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História Half-Kingdom (Taekook - ABO) - Who are you? 'Cause something has changed


Escrita por: mariihreis e felicity_nown

Notas do Autor


Olá, gente! Primeiro de tudo, gostaríamos de agradecer todos os comentários e favoritos, isso nos animou muito para postar hoje! 💜
Boa leitura, esperamos que gostem!

Trad. do título: ''Quem é você? Porque algo mudou''

Capítulo 2 - Who are you? 'Cause something has changed


Fanfic / Fanfiction Half-Kingdom (Taekook - ABO) - Who are you? 'Cause something has changed

Taehyung P.O.V

 

O estrondo da entrada do Jimin no cômodo foi tudo que eu ouvi depois de um bom tempo refletindo sozinho e foi o suficiente para que eu me sobressaltasse.

Me ergui, sentando ereto na cama - exageradamente grande, por sinal -, uma vez que eu conhecia muito bem o meu melhor amigo para saber exatamente o que viria a seguir.

Pois não era a primeira vez que eu agia contra algum princípio.

— O que diabos foi aquilo, Kim Taehyung? – eu desviei o olhar, porque eu sabia que o auge de sua indignação era quando ele usava meus dois nomes.

— Uma... chegada extravagante, como queriam... não? – dei de ombros, sem querer dar muita importância ao assunto, e meu conselheiro bufou.

— Não seja engraçadinho! – ele bradou gesticulando muito, como sempre fazia quando estava exaltado. — Bem que você podia ouvir seu melhor amigo às vezes, sabe? Ou, no mínimo, seu conselheiro real. Mas adivinha só? Você não escuta nenhum dos dois!

— Eu não escuto quando eles apoiam a ideia de eu fazer algo que não quero! – exclamei.

Ele se aproximou, ficando a apenas alguns passos de distância de onde eu estava, cruzando os braços e fechando os olhos, logo respirando profundamente. Eu sabia que a conversa séria começaria agora.

E eu queria muito mesmo poder fugir dela.

No entanto, praguejei internamente quando minhas preces foram ouvidas e a pessoa que eu menos queria ver naquele momento chegou no ambiente a passos pesados e arrogantes.

E sua fúria era palpável.

Eu e Jimin olhamos ao mesmo tempo para ele e rapidamente me levantei da cama, adotando uma postura totalmente defensiva, enquanto meu conselheiro se curvou respeitosamente.

— Majestade. – o cumprimentou e eu quase revirei os olhos.

— Park Jimin, saia daqui imediatamente. – ordenou, numa voz carregada de frieza, e eu franzi o cenho para ele assim que Jimin se retirou.

— Jamais volte a usar esse tom de voz com meu conselheiro. – eu disse, tentando ao máximo soar autoritário, mas sequer pareceu ter efeito.

— O que foi aquilo, Taehyung!? – questionou, sem poupar desprezo e ignorando completamente o que eu acabei de falar.

— É "Kim" para você! – corrigi.

— Você sabe que não pode ignorar seu marido assim para sempre, não é? – indagou e eu me indignei ainda mais quando ele me ignorou pela segunda vez.

— Você não é meu marido!

— Tem razão. – o moreno concordou e eu pisquei, muito confuso, achando por alguns segundos que ele tinha aceitado a ideia. — Noivo. – ele se corrigiu logo em seguida.

Minha esperança evaporou como fumaça com sua última fala.

— Eu também não sou seu noivo! – vociferei, já movido pela raiva.

E foi a vez dele de franzir o cenho, parecendo muito atordoado e, céus, aquilo conseguiu me irritar mais, porque só podia significar que ele ainda tinha muita certeza de que eu queria ser seu esposo.

— Mas você disse para o Yoongi que aceitava! – argumentou e eu revirei os olhos.

Min Yoongi era conselheiro real de Jeon Jungkook, além de marquês. Fora ele quem foi até Haewon pedir minha mão em casamento por Jungkook.

— O meu pai aceitou, não eu!

Entretanto, mais uma vez minhas palavras pareceram não ter valor algum e eu me irritei profundamente quando ele se aproximou de mim sem um mínimo de respeito sequer pelo meu espaço pessoal. Ele parou tão próximo que eu sentia sua respiração bater contra meu rosto e eu me vi encarando aqueles olhos amendoados com determinação, sem perder minha postura em nenhum momento.

