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História Hamilton: An American History - The story of tonight


Escrita por: HelenadeEsparta

Notas do Autor


Espero que gostem 🍁

Capítulo 4 - The story of tonight


A bela canção feita pelos pássaros adentrara no quarto de John Laurens, fazendo o jovem órfão caribenho despertar. Os cabelos de Alexander se espalharam por todo o travesseiro macio enquanto o mesmo se contorcia calmamente pela cama, afastando o cobertor de seu peito até para-lo em sua cintura. Os olhos do jovem começaram a perceber as coisas ao seu redor, como a mesa ao seu lado com alguns desenhos dos quais não conseguia identificar o que eram pelo ângulo que via. O teto do quarto era bem alto o que deixava o ambiente mais amplo e claro. Uma cômoda de madeira maciça ficava em frente a cama, com algumas cartas e outros papéis em cima.

John ainda não havia acordado. Seus cachos tentavam sair a qualquer custo de seu penteado, alguns até começavam a cobrir sua face. Se mexia algumas vezes durante o sono, e naquele momento da manhã se moveu até encostar em Hamilton. Continuava virado de costas para ele, isso fez com que chegasse para trás, trazendo suas costas e seu traseiro de encontro ao corpo dele. Alex estava deitado de frente, perdido em pensamentos, quando sentiu os cachos de Laurens encostar em seu ombro. Ele estava tão belo. Seu cabelo estava perfeitamente desgrenhado, causando o primeiro conforto, em uma situação bagunçada para Alexander. John tinha mesmo sardas por todo corpo. O imigrante fez um passeio visual por elas, seguindo do pescoço do rapaz até seu cóccix. Estavam tão próximos. Hamilton poderia toca-lo, ou ao menos tentar. Ele queria tocar em seus cachos, suas sardas, seus machucados e sua bela face.

Primeiramente pensou na possibilidade do americano acordar. Como se explicaria? Iria tê-lo ofendido? John não parecia ofendido com todos os elogios e trocas de olhares, não podia ser um falso alarme. Alexander se virou para Laurens. Sua mão esquerda fez um calmo caminho até aportar nos lindos cabelos do mais velho, a partir daí fez uma trilha descendo até sua orelha externa e parando em seu sardento pescoço. Repousou sua mão por lá soltando leves carícias. Correu o risco de chegar mais a frente conseguido alcançar a mais bonita face que já vira. Seu membro estava tão próximo da entrada de John. Não tinha notado este detalhe até então. Começou uma luta interna para impedir-se de enrijecer-se com tal presença, mas não era a missão mais fácil que já tivera. Trouxe sua mão novamente para perto de seu corpo. Tocar Laurens não ajudaria, considerando a situação.

O americano se mexeu novamente, despertando de seu delicioso sono. Manteve por alguns segundos seus olhos fechados, tentando se lembrar do que deveria fazer aquele dia e o que passara no último. Ouviu um breve suspiro a seu lado, o que fez seu rosto tomar coloração. Lembrou-se de que não estava sozinho, estava na presença de Alexander Hamilton, o homem que admirava por seus ideais libertadores e textos cativantes, que conhecera pessoalmente no dia passado e se encantou com seus belos olhos e elogios com mil intenções.

John levantou-se com cuidado para não perturbar o homem ao seu lado, pois não sabia se este estava a dormir. Manteve-se sentando na cama por alguns instantes. Alex conseguiu ter a visão de suas costas mas desejou não tê-la. Era algo triste de se olhar. Laurens prendeu mais seus cabelos e levantou colocando os pés nus ao chão frio. Soltou um olhar a cama, onde notou Hamilton acordado.

- Bom dia, Sr. Hamilton. Teve uma boa noite de sono? - Perguntou tímido ao homem ainda deitado.

- A melhor que já tive em anos. - Alexander não estava mentindo, tinha insônia constantemente, porém não esta noite.

Laurens deu-lhe um gentil sorriso, seguindo depois em direção a sua cômoda de madeira maciça para vasculhar algo na primeira gaveta da direita. Procurava seu pequeno espelho, presente de sua amiga e esposa, Martha Laurens. Era um belo objeto de borda prateada. Usou-o para observar se estava apresentável.

