Havia momentos – Não muitos, mas alguns – Em que João ficava feliz por ser filho de mãe solteira, vulgo bastardo. Enquanto enchia seu copo de cerveja Skol deu-se conta que aquele poderia ser um desses momentos.
Voltou a se instalar em seu lugar ao banco, entre funkeiros mais novos, e bebeu. O sabor doce da cerveja encheu-lhe a boca e trouxe-lhe um sorriso aos labios.
Era a quarta hora do banquete oferecido pelo Rei do Funk. Os irmãos e irmãs de João tinham sido postos junto dos filho do Rei, onde sua mãe e seu padrasto Mc Guimê recebiam o Rei e a Rainha do Funk. Em honra da ocasião, o senhor seu padastro iria, sem dúvida, permitir a cada filho um copo de cerveja, mas não mais que isso. Ali, nos bancos, não havia ninguém que impedisse que MC João bebesse tanto quanto sua sede exigisse.
Ele estava descobrindo que tinha uma sede de homem, para a áspera satisfação dos jovens que o rodeavam e que o incentivavam toda vez que esvaziava o copo. Eram uma boa companhia, e João apreciava as histórias que contavam, histórias de putaria, de ostentação e funk. Tinha certeza que os companheiros eram mais divertidos que a prole do rei Roberto.
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