— Que seja, o pedido já foi feito e já foi aceito. – ele disse firme e eu franzi o cenho, fazendo questão de mostrar minha indignação. — Agora tudo que você deve fazer é ser um bom noivo e, posteriormente, um bom esposo. Não vou tolerar esse tipo de comportamento novamente.

Com a palavra final, ele se retirou, como se estivesse regado de razão, e eu me vi novamente sozinho naquele quarto gigantesco, imerso na minha própria fúria.

E na minha tristeza também.

Por isso eu me joguei na poltrona macia do quarto, rendido, pensando que tudo que eu queria agora era ficar sozinho, mas meu melhor amigo invadiu o cômodo novamente, parecendo determinado a terminar a nossa conversa.

— Jimin... – acho que só a maneira como eu o chamei foi o suficiente para que ele compreendesse.

Era nesses momentos que ele passava de conselheiro real para meu melhor amigo.

Logo eu me vi envolvido num longo e caloroso abraço e eu o aceitei com prazer, agarrando-o firmemente pela cintura.

E nós passamos um bom tempo naquele gesto acolhedor.

Quando nos separamos, eu o vi segurar ambas as minhas mãos, a fim de me passar segurança.

— Tae... eu sinto muito. – ele começou, sincero. — Eu realmente sinto muito que você tenha que passar por essa situação, mas... eu tenho que lhe dizer que vai ser melhor para todos, inclusive para você.

— Mas Jimin, o meu reino precisa de mim.

— Taehyung, seu reino sempre vai te receber e você vai sim poder voltar. – ele firmou o aperto de sua mão na minha e eu deduzi que uma verdade estava por vir. — E eles estão bem. Seu pai é… — mas a frase morreu alí, e foi uma das poucas vezes em que Jimin se encontrava sem palavras; eu sabia o porquê. — Bem, o seu irmão é promissor. 

Ele estava prestes a falar mais, se não fosse interrompido por alguém de fora de novo.

Ao menos essa pessoa teve a mínima decência de bater educadamente na porta e eu ouvi Jimin resmungar algo sobre "não se pode terminar uma conversa nesse castelo" antes de Min Yoongi entrar no quarto.

— Sinto muito interrompê-los, mas preciso falar com seu conselheiro, Alteza. – ele cumprimentou, cheio de disciplina, e eu assenti para os dois, mesmo sob o olhar receoso do meu amigo.

Eles conversaram a sós por bastante tempo e enquanto uma parte de mim queria saber o que era, a outra só divagava pelo enorme quarto. Por mais requintado e gracioso que fosse cada móvel naquele cômodo, ele ainda parecia... vazio.

— Taehyung. – eu ouvi a voz de Jimin e vi que ele tinha o conselheiro do Jeon ao seu lado. — Temos que conversar.

E, depois de alguns minutos caminhando pelo enorme castelo, eu me vi em um salão mais privado, a sós com os dois conselheiros e, para meu desgosto, com Jungkook também.

Franzi o cenho só em vê-lo novamente, ainda mais depois das palavras que me dissera.

— O que era, Yoongi? – o rei perguntou e dava pra notar que ele claramente não queria estar ali. — Acho bom ser algo importante.

E o marquês não disse nada, apenas o entregou uma pilha de papéis e eu vi Jungkook arregalar os olhos em seguida, boquiaberto. Eu logo compreendi quando Jimin me entregou uma cópia daquela mesma papelada.

E eu não pude evitar dar uma risada cheia de escárnio quando vi uma enorme foto minha negando descaradamente a mão de Jungkook e em destaque os dizeres "Inédito: príncipe de Haewon rejeita a mão do rei de Chinhwa".

Jimin me encarou, repreendendo silenciosamente meu ato, enquanto que Jungkook pareceu ainda mais furioso ao arremessar a matéria na grande mesa à sua frente.

— Ótimo! Viu só o que você fez? – acusou, apontando diretamente para mim.

— E valeu a pena. Já viu sua cara na foto? – o respondi e isso pegou Yoongi de surpresa, que não era nada acostumado com meu atrevimento. Jimin apenas franziu o lábio.

Contudo, claro, a reação de ninguém se comparava à fúria de Jungkook naquele momento.

 — Só me faltava essa! Esse negócio de fotografia surgiu recentemente, justamente para registrar o dia mais vergonhoso da minha vida!