- Alexander, senhor, posso lhe fazer uma pergunta? - Virou - se para o órfão em sua cama.

- Claro, desde que passe a me chamar de Alex, Jack. - Respondeu levantando lentamente da cama.

- Alex, acha que tenho muitas sardas? - Perguntou com certo ar triste. - Lafayette sempre diz que são extremamente chamativas, mas de uma forma boa. Desejo saber sua opinião.

Laurens estava fingindo preocupação. Nunca se importou com sardas, mas queria ser elogiado mais uma vez pelo belo homem de dorso nu que o encarava.

- Você tem muitas sardas. E elas são magníficas. - Respondeu com um doce sorriso.

John pôs uma larga camisa e guardou seu pequeno espelho a sorrir. Fez seus pés trabalharem até a saída de seu quarto, onde convidou Alexander para um café da manhã. O imigrante aceitou de bom grado, avisando que logo se juntaria a ele na saleta.

A porta foi fechada deixando o órfão sozinho no cômodo. Alexander começou a tentar entender o que tinha acontecido no dia que passou. Conversou com Aaron Burr, que não era nada do que esperava, conheceu jovens que amavam a revolução, e dividiu a cama e flertou com um homem. Tudo isto no mesmo dia em que George Washington tornara sua pequena milícia em uma companhia de artilharia. Foi tudo tão rápido que não entendia como não tinha se perdido no meio.

Caminhou até suas roupas jogadas próximas a porta e as pôs com certa rapidez. Seus olhos se viraram para a mesa de canto ao lado da cama, finalmente conseguindo ver o que Laurens havia desenhado: Tartarugas, em diferentes fundos e de diferentes cores. John desenhava incrivelmente bem, com leves traços em cada parte. Definitivamente pediria um desenho a ele quando tivesse a oportunidade.

Saiu de seus devaneios abrindo a porta. A noite não tinha reparado a cor das paredes que cercavam o corredor. Eram de um azul escuro belíssimo, que poderiam ser facilmente confundidos com qualquer tom de preto. Andou até o final observando, por fim, algumas faces já conhecidas na saleta. Lafayette estava de pé, saindo da cozinha com uma bandeja de chás. Hércules mantinha-se sentando de costas para o lugar de onde o francês saiu, sendo o primeiro a observar a chegada de Hamilton. John não estava em seu campo de visão, mas conseguia facilmente ouvir sua voz.

- Espero que não tenha exagerado no açúcar desta vez. - Disse o mais baixo para o imigrante europeu.

- Se estivesse tão incomodado você mesmo faria o chá. - Respondeu em tom sarcástico lotado de sotaque francês.

- Ora, não posso mais fazer reclamações nesta casa? - Perguntou retoricamente a rir.

O rapaz alto colocou a bandeja em uma mesa de centro um tanto grande, e virou-se na direção da cadeira de Mulligan. Suas longas pernas pediram passagem brincando com as do rapaz sentando de costas para a cozinha.

- Não irá me deixar sentar? - O francês perguntou.

Hércules tentou alertar a presença de Alexander com algumas expressões faciais, que foram entendidas pelo Marquês.

- Não acredito que o Sr. Hamilton se incomodará com tal coisa. - Afirmou sentando-se no colo de Mulligan antes que o mesmo pudesse protestar.

John ria da cena. Amava quando não era o único a ficar corado em um ambiente. Já Alex, que cruzava a sala, realmente não se importava com tal coisa. Quando enfim alcançou seu ponto de chegada sentou-se em uma poltrona ao lado do sardento, que acompanhou com os olhos em sua ação.

- Sirva-se, Alex. - O dono dos olhos verdes sugeriu.

A intimidade entre os dois fora notada por Lafayette, que entregou seu sorriso malicioso a Laurens.

- Estava pensando, o que acharia de compartilhar esta residência conosco, Sr. Hamilton? Tenho certeza que isso poderá ser arranjado. - O marquês ofereceu.

- Seria ótimo, senhor. Sabe se há algum quarto disponível? - Perguntou pegando uma xícara da bandeija.

- Ne pas, mas poderei perguntar ainda hoje a Sra. Hudson. - Lafayette respondeu. - Seria bom morar com mais alguém ansioso por uma revolução! - Completou animado.

