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História Guardiões - Gatinho Dourado


Escrita por: Loutte_ e likehardliquor

Capítulo 49 - Gatinho Dourado


30 de novembro de 2016 - Três dias para a Guerra

Point View Of Zayn

Quando o despertador tocou, eu resmunguei baixo. Tínhamos a sorte de a escola da cidade ter entrado de férias uma semana mais cedo esse ano, o que significa que temos mais reforço já que os mais novos não estão na escola no horário da manhã, mas ainda há uma guerra chegando cada vez mais rápido. Desliguei o celular e olhei para o lado, onde Gigi ainda dorme tranquilamente, alheia ao som alto do despertador.

Virei meu corpo com cuidado para não assustá-la com o movimento da cama e beijei seu ombro suavemente. Gigi resmungou algo e se mexeu devagar, o que me fez sorrir de canto. Dei outro beijo e acariciei a nuca da loira que me espiou sonolenta com um bico manhoso.

- Hora de acordar? - Perguntou baixo, e rouca.

Eu sorri e assenti para ela que suspirou profundamente. Remexeu o corpo sob o edredom, para então virar o corpo para mim e assim ela esboçou um sorriso suave.

- O que será que vamos ver hoje? - Perguntou baixo. - Já fomos pegos por sentimento de vingança e raiva, hibridações de kanimas, uma praga mortal e criaturas que nos fazem ter pesadelos reais...

- Prefiro nem pensar nisso agora - murmurei acariciando o rosto dela. - Vamos deixá-lo aparecer e veremos... Só espero que não seja nada como a doença. Niall nos deu um belo susto. Achei que ele não fosse conseguir. Parecia que estava desistindo.

- Melanie comentou que ele acordou estranho, talvez fosse isso - ela se moveu lentamente e suspirou pesado para então entrelaçar os dedos aos meus. - Vamos? Temos que encontrar os outros.

Eu assenti, e estava prestes a me levantar quando meu celular vibrou no criado mudo. A tela acendeu e logo o aparelho começou a tocar exibindo na tela a foto e o sobrenome de Lauren.

- Falando neles - comentei pegando o aparelho e atendi.

Pude ouvir logo um coro de conversas emboladas do outro lado da linha. Ela com certeza ela não está em casa ou com os outros. Eles costumam falar muito às vezes, mas não é para tanto...

- E aí, Laur - cumprimentei.

Ela hesitou por um momento.

- Zayn? - Ela pareceu não ouvir. - Espera um minuto.

Ouvi sua voz pedindo licença algumas vezes antes de ela suspirar aliviada antes de voltar a falar:

 Bom dia! Como está?

- Bem, e você? Já estávamos levantando para ir encontrar vocês... Onde você está?

- Na rua - respondeu. - Estava indo pra floresta quando Dinah mandou uma mensagem e eu vim encontrá-la. Escuta, aconteceu alguma coisa muito bizarra essa noite no centro. Os moradores chamaram a polícia essa madrugada e... Bom, se arrumem e venham ver vocês mesmos! Estamos esperando na frente daquela loja de fantasias.

- Estamos indo.

- Ah, nós vamos tomar café no Lewis quando sairmos, caso queiram - ela disse.

- Feito! - Respondi.

Aquilo era estranho. O que podia ser tão importante ou estranho que ela não pudesse me dizer ao telefone? Olhei para Gigi que havia levantado enquanto eu falava e agora estava na porta do banheiro arrumando o cabelo para tomar banho.

- O que aconteceu amor?

- Acho que precisamos nos apressar, a Lauren não explicou direito - respondi. - Que tal tomarmos café no Lewis com os outros?

- Adoro as panquecas de lá! - A loira sorriu.

[...]

Durante o banho, consegui convencer minha namorada linda de não usar maquiagem hoje, o que nos adiantou um bom tempo já que sua única exigência era o rímel e isso ela conseguia fazer habilidosamente no carro. Entretanto, os dez dos vinte minutos que ela usaria para se maquiar foram gastos com sua indecisão quanto às roupas que vestiria. Uma hora a roupa era perfeita, outra não lhe caia bem. De repente uma não era quente o bastante ou outra era quente demais. Tudo o que sei é que passei esse tempo assistindo um episódio qualquer de Coragem o Cão Covarde que estava passando na TV do quarto.

