1. Spirit Fanfics >
  2. Gyeoul Seuta >
  3. Prólogo - A dura verdade

História Gyeoul Seuta - Prólogo - A dura verdade


Escrita por: TheCrown

Notas do Autor


À aqueles que estão descobrindo essa fic agora, aqui vão umas considerações iniciais para se situarem ;)

• O enredo se passa em 2016;

• Jikook é assumido publicamente;

• Haverá alguns capítulos especiais de flashback (vai estar escrito "throwback" no título)

• A história foi rebocada um pouquinho aqui e ali desde a postagem original em 2016 (caso você a tenha lido já e notou algumas pequenas diferenças)

• E a fic já pode estar bem comprida mas peço que por favor dêem à ela uma chance, não se desanimem pelos numerosos capítulos <3

Capítulo 1 - Prólogo - A dura verdade


Fanfic / Fanfiction Gyeoul Seuta - Prólogo - A dura verdade

 

 Casa da família Park.

Bujeon-Dong, Busanjin-gu, Busan.

 

 



— Hyung?

 

 

Nem o rosto espantado de seu irmão mais novo ao abrir a porta e dar de cara consigo foi capaz de refrear Jimin, o ruivo passou reto por Jihyun à passos pesados, pouco se importando com o rastro de sujeira que as solas de suas botas deixariam no piso.

 

Logo atrás de si um manager bastante preocupado cumprimentava o Park mais novo antes de segui-lo casa à dentro.

 

— Querido, quem está aí? — a voz da Sra. Park emergiu de algum canto da residência ao ouvir a comoção.

 

— Omma, é o hyung, ele está aqu...

 

— OMMA! — Jimin chamou-a alterado, entrando na sala de estar onde a encontrou sentada no sofá, claramente interrompendo sua leitura para encarar, atônita, o filho mais velho que entrava sem cerimônias no cômodo. Sequer sabia que o rapaz estava em Busan.

 

— Jiminie, por que não avisou que viria... — começou a matriarca com um sorriso caloroso, mas o mesmo se apagou de seu rosto quando seu deu conta do estado de Jimin.

 

O ruivo estava visivelmente alterado, com os olhos inchados, rosto avermelhado e lábios trêmulos, características que apresentava quando muito nervoso e também depois de chorar copiosamente. Antes que pudesse lhe perguntar o que houve, o garoto lançou um envelope já violado, com o emblema de um hospital que ela desconhecia, sobre a mesa de centro. A senhora de aparência absurdamente semelhante ao cantor o observou com cautela enquanto fechava seu livro e o deixava de lado, não se demorando a recolher o envelope guardado dentro de um saco plástico também rasgado.

 

— Jimin, o que...?

 

— A-abre! Só... abre essa droga! — Jimin respondeu passando a mão pelos cabelos e girando em torno de seu próprio eixo no tapete, como se não acreditasse – e não queria acreditar – no conteúdo daquele bendito envelope.

 

A mulher engoliu a seco, não entendendo muito bem a situação mas tendo uma leve ideia de que parte daquela hostilidade que Jimin carregava no olhar estava sim dirigida à ela. Então ela abriu o envelope e retirou o de lá um bloco de documentos com termos médicos que não entendia, mas não foi a única coisa que encontrou lá dentro, havia também impressões de um exame, um ultrassonografia ao que lhe parecia. Uma ultrossonografia de Jimin...

 

De repente seu rosto de iluminou em realização, e entendeu na hora do que se tratava.

 

— Vocês sabiam, você e o Appa... VOCÊS SABIAM! Como... como puderam esconder isso de mim?! — Jimin perguntou soando profundamente magoado. — NÃO ACHAM QUE EU TINHA O DIREITO DE SABER QUE SOU UMA ABERRAÇÃO?!

 

Sua genitora num primeiro instante se limitou a assisti-lo gesticular em fúria no meio da sala.

 

— Jimin, meu amor, por favor se acalme. Fizemos o que fizemos pelo seu bem, queríamos te poupar, meu filho! — argumentou a mamãe Park levantando-se devagar mas evitando se aproximar, com medo de ser rejeitada. Isso seria doloroso.

 

— Me poupar? Eu... EU ACHEI QUE IA MORRER! E-eu estava desesperado! Fui parar no hospital com suspeita de um tumor na bexiga e sabe o que os médicos me disseram?! Que eu tinha um ú-útero! Me viraram de ponta cabeça, fizeram uma bateria de exames e me encheram de perguntas e... e puxaram todo o meu histórico médico. Me mandaram de um especialista para outro até eu parar numa tal de Dra. Choi...!