- Certamente seria. Tentamos com Burr, ano passado, mas ele é muito estressado. - Comentou Hércules fazendo todos concordarem e rirem.

- Há também a possibilidade de continuar a compartilhar a cama com Laurens. - Falou o francês.

- Lafayette! - Reclamou Mulligan.

- É apenas uma sugestão. - Disse com um belo sorriso na face.

- Seria interessante acordar todos os dias recebendo elogios invés da gritaria que vocês dois causam. - John opinou.

- Eu também te elogio, seu ingrato. - O Marquês disse, fingindo tristeza.

Os quatro continuaram a tomar café da manhã. Alexander mantinha-se sentado em uma confortável poltrona, comendo um pequeno pão suíço. Laurens bebericava seu chá agradecendo a Deus por Lafayette tê-lo feito delicioso esta manhã. Mantinha suas pernas cruzadas enquanto levava com cuidado a xícara a boca. "Como ele pode ser tão gracioso?" O imigrante pensou.

O francês não comia ou bebia, apenas se acomodava no colo de Hércules, que por vezes, conseguia beber um pouco de chá.

O último a terminar a refeição matinal fora Hamilton, que se sentiu na obrigação de levar e lavar cada xícara e talheres sujas. Ele seguiu para a cozinha carregando a bandeja, e John o acompanhou. O lugar era clássico, com vários armários e bancadas. A que ficava em frente à janela exercia força para segurar um balde de madeira, que pelo entorno molhado, provava que estava cheio de água. Alexander colocou a bandeja próxima a ele, em uma segunda bancada, para que conseguisse lavar todos os objetos sujos.

- Você não precisa fazer isto. - Laurens proclamou.

- Deixou-me dormir em sua cama, comer de sua comida e me trataram com tamanha gentileza. Acredito que devo algo, nem que seja uma louça lavada.

- Você não nos deve nada, mas já que não tenho interresse nenhum em lavar estes copos, eu lhe permito fazer este trabalho desta vez. - O sardento brincou fazendo Alex sorrir. - Mas faria outro favor para mim?

- Com certeza. - O imigrante virou-se para o rapaz esperando seu pedido.

- Escreveria uma carta para mim?

- Uma... carta? - Perguntou confuso.

- Acredito que já confessei que amaria ler qualquer coisa que escrevesse, mas ter a oportunidade de ler algo que o senhor escreveu somente para mim seria indescritível.

- Me sinto lisonjeado. Escreverei com prazer, Jack. - Respondeu com um casto sorriso. - Há algum assunto específico que queira que eu escreva sobre?

- Não. O senhor decide o assunto. - O americano respondeu indo em direção a louça para guardar o que já estava limpo.

O que escreveria a ele? Podia escrever sobre os males da escravidão, ou o quão o Rei George III era um bastardo, ou até as táticas exploradas por George Washington. Eram todos assuntos interessantíssimos, mas pensou em outros quando o sol da manhã adentrou pela janela iluminando a perfeita face do baixinho. Agora queria escrever que suas sardas eram perfeitas como as estrelas do céu na noite mais bonita de verão, ou o quão seus olhos o carregavam para sempre querer admira-lo mais, ou até o quanto queria beija-lo para conseguir sentir sua macia boca enquanto tocasse em seus belos cachos.

- Por acaso teria algum compromisso esta noite? - John rompeu os pensamentos do imigrante.

- Irei participar de uma reunião ao meio dia, talvez não termine tão tarde. - Disse lavando o último objeto.

- Se saíres antes das onze nos encontre no mesmo bar da noite passada. Teremos uma noite de discursos, e se estiver a vontade, poderá participar. Mas se não estiver disposto a discursar, venha só para beber cervejas conosco.

- Eu aceito de bom grado.

Alexander enxugou a última xícara e continuou a segura-la mantendo a um pouco afastada do corpo, enquanto devolvia o pano para seu lugar na beirada do balde. John terminava de guardar as colheres em um armário e seguiu para pegar o último copo. Suas mãos tocaram de relance nas de Alex, mas foi o suficiente para fazer os dois se arrepiarem. Seus olhares se encontraram por alguns segundos. Hamilton não conseguiu evitar morder seus lábios, desviando sua face para que o outro não notasse. Toda aquela situação com John estava o matando. Apesar do esforço, Laurens notou a ação do outro e automaticamente pôs-se a corar. "Droga!" Pensou. Será que ficaria vermelho toda vez que estivesse com Alexander?

