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História Gyeoul Seuta - "Kangaroo Care"


Escrita por: TheCrown

Notas do Autor


A fic já foi repostada faz uns dois dias eu acho, mas imagino que a msg só tenha chegado para vocês agora por conta da atualização do capítulo (eu estive editando os outros juntamente com todas as capas novas, perdão). Então...

Oi, sentiram saudades?

Capítulo 58 - "Kangaroo Care"


Fanfic / Fanfiction Gyeoul Seuta - "Kangaroo Care"

 

"Depois de considerados o grau do ato criminoso, os agravantes e histórico reincidente, como também o resultado da avaliação psicológica, o Júri chegou ao veredito de que a réu é culpada da acusação de direção perigosa com agravamento por evasão do local do acidente. Contudo, a mesma apresenta um nível grave de Psicopatia e Transtorno Delirante que a tornam um caso especial. O Júri então determina que Mizuki Manami é mentalmente instável e potencialmente perigosa, portanto deve ser reabilitada em instituição de médio grau de periculosidade para saúde mental."

 


 

Tokyo Metropolitan Matsuzawa Hospital.

Kamikitazawa, Setagaya-ku, Tokyo, Japão.




 

Presa num manicômio. Este seria o seu fim.

 

Como Momo mesmo havia avisado, não houve respaldo nenhum da família, e até mesmo o advogado em sua defesa foi cedido pelo Estado – embora não tenha sido de grande ajuda uma vez que não conseguiu fazê-la ser absolvida. Entretanto ainda estava surpresa com o veredito, afinal um presídio era uma coisa, um hospital psiquiátrico era outra bem diferente, em sua mente nem chegava à ser uma punição. Sua sentença de "reabilitação psicológica" praticamente justificava todos os seus crimes, a isentava da culpa; e, quem sabe com algum tempo de "progresso" nas avaliações psicológicas, conseguiria ser solta e facilmente reintegrada à sociedade – diferente de um presídio, seria muito mais fácil se livrar. A própria Manami sabia que estava mentalmente estável o bastante cumprir a pena em regime fechado normal, não entendia o que os levaram à pensar que era demente, mas saiu ganhando de qualquer forma.

 

 E, somado à isso, o fato de ter sido extraditada somente a beneficiou pois a investigação sobre seus crimes na Coréia não pôde ser concluída e assim sendo, seu único crime confirmado foi ter causado o acidente.

 

Logo que desceu – algemada – do carro da prefeitura no pátio do hospital psiquiátrico, foi realocada numa cadeira de rodas e teve punhos e tornozelos presos à esta, desnecessariamente apertados. Evitou soltar uma palavra sequer de injúria ao enfermeiro parrudo que fez sua transição e a guiou pelos corredores assépticos da instituição; fez muitas curvas e se viu em cenários vertiginosamente semelhantes até ser deixada num laboratório na companhia de uma mulher mais velha que se apresentou como psiquiátra.

 

— O que vem agora, minha festa de boas-vindas? — satirizou Manami, assistindo a mesma preparar uma seringa na mesa ao lado. A médica a encarou pelo canto do olho mas não respondeu.

 

Antes que a porta fosse aberta, passos podiam ser ouvidos se aproximando pelo corredor de onde viera, e a jovem chegou a pensar que se tratava do enfermeiro retornando. E em parte ela estava certa, o mesmo enfermeiro abriu a porta, apenas para posicionar-se ao lado do batente e dar passagem para uma segunda silhueta entrar. Uma muito mais esguia e elegante.

 

Frio correu a espinha de Manami ao reconher a figura altiva parada à poucos passos de si.

 

— Otou-sama.

 

Seu pai lhe sorriu cínico, enfiando as mãos no bolso da calça social e a analisando de cima abaixo, parecendo muito satisfeito com o que encontrou.

 

— Você combina com uma cadeira de rodas muito mais que sua irmã. — comentou venenoso, apenas pelo prazer de assistir o olhar da jovem se enfurecer enquanto ela tentava manter-se estoica. — Imagino que esteja se questionando por que não foi condenada à cumprir pena numa cadeia como você bem merecia... acontece que o promotor presente em seu julgamento é um velho amigo meu, e estava me devendo um pequeno favor. Ele mexeu uns pauzinhos, molhou a mão de uma psicóloga ali... deu uma "iluminada" na mente dos júris presentes e conseguiu fazer com que a trouxessem para cá. Um hospício. Onde eu particularmente acredito que você se encaixe melhor.

