ficado tão empolgada com a competição de arrancadas que já fui logo escolhendo um carro e comecei a trabalhar no veículo que eu iria usar. Saber que eu iria competir com pilotos melhores e mais experientes me deixava inspirada.

- Ah… - Austin me olhou sem graça. - Vai correr com um charger?

Olhei para o carro verde com listras pretas em nossa frente, não entendendo o motivo daquela pergunta. Era um excelente carro, com rodas traseiras grandes para ter mais atrito e uma forte tração, além da potência, claro. Era um carro perfeito para um racha.

- Sim. - Respondi. - Preferi não usar os de sempre. Poucos lá me conhecem.

- Vai levar uma surra. - Ouvimos a voz de Vic atrás de nós e tanto eu quanto meu colega, nos viramos. - Os caras lá correm com modelos antigos, se você chegar com um desses, vão, além de te caçoar, se sentir desrespeitados.

- Que idiotice. - Bufei. - Não quero correr com os que sempre uso para rachas, o carro lá precisa ser documentado, se não, eu não corro.

- Então escolha um modelo que primeiro, não vá chamar atenção e segundo, que seja antigo. O seu Dodge setenta por exemplo.

- Fora de cogitação! - Respondi rapidamente. - Aquele carro é apenas para passeio.

Claro que ele era equipado com turbocompressor, mas eu não o usava para correr. Era o meu bebê, cujo qual tive imensa dificuldade de pegar de volta quando foi apreendido. O que foi um dos motivos de eu parar de usá-lo em corridas. Amava aquele carro.

- Lauren, a Vic está certa. - Austin concordou. - Os caras não vão gostar de uma pirralha chegar lá com um carrinho da caixa de cereais.

- Não ofende também. - Machine se aproximou, rindo. - Eles têm razão. Os caras lá não investem nos carros, investem no motor. Se você chegar toda cheia de marra, vão rir de você e ninguém irá te respeitar. Você é a novata, afinal.

- Porra, eu corro com o carro que eu quiser, caralho. - Bufei.

Se tinha algo que eu detestava, era quando queriam mandar no meu carro. Era eu quem iria pilotar, ninguém tinha que dar palpite nisso.

- Presta atenção aqui, garota. - Victoria se aproximou, ficando cara a cara comigo. Rosnei em advertência e seus pelos se arrepiaram em resposta. - Você pode ser a fodona aqui, em Las Vegas, nas ruas. Mas lá, você será um pedaço de merda que eles não vão hesitar em passar por cima. Ninguém lá vai te respeitar ou muito menos saberão a porra do seu nome.

Pela visão periférica, vi Machine se aproximar, provavelmente se preparando para separar nós duas, já que ambas estávamos irritadas.

- Não é a merda do seu território, então, abaixa a bola e respeita as leis DELES. - Falou na minha cara. - Faz o que eu estou te falando. Escolhe a porra de um carro antigo.

- Me fala então, o que você sugere. - Cruzei os braços, apoiando-me no capô do carro.

Meu tom era de puro deboche, apesar de estar começando a ficar convencida de que eu deveria seguir a dica dela. Mas eu nunca falaria em voz alta que ela estava com a razão. Não conseguia evitar, eu não gostava de Victoria.

- O Dodge Tantrum, que você gosta de deixar criando poeira lá no teu galpão. - Foi como se minha mente tivesse ligado. - Tira aquela fera da jaula e a coloque para correr. Troque os pneus antes.

Virou as costas e seguiu caminho para a sala de pintura, onde era seu local de trabalho. Os garotos concordaram com ela e infelizmente, eu tive que dar o braço a torcer. Os argumentos dela eram bons e eu não queria arrumar problemas lá.

Ainda contrariada, cheguei ao galpão onde tinha meus carros enfileirados. Foi impossível não me lembrar de Camila ali, olhando deslumbrada para cada um. Sorri ao encontrar o que ela havia escolhido, sempre me lembraria de sua reação ao vê-lo.

Fui andando e lembrando das corridas em que ganhei cada um deles. Minha obsessão pela marca começou quando Bruce me deu o setenta, achei lindo e combinava com meu estilo. Depois que o tive apreendido, comprei um srt hellcat chumbo para minhas corridas.

Este, agora, ficava estacionado, ao lado de outro 1970, que eu consegui. Comecei então a aceitar apenas rachas contra outros dodges, pois queria aumentar a minha coleção que agora conta com vinte e cinco carros.

