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História Guy in the 2D world. - Quinto dia: O passado precisa ser lembrado em dias chuvosos.


Escrita por: littlebluerose

Notas do Autor


MIAN HAEYO! (Desculpa em coreano).
Eu demorei dessa vez, me desculpem. E já peço desculpas desde já porque talvez eu demore ainda mais para postar os outros caps, pois minhas aulas na faculdade voltam hoje ( olha minha cara de felicidade 😭) e o trabalho ta me sufocando ainda mais que antes. Igual a Mel, eu faço Biologia então é foda pra caralho tentar organizar tudo isso, muita coisa pra pouca May senhor!!!!!! CADÊ MEU CAFÉ!
Desculpa desde já, pessoinhas.
Esse cap eu fiz num dia chuvoso chorando sentada na cama, então já dá pra imaginar o quão triste ele deve estar. Peguem os lencinhos! LOLOLOL.
Agradeço desde já pelas pessoas que irão ler ❤ Vocês fazem meus dias melhores, de verdade. A pequena May aqui agradece do fundo do coração dela ❤❤ Amo vocês.

Capítulo 9 - Quinto dia: O passado precisa ser lembrado em dias chuvosos.


Fanfic / Fanfiction Guy in the 2D world. - Quinto dia: O passado precisa ser lembrado em dias chuvosos.

Acordo com meu despertador tocando Love Song, do Shin -Yong Woo. É uma música muito bonita, e faz jus ao clima desta manhã de terça feira.

Mal abro a janela e o vento frio, com respingos de chuva, invade nosso quarto. A fecho rápido, apenas o vidro, e fico vendo a chuva inundar as ruas. Ela começava com respingos de água, e ia aumentando conforme o tempo passava. O vento que vinha com ela era capaz de fazer guarda chuvas voarem.

Enquanto observo, a música canta a parte "Eu peço à Deus para que chova, porque assim, quando eu olhar para o céu, ela irá esconder as minhas lágrimas."

Suspiro.

Era exatamente assim que eu me sentia.

As vezes, quase sempre, essa música fala tudo que eu penso.

Vejo que acordei um pouco depois de Lauren, já que a cama está vazia. Geralmente, quando chove, ela levanta antes, já que o consultório em que ela trabalha fica mais longe do que o meu laboratório.

E ela tem medo de dirigir na chuva.

Vou tomar um banho. Naquele dia, não queria me apressar para trabalhar. Demoro no chuveiro, e quando saio, ainda seco meu cabelo, coisa que me rouba mais tempo que o necessário.

Deixo meu celular na cama, tocando repetidamente Love Song, e vou para o guarda roupa escolher o que vestir.

Coloco uma blusa de mangas compridas florida azul, minha calça jeans e uma boa marrom. Me olho no espelho e não sinto vontade de viver o dia de hoje. Deixo meu cabelo solto e arrumo as coisas na minha bolsa.

Quando vou para a cozinha, percebo que eu estava certa. Lauren tinha mesmo saído mais cedo, já que na geladeira tinha um bilhete dela:

"Mel.

Sai mais cedo por causa da chuva. Você sabe como eu odeio dirigir na chuva. Hoje vou almoçar com algumas meninas do consultório, então não me espere. Nos vemos de noite! Cuidado com a chuva! Te amo, baixinha. 

Unnie."

Como eu imaginava. Ela está me dando espaço, um tempo. O tempo que dá para todo mundo.

Se ela soubesse como preciso dela hoje, será que ela mudaria de idéia?

Mas é justo. Eu fiz isso com ela ontem, nada mais certo do que ela fazer isso comigo hoje.

Deixo um pouco de comida para Snoopy e Chat, pensando em voltar para o apartamento na hora do almoço e pedir algo para comer de lá mesmo.

Desço para a garagem e entro no Pálio. Ligo o rádio, pronta para ouvir as previsões para o dia de hoje enquanto enfrento o tráfego lento.

Conforme saio e pego o primeiro trânsito, meu cérebro vai para memórias antigas, o que sempre acontece quando chove:

 "- Para onde você pretende ir quando sair do ensino médio? - Meu pai me pergunta na hora do almoço, e sinto meu sangue gelar. 

Eu tinha um plano, é claro que eu tinha. Já estava tudo certo.