 

Manami franziu o cenho, desconfiada. Por que ele se daria o trabalho de mudar sua sentença? Se quisesse sua absolvição ou coisa parecida teria contratado uma equipe de defesa e talvez até subornado o próprio juiz. Aquilo não fazia sentido.

 

— Por que aqui? — manifestou coragem suficiente para questionar.

 

— E por que não? Veja bem, assim facilita as coisas para mim. Querendo ou não as pessoas ainda lembram de você, e ter uma filha internada num manicômio me soa menos escandaloso que de fato num presídio. — Daichi deu de ombros, racionalizando como se fosse óbvio. Mas Manami ainda estava incerta, ele parecia particularmente realizado. Bordando um sorriso maldoso que alcançava seus olhos, daqueles que diriga à ela antes de... discipliná-la.

 

Manami aprendeu a temer aquele olhar.

 

— Eu devia ter feito isso há muitos anos, teria me poupado o dinheiro e o tempo que já gastei em vão com você. — declarou contemplativo. — Levou algum tempo para eu perceber, mas mandar você para longe, tentar discipliná-la, não foi a escolha mais sábia. Você é o tipo de pessoa que preciso vigiar de perto, por isso decidi... incapacitá-la, minha querida. Assim eu sei que você não vai à lugar algum.

 

— O-o que isso quer dizer?

 

Seu pai e a médica trocaram um breve olhar cúmplice antes dele continuar.

 

— Quer dizer que a Dra. Shinoda aqui vai garantir que você seja medicada continuamente, todos os dias, por muito, muito tempo, para mantê-la quieta e passiva. Para que você, querida filha, fique completamente inérte todas as horas do dia, incapaz de deixar essa cadeira de rodas, de ver direito, de ouvir direito, de mesmo pensar...! Ela vai garantir pessoalmente que você nunca mais consiga erguer sequer um lápis, de tão dopada que vai estar. Pois se tem uma coisa que eu suporto menos que você, é essa sua maldita mente conturbada.

 

Manami então virou de súbito para a mulher que se aproximava com a seringa pronta, finalmente entendendo o significado daquilo tudo. Tentou gritar e relutar, mas estava completamente presa à bendita cadeira de rodas. O enfermeiro parou atrás de sua cadeira e imobilizou sua cabeça para a doutora enfim enfiar a agulha direto em seu pescoço, injetando uma droga potente em sua corrente sanguínea. Seu estado de breve adrenalina começou à se dissipar muito rapidamente, a deixando letárgica aos poucos, fazendo-a perder a força nos  membros. Os dedos das mãos e dos pés formigaram alucinantemente e seus sentidos começaram a anestesiar, a mente nublou e em poucos segundos não sentia nem mais a pressão das tiras de couro presas aos pulsos e tornozelos. Letárgica e anestesiada, a jovem não tinha forças para sequer mover o pescoço, quanto menos relutar.

 

— Divirta-se vivendo o resto dos seus dias como um vegetal, Manami-chan.

 

E então, prendendo-se ao que ainda lhe restara de lucidez, Manami realizou com pavor que aquele era, de fato, o seu fim. E seria longo e tortuoso.

 

...

 

Hospital St Mary de Seoul.

Banpo 4(sa)-dong, Gangnam-gu, Seoul.

 

 

Jimin já completava uma semana de internação, e nesse tempo preferiu ficar longe dos meios de comunicação, não queria ver as notícias que sabia que estavam circulando sobre ele, sobre o acidente e enfim, tudo que se passava lá fora. O mundo externo podia esperar.

 

Durante esses dias recebeu visitas intercaladas de seus amigos, desde os meninos do grupo mesmo até do seu Sunbae, Lee Taemin, por quem tinha grande apreço. Desnecessário ressaltar que, tirando as horas que passava dopado em recuperação no seu leito, o Park praticamente vivia no berçário. Vigiando de perto a filha. Jungkook era outro que não deixava o hospital, e precisava ser enxotado de lá pelo próprio esposo às vezes para voltar para casa, comer bem e dormir confortável por umas horas antes de voltar. Como aconteceu aquele dia.