Parei em frente ao carro mais majestoso que eu tinha ali dentro. Era um viper rtr sessenta e oito, vinho. Esse carro eu não usaria para corrida mas nem que fosse meu último dia na terra, maravilhoso, a pintura era bem acabada e o ronco do motor era a mais suave melodia que qualquer apaixonado por velocidade poderia ouvir.

Era tanto amor, que só de olhá-lo, meu coração batia mais forte. Porra, que carro lindo!  

Entretanto, passei por ele e caminhei até o tantrum preto que estava estacionado ali. O carro estava parado desde quando o consegui, então teria que passar por várias revisões e reformas, antes de eu poder começar a treinar com ele.    

Seria bem interessante e diferente, eu não corria com clássicos, sempre preferia os mais modernos para isso. Assenti em concordância para mim mesma, antes de pegar a chave no para-brisa e entrar no veículo.

O ronco do motor era lindo e o banco, confortável. Não tinha cintos próprios para corridas, então isso era algo que eu teria que adicionar. Suspirei, antes de dirigir até a oficina para começar as modificações.

- Machine! - Gritei do carro para o loiro, que seguia à caminho da geladeira. - Faz um favor, leva meu hellcat de volta para a garagem.

- Pode deixar!

Estacionei em uma das vagas e desci do carro, Chad logo chegou para admirar e dizer que eu havia feito uma boa escolha. Por algum motivo, falei que a ideia foi de Victoria. Não sei o que havia o surpreendido mais, eu ter dado os créditos à Vic, ou eu ter concordado com ela. Mas dei risada de sua cara surpresa.

E falando nisso, tanto eu quanto a alfa estivemos ocupadas, o que me impediu de questioná-la sobre a história de Bruce. Mas de hoje não passava, eu iria sim confrontá-la e não largaria até saber a história inteira por trás do que aconteceu.

Começamos então a desmontar todo o carro, até sobrar apenas a carcaça. Caleb se junto a nós, ele já tinha um carro preparado. Isso era bom, pois com a ajuda de toda a equipe, o Dodge ficaria pronto mais rápido.

O tempo foi passando e eu nem percebi quando deu uma da tarde, os meninos já estavam começando a parar, pensei em ir ver Camila e almoçar com ela, se é que ela já não tinha feito isso.

- Galera, terminei a pintura do outro carro. - Vic falou apressada. - Como não tenho mais nada para fazer aqui, fui.

E sem dar maiores explicações ou sequer se importar em esperar resposta, foi andando até a saída, com os alfas murmurando um “tchau” que ela nem ouviu. No mesmo instante larguei o que estava fazendo e fui atrás dela.

Não sei por qual motivo ela estava tão apressada, mas assim que saí de dentro da HRM, ela já tinha dado a partida. Com medo de perdê-la, peguei as chaves e o capacete da nova moto de Machine, assim não perderia a outra alfa de vista.

- EI! TOMA CUIDADO! - Ouvi meu amigo gritar e apenas acenei com a mão, para mostrar que eu tinha o ouvido e parti atrás de Victoria.

Decidi que não iria encostar ao seu lado e fazê-la parar, seguiria até sua casa e lá nós conversaríamos melhor. Fiquei a uma boa distância, para evitar que ela me visse e ficasse irritada com minha intromissão.

Eu sei que é muito errado seguir os outros, mas eu precisava muito conversar com ela e infelizmente, ainda não havíamos tido tempo para isso. As perguntas que rondavam a minha mente já estavam me dando dor de cabeça.

Foi um complicado esconder aquilo de Camila, a ômega sofreu muito por conta dessa história e merecia ter uma resposta, ela tinha que saber a verdade. O semáforo abriu e nós continuamos andando pelas ruas de Las Vegas.

O problema, é que eu pensava que a casa de Vic ficasse próxima, pois ela sempre chegava no horário e algumas vezes, até antes. Sempre respeitava os intervalos de almoço, não me lembro dela ter se atrasado nem mesmo antes do acidente.

Sempre foi uma funcionária pontual e comprometida com o trabalho. Mas estávamos andando há, pelo menos, uma meia hora. Atravessamos a avenida principal de Las Vegas, indo para o outro lado da cidade, bem longe de Paradise Valley.

Onde você está indo, Victoria Van Violence?