Eu só não tinha contado para ele.

Desde que minha mãe morreu, quando eu tinha cinco anos, papai nunca mais foi o mesmo.

Morávamos no Brasil na época, eu, ele e meu irmão, Daniel. Meu pai era um médico extraordinário, mas, por não ter enxergado o problema de mamãe antes de se tornar incurável (câncer de colo de útero), ele surtou. Largou toda a família, os amigos, uma vida para trás, e arrastou eu, com seis anos na época, e Daniel, com dez, para os Estados Unidos.

Fomos morar na Califórnia, onde ele conseguiu um emprego fácil em um grande Hospital. Ele quase nunca ficava em casa, então deixava os vizinhos tomarem conta de mim e de Daniel.

Foi assim que eu conheci Lauren. Ela era nossa vizinha (e era brasileira também!), e conforme o tempo foi passando, fomos ficando cada vez mais amigas.

Éramos mais irmãs do que amigas. 

Daniel foi embora aos 18, quando eu tinha apenas 14 anos. Ele conseguiu um emprego na Inglaterra, e fez uma boa faculdade de Arqueologia. Mandava cartões postais de todos os lugares que visitava, mas nunca sequer voltou para casa. Nem para passar o Natal, Ano Novo, nenhum feriado, e eu nunca entendi o porquê.

Ele me escrevia cartas, dizendo que queria me ver, e que eu devia estar tão grande que ele nem me reconheceria. Mas nunca me contou o motivo de não poder voltar para casa.

Papai não queria perder mais nenhum filho, então colocou seus olhos em mim. E agora, como eu já estava à uma semana de terminar o ensino médio, as coisas apertaram.

Eu sempre soube que ele queria que eu fizesse medicina.

Eu nunca quis decepcionar ele, muito menos ir embora.

Mas algumas coisas eram necessárias

Lauren fazia um curso online de coreano, japonês e mandarim, o mesmo que eu fazia. Foi assim que ela conheceu Kahlen, uma menina japonesa, dá qual se tornou muito amiga.

Kahlen estava morando na Coréia do Sul, e estava aprendendo coreano pelo mesmo curso que Lauren. Ela e o irmão. E ... O irmão dessa menina, conhecido como Saeran, iria prestar o vestibular para uma faculdade de Seoul. Kahlen ficou insistindo para que Lauren fosse e prestasse o mesmo vestibular. E a minha melhor amiga queria ir pra Coréia do Sul tanto quanto eu. Sempre gostamos dá cultura, dá música (kpop na veia), de tudo. Então ela me disse que Kahlen tinha arranjado um apartamento barato para nós.

Quando conseguimos juntar nossas economias dos trabalhos que fizemos durante o ensino médio, percebemos que tínhamos dinheiro suficiente tanto para pagar a moradia quanto para a passagem. Combinamos tudo com Kahlen, que nos inscreveu no vestibular. E partiriamos no nosso dia de formatura.

Mas meu pai não sabia disso.

Ele ficou me encarando por um tempo na mesa, notando que meu pensamento estava longe. Respirei fundo e olhei nos olhos do homem que eu estava prestes à decepcionar.

- Papai, eu vou para Seoul, na Coréia do Sul, com a Lauren. - Falei o mais rápido que consegui.

Meu pai, que estava colocando outra garfada na boca, parou. Ele fixou seus olhos em mim, e apenas riu. 

 - Você está brincando. - Ele disse decisivo, tomando um gole de seu suco.

- Eu nunca falei tão séri

- Eu achei que estivéssemos bem, Melissa. - Ele solta o copo na mesa devagar, me olhando, aqueles olhos negros que eu tanto temia. Meu pai costumava ser alegre, divertido. Quando mamãe morreu, aquela parte dele morreu com ela, deixando um homem frio e sensato em seu lugar. - Estamos combinando desde o começo do ensino médio que você iria tentar Harvard ou Stanford, Yale se possível. Você até se inscreveu.

- Não pai, eu não me inscrevi. - Suspiro baixinho, abaixando a cabeça. - Lauren e eu estamos combinando isso desde o começo desse ano. Ela tem uma amiga lá, chamada Kahlen, que conseguiu um apartamento para nós, e nos inscreveu no vestibular de lá.

