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História Half Bad (HIATO) - Meio reunidos.


Escrita por: Infinie

Notas do Autor


Olá, sobreviventes!
Este é um daqueles capítulos que eu escrevo e realmente fico satisfeita.
Espero que gostem.
Boa leitura!

Capítulo 13 - Meio reunidos.


POV Harley

O pior é a comida.

É bem cedo e eu estou fitando uma massa pastosa de meleca sem cor acoplada num pedaço de cartilagem vinda de não sei de onde, a coisa toda colada em chumaços pegajosos feito uma espécie de ninho de carne sem graça. Cutuco aquilo e estremeço. Por que raios fui misturar tanta coisa pra comer?

-Conseguiu dormir à noite?- Merle pergunta atrás de mim, assustando-me .

-Um pouco.

-Você não tá comendo.

-O que, isso aqui? – Mexo no conteúdo da vasilha de novo e dou de ombros- No final das contas não tô com fome. Acha que a comida vai melhorar algum dia?

-Fedelha, a gente vai ter sorte se não for parar na barriga daqueles carinhas ali fora. Sabe, já estamos no menu.

Empurro aquela gororoba para o lado e dou espaço para Merle se sentar comigo na escada. Ele o faz e fica em silencio, milagrosamente.

Como havia dito a ele, dormi muito pouco essa noite. Em partes porque Daryl teve de ficar de vigia, mas também porque não consigo parar de pensar no que está para acontecer no dia de hoje: o tão temido encontro entre Rick e o Governador.

Andrea foi quem planejou isso tudo. É claro que ambos os líderes ficaram relutantes em aceitarem se encontrar, e eu fico pensando se isso vai dar em alguma coisa além de pizza.

-Tá fedendo. Para com isso.- Ouço a voz de Merle e me desperto para a realidade.

-O que? - pergunto, um pouco atordoada.

-Você pensando.

Reviro os olhos e dou um soco no seu braço.

-Já convenceu Daryl e Rick a deixarem você ir com eles? – Merle pergunta e eu me surpreendo.

-Como...

-Como eu sei que você está louca para ir? – pergunta e em balanço a cabeça afirmativamente. – Eu te conheço e sei que você está com medo.

-Mentiroso, você está escondendo a sua bola de cristal que eu sei.

Ele ri e também me dá um soquinho no braço. Rio fracamente e logo já estou séria de novo.

- Vai ser dureza convencer o Daryl. – digo e solto um suspiro derrotado.

-Você pode começar a tentar, agora. Boa sorte.

Estranho sua mudança abrupta de humor e olho para ele sem entender.

-Convencer o Daryl do que?

Dou um pulo no lugar como se alguém tivesse espetado a minha bunda. A voz de Daryl me assusta, mas eu rapidamente me recomponho e lanço lhe um sorriso amarelo.

-Como está meu saco de loucuras favorito?- pergunto, e ele ergue uma sobrancelha.

- Por que está fazendo perguntas para você mesma?- ele me devolve uma pergunta ao se aproximar de mim.

-Eu não sou louca. Você que é bem doido, sabia?

-Eu?Doido?E por quê?

-Só pode ser doido para querer ir sozinho com o Rick nessa festinha particular – respondo com desdém. O jogo começou.

Daryl emite um som anasalado, também em desdém, e se escora, despojado, na grade ao meu lado.

-Tá bom. E quem você sugere que vá com a gente? –pergunta, enquanto acende um cigarro.

- Sei lá, alguém esperto, confiante... Ah, e que atire bem, que sabe enfrentar as coisas de frente e...

-Voce não vai. – Ele solta uma baforada de fumaça junto dessa blasfêmia,  e eu me espanto, de novo.

- Que diabos, Daryl?

-Você é previsível, Harley.

Que insulto! Vou ter que pegar pesado. Olho para os lados e vejo se vem vindo alguém. Ninguém da prisão sabe desse meu ... romance, sei lá,  com Daryl. Fico com receio deles não acharem certo o que estamos fazendo, principalmente Hershel.

