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História Guerra e Paz - Graceless


Escrita por: TrumanBlack

Notas do Autor


Heeeeey!!!!

ADIVINHA QUEM FOI APROVADA NO TCC E AGORA VAI PODER POSTAR REGULARMENTE???????? eeeeeeeeeeeeeeeeu!!!!!!!!!!!!

Capítulo 4 - Graceless


Fanfic / Fanfiction Guerra e Paz - Graceless

Eu estava nervosa, claro que estava nervosa. Apesar de ser uma reserva laboratorial de alta tecnologia, aquele lugar ficava nas entranhas da Sibéria, tudo lá tinha um ar abandonado como se fizessem anos desde que alguém tivesse pisado os pés lá, mesmo com os aquecedores ligados, eu ainda me sentia como se tivesse caminhando em meio a neve então puxei o meu casaco térmico um pouco mais perto, tentando me aquecer de alguma forma, não havia som de goteiras ou bichos zumbindo ao fundo, mas de alguma forma só o som dos meus sapatos de salto batendo no chão ecoando por toda a extensão do corredor fazia o lugar parecer um bunker abandonado de filme de terror. As paredes eram metálicas e até certo ponto, quando adentrei ainda mais a caverna onde ficavam os tanques de criogenia. Haviam seis deles. Seis tanques, seis vidas interrompidas, haviam alguns dados na minha pasta sobre o que eu deveria fazer, como eu deveria fazer e o que eu deveria dizer, mas uma parte de mim gritava para o meu corpo que isso era errado.

―Esse aqui ― eu disse aos soldados que estavam me acompanhando e dei um passo para trás, dando espaço para que os homens pudessem fazer o seu trabalho, a estrutura de metal era mais antiga do que as dos demais, parecia rústica, um enorme vidro e diversos cabos que prendiam o homem no lugar, e uma máscara cobria parcialmente o seu corpo. Uma onda de frio atravessou o meu corpo e a minha mão se apertou um pouco mais firme no livro vermelho com uma estrela solitária que eu tinha nas minhas mãos.

Os soldados colocaram o homem sobre uma cadeira metálica e ele ainda parecia completamente inconsciente, por um segundo achei que ele estava morto, então lembrei-me do serum esverdeado dentro de uma caixinha metálica que haviam me dado caso isso acontecesse. Lentamente eu me aproximei, procurei uma veia e apliquei o soro, afastando-me logo em seguida me afastei, enquanto o homem dava os primeiros espasmos, demonstrando que estava sim vivo, alguns segundos agonizantes depois o homem estava acordado e atento, a olhando diretamente nos olhos, seu rosto agonizando como se estivesse tentando entender o que estava acontecendo a sua volta. Eu me afastei de onde ele estava quando eu vi a  estrutura descendo em direção ao corpo dele, e antes que o soldado pudesse fazer qualquer coisa pra se defender os choques começaram. Os seus gritos preenchendo a sala como se fossem algo palpável, era difícil acreditar que eu estava fazendo algo bom quando eu ouvia os seus gritos, eles riscavam os meus tímpanos e quase me faziam chorar. Todas as vezes. Quando os choques cessam ele ainda estava trêmulo e eu tinha que ser firme.

Peguei de dentro do meu bolso, o livro, eu o chamava de livro vermelho, porque bem, ele era vermelho e terminavam em sangue sempre que era utilizado. O soldado não pareceu reagir quando eu mostrei o livro, apenas parecia confuso, completamente sem sentido do norte, mas ainda assim imóvel, como deveria ser a sua programação. A programação Delta.

―Longing, rusted, furnace, daybreak ― comecei a dizer, numa voz baixa, atraindo a atenção  do soldado para mim ― seventeen, benign, nine, homecoming, one, freight car.

Ouvi o meu nome ser chamado à distância, mas eu não conseguia tirar os meus olhos do soldado na minha frente, seus olhos me encarando de volta, presos e vazios um azul claro completamente distante, a sua voz muda, os arquivos na minha mão sobre a missão  a ser repassada falhando como um filme antigo, como se existisse uma falha no meu cérebro que não permitisse que eu processasse aquelas informações, como uma vírus no meu cérebro se espalhando e destruindo todos os arquivos.

A minha volta o mundo começava a desmoronar lentamente, se desfazendo diante dos meus olhos como sorvete no sol quente, derretendo em tons de vermelho, como se a minha visão estivesse sendo pintado numa pintura grotesca, as vozes de longe ficavam cada vez mais altas, mais agudas, como gritos dentro da minha cabeça vários dele, muito altos e muito distorcidos para que eu entendesse o que eles diziam. Eu me virei, entrando num ambiente completamente diferente, eu não estava mais na hydra. Eu estava na sala de estar da torre dos vingadores, e várias pessoas me olhavam, falando ao mesmo tempo a sua linguagem corporal avaliava se deveriam chegar perto de mim ou não.