 

Não chora que assim você parte meu coração, meu anjo. — choramingou Jimin já com os olhos marejados só de assistir a pequena derramar lágrimas silenciosas e relutar nos braços da enfermeira que, sob as instruções da Dra. Choi, a realocava sobre a balança. Gyuri respirava mais ruidosamente contra o tubo, por conta de sua agitação.

 

A moça checou a pesagem da pequena sem se abater com as lamúrias da mesma, e anotou o resultado antes de se voltar para a loira.

 

— Um quilo trezentos e cinquenta. — ela informou. Isso era cem gramas à mais do peso inicial de Gyuri, um avanço.

 

Sora assentiu parecendo contemplativa antes de se posicionar ao lado da balança. Ela observou Gyuri em silêncio por um tempo antes de ter um lampejo criativo.

 

— Tive uma idéia e acho que vai gostar, Jimin-ah. — ela se manifestou surpreendo o outro que assistia de perto em pé, este que só usava-se da cadeira de rodas porque ainda achava muito dificultoso fazer o percurso do vigésimo andar até o berçário no térreo andando, mas dispensava o facilitador assim que entrava no berçário. — Existe um procedimento chamado "Kangaroo Care" que ajuda recém nascidos à se desenvolverem mais rápido. Ele consiste em segurar a criança no colo, contra o peito, e deixar ela ressonar ali por algumas horas. Foi comprovado que é muito efetivo.

 

— Só isso? Eu só preciso segurá-la? — engoliu em seco, ansioso. Pois não haviam permitido-o fazer isso ainda.

 

— Sim. Bem simples, não é?

 

— S-sim. Quando podemos fazer isso?

 

— Agora mesmo. Sente-se de volta na cadeira, vamos prepará-lo para receber a Gyuri.

 

Jimin ficou imediatamente agitado e fez como o instruído, voltando à sentar-se na cadeira, ajeitando o roupão no processo. Sora foi até ele, afastou a parte superior do roupão, abriu alguns botões do seu pijama hospitalar e pediu que ele recostasse à espalda da cadeira, e Jimin o fez. No instante seguinte ela pegava agilmente Gyuri nos braços, ainda com o tubo respiratório e sensores no peito presos à ela, vestindo nada mais que sua fraldinha descartável, e a trazia em sua direção. Jimin sorriu nervoso, quase trêmulo, mas mantêve-se imóvel. O corpinho miudinho da filha foi ajeitado contra o seu peito e ele foi instruído à reclinar-se bem para trás e apoiar uma mão em seu bumbum e a outra nas costas, deitando a cabecinha da pequena para o lado. A bebê aquietou-se tão rápido ali que pareceu reconhecer o colo do pai e, ainda sem forças para mexer o pescoço, ela apenas procurava-o com seus olhinhos ímpares curiosos. A doutora então colocou uma mantinha sobre a bebê e estava pronto. O Kangaroo Care.

 

— Perfeito, assim ela consegue estabilizar melhor a temperatura corporal e ainda os batimentos. Se tivermos progresso assim, em breve poderemos retirar o tubo respiratório e ela vai poder ser alimentada por leite.

 

Jimin sorriu feliz com a boa notícia, e ficou ali enamorando seu fetinho. Pouco conseguia ver de seu rostinho naquela posição, mas só de poder sentir seu calor e seu peso contra o peito, sentir seu coraçãozinho bater no mesmo ritmo que o seu, era o bastante para deixá-lo emocionado.

 

— Quer que eu tire uma foto? — Sora sugeriu.

 

— Sim, sim, por favor!

 

Depois de rapidamente bater uma foto com o celular do próprio Jimin, Sora e a enfermeira deixaram-no só em seu momento de intimidade. O Park quase chorou emocionado, era tão bom finalmente poder segurá-lo no colo! Sua menininha era tão calminha, ela pouco movia-se, o papai ficou até surpreso quando sentiu o leve toque da pequena dedilhando seu colo, e então com cuidado levou a mão que apoiava suas costas para tocar os dedinhos curiosos de Gyuri, tão delicados e com a pelezinha tão fininha. Declarou sua derrota e entregou-se às lágrimas quando sentiu a mãozinha se fechar delicadamente em torno de seu indicador, malmente conseguindo fazer uma volta em seu dedo gordinho.

