1. Spirit Fanfics >
  2. Hands to Myself >
  3. Eu me escolhi;

História Hands to Myself - Eu me escolhi;


Escrita por: AllieMaddox

Capítulo 33 - Eu me escolhi;


Fanfic / Fanfiction Hands to Myself - Eu me escolhi;

 — Primeiro, eu peço que não fiquem bravos com a Allison, por favor — começa Scott.

 — O que ela fez de errado? — questiona Victoria olhando com preocupação para o homem parado à sua frente.

 Chris, ao lado da esposa, também olhava para Scott esperando ele dizer o que precisa, suas desconfianças do que se tratava aumentaram quando ele reparou o alto teor de apreensão e aflição que Scott demonstrava.

 Sentada na poltrona da sala, Hayden abaixa a cabeça, espreme os lábios e brinca com uma mecha do seu cabelo em uma falha tentativa de se distrair para não ser completamente dominada pelo nervosismo. Ela sabia exatamente o que estava por vir e sentia medo pela irmã que não residia mais em Beacon Hills.

 — Nada, ela não fez nada de errado e é isto o que você precisam entender. — Scott passa a língua pelos lábios secos e respira fundo. — E-Eu... — balbucia e suas mãos inquietas retornam a suar. Interrompe-se para repensar em como deveria dizer a eles. Busca por uma dose de coragem dentro de si e, finalmente, continua: — Como eu disse a Maya não está grávida de mim, o nosso casamento não passa de uma farsa e... a única mulher que eu amo é a Allison.

 — O que você disse?! — indaga Victoria sem poder acreditar no que acabara de ouvir. — Eu acho que ouvi errado.

 — Não ouviu, eu amo a sua filha, senhora Argent — diz Scott ainda preenchido pelo medo, porém fazia o possível para esconder isto.

 — Vocês estão juntos? — questiona Chris. Ele já chegou a suspeitar disto anteriormente e hoje aparentemente ele estava recebendo a confirmação.

 — Estávamos — confirma Scott, após hesitar por alguns segundos.

 As expressões que se formaram nos rostos do senhor e da senhora Argent não eram nada convidativas e Scott não esperava por menos que isto. Previsivelmente, Victoria parecia ter a pior reação, seu rosto se tornava vermelho gradualmente, a mulher se assemelhava a um vulcão prestes a entrar em erupção.

 — Você é casado! — a senhora Argent berra. Hayden fecha os olhos assim que escutava a primeira palavra sendo gritada. Scott permanece quieto, pois não lhe foi oferecido a oportunidade de rebater, Victoria não permitiu isto, pois continuou aos berros sem ao menos respirar. Nem mesmo Chris Argent teve a oportunidade de se pronunciar. — A sua mulher está grávida! A Allison namorava o seu melhor amigo! Você era o professor dela! Como pode dizer isto?!

 Ela olha para Scott incrédula e também com raiva. Em contrapartida, o McCall tentava manter a calma e o controle, não queria tornar aquilo uma discussão, pretendia focar em uma conversa, mesmo se só ele pensasse assim.

 — Meu casamento não passa de um acordo de negócios. O filho que a Maya está esperando não é meu. O Stiles é o meu melhor amigo, ele só estava ajudando-nos. E, sim, um professor se relacionar com uma aluna não é o correto e eu aceito qualquer punição quanto a isto, já espero pela demissão, mas...

 — Demissão?! — Victoria interrompe antes que ele pudesse continuar. — Você nunca mais irá exercer a sua profissão como professor se depender de mim! Ela era a sua aluna! Você abusou do seu poder para suprir os seus desejos nojentos com uma adolescente! E ainda com a minha filha! A filha da mulher que te deu esta oportunidade de emprego! Você induziu covardemente a minha filha para isto, se aproveitou dela!

 — Eu não a induzi, senhora Argent, muito menos me aproveitei dela, a gente apenas se gosta e... — Scott tenta falar, mas novamente é interrompido pela mulher.

 — Vocês não se gostam! — Victoria se aproxima dele e encara-o bravamente.

 — A Allison ama o Scott, mãe! — Hayden levanta-se e coloca-se entre Scott e Victoria.

 — Hayden! Você também sabia disto?! — indaga Victoria.

 — Sim. E ele não a induziu, pelo contrário, a Allison que quis ficar com ele primeiro e ele tentou recusar até onde pode. Eles se amam de verdade. A senhora não deve ser tão dura, pois não é possível controlar nossos sentimentos, ainda mais quando é algo tão forte como o que eles sentiam — diz Hayden.

 — Hayden, não tente defender este homem — a mulher diz à filha sem tirar os olhos raivosos sobre Scott.

 — Filha, é melhor você subir — diz Chris, pronunciando-se pela primeira vez desde que Victoria começou a berrar.

 A irmã mais nova de Allison suspira e vira a cabeça para trás para poder visualizar Scott. Hayden espreme os lábios e seu olhar dizia: “eu tentei”.

 — Tudo bem, pode subir. Obrigado, Hayden — Scott sussurra a ela e dá um meio sorriso.

 A menina sobe para o quarto deixando os pais sozinhos com Scott.

 — Quem mais sabe?! Aliás, faz quanto tempo que vocês estão nesta palhaçada?! — questiona Victoria.

Scott hesita, pensando se deveria responder aquela pergunta visto o estado emocional em que Victoria se encontrava.

 — Responde! — ela exige, não dando escolha a ele.

 — A gente se encontrou pela primeira vez em uma festa na casa de campo do Derek, nas férias antes das aulas começarem. Depois nos reencontramos no colégio, descobrimos que seriamos professor e aluna... mas, estamos oficialmente juntos desde janeiro — confessa.

 — Isto começou antes de começar as aulas?!

 — Nós só nos beijamos aquele dia, porém nem nos conhecíamos.

 — Só?! Você era casado, Scott! O que é um tremendo erro! E você persistiu neste erro tornando-o ainda pior, a Allison era a sua aluna, uma adolescente e minha filha! Eu não estou acreditando nisto... — A Argent mais velha se senta no sofá, passa a mão na cabeça e respira pesado.

 — Victoria... — murmura Scott com calma.

 — Eu não quero ouvir a sua voz! — berra. A mulher estica a mão até a mesa de centro e pega o seu telefone celular, disca rapidamente alguns números e aguarda. — Allison Argent, o que você tem a dizer sobre esta história que eu fiquei sabendo sobre você e o senhor McCall? — indaga Victoria com extrema rigidez.