Levanto-me da escada e o agarro pela parte da frente do colete. Ele repete os meus movimentos de antes e espia o local. Vê que não tem sinal de alguém e se inclina na minha direção, retirando o cigarro dos lábios. Confisco o cigarro de seus dedos e dou uma tragada, depois ergo o pescoço e solto a baforada para cima, esfregando-me leve propositalmente.

-O que foi que você bebeu? –Pergunta, subitamente.

Meu rosto está queimando de vergonha por ter feito essa cena e eu me afasto.

- Eu não sei. Acho que aquela comida estava estragada. –Dou outra tragada no cigarro e faço uma careta.- Puta que pariu, mas essa porra é muito ruim. Não tinha uma marca melhorzinha não?

-Me dá isso aqui. – Ele avança com rapidez na minha direção e rouba o cigarro de mim.- Desde quando você fuma?

-Não importa. Mas então, voltando ao nosso assunto anterior....

-Não.

-Mas...

-Não temos tempo pra isso, Harley. – Ele diz, já com a cara fechada.

-Mas...

-Também não temos tempo para isso. Agora eu tenho que ir.

-Toma cuidado!

Daryl se afasta alguns metros e eu fico lá com cara de idiota. Mas eu corro em sua direção e o puxo pelos ombros, virando-o para mim. Roubo um beijo seu, ficando na ponta dos pés, e puxo seus cabelos, o que faz com que sua respiração se altere. Aí eu o solto de uma vez, ele fica atordoado e eu saio dali rapidamente, deixando-o para trás.

Vou até a cela de Maggie e Glenn (o casal que até agora não tinha se resolvido) e pego as minhas armas que tinha escondido  com a ajuda da minha amiga Greene. Espero Daryl passar por ali em direção ao andar de cima e mando um joinha para a morena sentada na cama.

-E aí? – Ela pergunta.

Abro a mesma mão que mandei aquele sinal para ela e revelo a chave do carro que Rick iria. Roubei de Daryl quando me aproveitava dos seus lábios sedutores.

-Você sabe que eles podem fazer ligação direta, não é? – Balanço a cabeça afirmativamente- E que nós temos outro carro, não é?

-Sim... e sim. Mas, primeiro: eles vão ter que me tirar do carro para poderem fazer ligação direta, e eu garanto que isso não vai ser fácil. E segundo: Rick não vai querer ir com a caminhonete, eu tenho certeza.- Digo e vou até o portão da cela para ver se tinha sinal de alguém.- Eu sei que esse plano é uma merda, mas eu só tenho planos merdas, então não vai fazer muita diferença. Agora eu tenho que ir , antes que a nossa conversa mele tudo. Tchau.

Não escuto sua resposta e vou ligeira até o pátio. Abro a porta do carro com rapidez e subo no banco do motorista. Agora é só esperar aqueles dois.  

Eles não se demoram, e quando Rick abre a porta para entrar, eu o surpreendo com a minha presença ilustre escorada no volante e rodando a chave nos dedos.

-Bom dia!- digo sorrindo, travessa.

-Harley? – Ele leva um susto e se afasta um pouco.- O que está fazendo aqui?

-Ah, achei que o nosso queridíssimo líder iria gostar de uma motorista particular para leva-lo ao terrível encontro com o Governador. – Jogo uma mecha de cabelo por cima do ombro e me ajeito no assento, segurando o volante- E então? Vai demorar muito?

-O que essa maluca tá fazendo ali? – Ouço a voz de Daryl se aproximando e solto um suspiro exasperado. Quando ele chega ao lado do carro, no entanto, eu sorrio para ele , como se não fosse nada saber que ele poderia me enxotar dali pelos cabelos ( Apesar de que se ele tocasse em mim iria ganhar uma mordida bem dada na mão)

-Bom dia, querido. Como foi a noite de vigia? – pergunto, cínica, e quando ele abre a boca para me expurgar para o inferno,  eu o interrompo- Ah, bem que eu adoraria saber como foi. Mas sabe com é, né, o tempo é o senhor de tudo! E ele corre, corre veloz. O governador não iria ficar muito contente se atrasássemos para o encontro.

