Cerca de duas semanas mais tarde.
Casa da Família Park.
Bujeong-dong, Busajin-gu, Busan.
— Bom dia, eu procuro a senhora Park EunSeo. — o carteiro anunciou assim que o portão da residência foi aberto. — Oh, Jihyun-ah! Sua mãe está?
O Park mais novo, quem havia acabado de rolar para fora da cama, bocejou negando.
— Bom dia, ahjussi. — saudou solonento para em seguida assinar o formulário de recebimento da entrega em nome de sua mãe.
— Ah, vocês têm recebido bastante encomendas nos últimos dias, não é? — comentou retirando uma caixa pequena do baú de sua moto e entregando ao rapaz. — São para o casamento do seu irmão, estou certo? Ah, quem diria! Seu irmão famoso casando com outro rapaz!
Não muito interessado papear de estômago vazio, o Park apenas concordou com um maneio antes de despedir-se e voltar a fechar o portão. Voltou para dentro de casa largando os chinelos no processo e foi até a sala de estar que estava entulhada de outras caixas e papel bolha. Uma verdadeira bagunça.
— Omma, chegou mais um. — avisou avaliando a caixinha de papelão em suas mãos. — E se quer saber, foi muito baixo da sua parte me acordar só pra atender a porta!
Surgindo detrás de uma pilha de outras caixas, sua mãe veio ao seu encontro rindo.
— Desculpa, meu anjo. Foi aquele velho ahjussi de novo, não foi? — supôs procurando às cegas o estilete em meio à bagunça. — Ele conversa demais, da última vez ele se auto convidou para um café. E de alguma forma você é bom despistá-lo... Ah, achei!
Recolhido o aparato ela pegou levianamente a caixinha das mãos de Jihyun e fez a menção de abrir o lacre, mas ao ler o remetente no identificador parou no ato, sorrindo ternamente.
— O que é? — seu filho quis saber.
— Algo que eu encomendei há algum tempo, para a Gyuri. Sementes de cerejeira do jardim da sua avó. Estamos na época mais propícia, quanta sorte. — respondeu abrindo a caixa para encontrar um embrulho de tecido com as dita cujas dentro.
— Uau, pretende plantar aqui uma árvore para ela também?
— Sim. E conto com você para encontrar o recipiente perfeito. — piscou-lhe e Jihyun concordou tomando as sementes em mão para guardá-las até o dia do plantio, no caso o dia do nascimento da sobrinha. Como manda a tradição.
A mamãe Park estivera bastante atarefada com a organização do casamento do filho mais velho, e apegada aos detalhes como era não deixaria passar nada, cuidando pessoalmente de cada etapa. Sua casa havia se tornado uma espécie de QG, repleta de ahjummas a auxiliando, e é claro, armazenando desde a louça que seria usada à decoração. E embora o salão escolhido pelo próprio Bang PD não agradasse muito seu senso de estética, faria um esforço, um toque seu e aquele lugar sem graça não seria o...
Cortando sua linha de raciocínio, seu celular começou a tocar e ela atendeu no automático, sem sequer conferir o identificador de chamadas.
— Yeoboseo? — saudou posicionando o celular entre ombro e orelha esquerdos, desocupando as mãos o bastante para checar o invetário.
— Querida, pode vir ao café? Alguém aqui deseja muito vê-la. — seu marido pediu, soando estranhamente apreensivo.
— E quem seria?
— Bem... ér... Jeon Eunha.
...
Alice's Table.
Bujeong-dong, Busajin-gu, Busan.
— Peço perdão por trazer assuntos pessoais ao seu ambiente de trabalho, Park-ssi, acontece que eu não encontrei o endereço pessoal dos Park na lista telefônica. — declarou a mamãe Jeon depois de tomar um gole do café de forma gritantemente elegante. Na verdade, ela por si só já era sinônimo de elegância e altivez - o que não deixava-o exatamente confortável em sua presença.