 — Depende, que história você ficou sabendo?

 — Você sabe sobre o que eu estou falando, Allison!

 — Ok. Quem foi o fofoqueiro que te contou? — a menina questiona.

 — Então, é verdade? Você e o senhor McCall estavam vivendo um caso, Allison?

 — Ah, mãe, não adianta eu tentar negar, não é? Está feito e é impossível desfazer. Sinto muito por ter mentindo para você e por te decepcionar, espero que consiga me perdoar logo — diz Allison, simplesmente. Já em Los Angels, a menina não queria estender a discussão, pois já estava exausta deste assunto. Eles nem estavam mais juntos. Ela não queria se estressar e deixaria a mãe brigar sozinha se ela assim quisesse.

 Victoria bufa irritada.

 — Allison, você nunca mais vai vê-lo, está me entendendo?! Tudo o que vocês tinham deve terminar agora, você ficará longe dele. Depois iremos conversar pessoalmente — ela desliga sem dar a oportunidade para Allison responder.

 Victoria levanta-se, marcha até Scott e lhe presenteia com um forte tapa na cara. Um tapa que fez a pele bronzeada do McCall adotar imediatamente uma coloração vermelha. Scott apenas fechou os olhos e espremeu os lábios um contra o outro, sem reclamar do tapa que acabara de receber.

 — Victoria, calma! Não iremos conseguir resolver nada deste jeito — fala Chris.

 — Está resolvido, este homem irá ficar bem longe da Allison! — diz Victoria, logo se redireciona para Scott novamente. — Eu nunca irei aceitar a minha filha com um descarado, aproveitador, sem caráter como você. Não existirá mais nenhum contato entre vocês! Para de falar da minha filha! Para de pensar na minha filha! E sai da minha casa, agora!

 A mulher aponta para a porta.

 O McCall olha pra Chris como uma última esperança, mas o homem pede para Scott ir embora. O moreno de maxilar torto abaixa a cabeça e segue seu caminho até a porta, abre-a e antes de sair escuta a última frase proferida por Victoria:

 — Eu tenho dó da May por ter se deixado iludir por um lixo de homem. O que será deste bebê agora, Chris?

 Scott entra no seu carro e dirige até a sua casa, ou melhor, até a casa da Maya. O percurso todo foi torturante. Sua mente estava uma desordem e ele sabia que isto estava longe de acabar. Seus pensamentos o consumiram cruelmente. Seus olhos marejados encaravam as ruas pelas quais ele passava. Na metade do caminho, ele estaciona em uma rua menos movimentada, pega o seu celular do bolso e quando acende a tela, se entristece quando não vê nenhuma mensagem ou ligação de Allison. Ela estava com o celular, pois atendeu a ligação da mãe, entretanto não respondeu as mensagens que ele enviara e sequer mandou novas após saber que ele foi falar com o senhor e a senhora Argent.

 Scott liga para ela, porém não é atendido, apenas o que ganha é uma nova frustração. O moreno então decide ligar para o melhor amigo que atende logo no segundo toque.

 — Hey, bro. — Stiles cumprimenta. — Qual o motivo de estar me ligando a esta hora da manhã de um domingo?

 — Eu queria saber se você poderia me hospedar por um tempo.

 — Te hospedar?

 — Sim. Eu vou sair da casa da Maya hoje e não tenho para onde ir. Se puder me ajudar até eu arranjar um lugar para morar.

 — Eu ouvi direito? Você finalmente vai sair da casa da Maya? Vai acabar com tudo?

 — Vou.

 — Caralho! Eu não poderia ter recebido notícia melhor! Que orgulho do meu garoto virando hominho. Pode vir sim! Fique morando comigo o quanto tempo precisar, estou precisando de alguém mesmo para ficar com a louça e com a limpeza dos banheiros. — Stiles ri e Scott também dá uma risada, porém baixa e menos entusiasmada. — O que foi? Você não parece estar tão feliz quanto deveria.

 — Eu fui falar com os pais da Allison e previsivelmente eles não receberam bem este nosso relacionamento. Eu ainda estou sem falar com a Allison, pois eu não a vi, ela não responde as minhas mensagens e não me atende. E eu estou indo em direção a uma nova discussão agora. Já estou me preparando pelos gritos da Maya e pela reação negativa do meu pai.

 — Ah. Mas, vai dar tudo certo no final, bro. Você está fazendo o certo, não fique mal. E eu estou aqui para você, ok?

 Scott e Stiles se despedem e finalizam a ligação.

 O McCall toma coragem e retoma o caminho. Chega em poucos minutos, estaciona o carro na rua e adentra a casa. Sobe para o quarto e depois para o closet da casa, felizmente ainda sem encontrar Maya e Rafael.

 O homem pegava as suas coisas e colocava-as em uma grande mochila. Tudo o que comprou com o dinheiro resultado do suor do seu trabalho, o que foi comprado pelo dinheiro dos Wernecks ele não deu a mínima atenção, afinal não lhe pertencia.

 — Amor, onde você estava? — Maya aparece no closet. — O que você está fazendo? — pergunta quando vê ele jogando peças de roupas dentro da mochila. Ela olha para ele e franze o cenho confusa, porém não recebe qualquer resposta. — Scott! — ela segura no pulso dele, impedindo que ele continuasse.

 — Me solta, Maya — pede Scott.

 — O que você está fazendo? — ela repete a pergunta.

 — Estou indo embora. — Ele movimenta o braço, soltando-se dela e continua a juntar suas coisas na mochila.

 — Como assim está indo embora? — Maya encara-o. — Scott, me responde!

 — Cheguei ao meu limite, Maya, acabou. Nós dois acabamos hoje. Ache outro cara para fazer o papel do seu marido. Você tem dinheiro, não faltará opções, afinal você não se importa se a pessoa sente algo por você ou não mesmo. Compre o amor de alguém que esteja disposto a vender, pois eu não estou. Eu sinceramente não sei porque aceitei fazer isto por tanto tempo, foram os piores anos da minha vida, mas, pelo menos, isto tudo me levou até a Allison. — Ele fecha o zíper da mochila quando termina.

 — A Allison foi embora, ela não quer mais nada com você — diz Maya.

 — Do que está falando?