Encaro com diversão as expressões de espanto de Rick e Daryl e solto um risinho.

-Harley, por que quer ir conosco? –Rick pergunta e eu fico irritada com o fato de ele não enxergar o óbvio.

-Por que raios vocês acham que é melhor irem sozinhos, hein?- Pergunto, já dando indícios da minha exasperação.

-Bom, se esse for o problema, o Hershel pode ir. Ou Glenn.– Ele me responde e eu levanto a mão para o céu, rezando à todos os santos que me deem força para não socar o painel do carro e foder com a minha mão.

-É claro. É ótimo deixar o Hershel, alguém que está bem vulnerável, ir para essa missão suicida. E também é bem legal mandar o único homem , além de vocês dois, capaz de proteger isso aqui. Meu plano de ter vindo aqui na cara dura é bem merda, mas nada se compara a essas suas ideias absurdas. –Solto tudo de uma vez e quase solto a bola de fogo que estava tentando escapar da minha garganta, na cara de Rick.

O Senhor estranho esfrega as têmporas e vejo a expressão de Daryl mudar de raiva e impaciência para mais raiva e mais impaciência ainda. Depois ele pula em cima de mim, como um predador, e tenta pegar as chaves. Coloco os braços para trás do corpo e luto contra as investidas do caipira mais chato da face da Terra.

Ele não desiste e não percebe a posição comprometedora que está: de quatro, dentro de um carro e em cima da prima mais nova. Continuo tentando desviar de suas mãos até que ele esbarra no volante e aperta a buzina.

-Parabéns, seu idiota. Olha só o que você fez!- Acuso e o empurro de cima de mim. Ele desce do carro, contrariado, e me lança aquele seu olhar amedrontador. Nem ligo.

-Harley Quinn, me dá essas chaves agora! –ele rosna, com as palavras saindo entre os dentes, e eu apenas dou de ombros. Ele então suspira derrotado e esfrega o rosto com as mãos.- Puta que pariu, garota! É perigoso! Você quase morreu há pouco tempo.

- É difícil entender que queremos você segura, Harley? – Rick diz , reprovador, e eu olho para ele, determinada.

-Se me querem segura, me deixem fazer isso com vocês.

**

No fim das contas, eu acabei fazendo o que queria e planejei. Foi com grande satisfação que vi o Senhor Estranho dizendo a Daryl que não adiantaria nada me contrariar agora, e que estávamos perdendo tempo. Meu primo, aquele ser ilustre e de bons modos, apenas me lançou uma cara de bunda horrorosa, xingou-me de todos os nomes infames que ele lembrou no momento e deu a volta no carro para pegar a sua moto. “Não vou conseguir ir até lá olhando para a cara dessa insuportável”, foi o que ele disse.

Apesar do meu estado contente e vitorioso de agora há pouco, a tensão começa a surgir, tímida e lentamente. E quando estamos próximos ao local de encontro, ela já está tomando conta de tudo, não antes, é claro, de chamar a senhora Dor de Cabeça para fazer parte da festinha.

Ainda é bem cedo quando eu paro o carro em uma espécie de junção de depósitos e caixas d’água. O gramado está sujo e o cheiro pungente de podridão arde o meu nariz. O silêncio tem gosto de desconfiança.

Abaixo o vidro do carro e observo melhor lá fora. Nem sinal de uma alma viva. Ninguém. Olho para Rick e ele me encara de volta. Inclina para frente e toca a minha testa em um beijo casto. Eu aperto sua mão que estava sobre o seu assento e tento passar alguma confiança.

Daryl está lá fora com a sua moto investigando tudo. Lança-me um olhar penetrante, e vejo certa insegurança e temor ali. Sei que é por minha causa. Eu apenas aceno com a cabeça.