O americano precisava sair da presença do caribenho urgentemente. Guardou a xícara no armário atrás de si e pôs-se para fora da cozinha em largos passos, porém não deveria tê-lo feito. Lafayette estava de joelhos no colo de Mulligan, enquanto o beijava com as mãos em seus cabelos. Hércules correspondia o beijo, segurando o Marquês pela cintura com sua mão esquerda e acariciando seu dorso com a direita. Laurens queria ter essa segurança que o francês tinha. Ele não tinha medo de ser feliz e aproveitava tudo o que tinha vontade.

- Com licença! - John pediu ao entrar na saleta tentando alarmar os dois amigos.

O imigrante francês logo saiu do colo de seu companheiro inglês parando a troca de carícias.

- Temos assuntos a tratar com o major Benjamin Huger. Seria bom partimos agora. - Continuou a fala após o Marquês encontrar uma cadeira para sentar.

- Claro, mon ami. - O francês levantou agitado. - Nos vemos mais tarde queridos. Fale com a Sra. Hudson o caso do Sr. Hamilton por mim. - Finalizou fazendo tal pedido a Hércules.

Alexander observava a saída dos dois rapazes da porta da cozinha. Mulligan levantou-se um pouco depois iniciando uma conversa com o órfão sobre como seria bom morar ali. Ele já acolhia o rapaz como um membro do grupo. Seu grave sotaque inglês fora reconhecido por Hamilton agora, fazendo-o notar que cada um dos quatro vieram de diferentes lugares, mas consideravam apenas um país como sua verdadeira nação.

Os dois deixaram o lugar alguns minutos depois, fazendo uma caminhada para o primeiro andar, o qual a Sra. Hudson morava. Havia mais uma porta além da sua, com uma forte cor de marfim, bem diferente da que pararam em frente, cuja cor era clara como um raio de sol. A mulher logo atendeu depois de algumas batidas do inglês. A idosa pôs um doce sorriso na face ouvindo tudo o que o rapaz tinha a lhe dizer, desde desculpas pelo escanda-lo causado pelo francês na noite passada, até a situação do caribenho.

- Sinto muito rapaz, mas não tenho quartos disponíveis. - Tentou ser o mais atenciosa possível ao se comunicar com o órfão.

- Eu entendo senhora. Agradeço mesmo assim. - Alex proferiu com delicadeza.

As mão ossudas da mulher começaram a fechar a porta assim que os dois rapazes se despediram. Hamilton não parecia triste, encontraria algo pela região, perto de seus novos amigos. Os dois deixaram seus sapatos trocarem a madeira antiga da estalagem para tocar nas ruas de New York. Era um simples dia, com cavalos passando e carregando pessoas, carruagens ou mercadorias. Algumas mulheres passavam com seus longos vestidos, tentando fazer contato com cada homem que cruzasse seu caminho. Estavam a procura de um marido. Uma jovem de pele clara e cabelos longos e loiros até se interessou por Hércules, mas o mesmo não correspondeu olhares.

- A senhorita Elizabeth Sanders consegue me fazer escapar de algumas situações. - Comentou rindo.

- Ela sabe que... bom... Lafayette... - Alexander tentou fazer uma pergunta, falhando miseravelmente.

- Provavelmente não. Ela mal o conhece. - Mulligan tinha o entendido.

- Mas e o Marquês? - Se propôs a perguntar mais uma vez.

- Se ele sabe que sou casado? Claro. Ele também tem uma esposa na França, senhorita Adrienne de La Fayette, uma bela mulher, que inclusive reconhece os gostos de seu marido. - Hércules falou com clareza. - Mas Laffy e eu temos uma bela amizade, saciamos nossas vontades algumas vezes, apenas. Nada que alguma esposa deva se preocupar.

Ambos os três rapazes que conhecera tratavam aquilo com muita naturalidade. O francês nem ao menos parecia ter medo que um estranho soubesse. Talvez Alex passasse confiança.