 

Jimin foi então inundado de amor, e orgulho também. Estava tão orgulhoso de tê-la trazido ao mundo. Sua pequena preciosidade ali em seus braços, sendo especial só por existir. Era tão intenso o que sentia, tão inédito, conseguia ser mais puro até mesmo do que sentia por Jungkook, e isso era dizer muita coisa afinal amava aquele garoto com todo seu coração! E sentia também uma necessidade absurda de protegê-la, como se de repente o mundo tivesse se tornado um lugar terrivelmente mais perigoso.

 

Não sabia exatamente como categorizar, mas devia chegar bem perto do que conhecia por "amor de mãe".

 

Papai ama tanto você. — declarou num sussurro, quase como se compartilhasse um segredo com a pequena Gyuri.

 

Jungkook ficaria bobo quando soubesse da novidade, pois mesmo que tentasse não demonstrar, estava ansiosíssimo para segurar a filha nos braços também.

 

...

 

Já na terceira pesagem de Gyuri, Jungkook esteve presente. E o progresso até esse momento foi tão rápido que a menina já não carecia mais do tubo respiratório, ela já era capaz de puxar o ar para os pulmões sozinha! O procedimento do Kangaroo Care esteve realmente sido efeito nos últimos dias, para gosto de Jimin que ainda ficava todo emotivo com o contato físico.

 

— Isso vai doer? — o Jeon perguntou angustiado assistindo a Dra. Choi abrir a incubadora.

 

— Pelo visto mais em você do que nela. — brincou a doutora assistindo o rapaz quase arrancando os cabelos de nervosismo. — Fique tranquilo, é um processo rápido e indolor. E Gyuri é uma moça muito calminha, o que facilita meu trabalho aqui.

 

Dito isso ela levou suas mãos enluvadas para o rostinho da bebê e primeiro retirou o Micropore que colava os tubinhos ao seu rosto, então passou à puxar os ditos tubinhos com delicadeza para fora das vias aéreas. Gyuri resmungou e fez cara feia, mas a retirada foi rápida e um sucesso, e arrancou no máximo um espirro da bebezinha. Desnecessário dizer que o casal amoleceu assistindo a cena mais que adorável da pequena espirrando.

 

— Viu? Prontinho. — a doutora declarou afastando a parafernalha então desnecessária e desligou o aparelho.

 

— O que muda agora? — Jimin quis saber.

 

— Bom, Gyuri passa agora à ser amamentada por sonda, aquela que eu lhe mostrei. — respondeu contemplativa ao se livrar das luvas descartáveis. — Você por acaso teria a bolsa de fraldas contigo?

 

— Sim, está no quarto.

 

— Ótimo, pode vesti-la agora com uma roupinha mais quente e confortável, cobri-la com uma mantinha dela própria também. — sugeriu levando novamente as mãos para dentro da incubadora e alçando com todo o cuidado do mundo a pequena Gyuri. Os papais ansiosos assistiram a filha ser novamente colocada sobre a balança, para então sem demora o resultado surgir no mostrador digital. — Um quilo e quinhentos. — determinou Sora.

 

— Nossa, não se passaram nem duas semanas e parece que eu já perdi um mês do crescimento dela. — Jungkook comentou mesmerizado com o progressoo rápido da filha. — Parece que foi ontem que ela tinha o comprimento da minha palma praticamente!

 

A doutora assentiu condenscendente antes de se voltar para a enfermeira e instruí-la à lhe alcançar uma encomenda em sua mesa no observatório do berçário.

 

— Gostaria de tentar segurá-la também, Jungkook-ah?

 

O maknae foi pego de surpresa e ainda se voltou para Jimin como se pedisse por consentimento, o Park então lhe sorriu encorajador. Subitamente Jungkook sentiu as mãos suarem e precisou esfregá-las contra os jeans rapidamente, em nervosismo.

 

— Sim, por favor.

 

— Se aproxime, eu vou ensiná-lo como segurá-la. — a doutora instruiu e o papai de primeira viagem foi até ela, parando ao lado da balança, e fitou o pequeno serzinho ali deitado o encarando de volta em curiosidade. — Ela estando deitada de dorso facilita para você. Agora vamos, passe as mãos por baixo de seu tronco, uma mão sob a cabecinha e a outra sob a fralda. Pode levantar ela.

