Acordei calmamente com os raios de sol entrando pela janela e iluminando todo o quarto. Me levantei devagar e fui até o banheiro e fiz toda minha higiene pessoal. Voltei ao quarto só de toalha, fui até o armário procurar alguma coisa pra vestir e peguei uma camisa branca, uma saia azul escura e umas botas pretas. Me sentei na cama e peguei meu celular para ver minhas redes sociais quando recebo uma mensagem de Normani minha melhor amiga/namorada. É complicado, mas é mais fácil falar que a gente se pega às vezes.
Abri o whats e li a mensagem.
Dentro de quinze minutos estou em sua casa.
Bem direta essa garota, nem pergunta se pode. Enfim, quando ela chegar não posso cumprimentar ela como normalmente faço que é com um beijo, porque meus pais estão em casa. Eles são muitos preconceituosos e como se isso não fosse suficiente eles são religiosos. Muito religiosos mesmo, vão na igreja todo dia e ficam lá durantes horas. Tem vezes que eles me levam e eu fico tão entediada que quase adormeço e caio para o lado.
Me ajeito e saio do quarto. Vou até a cozinha e vejo minha mãe tirando o avental e meu pai na porta ajeitando o casaco.
-Vão pra onde? - pergunto pegando um pão e me sentando
-Vamos na missa filha. Não quer vir com a gente? - pergunta minha mãe
-Não obrigado. Vou passar o dia com uma amiga.
-Não me diga que é a Normani. - falou meu pai
-É sim, por que?
-Ela é uma má influencia para você, Camila. - suspirou meu pai - Já falei isso antes.
-Normani não é uma má influencia. Agora se me dão licença vou assistir alguma coisa que seja mais interessante que esta conversa.
Me dirigi até a sala com a metade do pão na mão e ouvi minha mãe falar.
-Já vamos, tenha um bom dia.
-Igualmente. -gritei para que eles me ouvissem
Me encostei no sofá e suspirei. Liguei a televisão e fiquei assistindo um programa qualquer que estava passando.
Este sossego que estou tendo vai acabar daqui a uns dias. A escola está começando e minha vida acabando. Não quero ter que voltar para casa e fazer dever de casa ou trabalho, quero dormir o dia todo e acordar feliz por saber que não vai haver escola. Bate uma bad só de pensar nisso, que bosta.
Ouço meu celular tocar e pego ele. Outra mensagem da Mani.
Abre a porta sua vagabunda.
Fui até a porta, a abri e de repente aquela louca salta para cima de mim e me beija.
-Mani você é louca? E se meus pais estivessem aqui? - suspirei – Eles já não gostam de você e iam gostar muito menos se vissem você me beijando.
-Relaxa Camz, eu sei que eles não estão porque os vi entrando no carro. - ela sorriu e entrou indo até a sala
-Quer comer alguma coisa? - gritei da cozinha
-O que tem pra comer? - ela gritou de volta
-O que qualquer casa normal tem. - falei irônica
-Você está incluída? - ela riu
- Estou falando de comida e não de um ser humano lindo e maravilhoso como eu. – ri.
-Pode ser só pão mesmo, já comi em casa.
Peguei um pão e levei até a sala. Quando entrei a vi estendida no sofá olhando a televisão. Joguei o pão em sua direção e acertei na cabeça. Ela pegou uma almofada e jogou em mim.
-Não vou jogar o pão porque sou educada e não brinco com a comida. - falou irônica - Aliás, a almofada é bem mais pesada.
Ri e fui em direção ao sofá. Tirei as pernas dela e me sentei, ela me olhou com um sorriso malicioso e me puxou pra deitar ao lado dela.
Ficamos assistindo uns programas aleatórios e estava quase pegando no sono quando sinto Mani beijando meu pescoço e acariciando minha cintura. Me virei e dei um longo beijo nela, quando de repente a porta se abre e meus pais entram vindo direto à sala. Eu e Mani paralisamos e não conseguimos falar nada para nos justificar.
-Camila o que está acontecendo aqui? - a raiva era visível nos olhos de meu pai
-Não é nada disso que vocês estão pensando. - me levantei e ajeitei minha roupa
-Como assim não é nada que estamos pensando? Camila você estava beijando uma garota! - falou minha mãe com uma voz decepcionada
-Senhorita Kordei saia dessa casa agora! - meu pai gritou
Normani se levantou deu tchau pra mim e saiu correndo. Agora vou me preparar para levar um sermão.