Seguimos por mais vinte minutos até entrarmos em um bairro classe média. Estávamos em Sun City, as ruas eram largas e as casas parecidas, brancas com detalhes rosas. Possuíam jardins de pedras e poucas plantas, como a maioria das casas aqui de Nevada. Eram residências espaçosas e sem cercas para separar uma propriedade da outra. Avistei a alfa estacionar e parei umas sete casas de distância.

Vic retirou o capacete e o apoiou no banco da moto ao descer do veículo. Assim que ela se virou, uma pequena criança agarrou suas pernas e eu teria caído no chão se não estivesse ainda montada em minha moto.

A pequena menina deveria ser uns dois anos mais nova que Nathan, tinha cabelos castanhos e usava um vestidinho amarelo cheio de babados. A alfa a pegou no colo com um sorriso e encheu o rosto gordinho de beijos.

Eu não conseguia acreditar no que estava vendo, Victoria Van Violence tinha uma filha!

Observei as duas entrarem em casa, Vic ainda tinha a criança em seus braços e parecia estar entretida na conversa. Neguei com a cabeça, ainda em choque, não fazia sentido isso. Porque ela trabalharia com Bruce, então? Não era arriscado demais?

Deixei o capacete na moto e caminhei até a residência em que ambas haviam entrado. Ainda sentindo meu coração bater forte, minhas mãos começaram a suar quando me aproximei da porta.

Apertei a campainha e não demorou para que uma menina de mais ou menos doze anos atendesse. Ela tinha os cabelos soltos e os olhos eram iguais ao de Victoria, sorriu para mim, antes de perguntar quem eu era.

- Ah… - Limpei a garganta. - Sou Lauren, eu quero falar com a Vic.

- Ah, sim. - Assentiu com a cabeça. - Eu vou chamar a mamãe, só um minuto.

Mamãe. Victoria Van Violence é mamãe.

Eu teria rido demais se tudo isso não fosse tão absurdo. Não sei ao certo como aconteceu, mas em algum momento uma mão tinha envolvido meu pescoço em um aperto tão firme, que o ar faltou rapidamente.

Victória começou a andar, empurrando-me para trás sem me dar a chance de respirar. Coloquei minhas mãos em seus ombros e chutei sua barriga, finalmente me libertando e suguei o ar com força e desespero.

Ela rosnava alto e seus pelos estavam completamente arrepiados, chegava a ser assustador porque eu nunca a vi tão irritada. Era uma alfa relativamente calma, poucas coisas a tiravam do sério e nunca eram o suficiente para deixá-la nesse estado.

- Eu juro, Lauren Jauregui. - Rosnou. - Me dê um excelente motivo ou eu irei matar você e deixar seu corpo em um lugar qualquer.

Ergueu a camiseta preta que usava, revelando uma arma na barra da calça. Engoli seco, ainda buscando por ar, eu não a julgava, ela era alfa e estava protegendo sua família, eu teria feito o mesmo ou até pior por Camila e Nate.

- Eu… E-eu só quero conversar com você. - Respirei fundo, arrumando a postura. - Só isso. Eu não imaginava… - Gesticulei para a casa. - Não imaginava tudo isso.

- E é bom continuar nem imaginando. - Sua voz de alfa se fez mais forte, claramente disputando espaço comigo e me mandando afastar.

Respeitei e dei mais três passos para trás, para mostrar que eu realmente não queria brigar e muito menos ameaçar suas filhas. A alfa se acalmou um pouco, mas ainda mantinha os punhos cerrados e um olhar mortal em minha direção.

- Fala logo o que você quer e some daqui. - Rosnou. - E espero que não dê com a língua nos dentes, ou será a última vez que falará algo.

- Relaxa! - Rebati, já irritada com a irritação dela. - Acha que eu falaria alguma coisa, sabendo que você sabe sobre Camila e Nathan?

Só então Vic pareceu realmente se acalmar. Respirou fundo, ainda sem tirar os olhos de mim. Passou as mãos pelos cabelos e negou com a cabeça.

- Como eu pude não notar que estava sendo seguida? - Passou os olhos pela rua. - Ah, a moto de Machine. - Bufou, provavelmente se chutando por não ter notado. - Vem, vamos terminar logo com isso.

Contornamos novamente a garagem e fomos para a porta principal, a alfa me concedeu passagem e logo passei os olhos pelo por todo local, conforme ia entrando. Era tudo muito bem organizado, as meninas estavam entretidas em algum desenho, o cheiro de comida estava bom, o que me lembrou que eu não tinha almoçado ainda.