O senhor Park apenas assentiu nervosamente. A aparição repentina daquela mulher por ali não agradaria em nada sua esposa, não quando ambas já eram inimigas declaradas! Ainda mais quando a mamãe Park estava sobrecarregada de trabalho, não só com o casamento, como com as aulas de yoga e agora então o Chuseok também! Ela andava uma verdadeira bomba relógio.
E então aconteceu o que estava destinado à acontecer: a mamãe Park chegou.
— Oh, Eunseo-ssi. — a Jeon levantou-se para cumprimentá-la com uma amistosidade trabalhada.
— Eunha-ssi. — devolveu a Park sem muito esforço para soar simpática.
Então ambas sentaram-se à mesa de frente uma para outra, completamente sérias, deixando o Sr. Park no meio do fogo cruzado.
— Ao que devemos sua visita? — indagou a mamãe Park depois de um instante de confrontamento silencioso.
— É sobre o casamento.
A tensão instaurada pareceu triplicar. A mamãe Park não sabia exatamente o que esperar à seguir, mas certamente não era aquela dondoca prostrando-se de pé para então curvar-se tão respeitosamente à sua frente.
— Eu gostaria de fazer parte dos preparativos. Por favor, é importante para mim.
Sr. e Sra. Park se entreolharam surpresos e claramente a decisão estava nas mãos de Eunseo, quem respirou fundo massageando a ponte do nariz. Seu próprio genro a confiara esta função, e isso dizia grande coisa sobre Jeon Eunha, quer dizer... Jungkook preferiu recorrer à si que a própria mãe para organizar seu casamento! Mas se bem que ela entendia o lado da outra, era uma etapa importante da vida de seus filhos e fazer parte disso era... essencial.
Por favor não me faça arrependida desta decisão.
— Tudo bem. — concordou por fim, depois de grande consideração. A mamãe Jeon se recompôs no mesmo instante não conseguindo esconder o alívio e alegria. — Mas saiba que boa parte já foi providenciada e... e... estamos bem adiantados.
— Bom... no que se refere à buffet eu posso providenciar, ou até mesmo um salão de festas se for necessário.
— Eu agradeço mas dispen... espere, você disse salão?
— Sim. Temos um salão de festas em especial, A Casa de Vidro, que é diferente dos espaços executivos de dentro do Resort. — explicou enérgica, mostrando que já havia considerado essa opção ela própria há algum tempo. — Ela fica numa pequena ilhota próxima da costa, abrimos ano passado e realizamos eventos grandes lá.
— Bom, podemos considerar...
O papai Park chegou à relaxar na cadeira. Assistir àquelas duas cooperando na prática certamente seria épico, mas por enquanto, só enquanto as idéias ainda estavam sendo discutidas, era finalmente possível ver alguma paz à caminho.
...
BigHit Entertainment
Gangnam-gu, Seoul.
— É isso, vamos dar o que eles querem! — Bang SiHyuk declarou derrotado, largando os papéis sobre a mesa de reuniões.
Os demais produtores presentes também pareciam ter chegado à um consenso, encurralados pelas emissoras e rádios.
— Certo, mas os garotos concordariam com isso? — alguém levantou o questionamento e o chefão analisou o rosto dos ali presentes antes de seu olhar recair sobre Namjoon.
— Você os conhece melhor que qualquer um nesta mesa. Acredita que Jimin e Jungkook estariam dispostos a falarem abertamente sobre o relacionamento deles?
Namjoon estalou a língua considerando a idéia.
— É algo muito íntimo, acho que... acho que vamos precisar do veredito deles. — Bang PD assentiu e pediu ao líder do grupo que ligasse para os rapazes, e assim então em viva voz esperaram todos em silêncio até que no terceiro toque a ligação foi atendida. — Yo, Jimin-ah.
— Hyung? — a voz sonolenta de Jimin respondeu do outro lado da linha seguida de um bocejo.
— Oi, Jiminie. O Jungkook está aí com você?