- E você? Já desposou alguma senhorita? - Agora era vez do inglês perguntar.

- Não. Não é realmente meu maior foco no momento.

- Entendo. Primeiro a revolução.

- Exato. - O imigrante caribenho respondeu sorrindo.

- O que fará agora a tarde, Sr. Hamilton? - Hércules indagou.

- Primeiro, desejo que me chame de Alex. Segundo, irei a uma reunião da companhia de artilharia da qual participo. - Proferiu com orgulho.

- Companhia de artilharia? Isso é sensacional, meus parabéns por tal cargo. - Falou sincero.

Prosseguiram a andar pela rua com as solas dos sapatos tocando o solo mal cuidado. Continuaram a jogar conversa fora aumentando a intimidade. Hércules era um homem muito reservado socialmente, tendo um simples emprego. Ele mesmo fazia suas calças, pois era alfaiate. Isso explicava o fato delas serem tão únicas.

Mulligan seguiu seu caminho para a alfaiataria, deixando o caribenho a caminhar sozinho pelas ruas. Desde o ataque ao navio HMS Asia seus companheiros começaram a se organizar mais ao centro de New York, para ficar mais próximo ao burburinho da guerra. Agora não se encontravam mais em um cemitério, mas sim em um café de teto alto e requisitado, como os primeiros iluministas faziam. Quando precisavam treinar lutas, iam para um terreno perto dali, cujo o chão era lotado de capim. Alex adentrou no estabelecimento, tocando um pequeno sino ao abrir a porta. O barulho chegou aos ouvidos de Nicholas Fish que se virou para receber o amigo com um caloroso sorriso, e segundos depois, um abraço.

- Olá, rapazes! As novidades já estão postas a todos? - Hamilton pôs - se a perguntar.

- Robert já contou a toda a equipe. Somos uma companhia de artilharia! - Virou - se para os outros que comemoraram.

- Pena que não ficará por muito tempo. - Disse em tom triste.

- Ainda nos encontraremos na revolução, meu caro. - Pôs o braço ao redor do pescoço do órfão. - E como foi com Aaron Burr?

- Burr não era exatamente o que eu pensava, parece ter medo de apoiar a revolução. - Respondeu exalando desapontamento.

- Sinto muito.

- Não sinta. Aaron Burr é só um garoto medroso, mas eu conheci três rapazes tão apaixonados pela revolução quanto eu! - Tomou tom animado.

- E quem são estes?

- Marquês de Lafayette, Hércules Mulligan e... John Laurens. - Disse mais levemente o último nome. - Hoje irão se encontrar no bar em que estivemos ontem, venha comigo para conhece-los.

- Será um prazer.

Todo o grupo seguiu fazendo planos para novas missões na grande revolução. Alguns Hessianos haviam aportado em New Jersey, mas precisamente em Trenton. Eles eram alemães contratados pelos malditos ingleses para fortalecer seu lado na Guerra de Independência. John Jay, conhecido de Hamilton, já avisava que o senhor comandante-em-chefe de todos os exércitos já tramava um plano para a retomada da região centro-atlântica das mãos imundas daqueles europeus. George Washington não tinha convidado o novo grupo para adentrarem nesta futura batalha, mas Alexander tinha a chance de falar sobre tal assunto na sua carta resposta a que o general havia mandado em outrora. Talvez o novo nome conquistasse ele.

A mão direita do imigrante deixou os dedos dedilharem a asa da xícara de café até segura-la com segurança, para que pudesse provar um pouco do líquido escuro enquanto o mesmo ainda soltasse fumaça. Seus amigos concordaram com suas decisões, incluindo o novo nome ao grupo, coisa que só Alex detestava.

Troup, que estava sentado mais ao canto, informou a todos que já marcavam seis horas. O órfão não havia notado o tempo a se passar. Conversava sobre as possíveis manobras de Washington enquanto as horas corriam como lebres. Mas ainda tinha tempo para discursar no bar no centro de New York. Convidou seus dois velhos amigos para este evento e os três partiram em meio a uma chuva que acabara de se iniciar.