 — Aquela puta foi embora ontem de Beacon Hills, a Victoria me contou que ela foi para a casa da tia dela, e se ela não te contou significa que ela não te quer lá. Seu romancezinho acabou, Scott, é a nossa chance de esquecer tudo e continuar o que vivíamos antes dela tentar te roubar de mim. — A loira segura no braço do marido, entretanto ele se afasta e coloca a mochila nas costas.

 — Maya, acabou! Eu estou indo embora, você não está entendendo? Logo, a gente cuida dos papéis do divórcio, o mais rápido possível. Eu não piso mais nesta casa e não quero contato com você, vou procurar por um advogado que cuide de tudo. — Ele desvia dela e vai em direção à porta.

 — Não acabou, Scott! — Maya segue-o e para na frente dele no meio do estreito corredor. — Eu te amo. Tudo isto é culpa daquela puta. Ela está te manipulando! Está fazendo você esquecer tudo que sente por mim. Nós trocamos juras de amor no altar, você jurou ficar comigo até que a morte nos separe, porque você me ama, lembra?

 — Eu amo a Allison. O único sentimento que eu tenho por você é pena. Agora me dá licença, por favor.

 Maya emburra a cara e Scott recebe o segundo tapa na cara daquele dia. Porém, novamente, ele não se importa.

 — Já acabou? — ele pergunta. — Então, me dá licença, Maya. — Scott tenta desviar da loira e, novamente, ela coloca-se na frente dele. O McCall revira os olhos, impaciente.

 — Está esquecendo que o seu pai precisa de mim?

 — Eu já fiz tudo o que eu podia fazer por ele.

 — Rafael! — Maya chama em um agudo e extremamente alto grito. Scott balança a cabeça em reprovação.

 — Maya, nada do que você ou ele me disser vai me fazer ficar. — O moreno desvia dela e volta a andar, desce as escadas e encontra o senhor McCall na sala pronto para ir em direção ao grito da Maya.

 — O Scott está dizendo que irá pedir o divórcio, faça alguma coisa, sabe o que acontecerá se ele fizer mesmo isto, né, Rafael? — Maya também adentra a sala segundos após Scott.

 — Você não irá se separar dela. — Rafael coloca-se na frente do filho.

 — Eu vou — afirma Scott. — Sinto muito. Eu te avisei que queria me separar e propus que arranjássemos uma solução juntos, porém você não quis. Eu não aguento mais.

 — Filho — Rafael adota o tom de voz que usava sempre que precisa acalmar o filho e fazer ele voltar atrás quando o mesmo surtava e dizia que abandonaria tudo. Um tom de voz calmo, dócil e acolhedor. — Por que você quer fazer isto, filho? Eu te amo, você é tudo o que eu tenho e eu sou a sua única família, não podemos nos separar.

 — Não precisamos nos separar, pai, eu só não vou continuar com este casamento com ela.

 — Ela te ama, Scott, ela te dá tudo o que você quer e tudo o que precisa. A Maya quer manter nós dois unidos, enquanto aquela menina, a Allison, só quer nos separar, quer separar um filho do pai. Quer separar você de mim, do seu filho e da mulher que cuida da nossa família e faz de tudo por nós — continua Rafael na intenção de persuadir o filho. — E eu preciso de você, filho, como um dia você precisou de mim e eu não te abandonei, não me abandona agora.

 Scott fraqueja por um momento. Estremece quando encontra o olhar triste do pai. Um falso olhar triste, mas que sempre conseguia comover Scott. O homem de vinte e cinco anos fecha os olhos com força, morde o lábio na mesma intensidade e respira fundo.

 Você não pode desistir de ser feliz agora, Scott, você precisa sair desta vida. Ele diz para si mesmo em pensamento. Eu consigo.

 — Pai, eu sinto muito, eu não vou ficar — diz e, enfim, abre os olhos. — Se precisar da minha ajuda para qualquer outra coisa, é só me ligar, mas com isto não, nem com nada que me faça ficar longe da Allison ou do Stiles. Eu não estou te abandonando e espero que você também não me abandone.

 — Scott... — murmura Rafael.

 — Não, pai. — Scott se mantem firme na sua escolha e não demonstra-se flexível. Ele estava decido do que queria de maneira que jamais esteve anteriormente.

 — Scott, você não vai embora! — Rafael abandona a sua postura calma e esbraveja.

 — Sim, eu vou. — Ele confirma, não se mostrando intimidado pelo tom de voz que o pai usara.

 — Você vai mesmo fazer isto comigo?!

 — Eu não estou fazendo nada de errado.

 — Scott!

 — Sinto muito. — O McCall mais novo dá os ombros e espreme os lábios um contra o outro.

 Rafael se mostra incrédulo, ele não esperava que o filho chegaria ao ponto de realmente ir embora. Ele conseguia convencê-lo com facilidade toda vez que Scott tocava neste assunto, só precisava de um olhar triste, uma voz doce e meias palavras, porém hoje isto não pareceu funcionar. Scott não se abalou com as palavras do pai, pelo menos ele não deixou demonstrar isto.

 Scott parecia diferente. Não parecia o filho frágil, sentimental, indefeso e fácil de ser manipulado e enganado. Não parecia o garoto que sempre acreditou cegamente no pai, pois o amava e o enxergava como um herói, sem se importar com os erros que o pai cometia, afinal todo mundo erra. Não parecia o menininho extremamente carente que fazia qualquer coisa para poder conseguir ficar ao lado do pai. Não parecia aquela criança que chorava quando o pai ia trabalhar e ele precisava ficar sozinho com uma babá qualquer.

 Scott sempre esteve na mão do pai, contudo agora isto parecia ter mudado e Rafael não conseguia acreditar. Rafael, que sempre contou com a covardia e a insegurança do filho, não conseguia compreender esta coragem que reluzia dele, não compreendia da onde ela poderia ter surgido. Rafael só conseguia entender que esta mudança de Scott arruinaria com a sua vida profissional e isto lhe enfureceu de uma maneira inexplicável. Rafael passou a sentir raiva, ódio, e quando percebeu já tinha sido controlado por estes sentimentos ruins resultando em um soco do rosto do filho.

 — Quando você precisar de mim, e vai precisar, eu não estarei aqui para você! — braveja Rafael.