―Ela vai se machucar ― ouvi uma voz definida, muito alta e diferente das que eu havia escutado ultimamente, eu olhei para frente, tentando compreender de onde vinha a voz, um homem tentava se aproximar de mim, com passos suaves e medidos, olhei para baixo e os meus pés estavam descalços e eu ainda usava o pijama da noite anterior, ainda estava sujo de pizza na ponta da camiseta.

―Freya, por que não dá um passo pra frente? ― Tony disse, os seus olhos assustados, como se não tentasse fazer movimentos bruscos. Então eu senti o vento gelado na minha espinha, tão forte e devastador que eu senti as minhas pernas falharem. Todos os vidros estavam abertos, eu estava prestes a cair de outro prédio.

Nesse momento, uma mão forte envolveu o meu braço, me puxando para a parte interna da casa, onde eu completamente fraca me deixei cair de joelhos no chão, respirando fundo a minha mente tentando entender o que eu estava fazendo, era como se todo o meu corpo estivesse tremendo e de fato, estava mas, eu não tinha ideia do que estava fazendo, a era como tentar segurar um dente de leão no meio de uma ventania. Estava tudo um caos, tudo absolutamente confuso, em algum momento alguém havia colocado um cobertor sobre os meus ombros porque aparentemente, pessoas em choque sentem muito frio. Eu não me mexi por alguns segundos, apenas encarando o chão e tentando fazer o exercício de ansiedade que tinham me ensinado: cinco coisas que eu podia ver, quatro coisas que eu podia tocar, três coisas que eu podia ouvir, duas coisas que eu posso cheirar e uma coisa que eu podia sentir o gosto. A coisa que eu podia sentir o gosto era medo.Tudo que eu podia sentir era medo, de tudo, até respirar calmamente me aterrorizava.

E a única coisa que eu sabia era que eles não precisavam nem mandar alguém pra me matar, eu poderia fazer isso sozinha, os resíduos da minha programação ainda estavam na minha mente, os bloqueios e a palavra de emergência. Eu era uma bomba relógio de autodestruição.  

―Eu ia pular? ― eu perguntei, a ninguém especificamente, era quase uma pergunta a mim mesma, uma forma de auto aceitação mesmo isso sendo aterrorizante.

―Não sabemos, você só estava lá, fazia um tempo, estava andando em círculos e falando coisas sem sentido, quando se aproximou demais e abriu as janelas decidimos que era hora de intervir.

―Eu teria ― falei num soluço desesperançoso, me sentindo extremamente envergonhada por estar naquela situação, assustada com tudo que estava acontecendo, e tudo que eu queria era não estar naquele lugar, era o que eu queria o tempo todo, mas naquele momento eu só queria que nada disso tivesse acontecido, que eu nunca tivesse me envolvido com a hydra, mas havia coisas que eu nunca poderia abrir mão, como Bucky, eu não acho que eu poderia abrir mão dele em algum momento, mesmo que isso meu causasse dor. Afinal de contas, isso é amar alguém, não querer só as partes boas, mas aceitar as ruins que vem no conjunto. E nesse momento, eu desejava voltar no tempo para qualquer época em que ele estivesse ao meu lado.

Eu me levantei, tentando me recompor o máximo que eu podia e pedi licença, querendo voltar pro meu quarto e mergulhar na minha conchinha de tristeza e vergonha. Voltei em silêncio, agarrada no meu cobertor de choque, afinal eu estava em choque. Pensei seriamente em pegar sorvete na geladeira, mas isso seria fundo do poço demais até pra mim. Me deitei, me encolhendo na cama e começando a pensar na minha lembrança, até esse momento eu não fazia ideia que eu tinha dado missões a ele. Eu sabia de algumas missões que eu havia repassado, eu lembrava algumas palavras do comando, claro era o meu cargo e as minhas obrigações, mas eu não lembrava de todas, eu sabia também o comando para que ele desmaiasse era a minha obrigação e para a minha própria segurança. Mas isso me fazia pensar em todas as coisas que eu sabia e foram arrancadas de mim, e as duas pessoas que podiam me fazer lembrar estavam ambas desaparecidas. E eu só queria um rosto familiar por perto. Eu queria Bucky, meu Bucky, a única pessoa que eu poderia falar sobre isso, que me confortaria, que me abraçaria até que eu me sentisse bem de novo.

Algumas horas mais tarde houve uma batida leve na minha porta, e eu me preparei mentalmente pra ter que lidar com Tony Stark depois desse surto, a porta se abriu um pouco relevando o homem que havia me puxado pelo braço, ele era alto e negro, deu um sorriso amigável enquanto eu me ajeitava na cama tentando parecer um pouco menos decadente do que realmente estava.