Quando finalmente saímos, quase meia hora depois de Lauren ligar, eu tive medo de não termos tempo de ver o que quer que fosse. Conversamos tentando entender o motivo de ela não ter contado ao telefone, se era algo sério ou inacreditável demais.

Em dez minutos nós chegamos ao centro.

Há mais carros estacionados que de costume hoje, todos pelo acostamento e alguns me arrisco a acusar, até bem mal estacionados. Parei o carro na primeira vaga que encontrei pelo caminho, alguns metros antes do ponto marcado com a morena e sai do carro rapidamente.

O frio fez minha pele doer e adormecer enquanto eu esfregava minhas mãos e contornava o carro para abrir a porta pra Gigi, que saiu com os olhos vidrados na direção que seguiríamos. Ela tirou os óculos escuros e prendeu no alto da cabeça para então erguer uma sobrancelha.

- Deve ter sido mesmo algo muito bizarro - ela disse baixo.

Eu segui seu olhar, sem entender na hora, mas no momento em que meus olhos chegaram ao que ela tanto olhava, meu queixo caiu. As pessoas se amontoavam em volta de algo ao longe, e de onde estávamos, consegui ver Sofia e Tay abraçadas e os outros por perto. Além delas, uma ambulância, e duas viaturas estavam paradas no local, e pelo que pude ver na medida em que nos aproximamos, um guarda afasta as pessoas com dificuldade, pois várias delas insistem em tentar ver o que está acontecendo naquele meio.

Nós caminhamos mais rápido, senti meu casaco pesar em meu corpo. Ambulância nunca é um bom sinal, principalmente quando há presságios vindos como parte de uma guerra.

Lauren nos viu logo, porque quando olhei novamente na direção dos outros, ela estava vindo em nossa direção com Camila. Mais pálida que o normal, a morena nos cumprimentou em silêncio antes de fazer um gesto com a cabeça para que fôssemos ver o estrago.

E eu obedeci, em silêncio, temendo o que nos aguardava no centro daquela multidão.

Gigi e eu ficamos quietos, tensos. Seus dedos apertando minha mão firmemente enquanto nós nos esgueiramos empurrando e pedindo licença às pessoas que se amontoam na expectativa de ver mais. Quando finalmente chegamos à frente, reparei primeiro nos cones e na fita esticada por eles, formando um semicírculo que se liga às paredes das lojas daquele lado.

- Para trás, por favor - um guarda pediu do outro lado.

A ambulância tinha a traseira aberta para o semicírculo e dentro dela, há dois sacos pretos, com corpos a julgar pelo volume. No chão, sangue para todos os lados eram analisados por uma equipe que veio de uma das cidades vizinhas, e então, entendi o motivo de tanta curiosidade. O chão sob o sangue e as paredes tinham grandes marcas de garras, mas essas eram fundas o bastante para vermos as camadas de gesso e tijolos. As vitrines das duas lojas, sapatos e bijuterias encontravam-se estilhaçadas e dentro tudo tinha as mesmas marcas de garras.

Nunca vira nada assim tão destruído, não por algo comum como um lobisomem.

- Meu Deus - Gigi exclamou baixinho tapando a boca.

- Acho que encontramos rastros do presságio - murmurei para mim mesmo.

- O que foi que fez isso, Zayn? - Ela perguntou baixo.

- Eu não faço ideia... - Murmurei. - Venha, vamos falar com os outros.

Nós fizemos o caminho de volta e quase fomos cuspidos para fora, pelos que ainda não haviam conseguido ver. Atravessamos a rua e todos nos olhavam agora:

- Estou começando a achar que foi nossa melhor escolha adiantar isso - disse assim que estávamos mais perto. - O que foi que fez aquilo? Os corpos, quem são?

- Dois policiais que atenderam ao chamado - Camila disse baixo.

- Vocês tinham que ver o carro de perto - Vero disse pegando o celular. - Olhem isso!

Ela entregou o aparelho e na tela estava a foto de uma viatura com toda a lataria cortada pelas mesmas garras. O metal havia sido cortado com facilidade pela coisa, e toda a viatura tinha sangue.

- Eu ouvi o rugido daquela coisa da minha casa, e ouviram da floresta também - ela disse. - Mas quando eu cheguei correndo os lobos e os vampiros mandaram eu me afastar e eu o fiz... Eu to falando pra vocês, seja lá que porra era aquilo, tinha a forma de um leão. Um grande leão dourado na luz noturna, mas ele era maior que um leão comum.