- Você não vai. Seu sonho é fazer medicina aqui. Não vou deixar você ir. - Ele se levanta furioso, jogando os pratos na pia com tal força que suponho que eles tenham quebrado.

- Esse é o seu sonho, não o meu.- Digo o mais baixo que consigo, ainda de cabeça baixa, sem coragem para enfrentar o homem à minha frente.

- Você não tem dinheiro para ir. E eu não pretendo te ajudar.

- Pai, já está tudo pago, a passagem, o apartamento já está metade pago, e a outra metade pagaremos lá. Nossos empregos durante o ensino médio e as férias de verão ajudaram. Eu não preciso do seu dinheiro. - Digo mais baixo ainda, sentindo as lágrimas escorrerem por meu rosto.

Levanto os olhos, encarando meu pai, que estava de costas para mim, os braços apoiados na pia. Ele respira fundo, e se vira para mim, os olhos petrificados.

- Vou dizer o mesmo que disse ao seu irmão quando ele foi embora. - A voz dele nunca soou tão fria. Ele tinha seus olhos cruzados, e, com o terno que usava e aquela expressão, parecia mais um chefe de uma grande empresa, e não meu pai. - Se você for, não precisa mais voltar. Eu não vou estar esperando mais por você.

Aquilo acabou comigo.

O jeito dele ter dito aquilo, tão frio, tão sem sentimentos, me destruiu. Eu ... Eu apenas levantei dá mesa e me tranquei no meu quarto, o resto da semana.

 Papai não foi na minha formatura.

Não foi se despedir de mim no aeroporto.

Lauren tentou me acalmar de todos os jeitos, mas eu não conseguia ficar calma. Eu só queria chegar em Seoul, prestar o vestibular e continuar minha vida, como Daniel tinha feito."

Suspiro baixinho, sentindo meu corpo todo se arrepiar.

Lembrar de meu pai, depois de mais de três anos e meio, quase quatro anos, sem notícia alguma dele, era algo estranho.

Ia fazer quatro anos que estava morando com Lauren em Seoul. No primeiro ano, entrei em Biologia junto com Saeran, o irmão de Kahlen e agora meu melhor amigo, e Lauren entrou em Biomedicina. Arranjamos nossos empregos no mesmo ano, no qual trabalhamos até hoje, e descobrimos gente de todos os cantos do mundo na Coréia, como Marcos, amigo de Lauren, que era dos EUA, e grande parte das amigas de Lauren também não eram da Coréia. E Claire, minha amiga francesa que estudava comigo.

Esse ano, nós terminamos a faculdade. Já estávamos no último semestre, na realidade.

Nem parece que tinha passado tanto tempo assim... 

Daniel vinha nos visitar todos os anos. Eu ficava feliz com a reaproximação de meu irmão e dá noiva dele, uma indiana chamada Yesubai, que era um amorzinho. Depois que contei o que o papai havia me dito, ele confessou que acontecera o mesmo com ele, e era por isso que ele já não voltava mais para casa.

Eu só queria que papai entendesse.

Assim como queria que Saeran me desculpasse.

Algumas coisas são... simplesmente complicadas.

O trânsito começou a melhorar, me fazendo sair de meus devaneios, mas a chuva não parou.

Cheguei no laboratório, e as duas meninas que eu não gostava estavam lá. As ignorei completamente, coloquei meu jaleco e meus fones de ouvido e comecei a trabalhar nas minhas amostras.

Baby Don't Cry, do EXO, tocava bem alto em meus fones.

Devia ter se passado umas três horas que eu trabalhava sem parar, e estava tão concentrada que por pouco não sinto algo cutucar meu ombro. Tiro o fone e olho para trás. Uma das meninas (se não me engano, seu nome era Hyun-Ae) me olhava com os braços cruzados.

- Graças a Deus. Eu estava te chamando. à tanto tempo que já estava cogitando a possibilidade de você estar morta. - Ela suspira irritada, revirando os olhos.

- Desculpe. Eu estava concentrada. - Digo baixo, sem a menor vontade de falar com ela.