— O Kookie tem aula presencial hoje, hyung. Ele está no SOPA.
— Oh, entendo. Jimin-ah, estamos no meio de uma reunião agora e precisamos da sua colaboração.
— Claro.
— Estávamos avaliando os scripts de algumas propostas de programas de rádio e de tv, e basicamente todas tem perguntas pessoais dirigidas à vocês dois. Sobre o seu relacionamento.
— Ah... e isso está interferindo nos assuntos do grupo...? — perguntou hesitante, soando levemente culpado.
— Infelizmente sim. Por isso o Bang PD-nim propôs de vocês atenderem à um programa sozinhos, só vocês dois. Para... falar sobre todos esses assuntos mais particulares e ver se isso para com a demanda de perguntas impróprias quando comparecermos em grupo.
— Hm... isso seria... contar detalhes do nosso namoro e... tudo?
— Superficialmente, só o que vocês estiverem confortáveis em compartilhar. Nesses tempos só se fala em casamento e isso... hm... pode atrapalhar as futuras promoções de Wings.
— Certo... eu acredito que o Kookie não se importa se for pelo bem de todos. Desde que a gente possa negociar o script, porque não vou querer responder nada muito... íntimo.
Namjoon buscou o olhar do diretor que assentiu prontamente.
— Isso pode ser arranjado. Então... positivo?
— Positivo. Vamos fazer isso.
Pouco depois encerraram a ligação com um problema prestes à ser solucionado.
— Então, qual emissora contactamos? — uma PD se manifestou, anotando tudo diligente.
— Precisamos de grande alcance então... uma emissora de transmissão aberta. Sugestões?
KBS foi unânime entre os ali presentes.
— Não só o alcance tem que ser grande, o apelo público também... não podemos pô-los em um programa qualquer. — SiHyuk ponderou.
— Que tal "Happy Together"? — Namjoon sugeriu. — Programa de família, em horário nobre e um dos MCs não é ninguém menos que Yoo Jaesuk.
Os demais produtores gostaram bastante da ideia, comentando entre si.
— Soa ousado.
— Podemos fazer isso?
— Alguém tem o contato do produtor do programa?
— Eu tenho um contato mais influente que o do próprio produtor. Eu tenho o número pessoal do Jaesuk-ssi. — o líder declarou despertando a surpresa em muitos ali. — O Tae não é o único bem relacionado desse grupo. — justificou encabulado quando todos os olhares recaíram sobre ele.
— Muito bem então. — retomou Bang PD parecendo muito satisfeito com sua equipe. — Vamos montar o script e lançar a proposta. Namjoon, mande uma mensagem para Yoo Jaesuk, converse com ele, o mais informal e íntimo possível. Queremos que ele acredite que é nossa primeira opção, isso nos dará vantagem quando formos discutir o contrato com a emissora.
...
School of Performing Arts Seoul
Gung-dong, Guro-gu, Seoul.
Se havia algo na vida de Jungkook que passara do amor ao ódio progressivamente, seria certamente sua relação com a escola.
Ainda lembra-se de como passar na audição da SOPA e ser admitido pela mesma foi um dos seus principais objetivos na vida ainda quando chegara em Seoul. Objetivo, é claro, que ele alcançara com sucesso. Mas depois de ter que retardar os estudos em nome de sua carreira e consequentemente ter de se formar um ano mais tarde que o usual, não o deixou muito contente. Não havia mais a companhia dos outros rookies ou mesmo amizades esporádicas - que havia feito com algum esforço - para lhe fazer companhia, todos já haviam se formado, e sentia-se levemente solitário naquele lugar.
Fora, é claro, a perseguição de alguns dos alunos - especialmente a porção feminina do corpo discente. Jungkook não era nem de longe o único idol matriculado naquele colégio, na verdade sequer comparecia com frequência, sendo maior parte de suas aulas à distância - uma flexibilidade de horário concedida apenas à artistas ativos -, mas de alguma forma sempre tinha as atenções sobre si, fosse de maneira positiva ou não. Ainda tinha que lidar com alguns tapados homofóbicos que acreditavam que conseguiam ofendê-lo com palavras rasas e repetitivas.
