P.O.V Copeland
Não faço a menor ideia de quanto tempo estou massageando minha cabeça, meus olhos doem por conta do esforço de mantê-los abertos. Sei que quando deitei em minha cama, os pássaros ainda cantavam alegres por fora de minha janela, Willow tentava prolongar a demora em entrar no banho, Thay cantarolava as musicas japonesas dela, minha mãe praticava yoga e meu pai estava fora resolvendo as coisas da banda. E agora já fazem umas seis horas de que a escuridão chegou. A casa esta em completo silêncio. Katelynne entrou para me dar boa noite, deixou um copo de leite e biscoitos ao lado.
Não posso rolar muito na cama, pois estou com faixas enroladas por meu tórax. Observo tudo o que meus olhos alcançam... Os rabiscos que Will fez em minha parede branca, o pequeno espelho pendurado ao lado da porta fechada. Tudo me é tedioso demais. A única coisa que não se encaixa no contexto é o espontâneo barulho que ecoa da janela para dentro. Levanto – me com o máximo de agilidade promitente e caminho em direção ao vidro sujo de minha janela. Observo a rotatória no meio do asfalto molhado, o céu escuro e alaranjado por nuvens congeladas, as folhas dançando em meio ao vento gélido. O que verdadeiramente não se encaixa no contexto é a figura que acena e aponta em direção a porta de entrada no andar de baixo.
- Imbecil – Praguejo e ando na ponta dos pés por todo o corredor, desço a escada em lentidão, atravesso o hall da sala e destranco a fechadura com todo cuidado possível. A corrente gelada que invade o local com violência, me faz encolher enquanto sinto a faixa que pinica em minha barriga. Ele me encara com seus grandes olhos castanho esverdeado me analisa de cima a baixo. O filho da puta esta uma delicia, com blusa quadriculada vermelha e preta, touca, e um sorriso maravilh.... – Da o fora Sykes!
- Que arrogância Quinn, não vai me convidar para entrar e tomar uma xícara de café? – Ele debocha sorridente
- Se fode – Começo a fechar a porta novamente, mas seu all star sujo interrompe meu objetivo. Logo seu corpo esguio passa pelo vão, fazendo com que a porta se feche em um baque. – Caralho Oliver, sai daq.... – ROC!
Nos viramos lentamente em direção a escuridão da sala de estar. Reconheço Kellin adormecido com o braço dobrado por cima dos olhos. Retorno minha posição inicial, ao mesmo tempo em que esbarro na respiração... PRÓXIMA... MUITO PRÓXIMA... De Oliver.
- Acho melhor não acordamos o papai não é? - Ele sussurra em meu ouvido.
Subo para meu quarto com rapidez acelerada, e só noto a merda quando tranco minha porta e giro sobre os calcanhares. Encaro um Oliver curioso que começa a reparar em cada pequeno espaço de meu quarto. Até que suas pupilas se encontram com as minhas.
- Não você não esta desculpado. Nem pense que porque você apareceu lá que é meu herói... – Lanço as palavras mórbidas em sua direção, mas não abala o homem a minha frente.
- Foi meu nome que você gritou – Ele rebate caloroso e da um passo para frente!
- Foi o ultimo que me veio à cabeça – Dou um passo para trás – Alias Sykes, belo trabalho no rosto da Thayssa, pena que bater em mulher é crime, já ouviu algo sobre isso?
- Eu estava lá por sua causa – Outro passo para frente.
Sorrio em desprezo.
- Não Sykes. Eu estava lá por sua causa. Eu estou nessa merda toda por sua causa – Dou outro passo para trás e atinjo meu limite, bato de costas com a porta.
- Fiquei com medo de lhe perder Quinn – Seu olhar cai em direção ao chão, mas logo retornam com total intensidade aos meus. Ele quebra a distancia, encosta a ponta de seu nariz gelado em minha bochecha.
- Você nunca me teve Oliver. Eu quase morri por você! Só o inferno sabe no que você me meteu seu filho de uma cadela – Desvio meu rosto ao tempo em que suas mãos passeiam por meus braços.
- Esta tudo bem – Sykes deixa um beijo na curva de meu pescoço – Eles não vão te machucar... – Outro beijo – Eu prometo que vou te proteger.
- Sai Oliver – O empurro para longe – Você anda muito grudento ultimamente... – Caminho tremula para longe dele, mas o maldito cheiro de cigarro com menta se impregna em minha camiseta. Me sento em minha cama e o encaro – Vamos ao ponto, o que você quer?
Ele ergue a sobrancelha, suspira, e finalmente vem em passos decididos em minha direção.
- Me perdoa! Eles não podiam ter te pegado. Você é uma vaca – Lanço um olhar fulminante – Okay, okay... Você não é a melhor garota que conheço, mas... – Seu olhar agora é desesperado – Preciso de você.
- Pra que? – Pergunto desacreditada
- A doença vai embora quando você esta perto, fico obcecado com você e todo o resto vai embora. Me sinto... Bem.
Me encontro paralisada e com o ar faltando
- Tudo bem, seu pedido foi visualizado com sucesso, já pode se retirar...
Levanto-me pronta para enxotar Oliver mas sou pega no meio do caminho por braços fortes, no inicio penso que ele vai me bater, mas seus braços se fecham ao meu redor em um abraço termo e quente. Sua cabeça descansa em meu ombro, e paralisamos ali. Observo as sombras das folhas em minha parede, sinto o cheiro da madrugada, e seus lábios nos meus. Sua língua invade minha boca sem permissão, começa com urgência e depois nossos gostos se misturam, meus dedos voam automaticamente para seu cabelo, aquele cabelo que sinto saudade em tocar, o sinto sorrir entre o beijo, e por segundo imagino um Oliver diferente me beijando. Mas não... Não é um Oliver diferente... Ainda é o maldito Oli Sykes. Luto e consigo sair de seu beijo.