 -Não interessa. Você tem que ir falar com os técnicos de laboratório. Ligamos na recepção para chamar um deles, porque o MET parou de funcionar novamente, e eles disseram que só tem um técnico trabalhando e ele não estava atendendo o telefone. Precisamos utilizar o MET. - Ela diz quase gritando, e sinto vontade de espanca-la devido à sua voz machucar meus ouvidos, mas ao invés disso, eu só pergunto:

 - E por que eu tenho que ir falar com ele?

- Porque precisamos ficar aqui olhando as amostras, Dã. Por favor Melissa! Nós nunca te pedidos nada!! - Ela revira tanto os olhos que cogito a possibilidade dela estar vendo seu cérebro quando faz isso.

Tiro meus fones, suspirando.

É melhor enfrentar o técnico do que alguém como Hyun-Ae.

- Tudo bem. Eu vou.

Tiro o jaleco e saio, me dirigindo à sala dos técnicos. Me pergunto quem estava trabalhando hoje e porque não atendia o telefone.

 Encontro a porta fechada, e quando bato, ninguém me responde. A sala estava totalmente escura, porém, quando viro a maçaneta, percebo que não estava trancada. 

Entro na sala.

 - Oi? Tem alguém aí? - Pergunto um pouco alto, e recebo um miado de resposta. Estranhando, vou um pouco mais para o fundo e encontro a fonte do miado. Um gato branco, um filhote, por sua estatura, está inteiro molhado no colo de um sujeito encharcado. Quando percebo a blusa preta e amarela, tão conhecida, me abaixo para ficar na altura dele. Erguendo seu rosto devagar, encontro um par de olhos dourados molhados pelas lágrimas debaixo da armação do óculos.

Era Luciel.

E ele estava chorando.

- Mel. - Sua voz rouca diz meu nome, e sinto meu peito todo se apertar e encolher. Ver Luciel daquele jeito me fazia querer chorar. - Eu.. Eu a encontrei quando vinha pra cá. Ela estava presa em um bueiro, toda molhada. Ela está tão magrinha, Mel. - Ele olha para a gatinha em seu colo, que mia desesperada. - Eu não posso ficar com ela. Ninguém quer ficar com ela. Eu não quero que ela volte para as ruas Mel.

- Luciel você não está bem. - Digo baixinho limpando o rosto dele, tirando seus óculos colocando eles encima de minha cabeça. Meu amigo não conseguia parar de chorar. - Não está bem para trabalhar, não nessas circunstâncias.

 - Não há lugar para ela - Ele diz baixinho novamente, soluçando - Não há lugar para mim - As lágrimas caem cada vez mais de seus olhos, fazendo com que meu coração se apertasse ainda mais.

- Eu vou falar com o chefe para ele nos dispensar hoje, tudo bem ? Vou te levar para casa e cuidar de você, tá bem? - Digo baixo passando as mãos pelo cabelo dele.

- N-Não. Eu.. eu sou novo aqui. Não posso simplesmente sair no meu quinto dia de trabalho. - Ele gagueja, se encolhendo mais ainda.

- Eu vou falar com ele. Confia em mim. - Beijo sua testa e me levanto o mais rápido possível.

Corro até o gabinete do chefe dos laboratórios, Jincheol. Após conversar com ele por alguns minutos (e ter que aturar ele dando em cima de mim o tempo todo), consigo a minha liberação e a de Luciel, e ainda consigo que ele chame um novo técnico para trabalhar e consertar o MET. Volto para a sala dos técnicos, passando antes no laboratório, ignorando as reclamações de Hyun-Ae e pegando minhas coisas.

Ao chegar na sala, embrulho Luciel em meu jaleco, pelo fato dele estar molhado. Seguro a gatinha em meu colo e o ajudo à se levantar. O levo para meu Palio e o coloco no banco de passeiro, com a gata no colo.

A chuva aperta assim que começo à dirigir, e tento ser o mais rápida possível, apesar do trânsito.

Chegando no apartamento, procuro umas roupas de Daniel, que ele tinha deixado ali no último dia que veio para cá, e entrego a Luciel, o colocando debaixo do chuveiro. Enquanto escuto ele tomar banho, cuido dá gatinha na pia da cozinha, com Chat Noir aos meus pés, ouvindo os miados dela, atento. Snoopy não dá o ar da graça, e agradeço por isso, caso contrário, ele ficaria latindo o tempo todo. Seco o pelo da gatinha e ela logo para de miar desesperadamente quando se encontra quentinha e não mais molhada. A enrolo em uma manta e preparo uma mamadeira com leite, a que era de Chat Noir quando ele era só um bebê. A levo para o sofá e dou leite para ela.