Entreguei o aparelho.

- Só ouvi falar de um leão dourado na minha vida inteira - Gigi disse -, mas eu duvido que ele esteja em Far Hills.

- Também pensei no leão de Neméia quando vi isso tudo - Perrie ressaltou.

- Leão de Neméia? - Vero pareceu confusa.

Lauren umedeceu os lábios, mas foi Camila quem lhe deu a resposta.

- É um leão da mitologia grega, ninguém sabe ao certo a origem, nem na história e nem na real. O fato é que ele não pode ser morto com armas humanas, à pele dele é dura como uma armadura e suas garras rasgam qualquer coisa. Ele aterrorizava as colinas de Neméia, foi morto por Hércules.

- Se foi morto como estaria aqui? - Vero ergueu uma sobrancelha.

- Monstros não morrem permanentemente - respondi. - Não essa classe especial. Os gregos têm seu próprio sistema. Esses monstros são mortos por um tempo, mas depois de décadas ou séculos retornam. Geralmente deixam seus afazeres anteriores, como o minotauro, por exemplo.

- Mas o que esse leão estaria fazendo aqui? - Ally uniu as sobrancelhas.

- Provavelmente ele é o quinto presságio, irmã - Camila disse baixo.

- Como vamos matar essa coisa? - Perguntei.

- Espero que nossas armas matem, mas esse não é nosso maior problema agora - Harry respondeu.

- E qual seria o maior problema? - Gigi perguntou.

- Não fazemos ideia de onde ele está - Sofia lembrou. - E se ele encontrar alguém, ele vai matar... Os vampiros e lobisomens provavelmente sentiram o cheiro dele, e sabem que não é algo simples. Nada da mitologia grega é simples.

- Então vamos lutar com um leão de couro impenetrável - Dinah murmurou. - Podemos pelo menos tomar café primeiro? Eu to com muita fome, e não faço ideia como vamos vencer essa coisa sendo que ele é enorme e tem dentes e todo o resto - disse com uma careta.

- Para com isso, DJ - Normani resmungou. - Nós vamos vencer esse bichano, e vai ser pra valer - ela disse mal humorada. - Nunca pensei que diria isso, mas espero que a guerra chegue logo... Uma noite de batalha pra acabar com tudo isso de uma vez. Não durmo direito há dias.

- Creio que ninguém tem dormido direito, Mani - Sean disse em um tom sereno, ele suspirou profundamente. - Mas está chegando... Em três dias e depois teremos o resultado final disso tudo, finalmente.

- Espero que seja o mesmo que queremos... - Murmurei quase inaudível.

- Argh, vamos comer ou não? - Dinah nos olhou séria.

Conheço esse olhar. Ela o usa quando quer muito desviar um assunto desagradável para ela. Eu esbocei um sorriso amistoso e Gigi acariciou a barriga com uma careta engraçada:

- Estou com fome - ela disse. - Muita fome. Podemos mesmo ir logo? Por favor... Depois eu juro que faço qualquer coisa que quiserem!

- Viu! - Dinah apontou minha namorada. - Até a magrela da Edwards mais velha tá com fome! Vamos logo, lesmas!

Point View Of Shawn

Gigi parecia estar disposta a superar todos os anos que passou de dieta. A loira comeu logo de manhã três panquecas doces cheias de morangos e calda de chocolate, além de uma bela caneca grande de chocolate quente. Todos pareceram notar a fome repentina dela, mas ninguém comentou sobre. Estávamos empenhados em debater onde o nosso suposto leão poderia estar agora. Sabíamos que não sairia da cidade, obviamente, mas não sabíamos onde poderia se enfiar. Na casa de alguém? Na floresta? A qualquer momento viaturas loucas podiam passar correndo na principal com as sirenes e prontas para atender ao chamado da coisa que fez todo aquele estrago.

O pior é que ainda há outro detalhe: Mesmo desconhecendo completamente a estadia dos filhos das sombras e do sobrenatural na cidade, os mundanos não são burros o bastante para acreditar que tudo aquilo foi feito por um animal qualquer.

- O que acham que vão dizer? - Perguntei levando o pão aos lábios e dei uma bela mordida, sentindo o queijo derretido preencher minha boca. - Que foi um animal? Ou algo mais perigoso?

- É uma ótima pergunta - Lauren ergueu os olhos. - Não faço ideia. Estamos perdidos nessa situação.