Embora tivesse acumulado motivos suficientes para passar a desgostar de ir à escola, nada se comparava a ficar afastado da pessoa amada.
Céus, como sentia a falta de Jimin!
Não bastasse todos os outros empecilhos que o impediam de passar as horas do seu dia na companhia de seu gatinho, ainda tinha as tais aulas presenciais do SOPA. Quase não conseguiu deixar a cama àquela manhã tendo Jimin tão aconchegado em si com aqueles lábios petulantes formando um beicinho tão adorável, o cabelo bagunçando apontado para todas as direções e é claro, as pernas desnudas o prendendo nem tão metaforicamente assim à cama. Nem mesmo Gyuri parecia querer deixá-lo ir, passando à chutar desaforada no momento em que o papai movera-se para sair da cama, como se dissesse à Jimin 'Papai, ele vai fugir, faça alguma coisa!'.
Entretanto nem há quilômetros de distância o casal conseguia ficar realmente "separado".
"Ele acha que é pra ele. Cãozinho bobo~"
Era o que dizia a mensagem mais recente que Jimin lhe enviara pelo KKT, logo abaixo de uma foto do próprio segurando um Kigurumi infantil do Stitch com o Pug, Chewbacca, tentando escalar sua perna.
"Talvez ele queira um combinando."
Jungkook mantinha a conversa enquanto debruçava-se sobre a carteira, sorrindo bobo para o celular. Pouco se importava, era horário de recesso e praticamente todos tinham seus celulares à mão, como se fossem extensão do próprio braço.
"Que tédio, vem me salvar!!!"
Pôde imaginar com riqueza de detalhes Jimin rindo e negando ao ler a mensagem dramática.
"Pense positivo, a formatura está próxima ^^"
Inadvertidamente um peso se chocou contra sua carteira o assustando, ao olhar para cima encontrou uma garota se recompondo do que parece ter sido um tropeço bem desajeitado que culminou no pequeno incidente. Ela não lhe era muito familiar, mas como não conhecia a maioria dos colegas de turma não julgou isso exatamente estranho.
— Você está bem? — o Jeon prestou-se à ajudá-la, esquecendo por um momento o aparelho sobre a classe.
— S-sim. Me desculpe. — respondeu ela num fio de voz, tentando esconder o rosto embaraçado atrás da franja escura.
— Não, você não está bem, olha a sua perna!
De fato, seja lá onde esbarrara a canela, havia deixado um corte preocupante na região que já sangrava inclusive. Por um momento Jungkook chegou à ponderar, ela podia ser apenas mais uma garota em busca da sua atenção ou uma fração de intimidade - havia tipos muito estranhos frequentando aquela instituição e que eram capazes de coisas muito drásticas para roubar a atenção -, mas a primeira vista ela pareceu inofensiva e o rapaz sentiria-se culpado se não a ajudasse a chegar até a enfermaria ao menos, que era logo ali naquele mesmo andar. E foi o que ele fez.
Toda a ação chamando a atenção dos poucos presentes na sala, que só esperaram os dois atravessarem a porta para desmanchar em burburinhos.
— Estranho. Você já viu essa garota antes?
— Com certeza não é dessa turma.
— O que ela veio fazer aqui?
— O que você acha? Tem um idol aqui, duh!
Em meio a toda comoção ninguém pareceu perceber o sumiço do celular do idol, que até então deveria estar na mesa, mal escondido dentro do estojo pelo próprio Jungkook.
Do outro lado da cidade naquele mesmo instante Jimin dera-se por vencido e guardara o próprio celular, uma vez que o noivo subitamente parara de responder. O recesso deveria ter acabado já, ou foi o que inferiu.
