História Half Blood Hospital - Traumatized

POV: Percy 
Eu observava a Annabeth, uma das residentes do hospital onde eu comecei a trabalhar. Ela bebia vodka, e ela e sua amiga comemoravam alguma coisa. 

Thalia, a amiga de Annabeth, eu sabia que comemorava a sua cirurgia de fibrilação atrial feita hoje. 

-Ela é uma cirurgiã e tanto.-disse Jason, um dos meus colegas de trabalho. 

-Sim, er... Thalia é uma das melhores residentes que eu já vi. -eu respondi, meio surpreso com a chegada dele. 

-Eu estava falando da Annabeth. A Thalia é maravilhosa também. Mas a Annabeth ela é algo que só os melhores cirurgiões são: a Annie é forte. 

Eu só assenti de cabeça. Eu acreditava que a Annie era uma boa cirurgiã, por mais que ela tenha sido um fiasco comigo, ela já tinha feito cirurgias complicadas depois que eu cheguei no Half Blood Hospital, e teve sucesso. 

-Percy, a Annabeth era casada. Ela sofreu um acidente e perdeu o marido dela. Ele morreu na frente dela. É por isso que eu digo que ela é forte. 

Nessa mesma hora eu olhei na direção da Annie. Ela sorria, e colocava uma mecha do cabelo loiro para trás da orelha. Eu olhei para Jason, e eu entendi porque a Annie tinha travado com aquele acidente de carro do primeiro dia: o marido dela tinha morrido do mesmo jeito. 

***

-Bom dia, Dra. Chase!-eu disse na manhã de segunda. Eu tinha pedido para Reyna colocar Annie nos meus serviços hoje. 

-Bom dia, Dr. Jackson.-ela me disse e deu um sorriso. -Bem, o primeiro paciente é a Senhora Júlia, 56 anos, diagnosticada com um aneurisma na aorta. 

-Procedimento? 

-Enxerto de stent.

-Ok, não é uma cirurgia tão complicada, você mesma pode fazer. 

-Anh, Obrigada.-ele disse, mostrando estar um pouco surpresa. 

-Próximo paciente? 

-Alex Porten, 27 anos... Bem, ele também é um paciente da plástica. A pele dele é tão fina que quase atinge a derme, e há um grande risco das suas veias estourarem até a sua cirurgia para implantação de tecido no seu corpo. Ele só precisa ser monitorado até lá. 

-Tudo bem, você pode monitora-lo até a cirurgia de enxerto de st ent. 

-Ok.-ela disse e virou no corredor. Essa manhã estava sendo até que bem tranquila, e eu pude ir tomar um café. 

Estava tomando meu café e lendo um artigo sobre um bebê que tinha nascido com dois corações e infelizmente não tinha sobrevivido, quando meu Bip tocou. 

Eu corri pelo hospital e fui até a emergência. 

-O que temos?-eu perguntei. 

-Homem, 32 anos. Rompimento da aorta por um pedaço de vidro.-uma enfermeira disse e eu olhei. O cara tinha um vidro, que reconheci ser de alguma garrafa de bebida, agarrado no peito

-Ele não vai morrer, vai? -um outro cara perguntou. 

-Você é família, senhor? -alguma das enfermeiras perguntou enquanto levávamos o cara do vidro pra sala de operação. 

-Não, eu sou... Bem, nós estávamos numa briga de bar e... Bem, acho que eu enfiei a garrafa no peito dele. 

*** 

-Dr. Jackson.-um enfermeiro me disse, enquanto eu tentava ver o melhor ângulo para tirar aquele vidro sem fazer aquele cara sangrar até a morte. 

-Diga. 

-A Dra. Chase está te chamando. 

-Eu não posso agora. 

-Dr. Jackson... 

-Já sei!-eu disse e comecei a extrair o vidro. 

*** 

Sai da sala de operação bufando. O cara do vidro tinha morrido, sangrado até a morte. E não teve nada que eu pudesse fazer. Segurei na parede no corredor e suspirei. Talvez se eu tivesse ido por outro ângulo, ou se eu tivesse sido mais rápido ao retirar o vidro... 

-Dr. Jackson.-eu ouvi a voz da Annabeth. 

-Ah, oi. Como foi sua cirurgia? 

-Foi ótima, mas... 

-Desculpe, eu deveria ter ido lá ver como você estava. Não deu, estava preso na sala de operação. 

-Tudo bem, mas...-eu a olhei no rosto e percebi que tinha algo de errado.-O Alex, o paciente que ia receber o tecido, uma das sua veias estourou e... Bem..

-Ele morreu? 

-Sim. 

-Sangrou até a morte...-eu disse.-Chase, eu te dou uma tarefa e você consegue ferrar com tudo! Eu não sei como alguém ainda diz que você é a melhor. Você... Você não consegue fazer nada! -eu disse, começando a gritar com ela. 

-Eu não poderia ter feito nada... Eu estanquei, eu tentei estancar o sangramento, mas não deu! Não parava de sangrar! Eu fiz tudo que podia! -ela respondeu brava, por eu tê-la ofendido.

-Chega Chase!-eu disse e virei as costas. 

*** 
Eu estava no último andar do hospital, olhando para o céu estrelado da noite. Eu ainda refletia sobre o cara do vidro, e cheguei à conclusão que eu realmente não podia ter feito nada. 
Eu refleti sobre o cara do tecido, e conclui que a Annabeth também não poderia ter feito nada. 

Eu não sei ao certo se eu me arrependia de ter gritado com ela. A Annabeth me dava um pouco de raiva, ela me despertava raiva. Todo mundo dizia que ela era perfeita, que ela era forte. Todos nós já passamos por coisas ruins, e isso não é desculpa. 
Um barulho chamou minha atenção. Eu virei para trás, e lá estava a Annabeth. Ela arregalou os olhos, como se não esperasse me ver ali.

-Er, eu já estava saindo...

-Não. Desculpe.-eu sei, eu disse que não sabia se eu estava arrependido, mas simplesmente saiu. 

-Ok. -ela disse, e assentiu. Ela parecia querer virar as costas, mas não conseguia. Ela só ficou me encarando. 

-Pacientes morrem Annabeth. E às vezes eu não ajo muito bem em relação a isso. 

-Ok. -ela disse e continuou lá parada. Eu também não desviei. Os olhos cinzas dela brilhavam como as estrelas, se pareciam com uma. Até que ela finalmente virou as costas e foi embora. 

*** 

-Annie.. Não morra ok? 

-Eu estou morrendo.. Percy, eu posso sentir.. Não..-ela tentou dizer mas sua voz falhava.-Não fique olhando ok? 

-Annie, vai ficar tudo bem. Eu já chamei a ambulância.-eu disse, e continuei repetindo "vai ficar tudo bem". 

-Percy, não olhe para o sangue...-A Annie dizia. 

-Não estou olhando. 

-Percy...Olhe para mim.-ela disse, mas eu só conseguia encarar como o sangue se misturava com a cor do seu cabelo loiro. -Percy. Percy. Pegue minha mão. 

-Annie, você está fria. -eu disse assustado. 

-Percy. Lembre-se sempre. Eu te amo... Muito muito. Ok? 

-Ok. -e na mesma hora eu pude perceber que sua respiração cessara. Coloquei a mão no seu pescoço e não consegui achar nenhum pulso. 

Ela estava morta.
*** 
Acordei com um susto, com a respiração alterada por conta do meu pesadelo. 

Eu sonhava aquilo de novo, desde de os meus sete anos eu sonhava com isso frequentemente. 

Mas não era minha mãe que morria agora. Era a Annie.