 

O queixo da mamãe Park caiu. Aquilo não podia ser possível, não depois de anos de tratamento com hormônios – Jimin nunca deveria saber.

 

— Dra. Choi... — repetiu o nome familiar para si mesma, abalada. Mas logo se obrigou a sair de seu torpor e tentar contornar a situação. — M-meu amor, está tudo bem... é só... só uma condição especial, algo com o que você nasceu mas já foi tratado. Isso... esse órgão, ele não funciona, ele... não vai mudar sua vida em nada! Garantimos que isso nunca iria te afetar.

 

— Omma, o que está acontecendo, o que ele tem? — Jihyun perguntou começando a ficar assustado. Não entendia muito do que falavam, mas parecia deveras preocupante.

 

Só então a mulher parece ter se dado conta de que tinham espectadores. O inocente Jihyun e o pobre Hobeom que não tinham nada haver com a história.

 

— Nada, nada! Não é nada, só... só leva o manager-nim p... — tentou acalmar a situação com um sorriso reconfortante mas foi cortada no meio da sentença pela dura verdade que Jimin havia acabado de descobrir:

 

— UM ÚTERO, JIHYUNIE! A DROGA DE UM ÚTERO! SABE QUEM MAIS TEM? SÓ TODA A POPULAÇÃO FEMININA DO MUNDO! — tomou uma pausa para repor o fôlego, e prosseguiu amargurado: — Eu tenho um útero, eu sou algum tipo de aberração da natureza que precisava nascer com dois sexos! Não sou normal como você... como eu achei que fosse...

 

Pelo rosto empalidecido de Jihyun, ele ficou tão traumatizado quanto o próprio Jimin. A Sra. Park então empertigou-se de vez, apressando os dois outros homens para fora do recinto e fechando as portas de correr que dividiam a sala de estar do resto da casa. Voltou-se depois para Jimin com seu olhar um pouco mais endurecido pois, por mais que lhe partisse o coração ver o estado de seu filhinho e saber que a culpa era sua, tinha que tomar o controle da situação.

 

— Jimin, escute, hermafroditismo não é o fim do mundo. Você é sim especial, singular... mas não está sozinho nessa. Eu sinto muito, seu pai também. Achamos que fosse a melhor opção manter segredo, não queríamos que você fosse tratado diferente pelas pessoas da sua idade, não queríamos que você se sentisse diferente. Sabemos o quão isso poderia ser embaraçoso e doloroso para você, crescer... sabendo que não era como os outros meninos. E conseguimos não foi? Você teve uma infância, uma adolescência... uma vida perfeitamente normal até então. Mas meu amor, é só um órgão, um útero infertilizado. Você passou por anos de tratamento, e-embora não soubesse.... sei que está triste e até mesmo decepcionado conosco por termos escondido isto de você, mas entenda que este órgão deteriorado não vai mudar em nada a sua vida. Vai continuar inerte e esquecido dentro de você como sempre esteve.

 

O rapaz então pareceu murchar ainda mais, melancólico.

 

— Vocês deveriam ter pelo menos tirado ele de mim quando podiam... — declarou jogando-se derrotado no sofá, pondo o rosto entre as mãos.

 

Sua mãe respirou fundo, reunindo toda a paciência necessária para cuidar sozinha de um assunto tão delicado, e então voltou ao sofá e se sentou ao lado do filho abraçando-o de lado numa tentativa de lhe transmitir seus sentimentos por meio do gesto.

 

— Você não entende, era muito pequeno quando descobrimos, seria arriscado fazer uma cirurgia tão complexa... mas aí então você cresceu e não podíamos mais te fazer passar pela cirurgia sem levantar suspeitas, afinal por fora você sempre foi um garotinho. O tratamento hormonal foi tudo que pudemos fazer. Como... como uma forma de impedir que você desenvolvesse esses aspectos de... de mulher.

 

— Não, mãe. — Jimin levantou o rosto e tomou as impressões da ultrassonografia de suas mãos. — Você que não entende. Eu não sei como nem porque mas esse útero está fértil, está funcionando! A Dra. Choi me disse que... céus! É irremediável agora...

 

A mulher não entendeu muito bem até observar mais atentamente as imagens embaçadas e monocromáticas na sua frente, todas tinham uma certa região circulada em vermelho indicando algo que não conseguia discernir.

 

— É um feto, Omma...

 

Os olhos da matriarca se arregalaram e as folhas foram ao chão. Buscou o olhar de confirmação do filho mas o próprio Jimin evitava encará-la. Envergonhado.

 

— Eu estou esperando um bebê.



Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...