— Me diz novamente por que estamos limpando a casa no meio da semana, porque eu não compreendi. — Taehyung pediu largando-se preguiçosamente sobre o sofá.
— Um designer vai vir para adaptar o dormitório, torná-lo um lugar relativamente mais seguro para se criar uma criança. — Jimin respondeu enquanto recolhia as roupas sujas largadas à esmo. — Fora que esse lugar tá de cabeça pra baixo já faz semanas!
— Tá, mas ele não vem só depois do feriado? — contestou.
— Tae, não se faça de bobo. Hoje já é véspera de Chuseok, ele vem em apenas três dias. — Jin fez questão de tirá-lo de cima do móvel para aspirá-lo em seguida.
— Por falar nisso, vai mesmo ficar na cidade durante o feriado? — Jimin insistiu ajudando o melhor amigo à se levantar. — Eu e o Kookie vamos para Busan, mas você sabe que está sempre convidado.
— Eu vou ter que ficar, o hyung tem um compromisso importante e eu não quero que ele passe o feriado sozinho. — Taehyung respondeu sem conseguir esconder o carinho no seu timbre, era natural, bastava mencionar Joong Ki e ele passava a agir como uma colegial apaixonada.
— Tudo bem então... Jin-hyung, o convite estende-se à você também caso Anyang ficar muito chata. — Jimin piscou para o vocalista mais velho que riu negando.
— Já entendemos, você está ansioso para ir à Busan!
Jimin sorriu dando de ombros e alçou o cesto de roupas sujas para levá-lo à área de serviço. Porém estava mais pesado que imaginava e isso causou certo desconforto no final da coluna, fazendo-o largar o cesto imediatamente e passar a empurrá-lo pelo piso com o pé pelo resto do percurso. Não podia arriscar uma contusão à essa altura, sua saúde já era assunto delicadíssimo.
Chegando à área de serviço Jimin se pôs a trabalhar, mas enquanto transferia as roupas do cesto para a máquina de lavar teve o pressentimento de estar sendo observado, procurou por cima do ombro para encontrar apenas o cômodo vazio e a janela aberta. E talvez, só talvez, tivesse desenvolvido uma mania de perseguição graças ao hábito mas sentiu a necessidade de fechar aquela janela.
— Acho que estou ficando igual ao Yoongi... — comentou consigo mesmo ao travar a janela.
...
Bibliotéca da Universidade Feminina de Ewha.
Daehyeon-dong, Seodaemun-gu, Seoul.
A Sra. Jung era a responsável pela manutenção e arquivamento dos volumes da biblioteca do campus, assim naturalmente sendo a "guardiã das chaves" de todo o complexo. Nada entrava ou saía daquelas prateleiras sem o seu consentimento, especialmente documentos do arquivo morto.
O que era exatamente o que Minjee buscava.
— Srta. Kwan, bom dia! Não estou minimamente surpresa com a sua visita. — saudou ela ao reconhecer a mesma à frente do balcão. — Embora você não pareça muito bem, o ritmo das aulas está muito acirrado?
De fato, a loira era só resquícios do que um dia fora Kwan Minjee. Com olheiras profundas, cabelos oleosos presos num coque inconsistente e a aparência fatigada, a própria estudante admitia que fazia alguns dias que também não tomava banho. Estivera muito ocupada lidando com sua vida dupla de estudante durante o dia e jornalista investigativa durante a noite.
A moça ofereceu um sorriso fraco à ahjumma e depositou os livros para devolução sobre o balcão. A Sra. Jung puxou sua ficha no sistema e registrou a devolução dos volumes, todos coincidentemente de psicologia e estudo da mente, embora a maioria deles estivesse em outro idioma.
— Japonês, hun? — comentou analisando um dos títulos aleatoriamente antes de pô-los no carrinho de devolução. — A maioria das crianças hoje em dia não preferem inglês?
— Talvez eu seja uma exceção à regra.
— Sei, e seu japonês anda afiado?
— Sōda to ī.
