O trabalho da aula de escrita criativa só tinha mais alguns dias para ficar pronto. Todos do grupo de Mark estavam reunidos com o propósito de finaliza-lo, mas o canadense não parecia encontrar formas de se concentrar.
Mark tinha muitos problemas na cabeça, problemas esses que ele sabia que precisava de ajuda para resolver, mas que não imaginava a quem contar.
Como Jeno reagiria quando soubesse quem Mark havia, possivelmente, deixado Nakamoto Yuta ouvir seu precioso segredo? O que Taeyong faria se soubesse que Mark escondia a verdade sobre seu irmão? Renjun estava mesmo disposto a machuca-lo?
O canadense sabia que não podia contar com muitas pessoas, então logo pensou em Doyoung, mas infelizmente naquele dia o celular do coreano parecia estar sempre ocupado.
O desespero consumia o garoto pouco a pouco, e todos no grupo com certeza haviam percebido o quão inquieto o mais novo estava. Taeyong até pensou em perguntar, mas lembrando da reação anterior do garoto, ele entendeu que Mark não queria se abrir.
— Mark? Tá tudo bem?
Foi Johnny que arriscou-se em o questionar, mas aquilo apenas deixou Mark ainda mais nervoso.
“ Não conte um segredo para Seo Youngho “, as palavras de Jeno martelavam em sua cabeça.
— T-tá tudo bem... Relaxa. — Mark tentou passar confiança em sua voz mas, dado às circunstâncias, falhou miseravelmente.
Enquanto os garotos conversavam e escreviam, Taeyong observava Mark com o canto dos olhos. Ele queria entender o porquê da reação do garoto ser tão estranha quando ele tocou no nome de seu irmão mais novo, queria entender o porquê de uns dias pra trás seu amigo estava tão inquieto e esquisito. Poderia isso ser obra de Donghyuck?
— Acho que temos! – Johnny exclamou com um sorriso satisfeito nos lábios.
Mark suspirou aliviado. Ao menos agora poderia ocupar seu tempo surtando sozinho em seu apartamento.
— T-tem certeza John?! Eu não gostei muito desse final... — Yuri decidiu se pronunciar, levando Mark ao inferno novamente.
Johnny parecia pensativo, observava o papel em busca do final do texto, enquanto Mark torcia internamente para que o americano discordasse de sua namorada.
— É, você tem razão! Talvez pudéssemos colocar um final mais impactante... O garoto descobriu o segredo, mas nada de ruim aconteceu com ele... Já que é uma história de terror poderíamos colocar algo chocante, como uma morte de alguém próximo.
Mark engoliu em seco e passou a se imaginar como o protagonista daquela história.
— Nem todas as histórias de terror tem que ter mortes, acho interessante deixar um suspense com o que pode acontecer com ele depois disso... — murmurou Taeyong.
Mark quis agradecer Taeyong, mas achou que soaria ainda mais suspeito. Então permaneceu calado, com um sorriso torto no rosto.
— Bom, nós podemos trabalhar com finais alternativos... O que acham? – Johnny propôs, passando a encarar todos em busca de uma confirmação.
Vendo que todos pareciam acatar a proposta, Mark sentiu-se encurralado. Não queria passar mais nenhum segundo naquela cadeira correndo o risco de ter um fim trágico e desfalecer no meio da biblioteca.
— Cada um pode fazer um final alternativo a parte, nos reunimos amanhã e selecionamos os dois melhores... — Mark pensou rápido, aquilo provavelmente o deixaria livre de tudo.
— Mas a gente já tá aqui Mark... Vamos terminar hoje!
O pronunciamento de Johnny fez Mark desabar. Era isso, estava decretada a morte de Mark Lee em plena biblioteca da faculdade de Neo City.
De repente um celular tocou. Todos na biblioteca encararam a mesa em que Mark e seus companheiros de grupo estavam transparecendo ódio. O canadense chegou a pensar que era o seu celular a tocar, tamanho era seu atordoamento. Mas felizmente o celular que tocava tinha outro dono: Johnny.
O garoto mais alto encarava o celular com uma cara de surpresa. Estando distraído, não conseguiu impedir que Mark visse que o nome “Ten”, acompanhado de um coração cor de rosa, piscava na tela de seu celular.
Segundos depois, John acabou por se levantar da cadeira, confirmando as suspeitas de Mark.
— É uma emergência, eu tenho que atender. Já volto...
Mark se reergueu por um instante e logo ideias mirabolantes começaram a surgir em sua cabeça. Ele encarou Yuri, depois voltou a pensar no guia de Jeno. Seria aquele o momento ideal para que ele fizesse seu primeiro acerto em Neo City? Ou ele simplesmente deveria deixar a garota a sua frente viver uma vida de ilusão como Doyoung o aconselhou? Será que Jeno o perdoaria quando soubesse que Mark havia ajudado a garota?
