História Guardian - livro I - Determinada

No dia seguinte, pela manhã, Clarice estava sentada na cozinha comendo panquecas enquanto escutava o noticiário na tv. Sua tia estava sentada no sofá a frente da tv vendo os noticiários que passavam falando sobre as notícias da região. Todos os dias sua tia acordava meia hora antes de si apenas para preparar o café da manhã para sua amada sobrinha. Ela vivia com sua tia desde a morte de seus pais, aos quatro anos. Então sua tia pegou sua guarda e está junto com ela até os dias atuais. Ambas tinham um laço familiar muito forte, que nem mesmo a morte de sua querida irmã ela pode deixar abalar seu carinho pela sobrinha.

Em certo momento toda sua atenção foi voltada para a tv quando ouviu sobre acidente de carro que havia ocorrido na noite anterior à frente de uma farmácia local. Clarice quase se engasgou com a comida ao escutar aquilo, agora tinha a mais absoluta certeza de que nada alí havia sido um sonho. Ela limpou a boca com um guardanapo e foi até a sala para pegar sua mochila, então escutou a voz questionativa de sua tia Mary:

- Já está indo minha querida? Você mal comeu suas panquecas.

- Estavam deliciosas tia, mas agora preciso ir. Até. - Clarice lhe deu um selar em sua bochecha e saiu de casa rumo a escola. Para Clarice, embora toda àquela situação fosse anormal, não se sentiu assustada, mas estava confusa para entender se todos os acontecimentos dali de fato ocorreram ou fora apenas uma desilusão engenhosa de sua mente. Assim que atravessou os portões da escola, encontrou- se com Alissa, que estava sentada no mesmo lugar de sempre. Ao se cumprimentarem Clarice expôs os fatos da noite anterior, que, por pouco não a fizera cair desfalecida.

-Certo, isso é completamente estranho e assustador. Mas quero saber o que irá fazer? Vai falar com ele sobre o ocorrido?- Alissa olhava para um ponto fixo com seus olhinhos arregalados, talvez tentando imaginar a cena.

- Não é apenas isso, tem algo de muito errado com ele. Ele atiçou uma curiosidade em mim. E eu quero ajuda.- prosseguiu Clarice.

- Eh...do que estais falando?- Alissa a olhou desconfiada.

- Preciso da sua ajuda para minha investigação. Eu de fato não quero que você leve isso para um lado errado, mas eu me interessei por ele, e eu estou disposta a descobrir o motivo. Pode me achar maluca, mas parece que ele sabe todos os lugares que eu estou.- Clarice disse a última frase ao sussuros, por medo de alguém ali passar e escutar parte da conversa entre elas.

- Tenho uma ideia. Mas pelo nosso tempo curto só poderemos fazer isso no intervalo, certo?

Clarice acentiu e uma vontade de sorrir acabou sobressaindo de si. Alissa então começou a comentar sobre uma festa que Elizabeth estaria preparando para todos os alunos da escola. Que ocorreria em um grande salão de festas próximo dali três dias. Alissa não parava de falar dos jovens que estariam no local em tanta empolgação que Clarice começou a ficar envergonhada de seus modos tão deselegantes.

Assim que todos foram a sala e se acomodaram em seus devidos lugares Clarice foi surpreendia ao ver o olhar de Cass a mirando intensamente, fazendo com que a primeira citada ficasse em chamas. Ele atravessou ao seu lado e disfarçadamente abaixou seus lábios em direção ao ouvido dela e sussurrou: me encontre no ginásio depois da aula e então sentou-se ao outro lado do corredor. Clarice virou o rosto para frente e mordeu o lábio inferior suprindo um gemido de aprovação. E novamente ela continuava sentindo várias borboletas azuis como da noite passada em sua barriga.

Na hora do intervalo, Clarice sentava ansiosa sentada nos degraus da escada esperando sua amiga aparecer depois do combinado de mais cedo. Logo ela sentiu duas mãos precionando seus ombros e a voz de Alissa soou em seus ouvidos ditando para segui-la. Alissa, com voz tenua disse a ela para ficar em silêncio. Então logo percebeu ver que estavam a frente da sala do diretor.

- O que estamos fazendo aqui? - Clarice perguntou, mas Alissa revirou os olhos como se fosse algo tão óbvio.

- Na sala do diretor, ora! Aqui tem todas as fichas dos alunos, entre e não faça barulho!- Alissa disse baixinho ao entrarem e  encostar a porta atrás de si. Ela passou o olhar pelo local e então ele parou em uma estante de gavetas enormes

- Ali.- disse Alissa ao se encaminhar até a prateleira e abriu e começou a revirar as diversas pastas que se encontravam em ordem alfabética. Enquanto isso Clarice a cada cinco segundos observava pelo vidro da porta se alguém aparecia. Era completamente errado e antiético aquilo que estavam fazendo, mas Clarice estava disposta a correr o risco. Depois de um tempo Alissa encontrou a ficha que poderia ser do moreno:

- Acho que seja esta aqui.- Alissa puxou uma pasta de uma das gavetas e Clarice deu uma última olhada ao vidro antes de se aproximar e se agachar ao lado da ruiva. Na ficha estava com o nome Ross, Cassiel. Era ele. Cuidadosamente ela pegou a pequena pasta e a abriu, mas não havia nada alí. Como era possível?! Alí mostrava pouca coisa, como que ele já participou de várias campanhas comunitárias e dos vários concursos de natação ele já participara. Fora isso não havia nada. Nem quantos anos tinha, onde nasceu, quem era seus pais, nada. Isso a surpreendeu profundamente. Então se lembrou da sua conversa com ele ontem no fraise e lembrara perfeitamente de que disseram como era um bom esportista.

- Bom, pelo menos ele não é uma pessoa tão ruim assim, além de ser caridoso é um perfeito nadador!- exclamou Alissa rente ao seu ouvido. Assim que Clarice fez um mencionamento de que iria falar ouviram um barulho de sapatos estralando sob o chão e ambas deram um pulo. As duas se entreolharam sem saber o que fazer. Depois de segundos pensando Alissa fechou a gaveta e empurrou a amiga para trás do armário e Alissa se ajeitou ao seu lado, então logo a porta se abriu. Era o D. Foster. Ele ficou parado por um tempo na porta e ambas seguraram a respiração. Ele foi em direção ao armário de onde estavam escondidas. Mas para o alívio das duas ele apenas retirou um plástico de documentos e saiu apressadamente. Assim que ele se foi as duas voltaram a respitar, primeiro saiu Alissa e depois Clarice, que depois do enorme susto guardou de volta o documento no lugar.

- Então? Satisfeita com sua descoberta? - perguntou Alissa ironicamente.

- Não, esse é o princípio de tudo ainda. - respondeu Clarice decidida do que queria. Era assim. Sempre foi determinada naquilo que queria. E realmente o garoto- que agora sabia que se chamava Cassiel- havia despertado algo em seu coração, não sabia dizer precisamente ao certo, mas algo dentro de si dizia que não deveria parar com suas buscas, e, uma vez iniciado, iria até o fim com aquilo.