-Vá fazer uma mala com tudo o que é essencial para você. - falou meu pai sério
-O quê? Por que? - falei confusa
-Você vai aprender a nunca mais pecar desse jeito. - falou minha mãe
-Para onde eu vou?
-Uma escola de freira. - falou meu pai
-O quê? Não! Vão me afastar de meus amigos e de vocês!
-Pensasse nisso antes de virar uma pecadora. Agora vá! - falou meu pai .
Corri até meu quarto chorando, entrei rapidamente, bati a porta e me sentei na cama chorando. Como assim? Eles iam me afastar de tudo o que eu gosto para eu ter que ouvir todo o dia um monte de velha rezando e falando de Deus.
Olhei pra debaixo da cama e puxei a mala de viagem ainda chorando um pouco. A puxei para perto do armário e comecei a escolher as roupas que queria levar. Passado alguns minutos minha mala está completamente cheia e com tudo o que eu preciso. Coloco um casaco e vou até a porta. Quando vou a colocar mão na maçaneta paraliso por um instante e recuo. Imensas ideias de como fugir passaram por minha cabeça nesse momento, mas não ia dar em nada. Saio do quarto de cabeça baixa e vou até meus pais que me esperavam na entrada.
- O ônibus vem a caminho, vão ser aproximadamente duas horas de viagem. - falou meu pai me abraçando
- Estamos fazendo isso para seu bem Camila. - minha mãe beijou minha testa
- Ta bom. - falei andando até a porta – Tchau.
- Tchau filha. - falaram meu pais em coro.
Sai de casa e respirei fundo. Fui até a paragem de ônibus e me sentei em um muro de pedra. Peguei meu fone e coloquei uma música qualquer. O ônibus chegou e me preparei psicologicamente para entrar. Subi a escadinha do ônibus, entrei logo procurando lugar, me sentei perto da janela e me encostei no vidro. O ônibus começou a andar e eu apenas fechei os olhos e fiquei ouvindo minha música. Uns minutos depois adormeço.
Acordo com a parada repentina do ônibus e me preparo para sair. Me levanto e saio, levando minha mala comigo. Paro na frente da escola e olho tudo de cima a baixo e solto um suspiro. É um edifício de pedra escura enorme com detalhes de mármore. As janelas e as portas são altas e largas e tem uma pequena escadaria que leva à porta de entrada. Subo e bato na porta ouvindo o eco de minhas batidas do lado de dentro. De repente a porta se abre e aparece uma freira, velha e sorridente demais.
-Senhorita Cabello? - falou sorrindo
-Sim.
Ela fez sinal para eu entrar e assim o fiz. Dentro do edifício era tudo feito de pedra, tal como na parte de fora. O teto é alto e quando alguém fala dá bastante eco.
A freira me chamou e me guiou pelos imensos corredores chatos daquela escola. Enquanto ela me levava até meu quarto ia me explicando.
-Aqui as aulas começam às oito da manhã, mas às sete horas é a hora de rezar por isso precisa se levantar cedo. Também vai dividir seu quarto com outra menina e ela vai te explicar isso tudo melhor, aconselho você a ficar perto dela para entender como a escola funciona. - ela para na frente do quarto e se vira para mim – Esse é seu quarto, hoje pode descansar porque não há atividades planejadas. Bom dia.
- Obrigada. – falei.
Entrei no quarto e vi uma garota sentada na cama lendo, de repente ela falou e não deu tempo de eu cumprimentar ela.
-Você deve ser a novata. Prazer, me chamo Ally. Vou ser sua mestre. - falou rindo
-Prazer, me chamo Camilla. Já que você vai ser minha mestre, pode me explicar um pouco sobre este lugar?
Ela me explicou tudo o que eu precisava saber e deu a entender que este lugar é muito entediante. Ela também falou que não dá pra fugir, tem freira em todo o lugar e é praticamente impossível escapar delas. A sorte é que as outras garotas são legais e não costuma ter brigas entre elas.
Amanhã vão começar as aulas de verdade e pelo que Ally me falou aqui é bem dificil aprender alguma coisa porque as freiras não são do tipo de professora que explica até você entender, para elas é ouvir e entender direto. Parece que vai ser um ano bem dificil.
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