-Talvez digam que foi um trabalho de vândalos, ou sei lá - Zayn sugeriu.

- Ou vai se tornar um mistério daqueles que sem solução - Sofia exclamou.

Dinah apontou para ela enquanto mastigava um pedaço do bolo. A loira o engoliu e deu um gole no café que ainda tinha em sua caneca:

- Isso aí faz bastante sentido. É muito mais provável - ela disse. - Eles não vão querer assumir tão cedo, mas é o que vai acontecer.

- Se vocês pudessem sentir o cheiro daquela coisa... - Vero sussurrou, totalmente alheia à conversa da mesa. - Era algo que não sei nem descrever... Não era como de um animal, pessoa ou espécie. Era quase encantador, atrativo demais para a aparência bizarra e assustadora dele.

A garota tinha o olhar distante voltado à mesa, ela brincava com a colher dentro de seu café expresso enquanto falava baixo, provavelmente nem notou que paramos de falar para ouvi-la.

- O rugido dele... Eu poderia ter ouvido da cidade vizinha. Foi assustador. Nem sei como as pessoas não o ouviram tão bem - ela murmurou. - Diziam que parecia com um rugido, mas não era tão alto para elas quanto para mim, pelo que falavam. Ele estava lá, eu ouvi suas garras cortando a pele dos policiais e foi algo... - Ela ergueu os olhos em nossa direção, como se despertasse de um torpor. Piscou duas vezes para então arfar. - Vocês não podem enfrentar aquela coisa. Espere até a meia noite, ela vai desintegrar ou vai embora não vai?

- Não temos certeza - Lauren disse baixo. - Precisamos fazer algo antes que ela mate mais pessoas, Vero.

- Lauren eu não sei se vocês vão dar conta. Ele é enorme, eu juro, é maior que um leão comum... É bizarro!

- Nossos artefatos matam qualquer criatura, Vero - disse Zayn. - Inclusive as criaturas gregas. Não se preocupe, vamos conseguir com uma bela combinação e estaremos inteiros para enfrentar o que vier amanhã e depois.

- Vocês todos têm que estar vivos para a guerra final - ela disse. - E principalmente, vocês têm que sobreviver a ela. Estão quase assinando uma carta de suicídio indo atrás dessa coisa por conta própria!

- Ficaremos bem, Vero - Camila assegurou. - Não se preocupe.

- Eu vou com vocês - ela disse.

- Não - Lauren respondeu de imediato. - Você está louca? Você é lobisomem, suas garras não surgem efeito nesse ser. Vamos ficar bem, confie em mim! Não se preocupe conosco agora, ok? Nós vamos encontrar essa coisa e matar ainda hoje, se tudo der certo, antes que o dia termine.

- Por que antes que o dia termine?

- Porque vamos ter que tomar a poção, e nos preparar para amanhã e depois. Não fazemos ideia do que pode vir levando em consideração tudo que veio nos últimos dias. Com sorte essa coisa vai ficar mais fácil com a aproximação da guerra.

- Com sorte, só tem um problema nisso, mana - Chris olhou Lauren com um sorrisinho de canto. - Nós temos puta azar! Esqueceu?

Ela fez uma careta em resposta, como se estivesse se contendo para não mandá-lo ir para o inferno agora. Ela suspirou pesadamente e se levantou após terminar sua bebida, então ajeitou o cabelo nos olhando.

- Vamos nessa, temos um gatinho mal humorado para encontrar - disse e olhou para Vero. - E você, vá atrás dos outros lobos. Fale com os elfos... É hora de começarmos a nos preparar de uma vez por todas para o que virá. Fique longe do leão, entendeu?

Vero emburrou feito uma criança e cruzou os braços sobre o tronco antes de bufar e assentir a contragosto explícito. A garota espiou a melhor amiga e fez uma careta ao ver que ela continuava séria com sua escolha.

Lauren não mudaria de ideia sobre o que a garota deveria fazer, e se Veronica for esperta, vai reconhecer isso de uma vez. Ela se ergueu e jogou os fios longos para o lado, puxando o zíper do casaco para cima.

- Tá bom.

Resmungou insatisfeita e rendida pelas ordens da morena.

Nós saímos todos juntos do Lewis, deixando gorjetas sobre a mesa antes de ir. Dava uma boa quantia para gorjeta ao todo.