Jung arqueou as sobrancelhas surpresa. A professora então levantou a portinhola que separava o balcão do salão e pôs-se a empurrar o carrinho de devolução em direção às estantes, Minjee não demorou à juntar-se à seu encalço.
— Professora Jung, preciso de um jornal. — pediu enquanto a mesma reposiciona o primeiro livro de volta ao seu devido lugar, como se soubesse exatamente onde fosse. Talvez a mulher de idade avançada ainda tivesse uma boa memória mesmo.
— E por que procurar aqui e não na internet?
— A publicação que eu procuro não possui cópias digitalizadas, infelizmente. E há pouquíssimos lugares onde ainda há cópias físicas, a maioria foi delas foram... destruídas e tiradas de circulação. — explicou um tanto frustrada, nem mesmo a editora daquele jornal tinha o arquivo original, pois foram processados e tiveram que apagar tudo. — E como o museu da cidade não permite que ninguém acesse esses arquivos, a senhora é minha ultima esperança.
— Curioso. E o que seria?
— Uma página policial de 22 de Abril de 2012 do jornal Niigata.
— Isso é bem específico. — comentou banalmente agachando-se para devolver mais um volume. — Imagino que precise então do acesso para o porão.
— Por favor, Sra. Jung.
A bibliotecária voltou então a endireitar-se e voltou-se para ela.
— Eu empresto o jornal, é claro, mas tente não se deixar ser consumida pela sua fome de conhecimento. Você passa horas aqui dentro já faz semanas, isto não é saudável. Seja o que for que busque, não ponha isso na frente da sua saúde, Minjee-ah. Pode não acabar bem.
...
Dormitório do BTS.
Apugjeong-dong, Gangnam-gu, Seoul.
Final do dia.
— As malas já estão prontas? — Jungkook perguntou surpreso ao abrir o closet e encontrar a bagagem de ambos ajeitadas ali no canto.
— Eu as fiz hoje cedo, depois que o Joonie hyung me acordou por conta do script que eu mencionei… sabe, não quero imprevistos para amanhã. — respondeu aconchegando-se na cama depois de um dia exaustivo no orfanato e então limpando a casa. — Vem cá.
Jungkook se desfez da toalha molhada que até então tinha amarrada na cintura e foi nu mesmo até a cama, se juntando ao amado sob as cobertas.
— Seu cabelo ainda está molhado, quer pegar um resfriado? — Jimin o repreendeu com a voz pesada de sono, afagando os fios ainda úmidos depois do trabalho meia boca que Jungkook fez com o secador.
— Hm... E me diz, como foi o seu dia? — perguntou puxando-o para os seus braços e aspirando o cheirinho de talco que a pele do mais velho emanava. Aprovou bastante os produtos da linha de higiêne e cuidados com a pele para gestantes que o noivo resolveu usar.
— O berçário tá vazio... não tem mais bebês para eu cuidar... adotaram todos. Haneul foi o último. — repassou fazendo beicinho, os olhos já teimando em fechar-sem. — Aí eu... eu... — foi interrompido por um bocejo que fez o maknae sorrir devido tamanha fofura. — Eu cuidei dos grandinhos... eles queriam que eu os trouxesse pra passar o Chuseok comigo e eu me senti muito mal por não poder.
— Sinto muito, pequeno.
— Eu vou levar Songpyeons pra eles quando eu voltar. Songpyeons da mamãe. — ao final da sentença Jimin já estava num estado de pré sono, não exatamente acordo e ainda assim também não estava dormindo, tentou perguntar à Jungkook sobre o dia dele mas não conseguiu ficar acordado o bastante para saber o quão o noivo estava cansado e que por algum motivo não conseguia encontrar seu celular.
Jungkook também já cedia ao sono aos pouquinhos, ele afundou o rosto na curva do pescoço de Jimin e foi se entregando ao sono, ninado pelo som dos batimentos do menor somado ao seu cheirinho gostoso e corpo quentinho.
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