Rick desce do carro e me faz sinal parar esperar. Pego a minha Ak-47 e continuo observando tudo. Então, os dois homens mergulham no meio daquele amontoado de caixas d’água e somem.

Respiro fundo e sinto a dor de cabeça tornar-se um martelar ainda mais fundo e impactante, feito um gigantesco dente inflamado. A espera por algum sinal é angustiante.

Ouço um assovio de Daryl e sei que já posso ir até lá. Coloco a arma de lado e ligo o carro. Entro por um caminho estreito e cercado e vejo meu caipira sair do meio do mato.

-Ele já entrou. Está sentado com o Rick. – Diz-me e me olha profundamente.

Balanço a cabeça e massageio as têmporas. A Dor de Cabeça corre livre, dá cambalhotas aos berros dentro do meu crânio, como uma vadia lunática.

-O que foi? –Daryl pergunta quando vê meu desconforto. Sei que ele quer me examinar toda por causa disso, mas não podemos manter muito contato estando numa situação dessa.

-Não é nada.- Digo e respiro fundo.- Não vejo nenhum carro.- Mudo de assunto.

-É. Tem alguma coisa errada. Não desliga o carro.

Daryl mal termina de falar e o barulho de um carro enche nossos ouvidos. Pego a arma ao meu lado e me preparo. O motor ainda está ligado.

- Cuidado, Harley. Fique aí dentro.

Então um carro grande e cheio de equipamentos passa por entre uma cerca. Daryl aponta a besta. Eu contrario suas ordens e desligo o motor. Depois desço e observo três pessoas saírem daquele automóvel. Andrea está entre elas.

Daryl me olha pelo canto dos olhos e vejo fúria transbordar dali. Sei que irei tomar o maior sermão mais tarde.

- Mas que porra. Por que diabos o Governador já está lá dentro?- Ele pergunta sem direcionar a alguém específico.

Andrea me olha com terror , perguntando-se, provavelmente,  por que raios a garota que o Governador está atrás estaria justamente a apenas alguns metros de distância dele.

Ela balança a cabeça e quebra nosso contato visual.

-Espera. Ele já está aqui?- Pergunta , descrente.

- É.- Daryl responde, ainda sem largar a maldita besta.

Então ela suspira e entra no deposito empurrando o portão, que faz um ruído horroroso.

Vou até a frente do nosso carro e me escoro no capô. A essa altura Daryl já abaixou a besta. Eu, no entanto, ainda estou com a minha arma em punhos.

-Talvez eu deva entrar. Você sabe, uma mulher de cada lado pode conseguir pôr algum juízo naquelas cabecinhas. – digo e imediatamente Daryl já me lança uma ordem.

-Não- Porque Daryl nunca pede, ele ordena.

- Não mesmo. O Governador quer conversar a sós com Rick. – Um carinha que eu vi em Woodbury, e que agora escreve qualquer coisa em um pedaço de papel, diz , e eu ergo a sobrancelha.

O outro homem, um cara feio com a cabeça em um formato oval e engraçado, não tira os seus olhos de mim. E aquilo me incomoda.

- E quem é você, huh? –Daryl pergunta com aquela sua pose de dono do mundo.

-Milton Mamet.- o carinha responde, o que não ajuda em nada já que esse nome pouca diferença faz nesse diálogo.

- Perfeito. Ele trouxe o mordomo.- Daryl provoca, e eu sinto vontade de rir, porém não o faço.

O outro cara, no entanto, dá um risinho debochado.

- Eu sou o consultor do Governador. Do tipo planejamento, bichos... Essas coisas. Bom, desculpe-me, mas não sou obrigado a me explicar para os capangas.

Apesar de Daryl ter merecido aquilo, não vou deixar que ninguém ofenda o meu Pudinzinho. Destravo a arma e ela faz aqueles cliques que indicam que a pessoa está prestes a atirar. Todos os presentes olham para mim e o tal do Milton se assusta quando nota uma graciosa AK-47 apontada diretamente para ele.