 Scott passa a mão sobre o próprio nariz e percebe que aquela região começara a sangrar devido ao soco. Doía, mas a dor ia muito além da dor física. Scott olha para o pai e balança a cabeça em reprovação, decepcionado. Scott não queria chegar a este ponto, porém não foi ele que escolheu por isto.

 — Tchau, pai, se precisar de mim, eu estarei aqui para você — ele murmura, desvia do pai e vai embora.

 Rafael vê Scott passando pela porta, ainda não acreditando que ele realmente foi embora.

 — Diga adeus à sua empresa, Rafael. O Scott se foi e o nosso acordo chega ao fim — diz Maya atraindo o olhar dele.

 — Não precisa ser assim, Maya. — Ele caminha até ela apressadamente e, assim que se aproxima, leva sua mão para o cabelo dela, acarinhando. — Eu fico com você, serei um marido melhor que ele.

 — Se afasta! — Maya dá dois passos para trás. — Eu não quero você, eu quero o Scott!

 — O Scott foi embora, porém eu estou aqui disposto a ser tudo o que ele não foi para você. — Rafael sorri. O McCall mais velho não poderia perder os investimentos dos Wernecks e faria qualquer coisa para isto, até mesmo assumir o papel de marido para Maya.

 — Você é surdo? Eu não quero você. Sua única obrigação era fazer o Scott ficar comigo, mas falhou, então a nossa ligação acaba aqui. Pegue as suas coisas e saia da minha casa! — a loira manda, brava.

 Rafael revira os olhos.

 — Se você não fosse tão chata, o Scott não teria ido embora. A Allison é muito melhor que você, ela é mais bonita, mais gostosa, não é cheia de frescuras, não é chata, deve beijar e transar muito melhor que você, o Scott está mais que certo! Eu também a escolheria se eu fosse ele. — Rafael cospe as palavras sem delicadeza.

 — Eu não me importo com o que você escolheria. Eu sou rica, eu não preciso de você, é você que precisa de mim. Você não fez a sua parte, então agora você será apenas mais um pobre falido. A única coisa que prestava em você era o Scott e nem isto você tem mais.

 — Você não vai destruir tudo o que eu construí, Maya!

 — Construiu graças a mim e, sim, a sua empresa irá para o lixo. Meus pais não vão mais investir em você. E como você é um incompetente e fracassado ficará na merda pelo resto da sua vida.

 Rafael bufa e avança sobre ela.

 — Vai me bater? — indaga Maya. — Vá em frente, meus pais ficarão ainda mais motivados a destruir o homem que bateu em mim, uma mulher grávida e a filha deles.

 — Você vai morrer sozinha! — grita Rafael.

 — Você também vai, e além de sozinho, vai morrer pobre! — rebate Maya. — Agora saia da minha casa!

 Com uma harmonia ruim que se estabeleceu ali, após ser praticamente expulso e sem conseguir convencer Maya do contrário, Rafael pegou as suas coisas e também foi embora com um gigantesco ódio que crescia a cada segundo em seu corpo.

 A loira senta no sofá da sala e encara o vazio por um breve momento. Assim como Rafael, Maya também era preenchida pelo ódio, principalmente pelo ódio que sentia por Allison. Maya culpava-a por tudo isto estar acontecendo com ela.

 — Você não sairá desta ilesa — sussurra Maya.

 A loira sobe para o quarto em busca do seu celular e assim que encontra telefona para a senhora Argent.

 — May... — Victoria atende, insegura.

 — Vicki! Eu preciso de você, amiga, eu não sei o que fazer! — choraminga Maya. A loira fazia uma voz de choro com uma exacerbada dose de desespero. — O Scott... — Soluça como se chorasse. — O Scott se foi! Ele me abandonou! Ele me deixou sozinha. Eu não entendo, ele dizia que me amava, que estava feliz em estar formando uma família comigo, eu não sei o que aconteceu para ele fazer isto, Vicki! Meu Deus! Este é o pior dia da minha vida! Me sinto destruída! E-Eu estou sozinha aqui em Beacon, Vicki, sem ninguém em quem confiar, eu só tenho você com quem conversar, eu preciso de você, você pode vir aqui?

 — Hm — Victoria hesita. — Posso sim.

 — Obrigada, você é uma ótima amiga, não demora, por favor — diz baixinho. A loira desliga e sorri.

 

 Em exatos trinta minutos de espera, Maya escuta a campainha sendo tocada. A mulher olha-se em um espelho da sala e sorri com a sua perfeita e oportuna aparência. A loira havia coçado os olhos para irritá-los, esfregou-os de maneira que eles ficassem inchados e vermelhos, e agora ela podia fingir com exatidão para Victoria quão abalada ela estava. Maya anda até a porta e antes de abrir coloca uma expressão triste no rosto.

 Victoria e Chris estavam ali e ambos foram convidados a entrar. Maya pediu para que eles sentassem no sofá, enquanto ela fechava a porta e soluçava.

 — Vicki... — a loira se senta ao lado da senhora Argent e abraça-a, pedindo por apoio. — E-Eu me sinto... me sinto... eu... — ela não termina a frase e apenas chora.

 Victoria abraçava-a, porém com um terrível desconforto e angústia.

 — Maya, ele não te falou o porquê ele estava indo embora? — questiona Victoria, sem saber o que dizer a ela nesta situação. A senhora Argent sentia-se mal, sentia-se sufocada. Ela ainda não acreditar que o senhor McCall e Allison estavam tendo um caso.

 — Não! — Maya solta o abraço e enxuga as lágrimas que ela forçou para cair. — Não falou nada, apenas pegou as coisas dele e se foi. Eu suspeitei que ele estava me traindo, mas eu sempre preferi confiar nele, porque eu o amo, ele é o pai do meu filho! Será que ele estava mesmo? Será que foi isto? Meu Deus, Vicki, o que eu faço agora? Eu amo o Scott! Eu estou grávida. Eu não quero ficar sozinha, Vicki, eu quero ele aqui comigo. Eu estou com medo... será que ele volta? Ah, eu não acredito que isto está acontecendo comigo. — A loira coloca as mãos sobre o rosto e balança a cabeça em negação.

 Victoria respira fundo.

— Maya, eu não sei como te falar isto — a senhora Argent murmura.

 — O que, Vicki?

 — Hm... — Victoria olha para o marido, porém ele também não sabia como contar a ela. — Eu acho que a Allison que deve te falar.