Robert amava como as leves gotas escapuliam de suas nuvens cinzas, para aportar no chão onde o mesmo pisava, ou corria, como nesta noite com seus companheiros. Hamilton não sabia ao certo o que falaria para as pessoas naquele ambiente, mas também estava apressado. Nicholas apenas dava largos passos, ficando um pouco atrás dos dois.

O imigrante notara que não escrevera para John. Precisava pedir perdão ao rapaz, e dizer que logo pela manhã o faria.

Os três chegaram completamente encharcados na porta do velho estabelecimento. Os ouvidos aguçados de Alex logo captaram um sotaque francês vindo do fundo do bar. Lafayette estava a discursar. Mulligan o olhava encantado junto à algumas pessoas. Laurens era o que menos prestava atenção as palavras proferidas por seu amigo, estava ansioso para ver o jovem caribenho que o fazia ter sentimentos confusos. Quando o viu adentrar pela antiga porta de madeira seu coração palpitou rapidamente. Logo se levantou da cadeira ao lado de Hércules para pegar um casaco, o qual tinha usado esta manhã porém agora repousava em um cabideiro, próximo a bancada. Este pedaço de tecido serviria para esquentar Alexander, que pelos olhos do americano, estava completamente molhado, mas parou no meio da trajetória ao perceber que o imigrante estava acompanhado por dois senhores, e que estes, por sua vez, estavam igualmente ensopados de água. Pediu, então, alguns cobertores ao rapaz no bar, e prosseguiu seu caminho.

- Alex! Tire este casaco, ponha este cobertor. - Praticamente mandou.

- John! É bom te ver mais uma vez. - Disse enquanto obedecia o baixinho.

Laurens cobriu o mais novo até sentir que ele estava em uma temperatura confortável, e ofereceu em seguida cobertores para os rapazes ao seu lado.

- Nicholas, Robert, este é John Laurens. John, estes são Nicholas Fish e Robert Troup. - Introduziu os homens que se cumprimentaram amistosamente.


- É um prazer conhece-los senhores. - O sardento anunciou.

- O mesmo. - Disse Troup.

Os três homens recém saídos de uma chuva, sentaram em uma mesa um pouco mais afastada da concentração de pessoas. Mulligan fez um sinal de que já cumprimentaria Hamilton, mas obviamente, só após o Marquês terminar seu discurso.

- Pretende nos lançar algum conhecimento hoje, Alex? - John indagou enquanto oferecia um casaco limpo a ele, quando percebeu já estar mais seco.

O casaco ficara um pouco mais justo em Hamilton, mas o esquentava perfeitamente.

- Eu gostaria. - Deu um sorriso casto. - E Jack, me perdoe, não escrevi sua carta, mas prometo escreverei amanhã bem cedo.

- Não se preocupe, me escreva quando estiver inspirado. - Laurens proferiu, confortando o imigrante. - Mudando de assunto, se me permite, achou algum lugar para morar? Mulligan me contou a falta de quartos em nossa estalagem.

Alexander tinha se esquecido completamente deste tópico. Seus amigos poderiam o levar para sua atual casa, mais afastada do centro, porém ele gostaria de viver no meio de tudo, e perto de seus novos amigos.

- Por Deus, esqueci completamente. Mas não se preocupe, meus companheiros me acompanharão até minha casa desta vez. Não causarei mais infortúnios. Amanhã verei uma nova casa ao centro. - Explicou.

- Não causas infortúnio algum. É bom que tenha alguém para acompanha-lo, mas se decidir ficar até mais tarde, como ontem, terá minha cama á sua disposição. - O mais velho falou.

Deus, como Alexander queria que Lafayette se acabasse na bebida como no dia passado. Seria estupendo dividir novamente a cama com o rapaz de lindos cachos.

- Acredito que esteja abusando de sua hospitalidade, porém também agradeço por me oferecer mais uma vez sua cama.

- Não há problema algum.

Algumas bebidas chegaram a mando do Marquês, quando o mesmo terminou de explicar as pessoas ali reunidas que não deveriam ter medo de se expor, tomar partidos naquele momento era importante. Quando pôs seu pê para fora do tablado ao fundo do bar, algumas Sam Adams desembarcaram na mesa onde os quatro rapazes estavam. Os europeus logo se juntaram ao grupo, cumprimentando cada pessoa.

