História Hands to Myself - Boa sorte;

 — Eu sentirei falta de vocês — murmura Allison enquanto seus braços envolviam a amiga ruiva e a amiga japonesa. — Eu até queria ir com vocês, mas eu jamais passaria em Harvard. Vocês duas são as pessoas mais inteligente que eu conheço, tenho certeza que serão bem-sucedidas e eu já me sinto orgulhosa de vocês. Não vamos perder contato, por favor, irei ligar todos os dias para vocês, bebês. A nossa amizade com certeza durará para sempre.

 A menina de profundas covinhas beija a bochecha das duas amigas e sorri ainda sem soltá-las do seu abraço. Seus olhos castanhos se encontravam marejados em um misto de sentimentos. O clima de despedida estava obrigando Allison a chorar, porém ela se segurava ao máximo.

 — Nós também sentiremos a sua falta, Allie — diz Lydia e Kira balança a cabeça confirmando.

 — Ah, eu amo vocês! — Allison aperta mais o abraço. — Você é a ruiva mais linda que eu conheço, Lydia, você é perfeita em todos os sentidos, é maravilhosa por dentro e por fora, e merece o mundo. Igualmente a você, Kira, a japonesa mais fofa que sinto vontade de colocar em um potinho para cuidar — fala enquanto esperava pela vez delas.

 Em ordem aleatória, o diretor do colégio Beacon Hills chamava pelos formandos para entregar o sonhado diploma. Todos eles vestiam devidamente suas becas e capelos vermelhos.

 Allison sentia um incontrolável frio na barriga, suas mãos inquietas suavam, sua respiração parecia desregulada e estremecia dos pés à cabeça.

 Todo seu esforço para não chorar foi por água a baixo quando ela escutou seu nome ser pronunciado pelo diretor. A Argent abraça pela última vez Lydia e Kira e se despede das amigas. Depois corre para Malia e Theo em um único abraço.

 — Aproveitem a festa por mim. Espero vocês em Los Angeles. Amo vocês, tá?

 — Allison Argent — o diretor volta a chama-la pela demora.

 — A gente também te ama — diz Theo e sorri. Malia movimenta a cabeça concordando com Theo e limpa as lágrimas da amiga. A menina dona de longos cabelos pretos se obrigada a colocar um sorriso no rosto.

 — Tchau, gente — Allison se despede dos quatros amigos.

 Exausta de Beacon Hills, Allison Argent adiantou sua despedida que aconteceria apenas daqui a duas semanas. Assim que voltou para casa na noite de pizzas no apartamento dos Hales, Allison foi direto para o quarto, abriu o laptop e procurou pela primeira passagem disponível para depois da formatura. Encontrou uma para poucas horas após a entrega dos diplomas, ligou para a tia Kate perguntando se ela podia ir mais cedo e, com a autorização condida, decidiu comprar. Sem pedir a opinião de ninguém, ela avisou aos seus amigos e aos pais apenas ontem para começar as despedidas.

 Após pegar o seu diploma, aos gritos e incentivos dos amigos que a fizeram rir, Allison desce as escadas e, em vez de se juntar aos outros formandos, ela procura pelos pais. Eles não estavam no mesmo lugar que anteriormente, portanto ela teve que passar sua visão por cada canto dali procurando por ele. Quando encontra-os, Allison estremece. Chris, Victoria e Hayden haviam se juntado ao Scott McCall e à Maya Werneck. A morena suspira com frustração e encoraja-se para ir até lá.

 Ao se aproximar, o senhor Argent abre os braços convidando-a para um abraço e ela não hesita por nenhum instante. Corre para os braços do pai e abraço-o apertado.

 — Parabéns, filha — Chris beija o topo da cabeça da menina e ela sorri.

 — Obrigada, pai — agradece, aconchegando-se ainda mais no abraço.

 Logo, recebe os parabéns da mãe, da irmã e dele.

 — Obrigada, Scott. — Allison dá um meio sorriso para ele e rapidamente volta sua visão para o pai. Tira seu capelo da cabeça e a beca do corpo, ficando apenas com as suas roupas casuais: calça preta, t-shirt e all star branco. — Vamos?

 — Aonde vocês vão? — pergunta Scott olhando para a filha mais velha dos Argents.