-O que está fazendo?- Ele pergunta , e sei que está tremendo nas bases.

-Ah, nada. Só estava limpando o cano. Você sabe, essa conversa está maaaravilhosa.

Daryl me olha como se eu tivesse três cabeças, mas depois encara de novo o consultor do Governador e o ameaça:

- É melhor tomar cuidado com o que diz, docinho.

-Ah, vamos, cala a sua boca.- O outro cara diz a Daryl e eu não o acho muito inteligente por provocar um Dixon – E me faça um favor, saia da frente e me deixa olhar melhor para essa lindinha.- Sujou.

Daryl perde o controle e vai com o peito estufado em direção ao homem. Os dois ficam se encarando por alguns segundos , e eu sei que se não fizer alguma coisa aquilo dará em  merda.

- Ei, queridinhos, nós não precisamos disso. Se a coisa azedar lá dentro vai ser a maior confusão aqui.

Eles ainda se encaram por um momento, mas logo Daryl se distancia e volta a ficar na minha frente, tirando-me da visão daquele cara.

Um tempo tedioso se passa e ninguém move um músculo. Então escutamos o barulho do portão correndo e ficamos atentos. É Andrea que sai de lá de dentro, com uma cara bem ruim por sinal. Provavelmente foi enxotada.

Mais algum tempo se passa e eu começo a ficar cansada de ficar em pé atoa. Daryl não para de andar para lá e para cá, algo típico dele, mas ninguém ousa fazer outra coisa a não ser ficar fazendo vários nadas.

Milton surpreende a todos quando se levanta e começa a puxar assunto. Ninguém está muito afim , no entanto, de ficar batendo papo com o inimigo. Então ele diz que está registrando todo esse acontecimento do apocalipse zumbi, para que todos se recordem dele mais tarde.

-Faz sentido.- Digo, e ele me olha, entusiasmado .

Porém, antes que uma conversa se inicie entre nós, somos surpreendidos pelos grunhidos dos zumbis. Vou até o carro, pego meu taco de beisebol e depois sigo os outros em direção a eles. O moreno da cabeça oval também pega um e eu me sinto irritada por outra pessoa também utilizar daquela arma. Que bobeira, Harley.

Nos enfiamos entre algumas caixas d’água e esperamos que aquelas coisas se aproximem.

Daryl vai na frente, e assim que vê o primeiro o oferece ao outro cara.

-Você primeiro.- diz

-Ah, não . É sua vez.

Olho para Andrea revirando os olhos. Ela bufa e avança em direção aos zumbis com um canivete na mão. Acho desnecessário o grito que ela dá quando enfia aquela arma na cabeça daquelas coisas, mas pelo menos mostrou aos dois homens ali o quão ridículos eles estavam sendo.

- Cuzão. – É o que o capanga do Governador diz a Daryl e é o que me irrita ainda mais.

Passo no meio dos dois e giro o meu taco nas mãos, depois o acerto na cabeça de um zumbi.

- Olha só . – Aquele chato diz de novo e passa por mim, também acertando outro com o seu taco.

Daryl passa por nós e acerta uma flecha em um zumbi. Quando o outro cara vai pra cima do penúltimo, eu ligo o fodas e deixo aqueles dois idiotas terminarem com o resto.

Quando aquela matança chega ao fim, eu me escoro em uma caixa d’água e observo Daryl revirar os bolsos de um zumbi. Ele acha uma maço de cigarros incompleto e fica todo felizinho. Oferece um ao outro cara e este nega com a cabeça.

- Prefiro os mentolados.- Diz.

- Eu também. – Digo quando Daryl também me oferece.

-Metidos.

Daryl acende o cigarro e fica encarando o nada.

-Não é todo dia que se vê uma mulher bonita como você por aí.

-Bom, deve ser porque você é estranho. Aí elas se mandam.