— E eu acho que nunca gostei tanto de uma invenção quanto gosto desta! – exclamei, numa animação exacerbada para ter o gostinho de ver o rei ainda mais irritado.

— Majestade. – meu conselheiro interrompeu sabiamente, já que tinha noção de que se não o fizesse, eu continuaria meus ataques provocativos. — Eu e Yoongi pensamos em uma solução.

— Digam. – o alfa exigiu, ainda frustrado.

— Propomos um passeio de carruagem para os dois, assim o público verá que está tudo bem entre vocês. – Yoongi explicou.

— Mas vocês terão que interagir e, principalmente, demonstrar que está tudo bem. – Jimin continuou, dando ênfase no verbo, e eu bufei audivelmente porque sabia que aquilo era para mim.

— Ótimo! – Jungkook exclamou, como se já tivesse decidido, e foi nesse momento que eu me exaltei.

— O quê!? Não! – rebati.

— Convença seu amigo. – falou para meu conselheiro, como se eu nem mesmo estivesse presente. — O passeio será feito ainda hoje. – afirmou. — Yoongi, prepare a carruagem.

 

* * *

 

A contragosto eu tomei um banho, me vesti e me perfumei. Seokjin, meu escudeiro, me ajudou em todo o processo e eu estava impecável no final dele. Minhas vestimentas em cores brancas e douradas combinavam com meu cabelo loiro e com minha minha pele bronzeada. Nunca fora novidade para mim que eu sou um ômega estonteante.

O escudeiro, agora, passava uma camada de pó em meu rosto, a fim de cobrir algumas poucas imperfeições que tinha ali. Torci para que aquilo pudesse desfazer minha feição fixa de desagrado, mas era apenas um pó compacto, e não um pó milagroso.

Quando o ômega terminou de passar maquiagem em mim, fora o momento de me preencher com brincos e colares chamativos que combinassem com minha coroa prateada, atribuindo à minha figura vestígios de riqueza.

Ao olhar o resultado final, tive a conclusão que realmente eu estava perfeito, tirando minha cara de desgosto que ainda estava intacta.

Suspirei, desanimado. Não queria que as coisas fossem assim e mais uma vez me encontrei fazendo algo que eu não queria, que era ter que passear com Jungkook pelo reino dele.

Pelo menos dessa vez eu estava fazendo isso por causa do meu melhor amigo. Ele sim era um bom motivo para eu cooperar por alguns minutos de passeio.

Saí do meu quarto e encontrei Jimin do lado de fora dele, com alguns papéis em mãos, lendo-os com atenção. Quando notou minha presença, soltou um assobio prolongado pela imagem que vira, ao mesmo tempo que abria um sorriso galanteador no rosto.

Eu tentei conter o sorriso olhando para o outro lado, mas meus lábios se curvaram involuntariamente.

— Olha só para essa belezinha. – elogiou, abrindo os braços em minha direção, como quem quer exibir uma escultura. — Vossa Graça possui namorado? – perguntou, flertando como brincadeira.

— Teoricamente e infelizmente, sim. – respondi, ainda sorrindo. — Inclusive, tenho que encontrar o Sr. Estressadinho. – anunciei, caminhando em direção ao enorme hall do castelo, marcado como ponto de encontro para nós dois.

Jimin e Jin me seguiram, os saltos altos sutis em meus sapatos soavam por todo o corredor extenso que cruzávamos. Respirei fundo antes dos dois homens segurarem as maçanetas da porta larga, que revelaria o hall.

Entretanto, todo o fôlego escapou de meus pulmões quando a porta fora aberta, mostrando Jeon Jungkook no meio do cômodo, com um escudeiro arrumando alguns detalhes de sua roupa.

Ele também havia se trocado, a ocasião exigia outros tipos de vestimenta e aquela que o aderia era incrivelmente sofisticada. A cor azul escuro combinava muito bem consigo e os detalhes brancos da roupa dava um ar de realeza. Seus fios negros estavam penteados para o lado e sua coroa dourada de rei estava posicionada no topo de sua cabeça. Brincos prateados decoravam suas orelhas.

Fiquei estático por algum tempo, apenas o observando, mas depois que percebi meu transe - justamente porque Jimin me olhava confuso -, eu pigarreei e forcei minhas pernas a darem passos para frente, para adentrar o salão.