 — Nós... — começa Victoria, entretanto imediatamente é interrompida por Allison.

 — Shhh, mãe! Que coisa chata essa de ficar dando satisfação sobre a minha vida para os outros — resmunga impaciente, enquanto limpava as lágrimas.

 — Allison, calma — Chris chama a atenção da filha.

 — Ah, pai, desculpa! Mas eu não quero que fiquem expondo a minha vida, eu tenho este direito ou não? E, pelo amor de Deus, estou perdidamente atrasada, depois vocês conversam, podemos ir logo? — Segura os pais pelas mãos e começa a andar, puxando-os consigo.

 Entretanto, antes mesmo de criar uma distância muito grande de onde estavam anteriormente, a menina olha para trás e sente o seu coração apertar.

 — Me deem um minuto — pede.

 Solta as mãos dos pais e volta correndo. Sem se importar. Sem se importar com o que os pais pensariam, ou como Maya reagiria, ou com o que qualquer pessoa ao redor acharia. Ela precisava.

 Ela correu para abraça-lo. Um abraço forte que pegou Scott desprevenido, os braços da menina envolveram o pescoço do homem e os corpos se chocaram. Em uma reação imediata os braços do homem também envolveram o corpo magro da menina.

 Resmungos foram ouvidos por ambos, além de uma mão segurando e puxando o braço de Scott, forçando-o a desfazer o abraço. Todavia, isso não foi o suficiente para fazer com que eles se separassem.

 — Procure pela sua mãe, Scott, por favor — a morena cochicha no ouvido dele.

 Para Allison, aparentemente, os sentimentos que eles sentiam um pelo outro não foi forte o suficiente para trazer a liberdade dele, não foi forte para eles permanecerem juntos. Talvez a mãe dele fosse a única que conseguiria fazê-lo jogar tudo para o alto, quebrando as correntes que impediam que ele fosse feliz.

 As lágrimas ousaram a cair novamente dos olhos castanhos da menina. Ela sentiria falta dele. Contudo, sua liberdade estava em jogo e ela não poderia continuar em um relacionamento que a impedia de voar.

 Ela precisava ir embora e este era um abraço de despedida, mas ele não sabia disto.

 — Tchau, Scott, boa sorte — ela sussurra ao soltá-lo.

 — Aonde você vai agora, amor? — ele questiona e leva sua mão para o rosto dela em uma tentativa de limpar as lágrimas que molhavam a pele clara.

 Allison segura no pulso do homem e afasta a mão dele.

 — Não precisa se preocupar comigo, se preocupe apenas com você. — Ela dá um sorriso contido e espreme os lábios.

 Antes que ele dissesse mais alguma coisa, Allison corre de volta para os pais.

 — Allison, você não perde uma oportunidade de provocar a May, né — resmunga Victoria.

 — Por favor, mãe! — A morena revira os olhos. — Felizmente o meu mundo não gira em torno da Maya. Minhas atitudes não são pensando nela. O Scott é muito meu amigo e meu professor, ele também é um dos responsáveis por eu ter sido aceita na universidade que eu sempre quis estudar, eu apenas quis me despedir, sabe-se lá quando eu vou vê-lo novamente, se é que eu vou vê-lo.

(...)

Sentado a uma das mesas, Scott se sentia angustiado. A festa de formatura acontecia entre os alunos, mas ela não estava entre eles. Scott esperou que ela voltasse para curtir a noite com os amigos, entretanto isto não veio a acontecer.

 Maya se agarrava no braço musculoso e mantinha sua cabeça deitada no ombro dele. A loira conversava com os demais professores que dividiam a mesa com eles. Previsivelmente, o assunto gravidez dominou o maior tempo da conversa, conversa a qual Scott não proferiu uma palavra sequer. Ele sabia que esse filho não era dele e não iria fingir o contrário, então apenas se calou.

 — Já volto — murmura Scott ao se levantar da mesa.

 — Aonde vai, amor? — pergunta Maya.

 — No banheiro.

 — Eu vou com você...

 — Maya, por favor — resmunga, impaciente.

 — Tudo bem. — Ela sorri fraco, se controlando para não discutir com ele para ir junto, pois estava na frente de outras pessoas.