 

Seguindo fielmente as instruções da médica, Jungkook conseguiu alçar a pequena em suas mãos pela primeiríssima vez. Ela era tão leve quanto esperava, e foi fácil equilibrá-la e suas palmas. Com cuidado e uma mãozinha da Dra. Choi, conseguiu trazê-la para recostar contra o seu peito, e então cobri-la com uma mantinha.

 

— Vai ficar com torcicolo assim. — Jimin riu-se parando ao seu lado e afagando seu cabelo ali na nuca, e o Jeon se deu conta então do quão estava rígido e tenso, com med­­o de derrubar a recém nascida. Relaxou um pouco sob o toque, permitindo-se sorrir também contente com a filhota nos braços. Gyuri já estava visivelmente cansada, pronta para dar o dia por encerrado, e seu rostinho cansado e a forma como lutava contra o sono era absolutamente adorável.

 

A enfermeira retornou naquele momento para o berçário e entregou uma caixinha da papelão para a médica, para então retornar ao observatório. Sora não demorou-se à repassar o pacote lacrado para as mãos de Jimin, que a fitou de forma confusa.

 

— O que é isso, Noona?

 

— O apetrecho do qual eu lhe falei para tirar e armazenar o leite do peito. Abra-o longe de olhos curiosos. — explicou a médica encorajando-o à guardar o pacote. — Leve para o seu quarto esta noite, extraía o suficiente para encher os três recipientes e reserve no frigobar. Amanhã mesmo você usará esse leite para alimentá-la por meio da sonda.

 

— Oh, certo. Mas... Noona, ela vai passar a noite sem se alimentar? — quis saber preocupado, lançando um breve olhar para a filha no colo de um Jungkook abobado, ninando-a do outro lado do berçário.

 

— Ela já tomou a última dose de nutrientes intravenosos por hoje. Vai dormir por umas boas horas.

 

Jimin assentiu aliviado.

 

Agora era com ele, finalmente colocaria para bom uso o leite que vinha sobrando de suas mamas. Já estava ficando frustrado de tanto que estava minando nos últimos dias.

 

...

 

— Você leu as instruções, Jagi? — Jungkook perguntou adentrando o banheiro do quarto, munido do pequeno manual que veio com o apetrecho. — Aqui diz que você vai praticamente ser ordenhado. — riu-se tirando os olhos do pedaço de papel para então procurar pelo esposo, bem à tempo de detectar e desviar de uma esponja voadora lançada em sua direção.

 

— Ya! Tá insinuando que eu sou o quê?!

 

O Jeon gargalhou às custas do menor, tentando desviar dos esguichos de água que este lhe lançava à torto, ensopando o banheiro no processo. E em meio à sua pequena batalha e farpas sem real rancor trocadas, Jungkook foi diminuindo o espaço entre eles até encurralar um Jimin na defensiva contra a parede do box, prendendo-o ali com seu próprio corpo. O loiro espalmava seu peito sem fazer muita questão de realmente afastá-lo, a risada decrescendo até um silêncio confortável se instalar entre ambos. Sob o jato de água quente os amantes se encaravam em afeto, íntimos.

 

— Molhou sua roupa. — comentou Jimin num sibilar, levando suas mãos do tecido da camisa ensopada para a nuca do maior, enroscando-se ali e propositalmente puxando-o para baixo até que seus rostos ficassem à um sopro de distância.

 

— Talvez eu devesse tirá-la então. — respondeu sugestivo o maknae ao enlaçar sua cintura, roçando carinhosamente seus narizes. — Aí a gente toma banho juntinhos. Peladinhos de preferência. E vê no que dá.

 

— Como nos velhos tempos?

 

— Como nos velhos tempos.

 

Riram cúmplices, coladinhos ali debaixo do chuveiro como os dois bobos apaixonados que eram.

 

— Sabe, essa frase de efeito vai fazer mais sentindo quando ficarmos velhinhos.

 

— Isso é um bom sinal. — Jimin pontuou alegre. — Significa que vamos continuar fazendo amor mesmo na melhor idade.

 

Surpreso, mas de certa forma tocado com o pensamento do amado, restou ao Jeon rir negando.

 

— Você não existe, meu amor! — declarou segundos antes de tomar os lábios cheinhos do outro para si.