-Sabe, vocês dois são bem parecidos. Digo, na arrogância. - O capanga do Governador diz, intercalando olhares entre eu e Daryl.

-É, nós somos primos.- Digo e vou até o caipira da besta, colocando a mão no ombro dele , me apoiando e propositalmente impedindo que ele fosse quebrar a cara daquele babaca.- Não que você vá entender essa nossa superioridade. Os idiotas nunca entendem. E, aliás, qual é o seu nome, idiota?

- Martínez, senhorita. –ele responde.

-Hm, é um prazer que me conheça, Martínez. – digo e me afasto de Daryl.- Vou voltar. Espero que não fiquem muito tempo aqui fofocando.

Não olho para trás quando sigo até os carros. No meio do caminho, no entanto, sou interceptada por uma Andrea aflita.

-O que você está fazendo aqui, garota?- pergunta quando agarra o meu braço.

-Como assim, minha filha?

-Eu disse que Philipp está arás de você e você vem justamente para onde ele está?

-Ah, isso. Você pode me soltar , por favor?- Peço, cínica, e ela me solta- Não se preocupe. Vim até aqui justamente para assistir à reação dele quando me ver.

-Você é louca.

- É , eu sou sim. Agora, se me der licença, eu preciso ir pegar um chiclete no meu carro, pode ser? – Digo e saio de lá.

Faço o que disse que iria fazer e quando estou saindo do carro, sou surpreendida por Milton , que apareceu do nada e se aproximou de mim sem que eu percebesse.

-Eu não vou te dar dos meus chicletes, cara!- Digo para ele em posição defensiva.

-O que? Não. Eu não quero dos seus chicletes. Eu só gostaria de lhe fazer uma entrevista.

Olho para ele desconfiada e balanço a cabeça em permissão, não antes de enfiar todos os outros chicletes dentro da boca, para que ele não tentasse roubar de mim. Meus preciososss.

Vou com ele até um tronco caído e me sento. Pego aquele caderninho da sua mão e começo a ler suas anotações diversas.

- Essa pulseira. O que aconteceu? – ele me pergunta encarando aquele meu acessório (agora bem fodido e amassado por sinal).

-Eu fui mordida.

-Mordida?

- É. Ainda bem que eu estava usando ela.

-Se não, não estaria aqui para me relatar isso.

-Bom, talvez. O Hershel foi mordido e perdeu a perna. Talvez eu teria perdido o braço e sobrevivido. –Digo e encaro Milton. Ele tinha uma expressão curiosa e admirada, o que estava me dando medo.

- Foram vocês que amputaram? Vocês tem médicos?

- Bom, sim... e não. Na verdade, eu ainda não era do grupo quando aconteceu. O pessoal de lá aprende as coisas na marra. Se eu estivesse, acho que seria menos traumático, já que sou... ou era,  enfermeira.

-Interessante. Posso ver o seu braço? Digo, olhar se realmente não tem nenhuma marca.

-Não , cara, eu não vou deixar que você toque em mim. –Digo para Milton, começando a entrar ainda mais na defensiva. Quem aquele cara pensa que é pra querer encostar em mim?

-Por favor. É um dado importante!- ele suplica.

Eu consideraria aquele cara até muito inocente , se ele não fosse do grupo inimigo ao meu

-Nós mal nos conhecemos. Antes, pague uma bebida para mim.- Digo , séria, e quando vejo que ele me fita com uma expressão surpresa, começo a rir .

Não demora muito para que ele me acompanhe. Logo nós dois estamos rindo feito dois idiotas.

Meu riso é interrompido por um pigarreio de Daryl. Olho para ele e tenho que cerrar os olhos devido ao sol. Levanto os braços para o alto em rendição e me levanto, voltando a ficar escorada no carro.

- Perdeu alguma coisa ali?- Ele me pergunta baixinho quando se aproxima de mim de novo.