 Scott vai ao banheiro. E, ao voltar para a mesa, ele avista Malia andando sozinha entre as pessoas, a menina loira cantarolava a música que tocava e mexia seu corpo no ritmo, então Scott muda a direção do seu caminho e anda até ela. O homem fica na frente dela, fazendo-a parar de andar. Malia franze o cenho, sem entender o que ele queria.

 — O que foi? — ela indaga.

 — Cadê a Allison? — pergunta Scott e a única resposta que recebe é um revirar de olhos. — Malia, por favor! Por que ela não está aqui com vocês? Ela estava ansiosa por isto, não faz sentindo ela perder a festa de formatura, ainda mais a Allison que adora uma festa...

 — Quer mesmo saber o motivo dela não ficar para esta festa tão importante para ela? — indaga com impaciência. Scott assente. — Você. Você é o motivo. Parabéns, Scott!

 — Ela não está aqui por minha causa? — a voz do homem falha. — Não, não pode ser. Ela não é o tipo de pessoa que deixaria de ir a uma festa por um cara.

 — Você não é um cara. Você é o cara que ela se permitiu gostar e começar um romance, ela abriu todas as chaves do coração dela para você e você magoou-a. Ela até cogitaria ficar, mas então você teve a cara de pau de trazer a Maya com você para estragar todas as chances dela mudar de ideia. Diferente de outros, ela não é uma pessoa que vive uma mentira e ela não iria fingir que estava feliz e curtindo a festa vendo você grudado na Maya depois de tudo. Então, novamente, parabéns por ser o responsável por foder com a noite de formatura dela. — Malia dá um sorriso irônico e dois tapinhas no ombro dele.

 — Eu não trouxe a Maya! Eu vim sozinho. Ela apareceu aqui por conta própria, sem o meu consentimento, eu pedi para ela não vir, mas ela...

 — Não importa. Se você quer continuar estragando a sua vida obedecendo as vontades e sendo controlado pela Maya e pelo seu pai, deixe a Allison em paz porque ela não merece se afundar pela sua falta de coragem.

 — O que vocês estão falando? — Maya aparece.

 — Maya, me dá licença, por favor — pede Scott.

 — Não te interessa! — responde Malia de maneira rude por cima da fala do homem.

Maya recua e entreabre a boca, pega de surpresa pelo tom de voz que a menina usara com ela. A mulher emburra a cara e cruza os braços sobre o peito.

 — Só pode ser amiga daquela puta — rezinga Maya.

 — A única puta aqui é você — rebate Malia.

 — Não foi eu quem saiu com um homem casado.

 — Ah, cala a boca! Quantas vezes você já traiu o Scott? Você já quis e quase ficou com o meu namorado, só não ficou direito pois ele fugiu de você.

 — Eu nem conheço o seu namorado, garota.

 — Aquele ali — aponta Malia para Isaac que conversava com Theo e com Marie. — Se lembra do aniversário do Stiles ou vai fazer a sonsa? Antes de chamar a minha amiga de vadia se lembre também que você está engravida de outro homem. Aguardando ansiosamente quando todos souberem sobre este fato sobre a santa da Maya...

 — Ei, você acredita em mim? Que este filho não é meu? — Scott segura na mão dela e questiona com um fundo de animação na voz.

 — Obviamente — fala Malia. — Nesta dissimulada é na última pessoa que eu acreditaria na vida.

 — Obrigado — a palavra de agradecimento escapa da boca de Scott e ele esboça um pequeno sorriso. Na situação que ele se encontrava, apenas saber que mais uma pessoa acreditava nele conseguia deixa-lo feliz.

 — Claro que este filho é dele, ele é o meu marido! — A mulher esbraveja e coloca-se entre Malia e Scott, empurrando a menina Hale para trás.

 — Da próxima vez que você encostar em mim, eu esquecerei que você está grávida e não me responsabilizarei pelos meus atos — ameaça Malia ao encarar a mulher de cabeleira loira e olhos claros. A Hale cerrava os punhos e rangia os dentes.

 — Maya, se afasta dela, que porra — reclama Scott e puxa a mulher para trás.

 — Amor, ela que me ameaçou, você deveria mandar ela se afastar de mim! Você deveria cuidar mais de mim porque eu estou carregando o seu filho!

 — Que mulher chata do caralho, Scott, como você aguenta? Puta merda. — Malia revira os olhos.