- Meu amor, você- Oh! - Uma mulher de cabelos castanhos e compridos saiu da cozinha segurando uma colher de pau, seus olhos eram um belo tom de azul. - Não sabia que traria visitas, amor.

Usava uma camiseta azul marinho e um shorts preto. Era tão jovem, fitei novamente as meninas e ambas olharam para mim, a menor tinha os olhos azuis e os cabelos da ômega, em uma agradável mistura das duas. Já a mais velha, tinha apenas os traços de Vic.

- Ela não é visita. - Respondeu em seu tom normal. - Está tudo bem, Anna, eu venho almoçar logo. - Deixou um beijo na testa de sua ômega e voltou-se para mim. - Anda logo.

Assenti e fomos até um lugar que se parecia com um local de leitura, havia vários livros, mesas, puffs e um piano preto muito bonito. Tinha também alguns quadros de filmes pendurados e bonequinhos de decoração desses filmes.

- E então? - Puxou uma cadeira e sentou-se, cruzando os braços.

- Como faz para disfarçar o cheiro? - Fiz o mesmo, me sentando de frente para ela mas em uma mesa ao lado. - Eu vi a marca, mas o seu cheiro não é de companheira de alma.

Quando ocorre a mordida e a ligação de almas acontece, o cheiro do casal muda e se torna refrescante, é o que mostra para os demais que essas pessoas possuem alguém. Victória não usava inibidores porque ela tinha um cheiro próprio, entretanto, não era refrescante, inclusive, era parecido com o meu.

- É uma substância que inibe o cheiro refrescante. Antes que pergunte, é ilegal e cara. Muito cara.

- Não é arriscado? Digo, Bruce não gosta de envolvimentos, mas você tem uma família.

- Foda-se aquele filha da puta. - Bateu na mesa com o punho. - Eu não me importo com o que aquele fodido pensa, ele não vai descobrir e se descobrir, mato você.

- Já disse que não vou falar. - Respondi, tentando manter a tranquilidade. - Ele me falou uma coisa que ficou em minha cabeça e sei que você pode me dar respostas.

- Lá vem você. - Coçou a cabeça em impaciência.

- Quando eu te confrontei a respeito de Jace, você me disse algo peculiar. Algo sobre abrir covas e cheiro de podridão. - Vi um meio sorriso em seu rosto. - Bruce me falou que matou Jace, com três tiros na barriga. Sem joguinhos ou gracinhas, isso é verdade?

- Sim. - Deu de ombros, a frieza em seus olhos me espantou. - Deixe-me te perguntar uma coisa também. - Projetou seu corpo para frente, apoiando os cotovelos nos joelhos. - O que se lembra do meu acidente e de minha suposta tentativa de assassinato?

Meus dedos envolveram o volante com força. Havia um público grande para ver essa corrida e as apostas estavam muito altas, comigo e Jace liderando. Olhei para meu lado esquerdo, sabia que era Vic quem estava ali, mesmo com os vidros pretos. No direito, sabia ser Caleb pois o vi entrando.

Foram necessários quarenta dias para essa corrida acontecer, todos os integrantes da Hot Rod Motors iriam correr para ver quem era o melhor da oficina. Era uma disputa entre eu, Jace, Colie, Caleb e Vic.

Éramos os melhores corredores, por isso a multidão gritava ansiosa para saber quem iria vencer. Todos nós iríamos correr com um shelby preto com vidros escuros e exatamente com o mesmo motor, carros iguais para todos. Para vencer, precisava muito mais do que ter um carro potente, era necessário ser piloto.

Teríamos que passar por vários tipos de pistas, inclusive, pelas movimentadas. Respirei fundo e me concentrei no alfa alto em nossa frente, em três segundos, ele deu a largada.

- Corremos com carros iguais e até metade do percurso, você estava atrás de mim. Caleb e Jace estavam ao meu lado. - Comecei e ela assentiu. - Lembro que entramos na avenida principal, havia muitos carros e pessoas passando. Não houve nenhum acidente, quando tudo aconteceu, estávamos quase chegando…

- Sim, o que mais você lembra? - Arqueou uma sobrancelha.

- Eu não sabia onde estava Colie. - Forcei mais a minha mente, tentando lembrar, mas já fazia muito tempo e foi tudo rápido demais.