―Só queria checar se está tudo bem ― ele disse, colocando uma parte do seu corpo para dentro do quarto ― É uma pergunta boba, mas como está se sentindo?

―Estou bem ― respondi, a minha resposta padrão, pro resto do mundo eu sempre estava bem. ― Só um pouco cansada e definitivamente com vergonha.

―Não foi sua culpa, meu  país nós recebemos alguns ex- cientistas da hydra, alguns deles fugiram para lá, e muitos deles ainda tinham resquícios da programação que eles nem sabiam que tinham, muitos deles receberam a programação de auto destruição antes de deixar a hydra, então eles tentavam suicídio ― explicou-me, fazendo eu me senti levemente melhor por não ser a única, e pior ao mesmo tempo, por não ser a única ― em um segundo eles estavam bem, tocando as suas vidas, no segundo seguinte tentavam se jogar de janelas.

―Hydra não gosta de vazamentos.― respondi, sem nenhuma sombra de humor. ― de onde você é?

―Wakanda ― o homem se sentiu mais a vontade, adentrando o meu quarto e fechando a porta atrás de si, reconheci o nome do país, por ser o único do mundo a ter vibranium.

―Eu trabalhei com seu metal, é incrível, tão resistente, mas ao mesmo tempo fácil de ser manipulado, é um presente a humanidade ― me senti estranha pela minha escolha de palavras ― Você é cientista?

―Eu na verdade sou o rei de Wakanda ― não pude evitar o meu choque, afastando as cobertas para reverenciar ― Você não precisa, sério, fique na cama.

―Você é um rei! devo chamar de vossa graça?

―Não, pode me chamar de T’challa.

―T’challa? ― sorri amarelo pra ele, sem o mesmo entusiasmo.

―Você parece desapontada, tenho cara de Mike? ― brincou.

―Não ― eu não tinha palavras para dar uma resposta digna a ele, eu só me via enrolando entre as coisas que poderiam ser ditas e nada parecia bom o suficiente. ―É que você tentou matar o meu namorado, e eu que meio que tinha um discurso pronto pro pantera negra, agora eu tenho que excluir a parte do “quem você pensa que é” dele, porque bem, você é um rei eu não tinha essa informação.

―Mais uma pessoa além dele que eu devo desculpas ― afirmou, sentando-se na minha cama e juntando as suas mãos, como se estivesse pensando no que dizer.

―Não tudo bem, eu superei isso.

―Sério?

―Na verdade não, mas eu estou lidando com isso.

―Você parece estar lidando com muita coisa agora, deixe-me tirar esse peso das suas costas. ― eu o encarei, T’challa parecia sincero no que dizia. ―Sinto muito por ter perseguido e tentando matar seu namorado, mas meu pai tinha sido assassinado e ele era o único suspeito, e além do mais ele fugiu.

―Se tivesse um cara de dois metros de altura me seguindo pela cidade numa fantasia de gato gigante eu provavelmente também fugiria.  ―T’challa riu do meu posicionamento.

―Primeiro de tudo, não é gato é uma pantera. ― esclareceu.

―Que é um gato gigante super veloz. ― Dessa vez eu ri junto com ele ― Me desculpe, no seu país eu provavelmente seria presa por insulto ao rei, eu sinto muito mesmo.

―Bem, se prometer a não repetir isso do gato gigante eu posso manter a minha oferta de levá-la a Wakanda.

―Por que você iria querer me levar a Wakanda quando eu sou praticamente inútil.

―Para a sua recuperação, em Wakanda temos um excelente programa para reabilitar ex cientistas da hydra, quase como asilo político, lá é impenetrável, então eu posso te oferecer segurança ― disse, para o meu completo choque ― Antes que diga, eu negociei com Tony, se for do seu agrado ele vai conseguir um visto, é temporário, alguns meses ou semanas lá, até que se sinta melhor, mas deve retornar a América num período de tempo pré-estipulado. E depois do que aconteceu hoje, Tony acha que pode ser uma boa ideia, e está disposto a estender se for necessário, desde que fique bem, e provavelmente ajude ele no que quer que ele esteja tramando.

―Então o custo de eu ficar boa é ajudar ele num dos seus planos malucos que podem causar uma desgraça no mundo de novo?

―Não, esses projetos dele estão sendo monitorados.―Isso não me confortou em nada.― E se isso não te fizer sentir melhor, você não é obrigada a trabalhar com ele, só tem que voltar obrigatoriamente para a América.

―E por que eu?

―Você tem muito amigos, Freya, muitos mesmo.

 


Notas Finais


<3


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