 — A Allison? O que ela tem a ver com isto? Como ela pode me ajudar? Como ela pode trazer o Scott de volta para mim? — questiona Maya.

 — Maya... — Victoria tenta dizer algo, porém falha. A Argent suspira, pega o seu celular no bolso e liga para a filha. — Allison.

 — Fala, mãe.

 — Eu estou ao lado da Maya. — Victoria olha para a loira que a olhava com uma expressão confusa.

 — E?

 — E o Scott abandonou-a, ela está aos prantos e você deve contar a ela o que você fez.

 — O que? Ela já sabe de mim e do Scott há muito tempo, quer que eu conte mais o que? — questiona Allison, revira os olhos impacientemente do outro lado da linha.

 — Allison, você vai conversar com ela! E o principal pedirá perdão.

 — Está bom, passa aí, vou falar com ela — diz Allison.

 — Maya, a Allison quer falar com você — Victoria informa antes de passar o celular para a loira.

 — Falar o que, Vicki? — pergunta com uma voz de choro.

 — Você precisa ouvir... — diz Victoria. Maya assente e aceita o telefone celular que Victoria a entregava. Porém, em vez de colocar no ouvido, ela coloca na opção alto-falante.

 — Oi, Allie — Maya murmura. — O que quer me dizer?

 — Maya, o meu mais sincero vá se foder! — começa Allison.

 — Allison! — adverte Victoria, porém a menina continua sem se importar com os pedidos da mãe para ficar quieta:

 — Sua vida é toda uma mentira e todos os sentimentos bons que as pessoas têm por ti são comprados e falsos. Você nunca saberá o que é ser amada de verdade e eu apenas tenho pena de você. Você morrerá infeliz e eu acho é pouco! E, na verdade, eu estou pouco me fodendo para você, minha única preocupação é que além de você se afundar nesta bosta de vida que você tem, você quer afundar o Scott junto contigo. Deixe o Scott em paz!

 Maya voltava a chorar com mais intensidade que anteriormente. Seus olhos de íris claras inundavam de lágrimas e seu rosto ficava terrivelmente encharcado.

 Chris pedia o celular, porém Victoria pegou antes dele não lhe dando qualquer oportunidade de conversar com a filha.

 — Victoria, me deixa conversar com ela! — pede Chris, porém novamente é ignorado.

 — Allison Argent, retire tudo o que você disse! — esbraveja Victoria.

 — Não, eu não disse nenhuma mentira — Allison se nega.

 — Allison, você tem noção que você destruiu uma família? — indaga Victoria. — A Maya e o Scott eram um casal feliz, agora ela está grávida e aquele covarde largou-a por sua causa! Esta criança vai crescer sem um pai e...

 — Eu não destruí nada! Ela quem estava destruindo a vida do Scott! E o filho não é dele! — a menina rebate.

 — O filho não é dele, Allison?! De quem é, então? — Victoria braveja.

 — Você está perguntando para a pessoa errada, pergunte à Maya para quem ela andou dando sem camisinha — responde Allison sem se importar se deixaria sua mãe ainda mais brava.

 — Allison, eu não acredito que você está dizendo isto. Não tente se fazer de vítima, você é a errada, é você quem deve pedir desculpa pelo que fez, não tente jogar a culpa para a Maya, a que mais está sofrendo nesta história pelo erro que você cometeu com aquele homem.

 — Porque eu pediria desculpa, se eu não estou nenhum pouco arrependida? Eu viveria tudo o que eu vivi com o Scott novamente, ele é maravilhoso, assim como todos os momentos que eu passei com ele. Aquele homem é tão bom que acabou sendo trouxa na mão desta mulher que se faz de santa e na mão do pai dele que o usa descaradamente. E, mãe, eu amo você, mas se você vai ficar se humilhando por este lixo de ser humano, eu não irei.

 — Você é uma vergonha para mim, Allison, eu estou me sentindo profundamente envergonhada de ter uma filha como você! — Victoria cospe as palavras sem pensar.

 Chris descontente com aquela cena resolve colocar um ponto final naquilo. O homem arranca o celular da mão da esposa.

 — Allison, depois a gente conversa. — O homem diz e desliga.

 — Christopher!

 — Victoria, calma! Não é assim que vamos conseguir resolver isto. Você está exagerando!

 — Eu estou exagerando, Chris? Você ouviu o que a sua filha disse para a Maya? E a culpa é sua! Você sempre quis dar liberdade e olha o resultado, nossa filha tornou-se uma vadia!

 Sem possuir a atenção de nenhum dos dois, Maya sorri por ter conseguido chegar ao seu objetivo.

(...)

 Scott bate na porta do apartamento da Hale, a melhor amiga da mulher que ele amava. Depois de esperar por cinco minutos, ele executa novas batidas e, em pouco tempo, Malia aparece.

 — Hey — ela cumprimenta. Sua testa franzida e olhos estreitos demonstrava quão confusa ela estava por vê-lo ali. — De quem você apanhou? — questiona com curiosidade ao notar um pequeno machucado no nariz dele.

 — Primeiro levei um tapa da mãe da Allison, depois mais um da Maya, mas isto no meu nariz foi resultado do soco que meu pai me deu. — Scott espreme os lábios e move os ombros, desanimado. Malia fica quieta e pensa por um momento até tudo fazer sentido em sua cabeça.

 — Por favor, me diga que isto tudo foi porque finalmente você...

 — Sim, eu falei com os pais da Allison sobre nós dois. Dei adeus à Maya e, consequentemente, ao meu pai que não quererá falar comigo por um bom tempo. Ficarei no apartamento do Stiles enquanto não arranjo um novo e, logo, preciso arrumar um advogado para cuidar do divórcio. Mas, enfim... a Allison já se mudou e eu sequer sei o endereço da casa da tia dela, os pais delas certamente não falarão, a Hayden obedecerá os pais e também não me falará, a Allison não me atende e nem responde as minhas mensagens. Eu só tenho você para me ajudar a falar com ela.

 — Hm. — Malia coça a cabeça sem saber o que fazer. Ela pensa por segundos, fecha os olhos e suspira. — Você sabe que ela estava puta com você... com razão — ela enfatiza, arqueia a sobrancelha e encara-o. — Porém, como hoje você fez o certo, você merece e eu vou te ajudar, ou pelo menos tentar. Entra... — A menina loira dá espaço para ele passar e assim ele faz ao adentrar o apartamento.