 

Quando começavam a ficar libertinos demais, a porta do quarto foi aberta para instantes depois uma enfermeira chamar pelo seu paciente. Lembrando-os outra vez que não estavam de férias em nenhum hotel cinco estrelas. Riram derrotados um para o outro e com algum custo Jungkook libertou o amado, para que ele pudesse enrolar-se no roupão e deixar o cômodo, fechando a porta em sua saída.

 

— Ah, hyung! Você tem idéia do quanto eu te amo? — sibilou para o vento, com um sorriso bobo nos lábios.

 

...

 

Uma vez que já estava com as próprias roupas molhadas e debaixo do chuveiro, Jungkook resolveu tomar um banho para evitar ficar resfriado e retornou ao quarto logo depois, enrolado apenas num roupão e usando-se de uma toalha pequena para secar os cabelos – o qual não estava nem nos seus planos lavar ainda. Encontrou Jimin sentado na beirada da cama com a parte superior do próprio roupão de banho aberto, checando a cicatriz que a cesariana deixou.

 

— Dói?

 

O loiro levantou o olhar buscando o marido, notando logo como seu rosto estava crispado em agonia ao encarar seu ferimento.

 

— Não dói, mas ainda sinto um... um certo desconforto. Eu sinto ele aqui, por assim dizer. — deu de ombros simples, voltando a observar seu baixo abdominal. — Bem, vai deixar uma marca sutíl. Se alguém perguntar, foi por conta do acidente.

 

Jungkook assentiu aproximando-se da cama e se colocando entre suas pernas, tocando de forma experimental o vergão vermelho que estendia-se pela pele do Park, não necessitando mais de curativos.

 

— Ninguém me disse como meu corpo ficaria depois. — lamentou Jimin, murchando um pouco ao apalpar a barriga um tanto inchada. — Ficou feio... gordinho.

 

Compadecido, Jungkook levou ambas as mãos ao rosto do menor e depositou um beijo longo em sua testa.

 

— Acreditaria se eu disse que ainda acho você lindo assim?

 

— Acredito. — Jimin riu soprado. — Você vê beleza onde ninguém mais vê, Kookie. Especialmente em mim. Mas não se preocupe, eu estou bem, eu sei que logo muda de volta. Vou respeitar o tempo do meu próprio corpo e quem sabe voltar à academia daqui alguns meses. — racionalizou maduro, erguendo o rosto para exibir um olhar confiante ao marido. Jungkook sorriu aliviado com isso.

 

Jimin estava tão feliz que nem mesmo suas desavenças com a própria aparência conseguiam alcançá-lo. Não quis pensar muito sobre aqueles quilinhos à mais, estava mais preocupado com os quilinhos à mais que a filhota teria de ganhar para deixar logo aquele hospital.

 

— Ah! A enfermeira trouxe novidades. — anunciou quebrando o breve silêncio contemplativo de ambos. — Estou liberado. Posso ir embora para casa se quiser.

 

— Sério?

 

— É, mas não pretendo ter minha própria alta assinada até liberarem nossa filha. Por isso decidi estender minha estadia aqui.

 

— Imaginei que faria isso. Fora que também levantaria suspeitas nós continuarmos voltando aqui depois de você ser liberado. — Jungkook ponderou contemplativo. — É uma boa idéia, Jagi.

 

— Uhum... e sabe qual a melhor parte? — sorriu sapeca. — Claro, tirando o fato de que poderemos continuar perto da nossa filha...

 

— O que é?

 

— Minha recuperação assistida acabou. O que significa... sem mais enfermeiros, medicamentos ou visitas ao meu quarto, à menos que eu chame. — respondeu sugestivo e Jungkook finalmente se deu conta.

 

Sem mais interrupções.

 

— Hm... e o que você planeja fazer com toda essa liberdade, Sr. Jeon-Park? — o maknae entrou na brincadeira, correndo os dedos longos e finos pelas coxas cobertas do menor com um meio sorriso lascivo.

 

Jimin fez sinal com o dedo para quele se aproximasse e Jungkook então abaixou-se à altura de seu rosto, permitindo que o loiro aproximasse perigosamente os lábios de sua orelha como se estivesse para lhe compartilhar um segredo.

 

— Fazer amor com você... bem aqui... nessa cama.

 



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