A multidão de pessoas curiosas havia se dispersado agora, e tudo que restava era o chão manchado e as duas lojas interditadas por faixas amarelas que impediam a entrada de outras pessoas. Os donos já estavam em seus interiores, tentando calcular o tamanho da perda enquanto nós apenas observávamos.

- A cidade tem estado estranha - um homem disse à minha esquerda para o outro que caminhava com ele. - Parece que a bruxa passou por aqui.

Olhei por cima do ombro para ver os dois que conversavam em tom baixo e esbocei um breve sorriso. Se soubessem o que estava prestes a chegar à floresta, eles provavelmente estariam bem longe e possivelmente alertando o mundo inteiro disso.

Enfio as mãos nos bolsos de meu jeans a fim de aquecê-las um pouco mais e encolho meus ombros enquanto Lauren, Harry, Zayn, Perrie, DJ e Gigi conversam sobre como podem achar o leão sem usar mapeamento da cidade outra vez já que Ally e as duas estavam mais que exaustas com isso e a poção não havia feito o efeito completo. Umedeço meus lábios e engulo em seco, observando Mel e Sean na frente, andando lado a lado de mãos dadas enquanto conversam sobre algum assunto paralelo.

Normani, Camila, Ally, T-Sty e Selena não fazem diferente deles. Louis, Liam e Niall muito menos. Chris e Justin conversam sobre o leão, tentando entender ao certo como nós vamos lutar com uma criatura daquele tamanho e Sofia e Tay parecem empenhadas em ajudá-los a criar planos, que eu sei que não vão dar certo na hora do desespero.

Engulo em seco e balanço a cabeça negativamente. A pele do meu rosto parece prestes a congelar enquanto os sigo.

- Por que não vamos de carro mesmo? - Perguntei rouco me aproximando mais dos outros à frente.

- Teríamos que parar por aqui de qualquer jeito - Camila lembrou me fitando. - Você está bem?

- Só com um pouco de frio - respondi.

A entrada ligeiramente íngreme para a floresta não me ajudou muito. Nós subimos por ela, Camila agora sempre com Lauren e ajudando nos planos que eles pensavam para encontrar a fera, que irá rir da nossa cara quando nos encontrar.

- Vamos por... - Dinah começou, mas um rugido alto a interrompeu.

Com toda a certeza não é um rugido comum de um leão, esse é mais distorcido e parece vir de todos os lados, dificultando saber em que direção ele realmente está.

- Os artefatos! - Lauren mandou.

A minha espada longa cresceu em minha mão e logo todos nós empulhávamos nossas armas, prontos para o ataque do animal. Zayn assobiou suavemente, provavelmente na esperança de atiçar a fera e conseguir vê-la, mas a floresta voltou a ficar silenciosa.

- Onde estão os elfos? - Sofia perguntou.

- Provavelmente do outro lado da floresta, bem longe da fera - Harry respondeu. - Não é segredo para ninguém o quanto eles odeiam essas feras gregas...

- Acho que eles têm é cagaço delas - Dinah implicou.

Instintivamente nós caminhamos e logo formamos um circulo para o qual estávamos de costas. Ombro a ombro, nossos olhos passavam por todo o território à nossa volta, na tentativa de enxergar qualquer vestígio do leão que havia provado sua existência e proximidade. Dinah fez um som com a ponta da língua como se estivesse chamando por um gatinho e ouvi alguém bufar e revirar os olhos da piada da loira, que acabou por dar certo.

Quando eu olhei para frente de novo, lá está ele.

É maior que um leão comum, com olhos ainda mais famintos e ferozes e uma juba mais alvoroçada que impõe poder e força junto do olhar e das grandes patas. Ele rugiu outra vez e o som fez meus ouvidos doerem.

Em quanto ele vinha em nossa direção com passadas lentas e a postura ligeiramente abaixada, como um felino pronto para dar um bote, seus pelos parecem brilhar sob a luz do dia que passa pelas árvores sem folhas. Seria lindo, se não fosse tão assustador... Com toda certeza seria o tipo de animal que eu gostaria de ter em casa, se não fosse tão perigoso e feroz.

- Gente... - Tay disse ao meu lado.

Eu estava sem palavras, mal me lembrava da presença dos outros. Todos se moveram e se abriram em uma fila, com os olhos atentos ao verdadeiro predador no espaço... Prontos para correr e desviar de um ataque, que se acertado com sucesso, sem duvidas representaria a morte de sua vítima.

- Sem movimentos bruscos - Lauren sussurrou.