Os olhos do alfa finalmente se encontraram com os meus e eu vi sua expressão vacilar quando ele me olhou por completo, reparando em minhas roupas. Em seguida, ele abriu um sorriso agradável e por um momento eu senti uma sensação boa, mas fiz questão de a dissipar. Meu rosto continuou severo como antes e meu nariz não ousou cair hora nenhuma.

Ele ofereceu seu braço para que eu pudesse passar o meu dentro dele, num gesto de cavalheirismo. Eu parei próximo de si, olhei para o braço dobrado ao lado de seu corpo e depois levantei meu olhar debochado para ele.

— Guarde as atuações para quando estivermos sendo observados pelo povo. – falei e antes que eu desse as costas, fui agraciado pelo sorriso dele sendo desfeito.

Pelo canto do olho, vi meu conselheiro bater em sua própria testa com a palma de sua mão pequenina, como quem diz "que merda você está fazendo, Taehyung?". Abri um sorriso de lado e segui rumo à carruagem, que já nos aguardava lá fora.

Um cavaleiro estava de pé próximo à porta do veículo e ofereceu sua mão para me ajudar a subir. Aceitei de bom grado e agradeci em seguida.

Assim que Jungkook se aproximou para subir também, eu o escutei perguntar ao homem que me ajudou:

— O que você fez para ele aceitar ser ajudado?

O questionamento foi retórico e era visível que ele estava fazendo isso só para me irritar. O condutor da carruagem, por sua vez, se manteve em silêncio, como o bom profissional que aparentava ser. O rei se deu por vencido, revirou os olhos e soltou uma risada incrédula, adentrando o interior dali, se acomodando onde a outra janela estava.

Ficamos ambos nos extremos, o mais longe um do outro que aquele veículo grande poderia nos permitir. Dois guardas reais entraram na carruagem também, para nos escoltar nesse passeio.

Eu ainda suspirava pesadamente, fazendo questão de transparecer que eu gostaria de estar em qualquer outro lugar do mundo, menos ali ao lado de Jungkook. Ele, por sua vez, nem olhava em minha direção, interessado demais com o cenário lá fora. Ele tinha suas mãos entrelaçadas sobre seu colo.

Não sei quantos minutos se passaram, mas assim que adentramos a cidade do reino, a carruagem logo parou de mover. O moreno ao meu lado soltou um suspiro prolongado, expondo seu nervosismo. Eu olhava para ele com curiosidade, então este finalmente direcionou seu olhar para mim.

— Olha, Taehyung. – ele começou a falar com uma voz notavelmente hesitante, como se estivesse tomando cuidado ao dirigir as palavras para mim.

Eu quase revirei os olhos ao ouvir somente meu nome ser pronunciado. Ele achava mesmo que éramos íntimos?

A porta da carruagem logo fora aberta e os dois guardas desceram, mas o rei não moveu um músculo. Permaneceu me olhando.

— Será que você pode... hm, ajudar a transparecer uma boa imagem de nós? – pediu, receoso. — Pelo menos na frente do meu povo. Não quero que eles tenham uma má impressão desse casamento.

Eu suspirei pesadamente de novo, deixando evidente que nada daquilo estava me agradando, mas ainda assim assenti, confirmando que iria maneirar nas minhas caras e bocas.

Contudo, eu não estava fazendo isso porque Jungkook me pediu, muito menos por causa da obrigação da qual meu pai me submeteu. Eu estava fazendo isso porque Jimin conversou comigo e falou para eu fazer isso por ele. Somente por isso.

O mais novo sorriu minimamente, satisfeito, mas não de uma forma ofensiva do tipo que significa "ganhei", mas sim de uma forma aliviada, como se aquilo realmente o preocupasse. Ele desceu do veículo com elegância e eu me aproximei da porta para fazer o mesmo. Jungkook estava de frente para ela, oferecendo sua mão para me ajudar a descer.

Eu olhei para a mão dele estendida para mim e fechei meus olhos, respirando fundo.

Era hora de atuar.

Quando os abri novamente, um sorriso retangular já estava esboçado em meus lábios e eu aceitei a ajuda dele, segurando em sua mão macia para sair de dentro da carruagem. O contato gélido da sua palma com a minha aquecida fez um choque térmico reverberar naquela região. Minha feição agora era meiga e agradável. Realmente convenceria qualquer um que eu estava feliz.