Não faltava muito para acabar, acelerei mais ainda o meu carro e olhei o retrovisor, pela placa, eu sabia quem estava ali. Jace estava bem atrás, quase encostando em mim. Victoria estava ao seu lado e um pouco a frente. Caleb tinha se emparelhado comigo, então me concentrei nele e joguei meu carro para o lado, fechando a rua e não permitindo que nenhum dos detrás me ultrapassassem.

Eu e Cal disputamos centímetro a centímetro, em cada milésimo, um estava na frente e então o outro e assim íamos. Até que senti um impacto em meu carro que me jogou para frente.

- Filho da puta! - Berrei, sabendo que era Jace.

Continuei concentrando-me em Caleb e tomei uma leve distância dos outros, quando, outro impacto ocorreu, dessa vez jogando a traseira do meu carro para o lado e me fazendo patinar. Lutei contra o volante para recuperar a direção, já estava começando a ficar muito assustada.

O susto foi ainda maior quando, por reflexo, eu pisei no freio e um carro preto passou vazado por mim, acertando o poste com força. Comecei a tremer, assustada com tudo o que estava acontecendo e acelerei mais, olhando desesperadamente para todos os espelhos.

De alguma forma, deixei todos eles para trás, alcançando Caleb. Eu só via a traseira do meu colega em minha frente, então busquei formas de conseguir alcançá-lo. Lembrei de ouvir um barulho alto, mas não vi nada pelo retrovisor.

- Jace tocou em minha traseira e eu patinei. Em seguida, eu freei e seu carro passou por mim, acertando em cheio o poste. - Falei. - Depois disso eu me lembro de ficar muito assustada, assim que terminei a corrida, fui direto para casa, nem esperei a recompensa.

Assim que cruzei a linha de chegada atrás de Caleb, nem desci. Comecei a buzinar para que a multidão saísse da frente, forçando o motor e fazendo os pneus soltarem fumaça, afastando todos.

Então acelerei novamente e sumi de lá, com medo, chorando assustada pelo que tinha acontecido e sentindo a bile subir pelo esôfago.

- Fui eu quem tocou na sua traseira, mas não foi eu quem passou por você. - Franzi o cenho. - Eu estava atrás de você, não Jace. Quando eu encostei, seu carro foi para frente, abrindo espaço em relação à ele. - Recostou na cadeira. - Você não estava sendo rápida o suficiente e quando fizémos a curva, ele se aproximou. Então eu toquei novamente no seu carro e te fiz patinar, obrigando-o se afastar de você.

- M-mas… - Franzi o cenho. - Cada um tinha o seu carro, eu tomei o cuidado de decorar as placas.

- Você patinou por um tempo e eu tive que me afastar, senão acabaria batendo em você. - Ela passou as mãos pelos cabelos. - Eu pensei que ele iria desistir, já estávamos perto da linha de chegada, mas eu me esqueci de Colie. Concentrei-me nele para que ele não batesse em mim, quando dei por mim, você tinha se afastado e o carro de Jace estava moído contra o poste.

A alfa virou o corpo, estalando a coluna dos dois lado e eu cocei a nuca, sentindo o nervoso passar pelo meu corpo. Era informação demais.

- Foi assim que me acidentei. Colie bateu forte em meu carro e eu capotei… - Eu não estava acreditando nisso. Por isso houve aquele barulho alto. - No dia da corrida eu ouvi o plano deles de te matar. Eu não me importava com sua vida, exceto por um detalhe, Bruce. Ele investigaria todos da Hot Rod para descobrir quem matou a pupila dele e isso o levaria até minha família, isso eu não podia permitir.

- Você contou para Bruce.

- Sim. Não fiz isso para salvar a sua vida, fiz para salvar a minha. - Seus olhos se tornaram sérios. - As placas foram alteradas minutos antes da corrida acontecer. Depois de te matarem, eles iriam chocar os carros contra eles mesmos, bateriam em mim e em Caleb, não teria como saber quem te empurrou.

- Então, porque deixou que pensasse que era você durante esse tempo todo? Porque não disse de uma vez?

- Por que Bruce encontrou comigo no hospital. Ele pensou que eu havia tentado matar você, então eu contei o que sabia. Não só para me proteger, mas porque eu sabia que eles tentariam mais uma vez e se conseguissem, minha família estaria em perigo. - Respirou fundo. - Era mais fácil deixar as coisas como estavam, ele disse que você estava muito assustada.