- Vou tentar prendê-lo com uma rede - Normani respondeu.

- Ok - meu irmão disse.

Cipós então surgiram do chão e voaram na direção do leão que saltou e os cortou com as grandes e afiadas garras. Seu reencontro com o chão provocou um tremor e meu coração disparou nesse momento.

Seus olhos presos em mim, como se pressentisse meu medo.

- Estamos ferrados - Sussurrei.

- Shhh - alguém respondeu.

Dei dois passos para trás, e para minha infelicidade, tropecei em algo que me fez cair. Foi o estopim.

Eu ainda me recuperava quando a fera saltou, meu ar inteiro se foi e obedeci a um comando que não sei de quem foi. Rolei meu corpo para o lado e chamei de volta meu artefato que voou para mim. O leão havia aterrissado com maestria apesar de uma ligeira derrapagem de suas patas nas folhas secas, e agora outro rugido ameaçador soou pela floresta.

Zayn me puxou pela gola rapidamente e me jogou para trás de seu corpo, tomando a frente.

Normani e Ally faziam cipós surgir da terra para amarrar a fera que escapava com velocidade, como se soubesse exatamente onde o próximo sairia antes de ele chegar à superfície do solo.

- Droga! - Zayn esbravejou.

A fera havia saltado outra vez em nossa direção e ele me empurrou para o outro lado enquanto jogou o próprio corpo para o lado contrário ao meu. Alguém fez uma superfície de gelo surgir na terra, que fez a fera escorregar arranhando o gelo antes de se chocar contra uma árvore com um rugido ainda mais furioso que o anterior.

- Temos que chegar perto pra matar, mas não dá pra chegar perto assim! - DJ disse.

Point View Of Chris

Fodidos. Essa é a palavra que nos define nesse momento.

Todos estão empenhados em tentar agarrar o leão, meus olhos observam a velocidade com que ele se move e se recompõe de qualquer golpe de magia desferido contra ele. Não é novidade para mim que um felino sempre cai de pé, mas esse faz mais que isso. Ele parece estar lutando conosco, apesar de manter seu alvo principal como Shawn. Provavelmente porque ele foi o primeiro a se mover, mesmo que mais covarde e desajeitadamente.

Variações de cordas e redes surgiam a todo o momento tentando atrasá-lo, mas ninguém se atreve a aproximar-se dele corpo a corpo, seja em forma humana ou animal. A coisa é rápida demais e diversas vezes Zayn e Shawn usufruem de seus animais interiores para escapar. Os dois tentaram investir contra o leão algumas vezes, mas era inútil.

Tudo o que fazemos parece inútil agora.

- Essa coisa corta tudo que lançamos! - Normani vociferou.

Eu observei alguns continuarem, inclusive os dois alvos primordiais da fera. Deslocações de ar, chamas... Nada parece deter a coisa que desvia habilidosamente. Para matá-lo talvez tenhamos de chegar perto... Ou não.

Um sorriso nasceu em meu rosto assim que a ideia se fez presente em minha cabeça.

- Vamos ter que fazer danos nele de longe! - Eu disse correndo para Melanie.

- Como assim? - Lauren me olhou sem entender por um momento.

- De longe, com armas de distância! - Respondi alto

- Melanie, Perrie, Tay - Gigi gritou entendendo meu plano. - É com vocês!

Melanie olhou para ela por um momento.

- Atire na pata dele! - Mandei.

- Preciso que alguém o atrase um pouco! - Ela disse. - Ele é rápido demais pra eu acompanhar!

- Sua flecha nunca erra! - lembrei.

Ela sorriu e sussurrou algo perto da flecha que estava em seu arco. Parecia ter passado tanto tempo sem usá-lo que se esquecera desse detalhe de sua arma.

A flecha cortou o ar e desviou de todos que vieram para sua frente, seguindo direto par ao leão que rugia. A primeira lhe acertou a pata dianteira, cravando na pele com firmeza e lhe arrancando um urro alto e feroz.

Perrie por sua vez o laçou com o chicote, agora que estava mais lento fora bem mais simples. O chicote se enrolou no focinho e apertou com firmeza, impedindo-o de soltar-se mesmo com toda força que fazia para isso. Então, Tay, aproveitando a deixa lançou sua lança.

O artefato girou no ar por todo o percurso, com um som agudo e de uma só vez fincou no peito da fera que agora caia. A cena se passou lenta diante meus olhos.