- O que, com Milton? Tá com ciúmes?- devolvo outra pergunta , não sem acrescentar um tom de malícia em minha voz.

-Pff. – ele desdenha e eu começo a rir da sua cara mentirosa.

Mais um bom tempo se passa até que o sol atinge o seu ápice. Não sei exatamente quantas horas são. É uma das primeiras coisas que o apocalipse tira de você quando toma a sua liberdade: a noção do passar do tempo. Como resultado, todo mundo hoje em dia tem de valer-se de seu corpo para saber quando é hora de comer, dormir e se exercitar, além de também depender de certa ajudinha dos astro, é claro.

O chiclete não está conseguindo mais enganar a minha fome, que, assim como a senhora Dor de Cabeça, não tem piedade alguma. Viro-me na direção de Daryl e o encaro por um momento. Ele parece perceber estar sendo observado e olha na minha direção.

-O que foi? – pergunta.

-Tô com fome. Essa chatice não vai acabar não?

Sou surpreendida pelas risadas de Martinez e de Milton. Antes , porém, que eles possam dizer alguma coisa, o portão se abre bruscamente e de lá de dentro sai o tal Governador.

Ele é bem mais alto do que parece à distância. Aquele seu tapa olho ainda me traz recordações do capitão gancho e é impossível eu não ficar encarando. O silêncio que se faz é tão sufocante que eu tenho de conter a vontade de sugar o ar com força.

O Governador não para de me encarar e eu fico torcendo para que alguma bala, acidentalmente, acerte a sua têmpora. Porém, nenhuma delas vem para realizar o meu desejo, então aquele homem apenas dá uma piscadela (bem feia e estranha já que ele tinha apenas um olho e eu sou daquelas que adora ficar olhando para ver se a pessoa não fecha o outro no caminho) e vai até o seu carro. Seus capangas o acompanham e eu desvio a minha atenção deles até Rick.

O Senhor Estranho me olha de um jeito no mínimo... estranho e eu fico me perguntando se aquele silêncio começara a deixar todo mundo esquisito. Quando Rick se dirige ao carro, eu o sigo e sento no banco do passageiro. Daryl liga a sua moto e esse é o sinal para que todo mundo se mande.

**

Rick dirige no mais absoluto silêncio até a prisão. Eu não sou doida (na verdade, eu sou sim, mas não agora) de tentar quebrar aquele momento de conversa interior do meu amigo e irritá-lo. Portanto, eu fico quieta no meu canto, apenas na paz mascando o meu chiclete.

Quando Daryl passa pelo gramado com a moto, eu sinto um certo peso no coração ao ver aquele lugar todo tomado pelos zumbis. Quando Rick passa, eu sinto meu coração ser esmagado. E aí eu sinto raiva. Raiva do governador, raiva do apocalipse, raiva daquelas pessoas que se transformaram, e até raiva do Daryl por não ter estado presente quando tudo aconteceu.

Espanto aquele pensamento da cabeça e tento pensar apenas em coisas boas. Ali, dentro da prisão, não era mais permitido ter energias negativas. Eu não iria deixar.

Carol abre o portão para nós e logo estamos no pátio. Descemos em silêncio e adentramos para o refeitório, depois todo mundo se reúne no bloco de celas. Daryl e Merle me cercam pelos lados e eu entrelaço meu braço nos braços dois. É a hora de saber o que ficou decidido.

Rick vai até a sua cela e pega uma arma. Sobe no primeiro degrau da escada e nos encara de cima por alguns segundos. Depois desce e começa:

-Então , conheci o tal governador. Conversei com ele um tempinho.

-Só vocês dois?- Mele pergunta.

-Sim

-Ele quer a prisão. Quer se livrar de nós. Ele quer nos matar pelo que fizemos em Woodbury.

-Então estamos em guerra? –pergunto.

Rick me encara profundamente por algum tempo. E então me responde:

-Sim, Harley. Estamos em guerra. 


Notas Finais


E aí?
Até o próximo , amores <3


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