A verdade é que Mark não conseguiu analisar bem a situação. Apenas pensou que, mesmo estando em um grande estresse emocional, não deveria deixar passar uma oportunidade de ouro.
Com um pulo ele se levantou da carteira e foi em direção a saída, sem se quer dar explicações a seus companheiros de grupo.
Johnny andava devagar, portanto foi facilmente alcançado por Mark. O garoto havia parado no pátio da faculdade e se sentado em um banco. Mark se escondia atrás de uma árvore enquanto observava o americano conversando no telefone.
— Será que esse é o tal do tailandês...? – Mark perguntou a si mesmo enquanto apoiava suas mãos na árvore em que se escondia.
— Mark o que você tá fazendo?!
Mark deu um pulo e por pouco não bateu a cabeça na árvore. Taeyong havia o flagrado espionando Johnny, e ele não tinha ideia de como explicar aquilo sem se comprometer ou parecer maluco.
— E-eu...eu ouvi uns boatos de que ele trai a Yuri e...
Taeyong franziu o cenho, o que fez com que Mark parasse de falar.
— E o que você tem a ver com isso? — o coreano pressionou o garoto que logo voltou a sentir um grande peso em seus ombros.
— E-eu só queria ajudar...e
Mark e Taeyong foram interrompidos por um grito no telefone. Johnny parecia enfurecido e aquilo fez com que os garotos voltassem a observá-lo.
— EU JÁ DISSE QUE NÃO, TEN! DEIXEM A YURI EM PAZ... NADA VAI MUDAR O FATO DE QUE EU AMO ELA... QUANTAS VEZES EU VOU TER QUE TE DIZER QUE VOCÊ É SÓ A PORRA DE UMA DIVERSÃO?
A hipótese de Mark estava confirmada. Lee Jeno estava tão perdido fazendo aquele manual quanto ele estava naquele momento.
Johnny passou furioso pelos dois garotos, e por pouco não viu Taeyong e Mark o bisbilhotando.
Naquele momento o coração de Mark batia tão forte que ele mal conseguia se mover.
— T-tá legal...acho que podemos voltar para a biblioteca! — Mark ensaiou um sorriso sem graça e logo começou a andar de volta para dentro da faculdade.
— Você tá muito estranho Mark, muito estranho... — Taeyong murmurou enquanto seguia o garoto.
XXX
Quando Mark e Taeyong chegaram a biblioteca, Yuri e Johnny já não estavam mais lá. Mark pediu informações a bibliotecária, e esta logo o informou que o garoto havia arrastado Yuri para fora do local.
Mark estava assustado com tudo aquilo, mas sentiu-se levemente aliviado por finalmente poder voltar pra casa.
Ele agora tinha mais duas novas preocupações, nada poderia o deixar parar de pensar que Lee Jeno tinha escrito muitas coisas erradas naquele caderno. Mark não poderia mais compactuar com aquelas ideias malucas, ele pretendia contar tudo a Taeyong o mais rápido possível.
O canadense tentou contatar Doyoung novamente, mas a resposta permanecia a mesma. Talvez naquele dia o coreano estivesse abarrotado de trabalho.
Em meio a tanta paranoia, Mark caiu na tentação novamente. Lá estava o guia de Jeno em cima de sua mesa de centro, pedindo para ser lido.
“ Chittaphon Leechaiyapornkul, acredite, não é só o nome dele que é complicado.
Esse garoto aí é meio psicopata, vive perseguindo o Youngho. Mas...bem a culpa é do otário do Youngho por ter traído a Yuri todas essas vezes... Se ele quis tanto agora que aguente.
Eu não sei muito sobre o tal do “Ten”, mas por mim ele e o Johnny dariam as mãos e iriam pro inferno.
Consiga uma foto dos dois juntos e você vai ter feito a maior boa ação de Neo City ”
— Eu não acho que vou sobreviver... – Mark largou o caderno de volta na mesa e levou as mãos ao rosto em sinal de desespero. — Jeno idiota! EU TE ODEIO! Por que eu não aluguei o prédio do lado?! Aaaaah!
Mark se jogou em seu sofá e lá ficou durante uns bons minutos, até que seu celular tocou. Finalmente era Doyoung retornando sua ligação.
— Finalmente Doyoung, você não sabe o quão...
— Mark por que você contou pro Taeyong sobre o Jeno?! Tá ficando louco?! Tem ideia do que elepode fazer? — o tom de desesperado na voz de Doyoung fez o coração de Mark acelerar, talvez no fim do dia ele tivesse um ataque cardíaco.
— E-eu não contei nada...
— Como assim não contou?! Como ele descobriu então?
Mark ligou os pontos facilmente e sentiu-se culpado por ser tão idiota e inconsequente.
— Yuta...
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