 Scott vê o pai de Malia sentado na sala assistindo um filme e acena em cumprimento com um visível desconforto. Peter acena de volta sem se incomodar com a presença do rapaz. Então, Malia leva-o para o quarto.

 — Pode sentar — Malia aponta para a cama, oferecendo um local para ele sentar.

 Scott senta-se e, quase de imediato, sente algo mover-se sobre seus pés, ele olha para baixo e avista um gato da raça Munchkin. O moreno sorri quando o pequeno gato se apoia na perna dele. Scott se abaixa e faz carinho nele, passando a mão nos pelos de cor laranja. Distraído com o animalzinho, ele só volta sua atenção para Malia quando escuta a voz da menina Argent sendo emitida pelo celular.

 — Ei, bebê — diz Allison.

 — Wow, já está na praia? — fala Malia ao ver, através do FaceTime, a amiga deitada sobre a areia, com uma fraca luz do sol batendo no rosto.

 — Óbvio. Eu amo praia. Em um dia ruim como este, ficar dentro de casa só irá piorar, aqui eu posso me distrair.

 — O Scott foi falar com os seus pais, né?

 — Sim. E, previsivelmente, minha mãe está bem puta comigo, me xingou, defendeu a Maya...

 — E como você está?

 — Ah, ficarei bem logo. Uma hora minha mãe irá me perdoar. Vou esperar ela ficar mais calma para conversar com ela direito, pois ela não irá me escutar nada do que eu disser agora. Mas, sinceramente, estou de boa, minha consciência está limpa e vida que segue. Só estou pensando em como vou aproveitar as minhas férias de modo digno, esta precisa ser as férias de verão mais foda da minha vida até agora e nada irá estragar isto. — Allison sorri ao pensar em todas as opções de diversão que Los Angeles lhe oferecia.

 — Esta é a minha garota. — Malia também sorri. — Mas... — a loira vira-se para Scott que permanecia quieto sentado na cama apenas observando-a. — O Scott está aqui e ele queria falar com você.

 — Eu não quero falar com o Scott agora — nega Allison.

 — Allison, não dificulte as coisas — resmunga Malia que odiava ter a responsabilidade de ajudar duas pessoas a se resolverem. Ela não era a pessoa mais apropriada quando se trata de relacionamento e nunca sabe o que fazer quando é colocada nesta posição.

 — Não, Malia, agora não — a morena repete.

 A menina loira olha para Scott e espreme os lábios.

 Em um pulo, Scott levanta-se da cama e fica de pé ao lado dela, conseguindo visualizar Allison através da tela do celular.

 — Allison, fala comigo — pede Scott pegando o aparelho da mão de Malia.

 — Eu disse que não quero falar agora, Scott. — Ela finaliza a chamada por vídeo. Insatisfeito, Scott liga para ela novamente. Um, duas, três vezes, porém Allison não atende nenhuma delas.

 Malia observa o homem resmungando baixo. Ela entreabre a boca para falar qualquer palavra de conforto, porém se cala quando percebe a ligação sendo aceita na quarta tentativa.

 — Scott, para de me ligar, que irritante.

 — Por favor — ele murmura. — Por que você foi embora mais cedo e não me falou nada?

 — Porque eu estou exausta de Beacon Hills. Porque tudo aí estava me cansando. Porque esta história de você, da Maya e do seu pai estava sugando a minha energia, me estressando, deixando a minha cabeça conturbada. Porque eu estava me preocupando demais com um problema que nem é meu. Porque comprei a sua briga para você nem se esforçar para acabar com tudo logo. Nós estávamos juntos há seis meses, seis meses eu fui compreensível com você dormindo na mesma cama com a Maya, fazendo o papel de marido com ela, dizendo que quer ficar comigo, mas sem tomar nem uma atitude para isto.

 — Allison, eu só pedi um tempo, eu escolhi você, eu escolhi ficar com você e eu não teria qualquer outra escolha. Eu saí de casa hoje, logo cuidarei do divórcio e nós poderemos ficar juntos como a gente queria.

 — Tudo bem, mas só me escuta, primeiro você precisa entender que a grande questão não era escolher entre mim e a Maya, ou até mesmo escolher entre mim e o seu pai, a questão era escolher você mesmo, a sua liberdade, a sua felicidade ou escolher continuar na vida merda que você estava para beneficiar a vida profissional do seu pai. Eu era apenas um detalhe e um incentivo. E, eu fico realmente feliz que finalmente você escolheu ser livre, você não sabe o quanto, pois você merece toda a felicidade do mundo e você sabe todo o meu sentimento por você. Porém, agora sou eu quem precisa de um tempo. Eu preciso de um tempo sozinha. Eu não quero preocupar a minha cabeça com a Maya, nem com o seu pai, nem nada relacionado a isto, pelo menos não agora. Então, você tem que resolver a sua vida sozinho. Eu até estava disposta a resolver com você há uma semana atrás, porém eu disse que você tinha que decidir antes de eu me mudar, eu avisei que seu tempo estava quase no limite e... . — Ela suspira. — Lembre-se que você é forte e só precisa de si mesmo. Por enquanto, é melhor ficarmos separados até tudo se resolver. E, depois que você não tiver a mínima ligação com a Maya, a gente se encontra... e se o sentimento continuar até lá, eu amarei ficar com você, tá? Tchau, Scott.

 A menina finaliza a chamada em vídeo, após se despedir.

 Scott fecha os olhos, respira fundo e espreme os lábios. Lamentava mentalmente por ter permitido que o medo dominasse-o. Culpava-se por não ter, pelo menos, deixado de morar com Maya antes. Ele poderia e queria estar com Allison agora.

 — Ei, Scott — Hesitante, Malia coloca a mão no ombro dele em uma tentativa de confortá-lo. — Não fica assim, ela não disse que não quer mais ter nada com você, ela apenas disse que acha melhor vocês ficarem separados até tudo se resolver e depois vocês podem ficar finalmente juntos sem nada para atrapalha-los.

 — “Se o sentimento continuar até lá” — ele recita a frase que Allison dissera minutos atrás. Sua voz soava com um murmuro quase inaudível. Seus olhos carregavam uma tristeza que conseguiu deixar Malia mal.

 — Você disse que a ama, não disse? Claro que este sentimento vai durar por este pequeno período que passarão separados. — Malia esboça um pequeno sorriso no canto do lábio tentando motivá-lo.