 — Olha aqui, garota. — Maya avança, mas Scott segura-a.

 — O que está acontecendo aqui, hein? — pergunta Isaac abraçando a namorada por trás e apoiando o queixo no ombro dela. — Hey, quanto tempo a última vez que te vi você estava deitada em cima de mim na cama da Brooke — o loiro olha para Maya e sorri.

 — Não sei o que você está falando — murmura Maya.

 — Sabe sim, loirinha — ele pisca.

 — Não se esforce, Isaac, ela nunca parará de fazer a sonsa. Scott, se você vai fazer a burrada de não se separar dela, eu só te desejo boa sorte. Aliás, quer saber, eu não terei o mínimo de pena de você, pois a escolha será só sua. — Malia dá os ombros.

 — Não sei como você deixou escapar a segunda garota mais foda que existe. Allison Argent é a garota mais sensacional deste mundo, só perde para a minha namorada — Isaac beija a bochecha da menina de cabelos dourados e curtos. — Mas, se escolheu a Maya, quem sou eu para dizer alguma coisa... diferente de você, eu sou um homem extremamente feliz e agradecido por ter uma mulher foda ao meu lado que eu amo e recebo o mesmo amor puro e sincero em troca.

 — Eu não tenho que ouvir estas coisas. Vamos embora, amor! — resmunga Maya, no entanto é ignorada.

 — Eu não escolhi a Maya — murmura Scott.

 — E também não escolheu a Allison, se você tivesse a escolhido, você estaria ao lado dela agora, mas não está. Eu te garanto que a Allie queria estar com você mais que tudo, porém ela deixou a escolha na sua mão e você não escolheu ficar com ela.

 — Malia, eu quero ficar com ela, eu só pedi um tempo...

 — Ela não tem a obrigação de ficar esperando as suas vontades, Scott. Ela não pode ficar presa a você, se você estiver preso à Maya.

(...)

 Enquanto Maya dormia no quarto principal e Rafael no quarto de hospedes, Scott deitava-se encolhido sobre o sofá da grande sala preenchida somente pelo som que saía da televisão. O moreno mantinha seus olhos fixados à tela que transmitia o terceiro filme de ação da madrugada, porém sua mente viajava. Seus pensamentos o consumiam sem piedade.

 Ele pega o seu celular e entra nas mensagens. Lê as últimas conversas que teve com Allison e um singelo sorriso nasce nos lábios dele. O sorriso aumenta quando ele chega nas fotos que eles tiraram na floresta.

 O moreno coloca para escrever uma nova mensagem, pensa por um momento se deveria e no fim conclui que sim, então começa a digitar:

“Amor.”

“Preciso conversar com você, posso ir aí?”

“Por favor, eu te amo.”

“Allison?”

 Ele aguarda, entretanto não recebe nenhuma resposta, deixando-o angustiado. Os minutos passavam e a aflição dominava o corpo dele ainda mais.

 Quando o horário do nascer do sol se aproximava, Scott se levanta do sofá, anda até a garagem, pega seu carro e dirige até a casa da família Argent.

 O McCall sobe no telhado, para na frente da janela dela, porém ele pôde ver que ela não estava ali, a cama estava arrumada, então ele presumiu que ela também não havia dormido no quarto.

 O moreno desde do telhado e olha a garagem pelos espaços que possibilitavam a visão. O carro da Victoria, o carro do Chris e a moto da Allison estavam lá.

 Ele vai para frente da casa e senta-se na guia da calçada.

 Após aguardar por um longo tempo ansiosamente, Scott escuta a voz de Victoria.

 — Senhor McCall — a mulher de curtos cabelos vermelhos diz com estranheza ao reconhecer o homem sentado em sua calçada.

 Scott olha para trás, avistando a mulher parada na porta. Ele morde os lábios em nervosismo, se levanta e anda até ela.

 — Preciso falar com você e com o Chris.

 — O que houve? Aconteceu alguma coisa? A May está bem? O filho que vocês estão esperand...

 — Eu não estou esperando filho algum, Victoria, eu não engravidei ninguém — murmura.

 — O que está dizendo? — Uma expressão confusa domina o rosto dela.

 — Eu apenas não sou o pai do filho da Maya, mas enfim, eu preciso conversar outra coisa com você, porém tem que ser com o Chris junto...