- Não! – Ele sussurra. – Me deixa ficar?
Mal me recupero do beijo e já vem outro piano sobre minha cabeça.
- Ahn?
- Só me deixe ficar, só essa noite?
Antes que eu rebata seu corpo já esta deitado em cima de minha cama, suas mãos me puxam gentilmente para que eu me deite sobre seu peito.
- Nem vem com essa de me beijar garoto! Eu nem sei por onde essa sua boca passou... – Me aconchego em seu peito enquanto reclamo.
- Você se assustaria em saber. Mas aposto que vai amar ser informada de onde ela quer passar. – Sinto seu sorriso malicioso. Não respondo. Seus dedos passeiam entre os fios de meu cabelo, então ele começa a cantarolar, sinto meu corpo ficar mais leve.
- Boa noite Sykes. – Escuto minha voz sibilando
- Boa noite anjo....
- Filha? – A voz vai ecoando na parede de meu cérebro – Copel?
Abro os olhos. Enxergo a porta fechada, os raios de sol que começam a escapar pela cortina, o cheiro de café... Cigarro, menta.... CARALHO!! Me viro rapidamente, e ele esta aqui, com os cabelos colados no rosto, a boca espremida em linha reta, o corpo encolhido para caber em minha pequena cama. COMO VOU ESCONDER ESSE MONSTRO DENTRO DESSE CUBICULO?
- Já vou mulher – respondo de mal humor.
- Se arrume meu amor – a voz de minha mãe atravessa a porta – Você tem consulta daqui uma hora.
- Porra... Mané consulta? – Chacoalho Oliver que abre os olhos assustado. – Fica quieto garoto. – Sussurro.
- Sim, sim... Prometo que ira gostar vai ser muito bom após esse trauma que você passou... - Não respondo e ela continua - O café esta pronto...
- Já vou descer.
Escuto seus passos de distanciarem, passo as mãos por meu cabelo e encaro a figura que senta ao meu lado.
- Bom dia pra você também Quinn – Seu mau humor é quase palpável
- Vou me arrumar, fique escondido aqui, quando perceber que todos saíram, você me faz o favor de desaparecer. - Sua risada só não ecoa pela casa porque com o desespero subo em seu colo e seguro o travesseiro em seu rosto. Quando finalmente acaba, retiro com cuidado. – Virei palhaça?
- Garota coloque nessa sua cabecinha – Sykes cutuca minha cabeça três insignificantes vezes – De que eu não vou simplesmente sumir, você ainda tem que ser minha completamente, para que eu possa pensar em talvez sumir.
Reviro os olhos impaciente e pulo para o chão.
- Foda se, continue se iludindo que eu tenho mais o que fazer.
Além de ter que me arrumar sobre o olhar vigilante te um Oliver convencido e antipático, fingir ter esquecido o celular apenas para retornar e deixar a porta destrancada para o mongoloide poder sair. Agora tenho de ficar aqui, em um corredor branco, Kate esta ao meu lado com todo seu deslumbramento, uma fonte de luz em meio a toda aquela branquidão . A atendente esta atrás de uma grossa camada de vidro blindado, protegida de toda a loucura.
- Você não me disse que ia me trazer a um grupo psiquiátrico de apoio mãe.
- É só para você experimentar meu amor. – Minha mãe esta apreensiva, só não rói as unhas porque elas são caras.
- Não preciso de experiências novas Katelynne Lahmann.
Levanto-me e caminho para longe de minha mãe que pega o celular. Aposto que disca o numero de Kellin. Passo em frente aos outros pacientes que com certeza estarão na sessão de terapia comigo. Ridículo! Isso tudo. Só quero dormir sem a porra das pessoas tirando minha paciência. Como se eu tivesse vindo a esse mundo a passeio. Contorno o pequeno prédio e sento na calçada.
- Sua primeira vez aqui? – A voz vem de uma garota com cabelos castanhos presos em chiquinhas, olhos negros e aparência fofa. É como se estivesse presa em um filme colegial, com meias até os joelhos, uma saia rodada, e blusa preta. Ela brinca com um pirulito em sua boca.
- Não estou pra conversa hoje.
- Calma, calma. Tudo fica mais interessante quando o nosso doutor chega. – Ela sorri animada, senta ao meu lado na calçada.
- Legal.
- Sou Madelyn. Mas pode me chamar de Mady! E você?
- Copeland. Mas pode me chamar de Copeland. – Sorrio e ela da de ombros
- E porque esta aqui Copeland?
- Fui sequestrada há uns dias atrás, mas parece que isso traumatizou mais meus pais do que a mim mesma. E você Mady?
- Família quebrada. Sou uma garota solitária
-Bem vinda ao grupo dos deslocados Mady – Sorrio sem graça, mas meus olhos se focalizam em algo que me alerta. – O que ele faz aqui?
Era ele. Com os cabelos loiros desajeitados, um cigarro entre os lábios, os olhos encarando o chão.
- Aquele elemento perdeu a namorada, tem gente que não supera a vida Copel....
Observo atenta enquanto Benjamin Bruce caminha em direção ao prédio em que eu devo entrar em alguns minutos. Suspiro cansada enquanto encaro Mady que olha Bruce com admiração e sei que isso vai ser cansativo.
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