 — Da minha parte eu sei que vai, eu sempre amarei a Allison, mas eu não sei sobre ela — ele suspira e senta-se novamente na cama dela. — E sei que ela também não tem a certeza que continuará... — ele procura pela melhor palavra — gostando de mim. Ela não tem certeza sobre o nosso sentimento, Malia, ela sempre deixou claro isto — lamenta.

 — Óbvio que ela não tem certeza — Malia diz sem pensar e só repara no que acabara de dizer quando repara na expressão que dominou o rosto do moreno. — Desculpa, mas, cara... — A menina se senta ao lado dele. — Na quinta-feira ela veio dormir aqui, foi o dia que ela me contou que comprou a passagem e ela conversou bastante comigo sobre você. Quer saber o que ela falou?

 — Quero — ele afirma.

 — Ela disse que queria que você não tivesse hesitado por nenhum segundo no que fazer. Quando você estava no quarto dela pela última vez e ela te mandou embora, ela não queria que você tivesse ido, ela esperava que você falasse que não iria embora e que não iria mais dormir sob o mesmo teto que a Maya, que você só ia voltar para pegar as suas coisas e dizer adeus à Maya, mesmo sabendo da possibilidade da Maya espalhar a história que você abandonou a esposa grávida para ficar com uma aluna. Ela não se importaria de enfrentar todos com você e por você. E, sim, ela sabia que você tinha medo, ela sabia o tamanho da sua insegurança, entretanto ela queria que o sentimento que você sentisse por ela fosse maior. E, isto certamente, seria a prova que você a ama mesmo, no entanto, você simplesmente pediu um tempo e quando ela te deu tchau, você simplesmente foi embora. Então, ela começou a se questionar sobre o que vocês realmente sentiam um pelo outro. A Allison é confiante com todas as coisas, exceto quando se trata de relacionamento amoroso, ela é um tanto insegura neste ponto, por isto ela nunca namorou. Ela tem medo de depositar toda a confiança, sentimentos e amor em alguém, e, no fim, descobrir que nada era recíproco de fato, que foi enganada, iludida. Além disto, ela disse que quer um homem que se arrisque, sabendo que ela estará pronta para segurá-lo se ele cair, que ela estará lá com todos os curativos caso ele se machuque, e que ele faça o mesmo por ela. Ela quer alguém que confie em si mesmo e que também confie nela de olhos fechados. Ela quer alguém que se entregue por inteiro, não pela metade. E, se não for para ter alguém assim, ela prefere ficar solteira.

 Malia suspira quando para de falar.

 Um silêncio domina o quarto por algum breve momento.

 — Ela acha que este alguém não sou eu? — questiona Scott.

 — Eu não sei o que ela acha. Na verdade, eu acho que nem ela mesmo sabe... — Malia move os ombros. — Mas, você pode mostrar para ela que você é. — Ela olha para ele e sorri.

 — Como? Ela nem quer falar comigo — murmura.

 — Primeiro você tem que pensar em resolver a sua vida. Tem se divorciar da Maya legalmente, o bebê... bom, é mais difícil, a Allie sabe que não é seu, porém os pais dela não e só vão acreditar com o teste de DNA com resultado negativo e, então, você também irá mostrar aos pais da Maya... você falou com os Wernecks? Ou a Maya falou para eles sobre o ocorrido de hoje?

 — Não, ainda não. E, a Maya, não sei, talvez.

 — Então, talvez você precise falar com eles, não sei. Mas, depois do divórcio e do DNA, estará tudo certo.

 — Estará tudo certo se ela continuar gostando de mim, né, não sei se ela vai.

 — Scott, para com estas porras, quantas vezes você precisa ouvir que a Allison odeia covardes? Aquela garota só vai te ver como o homem da vida dela quando você for confiante, caralho! Se depois que você cuidar do divórcio e do DNA, você chegar nela com medinho ela vai te dar um pé na bunda, então é bom você já começar a trabalhar para acabar com a sua insegurança ou pelo menos trabalhar em um jeito de escondê-la. Você não pode pensar algo como: “será que ela ainda gosta de mim?”, “será que ela vai me querer de volta?”, não! Você vai chegar pensando algo como: “Hoje eu vou voltar com a minha garota!”. E mesmo que ela te evite ou te recuse no primeiro instante, apenas aumente a sua confiança, entendeu? Insista mais, arrisque mais, não hesite, não recue, não desista. Ela é o amor da sua vida ou não é?

 — Ela é, definitivamente.

 — Então, pronto, não tem o que temer, vocês ficarão juntos. Mas, isto só vai acontecer quando você resolver seus problemas, portanto não perca tempo.

 Scott assente.

 — Antes de ela ir embora, ela me disse para eu procurar a minha mãe, o que você acha?

 — Eu não a melhor pessoa para te falar algo, eu não tenho boas experiências com a minha mãe. Se eu te contar como foi o meu encontro com ela, você ficará desmotivado a encontrar sua. Mas, de qualquer maneira, foi libertador. Eu vivia querendo conhece-la e ficava triste por não tê-la ao meu lado, então eu a conheci e descobri que na verdade eu tive sorte em ter ficado apenas com o meu pai. O Peter não é o pai mais tradicional que você encontrará, ele é diferente, talvez por ser bem jovem, ele é mais meu amigo do que meu pai, sabe? E eu o amo do jeito que ele é, ele é uma boa pessoa... diferente do seu pai.

 — Meu pai é uma boa pessoa, Malia, ele está com esta imagem ruim para você, pois a Allison não teve a oportunidade de conhece-lo verdadeiramente.

 — E ela nem quer.

 — Ele só está fazendo umas coisas erradas nestes últimos anos.

 — Pelo que eu soube ele está fazendo tudo errado. Nós não vimos uma única ação boa dele, apenas ruins, como quer que achemos o seu pai uma boa pessoa? Além de todas as atitudes deprimentes que ele tem com você, ele tentou beijar a Allison a força.

 — O que? Quando?

 — Na festa da Maya, ele mandou mensagem para a Allison pelo seu celular para ela pensar que era você e pediu para ela ir à garagem. Lá ele pôs a Allison contra a parede e quase beijou-a, teria consigo se a Allie não tivesse dado uma joelhada no meio das pernas dele e um arranhado no rosto. E espero que não tente defende-lo, se ele tinha bebido ou não, não apaga o erro dele.