- Vocês estão... - Louis se fez presente.

Olhamos para o alfa que ergueu as sobrancelhas ao ver aquela cena entre nós. Parecia mesmo muito surpreso com isso, talvez não ainda não houvesse passado por sua cabeça que éramos mesmo capazes.

Shawn e Zayn aterrissaram em suas formas mortais ofegando, assim como todos os outros. Os olhos presos na fera que agora se desfazia em cinzas lentamente, penetrando o solo de terra úmida.

- Vocês conseguiram - Leigh-Anne disse com um sorriso orgulhoso.

Gigi engoliu em seco e ergueu o indicador, como se pedisse um segundo para falar, mas ao invés disso, o corpo da loira amoleceu e despencou em direção ao solo. Zayn, por reflexo fora mais rápido. Em sua forma de corvo ele cortou o ar voando e chegou a tempo de pegá-la nos braços.

- Ela está bem? - Troy perguntou aparecendo entre os lobos.

- Está. Só foi muita agitação - ele disse acariciando o rosto da loira e sorriu. - Conseguimos. Menos um.

Um coro de risos nervosos começou a nascer entre nós e então, quando menos esperávamos, Ally correu para Troy e saltou em seus braços o beijando sem receio. Os queixos de todos caíram e as risadas cessaram. Vero surgiu entre os outros lobos olhando para os dois seriamente.

Troy colocou Ally no chão e os dois a olharam com receio enquanto ela colocava as mãos na cintura. Vero então respirou fundo e bateu o pé no chão.

- Posso saber por que não me contaram antes?

Nós voltamos a rir, até mesmo os dois que há pouco pareciam temer o que a garota tinha para falar.

Point View Of Luxúria

Prisão dos Pecados Capitais

- Eu não consigo acreditar nisso!

Ira esbravejou enquanto giro meu corpo durante a queda eterna. Esperava mais reclamações vindas do homem, mas ao invés disso, ele apenas mantinha a cara fechada e claramente furiosa.

- Querido, se acalme - sussurrei calmamente.

- Me acalmar?! - Ele me fuzilou com o olhar. - Eles estão vencendo, Luxúria! Estão passando por cima em todas as batalhas! Saindo com vida, e derrotando os empecilhos!

- Maldito trabalho em grupo! - Inveja exclamou. - Se não fosse por isso, estaríamos na frente inúmeras vezes!

- Parem de ficar entregando a vitória a eles assim de bandeja! - Orgulho ordenou. - Já chega! Em três dias estaremos lá e venceremos esses moleques no nosso jogo! Eles não vão passar por cima de nós! Mal saíram das fraldas!

- Seria mais simples se aquele irresponsável ajudasse - Preguiça disse. - Mas não, o babaca tem que deixá-los queimarem todas as nossas forças para ai buscar novas soluções! Espero que não sejamos um desastre!

- Não seremos irmão! - Orgulho respondeu.

- Estou louca pela liberdade - Inveja exclamou suavemente. - Sair por aí e dormir com homens e mulheres de novo!

- Contente-se em invejar vestimentas como seu receptáculo, querida irmã - respondi entediada. - Os homens e mulheres são meus! O que foi? Está tão difícil que tem que invejar até o dom alheio?

Dei uma risada divertida.

- Fique quieta, sua puta! - Ela respondeu.

- Amorzinho, eu sou melhor que a deusa do amor - respondi calmamente caindo nas costas de Ira e lhe massageando os ombros. - Você não acha meu querido? Eu sou tão bela quanto aquela deusa barata feita de espuma e testículo.

- Com toda a certeza você é querida - ele respondeu mais manso, como gosto.

- Por favor, não fodam aqui agora - pediu Avareza. - A última coisa que preciso agora é de vocês dois bancando os coelhos imortais de novo no meu ouvido! Já me basta ter que assistir essas vergonhas de presságios! Nem conseguem matar um só deles... Olhe que desastre.

- O bichinho do mau humor picou vocês hoje, foi? - Perguntei com um sorriso de canto.

- Por Lúcifer, fique quieta! - Orgulho pediu.

Revirei os olhos e deitei a cabeça em meu braço esquerdo, envolto no pescoço de meu amado irmão, Ira. Ele segurou minha mão com firmeza e eu suspirei entediada, ouvindo a discussão que se estendera e continuaria, provavelmente, até o próximo presságio surgir.



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