Cheguei em meu apartamento e corri para o banheiro, vomitando de pavor ao susto enorme que eu havia tomado. Nunca tinha acontecido algo do tipo, era uma situação que até agora eu não entendia e me apavorava.

Me levantei e dei descarga, esgueirando-me pela parede até a pia para escovar os dentes. Joguei uma água no rosto depois da minha higiene, olhando a maquiagem borrada devido ao meu choro compulsivo durante o percurso.

Ouvi meu celular tocar e puxei o aparelho de meu bolso. Era Bruce, eu sabia que ele não pararia de me ligar até que eu o atendesse, então o fiz, deslizando a tela para o verde com as mãos trêmulas.

- Pequena? O que houve? Porque saiu assim?

- Victoria tentou me matar! - Falei, desesperada. - E-ela jogou o carro contra mim e- em seguida e-eu fugi, e-ela se cho-chocou contra o poste!

- Calma, explica isso direito. - Sua voz saiu séria.

- E-eu n-ão estou em con-condições de f-f-f-ficar calma! Eu quase morri!

- Três dias depois do ocorrido, eu deixei o hospital. - Ela continuou. - Ele ligou para todos nós e para o Machine também.

- O Gun Kelly? - Ela assentiu. - Ele sabia disso esse tempo todo?

- Sim. - Suspirou. - Enfim, Bruce não queria saber de conversa, atirou em Jace assim que ele chegou, disparou três vezes até o cara cair e espalhar sangue pelo chão. - Horrorizada, me remexi na cadeira pelo desconforto. - Machine segurou Colin quando o mesmo chegou, ele apanhou muito e levou um tiro na perna. Bruce o mandou sumir e nunca mais voltar. - Negou com a cabeça. - Burrice, devia ter matado.

- Como consegue falar tudo isso assim? - Gesticulei para ela. - Como se não significasse nada?

- Porque não significa. - Bufou. - Eu não sentia nada por eles, e como sabe, não sei fingir sentimentos. Na hora foi um choque, mas agora… Não me importo, minha família está a salvo e isso sim, é tudo que importa. Mas ainda estou atrás do Colin, não duvido que ele volte em busca de vingança.

E se voltasse, com certeza Vic seria a primeira da lista. O ômega sempre foi muito próximo de Jace, além de ter perdido seu melhor amigo, foi expulso e ameaçado. Eu não duvidava que realmente aparecesse para acertar as contas com a alfa.

- E Camila? - Ela sorriu largo. - Ela pensa que foi abandonada.

- Machine arrastou o corpo de Jace, ele já estava frio, perdeu sangue demais e não suportou. Se quer saber o túmulo dele e levar flores, pergunte ao loiro. - Sorriu debochada. - E eu fui atrás da ômega. Ela estava dormindo quando cheguei lá, mas mesmo assim, injetei um pouco de tranquilizante nela.

Rosnei ao ouvir aquilo e isso só a fez sorrir mais. A alfa levantou e caminhou até a janela que havia ali, encostando na mesma com os braços cruzados.

- A droga a faria dormir por mais duas horas. Era uma dose baixa. - Suspirou. - Retirei todas as roupas do alfa, liguei os exaustores para dissipar o cheiro. Peguei todos os pertences e ainda tirei os lençóis da cama. Sabia que Camila estava nua? Que corpo maravilhoso.

- Vai se foder, Victoria! - Rosnei mais forte e fechei as mãos, apertando com força.

- Enfim, removi todo e qualquer vestígio de Jace. - Estava calma e pouco se importava com minhas reações. - Camila é esperta e eu sei que ela iria até o fim do mundo para saber o que aconteceu com aquele idiota. Se ela pensasse que foi abandonada, não iria atrás, não tem porque ir atrás de alguém que claramente não te quer. Pensei que seria mais fácil para ela se não tivesse o que lembrar dele, então cuidei de apagar as fotos que tinha em seu celular. - Finalmente olhou para mim. - Cancelei o chip do celular dele e fui embora.

- Ainda tem uma coisa que não se encaixa. - Cruzei os braços. - Porque continua trabalhando lá e porque ficou tanto tempo longe?

- Eu falei para Bruce que precisava de um tempo, então ele me deu, se sentia em dívida comigo por eu ter salvo a sua vida. - Franzimos o cenho. - Bruce investiu muito para que você fosse sucessora dele, ele não vai te deixar ir embora. Você é importante, lembre-se disso.