 — Eu sei... — ele murmura, abaixa a cabeça e espreme os lábios. — Ele só... ele foi um bom pai para mim, um pouco ausente por se preocupar muito com o trabalho, mas mesmo assim.

 — Qual a sua definição de um bom pai? — indaga Malia. — Talvez a sua definição esteja errada.

 — Hm... — Scott pensa. — Eu não sei — balbucia.

 — Você quer ter filho, Scott?

 — Quero.

 — E quando você tiver filho você deseja ser um pai igual ao seu pai? Vai vê-lo como um exemplo a se seguir?

 — Não. — Ele responde sem pensar. Malia arqueia a sobrancelha e move a cabeça de modo que fizesse ele pensar em sua própria resposta. — O meu pai não era assim, eu juro, ele está diferente.

 — As pessoas mudam, Scott, às vezes para pior, infelizmente. Principalmente, quando envolve dinheiro. Tem pessoas que quando passam a ganhar mais, simplesmente se transformam, passam a viver em função do dinheiro e dos benefícios que isto lhe proporciona. E, não há nada que você possa fazer, apenas torcer para um dia o seu antigo pai voltar, mas você não pode deixar de viver a sua vida até que isto aconteça.

 — E eu ouvi falar que você não era boa com conselhos.

 — Não sou. Sou péssima.

 — Qual é a sua definição de péssima?

 Malia ri.

 — Isto que você viu, foi eu pensando no que a Allison diria. E na Kira, a Kira é realmente boa com essas coisas. E também no que a Lydia diria. No que as três diriam. Resumindo, eu sou a pior com conselhos entre nós quatros. A única coisa que eu faço é me inspirar nelas.

 — Eu achei você boa nisto.

 — Então, você irá fazer o que eu te falei?

 — Vou. Obrigado, Malia, foi bom conversar contigo. — Ele sorri para ela e recebe um outro sorriso da menina em resposta. E, em segundos, Scott sente o celular da menina loira vibrar em sua mão, ele olha para a tela pensando em Allison, mas logo vê que se tratava de Isaac, o moreno então devolve o aparelho a ela.

 — Oi — Malia atende. — Desço em cinco minutos... ei, eu não estou atrasada desta vez, eu juro, eu já estou pronta... também te a... — ela se interrompe ao olhar para Scott e se lembrar que não estava sozinha no quarto. — Eu já estou descendo, ok? Não demoro. — Ela finaliza a chamada, pega sua mochila que deixou em cima da cama e joga em um dos ombros.

 Malia se levanta e Scott a acompanha. Juntos caminham até a sala.

 — Tchau, Peter — a menina vai até o pai e abraça-o. — Antes das aulas começarem, eu volto para ficar com você. Sentirei sua falta.

 — Também. Se cuida.

 — Pode deixar, pai. — Ela sorri.

 Scott se despede de maneira breve de Peter, e, então, juntamente à Malia, desce para o térreo. Os dois saem do prédio e logo avistam Isaac dentro do próprio carro. Devidamente acomodado e relaxado no banco, o loiro escutava uma música claramente remixada em um alto volume de modo que pudesse ser ouvida pelas pessoas que se encontravam fora do veículo. Assim que ele avista a namorada, ele sorri, abaixa o vidro.

 — Olha só, a atrasada realmente não está atrasada hoje — diz Isaac e faz Malia rir. — Oi, ex-professor das meninas — o loiro cumprimenta-o. — Você parece mal. É por causa da Allison?

 — Ele saiu da casa da Maya hoje, finalmente vai resolver a vida dele! — comemora Malia. Scott dá um meio sorriso e assente.

 — Isto aí. Boa sorte, cara, espero que dê tudo certo. — Isaac deseja ao homem.

 — Dará — fala Malia olha para Scott e sorri.

 — Obrigado — ele agradece o apoio com a voz baixa.

 — Enfim, tchau, Scott, a gente se vê por aí, algum dia. E adeus, Beacon Hills.

 — Vocês dois vão para onde a Allison está?

 — Ainda não, só vamos quando as minhas aulas forem começar, eu e o Isaac vamos curtir as férias antes disto — conta Malia.

 — Ah, entendi. Boas férias para vocês.

 Malia entra no carro, senta-se no banco do passageiro, joga a mochila no banco traseiro e dá um longo beijo no namorado. Nenhum dos dois se importam com a presença de Scott parado a centímetros de distância ao lado do carro. O McCall desvia a visão e olha para os seus próprios pés, em uma mistura de desconforto e vontade, uma gigantesca vontade que fosse ele e Allison indo passar as férias de verão juntos e sozinhos.

 Assim que Scott vê o carro com Malia e Isaac indo embora, ele respira fundo, saca o celular do bolso e disca alguns números.

 — Hey, bro. — Stiles atende no terceiro toque. — Está um pouco menos pior?

 — É. Mas, eu preciso da sua ajuda. Da ajuda do seu pai, na verdade. Eu quero encontrar a minha mãe, você acha que ele pode me ajudar com isto?

 — Quer encontrar a sua mãe? — Stiles parecia surpreso.

 — Eu acho que quero — responde, incerto.


Notas Finais


– O Sheriff não irá aparecer, não esperem por isto, ele aparecerá apenas no epílogo;
– Eu realmente AMO crossovers, então próximo capítulo, além da Mama McCall, aparecerá mais um personagem de outra série. Não é nenhum relacionamento amoroso da Mama, ela é solteira;
– Eu não avisarei qual será o último capítulo. Avisarei apenas quando ele chegar, falarei nas notas do autor: "Este é o último capítulo, gente!". (Não, não é o próximo). Depois do último capítulo, teremos o epílogo, e entre 2 e 5 capítulos bônus para quem tiver a fim de ler.
– E, gzuis, eu reli alguns capítulos anteriores para poder escrever algumas coisas e a fanfic está cheia de erros, preciso revisar (em um dia que eu não tiver com preguiça);

E falando em TW, estão ansiosos para a 6B? Vão assistir no domingo ou vão esperar legenda? Eu vou assistir ao vivo, pois não quero spoilers U_U

Quem tem Twitter e quiser me seguir, sigo de volta, estou sempre lá & se quiser interagir comigo sinta-se à vontade.
https://twitter.com/allie_maddoxx
(se for hater da Shelley/Malia/Scalia não precisa me seguir, #paz)


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...