Chat Noir pula do meu lado e fica a olhando com seus olhos verdes atenciosos. Ele não à ataca em nenhum momento, e nem demonstra ciúmes, apenas a olha com curiosidade.

Agora percebendo, parece que ele gosta do fato de ter outro igual à ele em meu colo.

Olho para a gatinha, acariciando seu pelo branco e olhando em seus profundos olhos azuis, tão inocentes. Ela parecia tão indefesa, tal qual Luciel.

Ela termina a mamadeira no momento em que ele sai do banheiro, vestindo uma blusa azul de frio larga, as meias e a calça de moletom de meu irmão. Ele parece sem jeito, com as roupas molhadas em suas mãos.

Me levanto, colocando a gatinha no chão. Chat Noir a olha e, no momento que ela mia para ele, ele a envolve com seu corpo e começa a lamber o topo de sua cabeça.

 - Nunca vi Chat Noir gostar tanto de alguém tão rápido - Digo baixinho olhando meu gato, depois desvio meu olhar para Luciel.

- Ela parece melhor. - Ele diz baixinho olhando a gata, depois me olhando.

- Você está melhor? - Pergunto baixinho, tirando as roupas de suas mãos, e colocando seus óculos, que ficaram encima de minha cabeça todo esse tempo, nele.

- Eu... Eu não queria que me visse daquele jeito. - Ele suspira baixo, ajeitando seus óculos, desviando os olhos de mim. - É a chuva... ela... Ela faz isso comigo.

- Eu sei. - Digo baixinho o olhando com carinho. - Ela faz isso comigo também.

 - Desculpa ser um inconveniente, Mel. - Ele diz, e percebo que logo vai estar chorando novamente. Seguro seus dois braços e subo na ponta dos pés beijando sua bochecha.

 - Você não é um inconveniente. Nunca vai ser - Digo baixinho, e o solto devagar, colocando as roupas molhadas dele no cesto de roupas sujas. Percebo sua presença atrás de mim tarde demais.

- Por que você não respondeu as minhas mensagens? - Sua voz está mais próxima, e quando me viro, dou de cara com a barreira que Luciel é. Ele está mais próximo,e seus cabelos molhados pingam em seu rosto. - Eu fiquei preocupado com você, Mel. Eu queria te ajudar. Eu me senti... Completamente inútil sem poder te ajudar.

- Eu.. Eu.. Me desculpa, Luciel - Digo fraco o olhando tão próximo, engolindo à seco. Ele me puxa e me abraça com força. Cedo aos seus braços, suspirando.

- Não me deixe mais sozinho, por favor. Por favor - Ele praticamente implora, me apertando em seus braços.

- Nunca mais - Digo baixinho. Ficamos um tempo ali, até que ouço o estômago de Luciel roncar.

O solto e vou até o telefone, pedindo uma pizza. Embrulho Luciel num cobertor e o coloco sentado no sofá. 

Luciel olha para a gata, que estava deitada na cama de Chat Noir, junto com o mesmo, que a olhava com um carinho indecifrável.

- Ela ainda não tem um lugar para ficar. - Ele suspira baixinho, abaixando a cabeça - Vai ser sozinha... Assim como eu...

- Ela pode ficar aqui - Me pego falando antes mesmo de pensar nisso. Luciel me olha, e vejo a sombra de um sorriso em seu rosto. - Quero dizer.. Ela se deu tão bem com Chat Noir, e eu tenho alimento para os dois. Não vejo porque não...

 - Você.. faria isso? - Ele me olha, e me sento ao seu lado. 

 - Faria. - Digo baixinho o olhando nos olhos, naqueles olhos dourados que pareciam tão solitários. - Faria por ela, faria por você Luciel.

- Saeyoung. - Ele diz, e sinto meu corpo gelar. Eu já tinha ouvido aquele nome. Era o nome verdadeiro do Seven no jogo, e ouvi-lo dá boca de Luciel só fazia com que meu cérebro entrasse em uma pane interna e meu corpo todo se arrepiasse. Olho para ele, e ele percebe minha confusão. - Por favor, não pergunte. Esse é meu verdadeiro nome. Só.. me chame assim, tá bem? Eu ... Eu não escuto ele à muito tempo. Seria bom escutar de novo. Por favor, Mel. Não pergunte.