Sorrimos apaixonados um para o outro e novamente o alfa dobrou seu braço, convidando para ser meu guia durante o nosso passeio pela cidade. Dessa vez eu não recusei o convite e passei meu braço por dentro do dele, entrelaçando-os.

O dia permaneceu muito bonito, o Sol brilhava ameno lá no alto, aquecendo nossas peles de maneira confortável e acolhedora.

Começamos a caminhar e o nervosismo de ser observado por tantas pessoas se fez presente em meu corpo, então senti minhas pernas tremerem, dando indícios que poderiam adormecer a qualquer momento. Agradeci - mentalmente e a contragosto - o fato de que tinha o homem para me apoiar enquanto andávamos.

Toda a população que estava pelas ruas pararam o que estavam fazendo para nos olhar. Alguns tinham feições admiradas e apaixonadas, outros já se mostravam desconfiados com aquilo, como se suspeitassem se era mesmo sincero. Eu sorria para todos e acenava, Jungkook fazia o mesmo.

De repente, algumas crianças vieram correndo para abraçar as pernas do rei. Elas eram do orfanato que havia ali. Ele riu e desfez do nosso contato rapidamente para pegar uma delas no colo. O alfa, ao contrário de mim, não parecia atuar. Ele realmente estava feliz no meio de todos eles.

Usei esse momento para olhar a cidade ao redor. Teoricamente, era para ser a parte mais precária dela, da qual a baixa sociedade vivia, mas as ruas eram limpas e as condições de moradia ali, qualificadas. Não se via mendigos e nem pedintes entre o povo e os comércios estavam cheios, tanto de trabalhadores quanto de consumidores.

De longe dava para ver que o reino Chinhwa era bem cuidado e que o rei dali era atencioso com sua população, ao contrário do que o rei antecessor - o falecido pai dele - era.

Voltei a olhar para o homem que tinha uma das crianças no colo enquanto usava sua outra mão para segurar na mãozinha infantil de uma garotinha. Ele caminhava com dificuldade, pois havia outros seres menores pendurados em sua perna esquerda. Ele parecia se divertir com essa aglomeração toda em cima de si.

Pela primeira vez naquele dia, eu sorri de maneira sincera e verdadeiramente admirada. Mas uma dúvida começou a surgir em minha cabeça. Por que ele era tão bom para seu povo enquanto era um arrogante dentro do castelo dele? Não fazia o mínimo de sentido.

Fui tirado do meu devaneio por uma das crianças, que finalmente notou minha presença ali ao lado de Jungkook. Era um garotinho que aparentava ter por volta de 9 anos de idade. Sorri para ele ao vê-lo se aproximar de mim. Ele tinha olhos curiosos, apesar de se demonstrar tímido.

— Você também vai ser nosso rei, assim como o Kookie? – ele perguntou ingenuamente e de maneira adorável.

Me abaixei para ficar razoavelmente na mesma altura que ele e poder o olhar face a face.

— "Kookie"? – apontei para o rei, que ainda estava distraído com as crianças. O garoto apenas assentiu levemente, confirmando o apelido. Ri soprado com a fofura dele. — Digamos que sim, serei o rei também. – respondi à pergunta dele.

Um aperto fora feito no meu coração e um medo de estar mentindo para a criança invadiu meu interior. Eu não tinha intenções verdadeiras de continuar ali. Meus planos eram encher o saco de Jungkook até que ele próprio decidisse anular essa ideia de casamento.

Me senti mal de uma hora para outra, principalmente quando o menino sorriu muito feliz com minha resposta, vindo me abraçar também. Finalmente alguém que demonstrou com sinceridade que eu era bem-vindo ali no reino...

Voltamos a caminhar pela cidade e depois de alguns minutos, quando pensamos que já fora o suficiente para provar nossas intenções, nós retornamos para a carruagem.

Assim que me sentei no estofado, me transformei novamente, permanecendo irredutível e fazendo questão de demonstrar isso. A atuação chegara ao fim e não era necessário fingir estar feliz mais.

No entanto, uma chama bem pequenininha dentro de mim crescia com a ideia de que, talvez, muito talvez mesmo, Jeon Jungkook havia mudado, como Jimin me dissera.