- Por que voltou?

- Isso não é da sua conta. - Seu semblante fechou, me fazendo perceber que havia acabado de cruzar um limite, então recuei.

- É isso, então. - Falei. - Era tudo que eu queria saber.

As coisas ainda estavam enevoadas demais em minha mente, eu precisava de um tempo para pensar e digerir tudo isso. Caminhei até a porta sentindo minhas pernas um pouco moles, mas assim que peguei a maçaneta, a voz de Vic me fez parar.

- Não quer saber por que Jace tentou te matar?

- Como? - Virei minha cabeça. - Eu estava ganhando dele em todas as corridas e Bruce sempre deu mais atenção para mim. Ele perdeu espaço.

Victoria gargalhou e negou com a cabeça, olhando-me divertida. Fiquei sem saber qual era a piada, afinal, eu não via outro motivo.

- Como você é ingênua, Lauren. - Estalou a língua. - Acha que isso é um motivo forte para um alfa querer matar outro? - A olhei sem entender. - Camila, Lauren. Ela era o motivo. Aquela ômega sempre foi sua e isso, Jace não conseguiu suportar.

Nathan

Sentia o suor escorrer por minha testa e contornar minha sobrancelha. O jogo estava bastante disputado, era eu e Bob contra Matts e Dandara. Apesar de ser cinco horas da tarde, estava quente e seco, o que me fazia cansar mais rápido.

- Anda logo! - Dandara falou, procurando tirar minha concentração.

- Manda, moleque. - Matts falou para mim. - E já se prepara pra correr.

Respirei fundo e olhei para o pai de Bob, eu lançaria a bolinha para o alfa. Concentrei-me na casinha, mirando diretamente no alvo, tinha uma forma certa de lançar para ele, pois o cara era muito bom e quando acertava a bolinha, eu tinha que correr muito.

Lancei a bolinha, tentei jogar de forma torta, mas não adiantou. Logo comecei a correr o mais rápido que podia, a ponto de sentir minhas coxas queimarem pelo esforço repentino.

Corri praticamente o gramado inteiro, a bola pingou no chão e se chocou contra uma pedra, fazendo-a mudar completamente a trajetória. Aquela porra não parava nunca de rolar, mas eu tampouco parava de correr, estava tão concentrado que não prestei atenção aonde estava indo.

Parei abruptamente, quase me chocando contra as pernas do cara que parou a bolinha com um pé. Ele era alto e tinha os braços todinho tatuado, até seu peito e pescoço. Suas pernas também tinham desenhos e ele pareceu um pouco assustador para mim.

Usava inibidor, por isso eu não tinha certeza, mas julguei ser um alfa. Ele sorriu para mim, seus dentes eram bem brancos e alinhados.

- Devagar, rapazinho. - Pegou a bolinha que havia parado em seu pé. - Isso aqui é seu?

Usava uma regata preta, junto com uma bermuda esportiva da mesma cor. Eu pude captar um leve aroma de cerveja misturado com cigarro, eca. Franzi o cenho em desagrado, detestava esse tipo de odor.

- Sim, pode me devolver, por favor? Estamos em um jogo importante. - Usei meu tom mais cordial, mamãe sempre me ensinou a ser educado com todos.

- Ah, eu posso ver. Você deve estar se dedicando muito para estar tão suado. - Sorriu novamente. 

- Sim. A bola, por favor. - Estiquei minha mão.

- Qual o seu nome? - Mamãe também havia me ensinado a não falar dados pessoais para estranhos.

Olhei ao redor e vi que estávamos próximos a casa de sucos do parque. Peguei uma pedrinha e joguei em direção a mesa em que James estava sentado com seus pais. Todos da mesa olharam para mim e eu acenei para o garoto, que acenou de volta.

Era isso que eu queria, atenção, assim teria testemunhas sobre o cara que falava comigo. Olhei novamente para o homem que tinha o cenho levemente franzido.

- Aquele é o meu amigo. - Apontei. - A bola, moço.

- Só se me dizer o seu nome. - Abaixou para ficar na minha altura e eu afastei um passo.

- Thomas. - Falei olhando em seus olhos. - A bola.

- Prazer em conhecer, Thomas. - Sorriu e colocou a bolinha em minha mão. - Sou Jensen Colie. 


Notas Finais


Eh isto amores, e então?

Beijooooooos na testa e atpe qualquer diaaaa <3


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