Fish se deu liberdade de tomar um copo, mas logo deveria partir, sem ao menos escutar o discurso do velho companheiro de milícia. Deveria ir cedo para o norte, onde logo pela manhã do dia seguinte, seria nomeado oficialmente Major do segundo Regimento de New York. Permaneceram-se sentandos Lafayette, Mulligan, Laurens e Troup. Hamilton tomou seu caminho ao tablado e em menos de dez minutos já sentia olhos encantados olhando para si. Suas palavras traziam certo patriotismo que ninguém naquele lugar jamais ouvira. Nunca em mil anos alguém diria que aquele rapaz de discurso esperançoso era, na realidade, imigrante. John o admirava com tamanha intensidade, trazendo em seu coração a fé de uma boa batalha e independência. Alex praticamente convocava todos aqueles homens a se alistarem, para lutarem com ele a batalha que futuramente aconteceria em New Jersey.

- Ele sempre fora assim? - O francês perguntou ao antigo amigo daquele que discursava.

- Sempre. - Ousou responder com certa rapidez e certeza.

Quando as falas do caribenho acabaram os homens do bar o elogiavam e a maioria já estava disposta a segui-lo para onde quer que fosse. O rapaz era bom com pessoas. Ao descer o pequeno palco, cumprimentou alguns senhores falando mais sobre seus ideais, mas logo se tornou a caminhar para seus amigos.

- Isso foi sensacional, Alex! - Os lindos olhos verdes de John brilhavam, conseguindo arrancar um leve suspiro do mais jovem.

- Mon ami, precisamos leva-lo para mais noites como esta. - Sugeriu o Marquês.

- Você tem talento! - Hércules o elogiou.

- Já estou acostumado com tal coisa. - Robert comentou quebrando a cadeia de faces surpresas e encantadas.

Hamilton riu desta fala e agradeceu pelas outras. Estava evidentemente feliz, conseguira convencer muitos de seus pontos e acompanharem a ele nesta revolução, mas seus sentimentos foram rapidamente transformados.

- A noite já caiu, Jennet está a minha espera. Vamos para casa, amigo? - Perguntou ao rapaz recém chegado a mesa.

Alexander olhou de relance para os novos amigos, e por mais segundos ao sardento. Não queria partir.

- Sabes que pode ficar, se assim quiser, mon cher. - O francês sugeriu, percebendo que John aparentava ter vergonha para faze-lo.

- Conheço Alexander há um bom tempo, já consigo adivinhar sua decisão. O vejo amanhã, caro amigo. - Falou vestindo seu casaco, agora seco.

- O vejo amanhã. - Alex repetiu com gentileza.

O órfão sentou-se em uma das cadeiras observando as faces felizes de seus novos companheiros. Apesar do tempo, todos já o consideravam um amigo, e assim era correspondido por Hamilton.

- Vamos brindar a esta noite! - O imigrante caribenho proclamou.

Suas mãos caçaram um copo pela mesa, e quando concluido o objetivo, o ergueu, esperando até seus amigos o imitarem em seu ato.

- Eu posso não viver para ver a nossa glória, mas me juntarei à luta de bom grado. E quando nossos filhos contarem nossa história, eles contarão a história dessa noite! - Exclamou em bom som.

Os quatro brindaram alegres e ansiosos para que a batalha de New Jersey chegasse.

- Vamos tomar mais uma rodada essa noite? - Lafayette perguntou, mas todos já sabiam que a resposta seria sim.

O inglês e o americano partiram para pegar mais duas garrafas de Sam Adams. Alexander tinha aprendido a apreciar esta cerveja. Não era tão boa quanto a francesa, mas era uma que marcaria sua vida. Os rapazes colocaram-nas na mesa, e serviram cada copo. John pediu a permissão para dizer algumas palavras também, erguendo seu copos como antes fizera seu companheiro, e esperou que o imitassem.

- Um brinde à liberdade, algo que eles nunca podem nos tirar, não importa o que eles nos digam. Um brinde a nós quatro. - Virou-se para Alexander para proferir a última frase. - E talvez um dia haverá mais de nós, contando a história dessa noite. 



Notas Finais


Já estou cansada de escrever capítulos sobre esses quatro. Capítulo que vem terá as irmãs Schuyler.


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