- Saeyoung. - Digo baixinho, e ele aperta minhas mãos. O olho nos olhos, e meu coração pulsa forte. 

Ele está tão perto.

- Obrigada. - Ele diz baixo, e abaixo a cabeça, envergonhada.

- Você.. já deu um nome para ela? - Mudo de assunto rápido, olhando para a gata. Ouço Saeyoung sorrir.

- Eu gosto de Elizabeth the 3rd. - Ele diz baixinho, se ajeitando no sofá, fechando os olhos. Cada vez mais... Saeyoung me lembra o Seven do jogo. Esse era o nome da gata de Jumin, um dos personagens do jogo. - Assim, eu posso chama-la de Elly.

- Elly. - Sorrio de canto, e a gata me olha, como se soubesse que aquele era o nome dela. Fecho os olhos também - Eu gosto.

- Eu também. - O ouço suspirar baixinho, e sinto sua mão segurar a minha devagar, no começo, insegura, depois, ao sentir que eu não puxei a mão, ele entrelaça nossos dedos, confiante, seu polegar acariciando minha mão. Suspiro baixinho.

 - Você parece tanto o Seven... Em tudo. Até no nome. - Digo baixinho, tão baixinho que espero que ele não tenha ouvido. Mas ele aperta minha mão fraco, e sei que ouviu. - Eu... Eu espero que não me ache uma louca. É só que... Vocês são tão... iguais...

- Eu não te acho louca. - Ele diz baixo, e quando menos percebo, uma de suas mãos está em meu queixo. Abro os olhos, e dou de encontro com os olhos dourados de Saeyoung/Luciel. - Não tem porque achar, Mel. Talvez seja verdade. 

 - Talvez seja verdade... O que? - O vejo se aproximar mais, e sinto meu coração bater forte. Seus lábios estão à centímetros dos meus.

- Talvez eu seja o Seven. - Quando ele diz isso, meu coração quase salta pela boca. 

Ele se aproxima tanto, que sinto seus lábios roçarem nos meus. E então... a campainha toca. E eu dou um salto do sofá, me assustando.

Corro para a porta, abrindo e encontrando o entregador de pizza. Pago pela pizza e, quando fecho a porta, Saeyoung está passando as mãos pelo cabelo, os despenteando.

Deixo a pizza encima da mesa de centro e comemos em silêncio. De repente, Smother, do Daughter, se faz presente no local. Olho para o rádio, que ficava numa estante atrás de nós, e vejo Snoopy, perto dele, olhando para nós.

Quando olho para Seven, ele está de olhos fechados, e seus lábios estão cantando a música baixo.

 I'm wasted, losing time

 I'm a foolish, fragile spine

 I want all that is not mine

 I want him, but we're not right 

Fecho os olhos, ouvindo as vozes misturadas dá cantora e de Saeyoung, sentindo meu corpo todo se arrepiar.

 In the darkness, I will meet my creators 

And they will all agree, that I'm a suffocator 

I should go now quietly 

For my bones have found a place 

To lie down and sleep 

Where all my layers can become reeds 

All my limbs can become trees 

All my children can become me 

What a mess I leave 

To follow 

To follow 

To follow 

To follow... 

A música despertava em mim um sentimento enorme de culpa, por tudo que eu deixei para trás.

Meu pai, por tê-lo decepcionado.

Meu irmão, por eu ficar sabendo o que papai fez para ele só depois. 

 Por ter magoado meu melhor amigo. 

Sinto as lágrimas caindo, e começo a cantar junto com Saeyoung.

In the darkness I will meet my creators 

They will all agree, I'm a suffocator 

Suffocator

Suffocator 

Quando abro meus olhos, Saeyoung está olhando para mim. Seus olhos dourados estão cravados nos meus, e ele está tão próximo que se eu me aproximar, nossos corpos vão se encontrar.

Do jeito que ele canta, parece que canta para mim.