Muito confuso com esse pensamento, eu desci da carruagem quando voltamos ao castelo, sem fazer questão de encarar o Jeon. Não queria mesmo arriscar que ele notasse as minhas dúvidas.

Fomos recebidos por nossos conselheiros e ambos nos encararam diretamente, a fim de procurar em nossas feições resquícios de como tudo ocorrera. Por fim, deduziram que o passeio foi um sucesso, mas não pela minha expressão - que eu me esforçava em manter indiferente - e sim pelo sorriso irritante de Jungkook.

— Estou orgulhoso de você! – Jimin elogiou com um sorriso sincero, após Jungkook e seu conselheiro se afastarem para uma conversa privada.

Eu sorri minimamente, sem coragem de encará-lo diretamente. Pois, se eu o fizesse, provavelmente admitiria para ele todas as minhas dúvidas, e definitivamente era algo que eu não queria falar agora.

— Podemos conversar depois? – questionei meio pidonho, encarando meus próprios sapatos bem polidos, e Jimin notou exatamente o que eu queria.

— Claro! Estarei livre daqui umas duas horas, ok? – avisou e eu assenti. Nós nos despedimos com um rápido abraço.

Nesse exato momento, Jungkook parecia ter encerrado a sua conversa com Yoongi e eu me virei apressadamente, caminhando na direção oposta quando vi que ele vinha em minha direção.

— Taehyung! – ele chamou, puxando meu braço com uma certa arrogância e eu me vi obrigado a encará-lo, contudo, puxei meu braço de volta, olhando-o com desprezo.

— Eu já disse pra não me chamar desse jeito!

Mas ele voltou a adotar uma postura soberba, completamente diferente do que eu tinha visto minutos atrás, e eu o olhei sem querer demonstrar o quanto estava confuso com o seu comportamento instável.

— Nós vamos jantar em 10 minutos, esteja pronto. – ele ordenou, mais uma vez me ignorando completamente

— Eu não estou com fome. – eu disse, simples.

— Mas eu estou. – ele arqueou a sobrancelha, pronunciando lentamente as palavras, como se aquele fosse o argumento perfeito. Eu franzi o cenho.

— Mas eu não. – rebati, reproduzindo seu tom de voz com veemência.

Ele me ignorou novamente e se aproximou com destreza e confiança, como se tentasse me ameaçar daquela forma.

Mas o auge de tudo foi quando eu senti o medo crescer lentamente dentro de mim e eu finalmente notei que ele usava sua presença de alfa, então não pude mais fingir indiferença, e sim surpresa e receio.

Ele continuou se aproximando, na mesma medida em que eu me afastava dele, boquiaberto demais com a situação para que pudesse me rebelar.

— Você irá jantar comigo no salão principal. Daqui 10 minutos você estará lá a minha espera. – pronunciou pausadamente, num tom de voz imperativo que me deu nojo. — E lhe chamarei como eu bem quiser, Taehyung. Você é meu noivo, afinal.

Foi com essas palavras que ele se retirou e eu me vi, de novo, totalmente imerso na fúria e na indignação. Ao mesmo tempo, me odiava por não ter conseguido pronunciar nada contra.

E se eu tinha alguma dúvida, ela acabara de evaporar em questão de segundos, porque Jeon Jungkook é e sempre será um rei arrogante e sobre isso não há contestação.

Em segundos, meu medo se transformou em determinação e eu me vi caminhando em direção ao meu quarto - temporário, claro - a passos furiosos.

No entanto, eu me obriguei a interromper minha pressa no meio do caminho quando uma serva muito educada parou de caminhar e me cumprimentou, então minha atenção caiu sobre o enorme vaso de belas margaridas que ela carregava.

— Com licença. – pedi com disciplina, vendo que ela parecia muito surpresa com o meu comportamento educado.

— Sim, Vossa Alteza?

— Para que são essas flores? – questionei-a.

— São para o seu casamento, senhor. – ela respondeu, sorrindo educadamente.

Foi nesse momento que uma luz se acendeu em minha mente e uma ideia genial se passou por ela.

De repente, eu soube exatamente qual seria meu próximo golpe.


Notas Finais


O que acharam? Esperamos que tenham gostado hahaha esses dois são bem complicados juntos kkkkkk
Fizemos com carinho! 💜 @felicity_nown e @m4ry_tk


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