Oh, no I'm sorry if I smothered you

I'm sorry if I smothered you

I sometimes wish I'd stayed inside

My mother

Never to come out

- Do que você foge, Saeyoung? - Digo baixinho quando a música acaba. Ele suspira baixinho, abaixando a cabeça.

- Do meu irmão. Dá minha família. De tudo que eu deixei para trás. Meus sentimentos. Meu nome. Meu passado. - Ele diz como se aquilo estivesse preso dentro dele por tanto tempo. Seus olhos são novamente voltados para os meus - Do que você foge, Melissa?

 - Dá morte dá minha mãe. Do meu pai. De tudo que eu deixei para trás. Minhas mágoas. Meu passado. - Digo baixinho o olhando nos olhos, baixando a cabeça em seguida. Sinto as lágrimas escorrendo por meu rosto. 

Saeyoung segura meu rosto com suas mãos, e limpa minhas lágrimas com os polegares. 

Estamos tão próximos que sinto que estamos conectados. 

 Nunca senti isso com outra pessoa que não fosse Saeran. Suspiro baixo e fecho meus olhos, deitando a cabeça em uma de suas mãos.

 E é então que Saeyoung tira as mãos de meu rosto. 

 - Eu.. Eu.. Mel, desculpa. - Sinto ele se levantar rápido do sofá, e o olho. Ele está colocando seus sapatos, que deixou na frente do banheiro. - Desculpa abusar dá sua hospitalidade. Eu.. Eu preciso ir... Eu.. eu tenho coisas para resolver. Muito obrigada por... Cuidar de mim e de Elly. Eu agradeço.

 - Saeyoung... - Me levanto enquanto ele ajeita os óculos.

 - Obrigada Mel. Mas eu preciso resolver... Algumas coisas. - Ele me olha, e parece desesperado para ir embora. - Desculpa. Eu .. Nunca quis que me visse desse jeito. Me desculpa. - Saeyoung vai indo para a porta, e, como eu não a tranquei, ele a abre sem a minha ajuda. Antes que eu possa dizer algo, ele me olha uma última vez, aqueles olhos dourados me encarando como se fosse a última vez. - Tchau, Mel.

 Ele fecha a porta, me deixando ali, embasbacada, parada, estática. 

 Fico olhando para a porta por um tempo, passando as mãos pelo meu rosto, tentando lembrar como se respira. 

"Talvez eu seja o Seven". 

O que ele quis dizer com isso?

É só um jogo.. 

É só um jogo.. 

Será que é só um jogo?

Vou para o quarto, ainda sem saber como reagir. 

 Me deito na cama, e Elizabeth the 3rd sobe na mesma, com Chat Noir logo atrás dela. Chat se enrosca um pouco acima de minha cabeça, e Elizabeth se enfia no meio de meus braços, me olhando com aqueles olhos azuis inocentes. Quando a olho, meu peito todo se contraí.

"Tchau, Mel"

 E então tudo que estava dentro de mim sai. Começo a chorar, como a chuva que se encontra do lado de fora.

Eu choro alto, me agarrando à Elly.

Choro muito, desejando que tudo saia de meu peito, que minhas lágrimas levassem embora todas as minhas dores.

Meu pai.

Victor.

Saeran.

Saeyoung.

O jogo.

Tudo.

Por favor, tudo.

Perco o horário da faculdade, de novo, pois passei a tarde toda chorando em minha cama. Quando percebo, já está ficando escuro lá fora. 

 Meu rosto está molhado pelas lágrimas, e sinto meus olhos inchados. Elizabeth the 3rd tenta me acalmar, miando calmamente, e Chat Noir está deitado por entre meus cabelos.

 Eu gostaria que a chuva levasse embora todas as minhas mágoas. 

 Love Song toca em minha cabeça no momento em que consigo ao menos me permitir dormir um pouco, esperando que amanhã seja um dia melhor. 

 "Quando eu olho para todas aquelas memórias tristes, há uma dor incurável em meu peito. Minhas lágrimas revelam uma mágoa inacreditável. Por que eu não posso passar por isso e deixar este mundo em paz?"      


Notas Finais


OH MEU DEUS 😱 reler tudo isso de novo dói tanto cara. LOLOLOLOLOLOL.
Espero que tenham gostado. E desculpem se eu demorar ❤ Já disse que amo vocês, mas vou dizer de novo. Eu amo vocês ❤


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