História Harry e Gina - Após a Guerra - Capítulo Vinte e Quatro

– Eu trabalho para o Ministério! Tenho permissão para estar aqui – Harry pareceu ouvir o tom voz irritado de Hermione, mas não poderia ser, o que ela estaria fazendo lá?

 – Desculpe senhorita, apenas com autorização prévia do Chefe dos Guardas posso permitir que entre – um Auror falou.

Harry finalmente chegou na entrada e viu que era realmente Hermione parada ali. Ela o viu no segundo seguinte.

 – Harry! – O alívio em seus olhos era visível.

 – Tudo bem, Howkes, pode deixá-la passar, eu me resolvo com Stone – Harry pediu e o outro Auror liberou a entrada dela.

Hermione passou pelo guarda de cara amarrada, depois abraçou Harry com força.

 – Harry Potter, eu estou com tanta raiva de você! – Ela disse ainda abraçada a ele.

 – Eu sei, Mione. Sinto muito por isso – Harry beijou a cabeça de Hermione. Fazia mais de um mês que ele estava em Azkaban e sentia falta dos amigos. – O que faz aqui, Hermione?

 – Eu precisava conversar com você – ela falou depois de solta-lo. – Não me conformo com essa situação.

Harry bufou exasperado.

 – Não vou te convencer a voltar, Harry – ela disse mais suavemente. – Mas eu só queria ver como você está.

Harry apenas deu de ombros, fitando o chão.

 – Bom, Rony disse que você está responsável pelas mudanças em Azkaban. No ministério não falam sobre outra coisa – comentou. – Saiu até no Profeta.

 – É, eu vi – Harry assentiu. – Você quer conhecer?

Hermione concordou e passou o braço no de Harry, enquanto ele a levava.

 – A princípio está tudo uma bagunça, mas é só o começo – Harry falou. – Aqui estão construindo os dormitórios. Ampliamos magicamente a sala, mas os quartos estão sendo feitos a mão.

 – É bem grande – Hermione disse admirada.

 – São muitos aurores por aqui – Harry sorriu. – As principais mudanças serão nos quartos, pensamos em algo no estilo de Hogwarts, cinco Aurores em cada quarto, camas decentes.

 – Rony teve que explicar pelo que vocês passaram por aqui, não acredito que esconderam isso de nós – ela o olhou magoada.

 – Não podíamos, vocês ficariam preocupados e não ia adiantar nada – murmurou. – Enfim, vamos ter também uma espécie de sala para descanso por aqui – Harry apontou para uma parte. – Teremos lareira e algumas poltronas espalhadas. Até uma pequena biblioteca.

 – Isso tudo foi ideia sua? – Ela perguntou.

 – A ideia de falar com Corner, sim. Mas cada um deu uma ideia e depois fomos amadurecendo as melhores, até que chegamos em uma decisão – explicou ele. – Acho que você vai gostar do próximo lugar.

Harry a levou para a cozinha, que estava bem adiantada. Haviam novos armários, pias e balcões. Dezenas de mesas dispostas pela grande área, onde os Aurores realizam as refeições.

 – Os elfos não estão aqui, continuam na antiga cozinha – Harry deu um sorrisinho. – Mas conseguimos que todos eles recebessem um salário para trabalhar aqui e até mesmo dia de folga.

 – Harry! Isso é incrível! – Os olhos de Hermione brilharam e ela suspirou. – Shacklebolt é mesmo um bom homem.

Harry assentiu, concordando completamente.

 – Os banheiros também irão mudar, porque eram um caos – ele disse apontando para outra direção. – Aos poucos tudo está melhorando e os Aurores já estão mais contentes, a comida já melhorou consideravelmente.

 – Que bom, Harry – Hermione murmurou. – Eu sei que está satisfeito com tudo isso, mas como você está?

Harry a fitou calado por alguns instantes.

 – Eu não sei, Hermione – ele respondeu. – Eu evito de pensar nisso.

 – Estou preocupada com você – Hermione segurou a mão de Harry. – Todos estamos, Harry.

 – Não há motivos, é sério – Harry falou. – Eu estou bem na medida do possível, eu gosto do que estou fazendo aqui.

 – Você está fugindo – apontou ela. – Mas uma hora isso acaba e você terá que enfrentar tudo, Harry.

 – Quando essa hora chegar eu penso no que faço – respondeu ele, exasperado. Depois suspirou e a fitou. – Como ela está?

 – Arrasada. Nos primeiros dias ela ficou tão mal que não saia do quarto. Foi difícil fazê-la entender que precisava continuar vivendo – Hermione falou triste.

 – Merlin! Eu nunca quis que isso acontecesse – Harry resmungou, passando a mão no cabelo.

 – Rony pediu para Corner te mandar de volta, mas ela disse que você só poderia voltar quando acabasse aqui.

 – Rony deve me odiar tanto.

 – Não vou mentir, Harry. Todos estão muito chateados com essa confusão, ninguém sabe lidar com Gina e estamos preocupados com ela – Hermione franziu o cenho. – Merlin sabe que amo a Gina, ela é como uma irmã para mim, mas está complicado.

 – Eu sinto tanto a falta dela que parece que meu coração pode parar a qualquer momento – ele confidenciou e Hermione o olhou solidaria.

 – Eu sei. Sei também que tudo isso que está acontecendo é temporário. Harry, o amor de vocês não morreria assim – Hermione disse decidida e Harry manteve-se quieto.

Hermione passou os olhos pelo ambiente outra vez.

 – Apesar de tudo, estou orgulhosa de você, Harry. Está fazendo um ótimo trabalho.

 – Obrigada, Mione – ele sorriu sem emoção.

 – Merlin! Estava esquecendo de contar uma grande novidade! – Harry franziu o cenho para ela. – Fleur está grávida.

 – Uau, isso é incrível – Harry sorriu. – Diga que desejo felicidades, quando a ver – Hermione sorriu. Harry ponderou por uns instantes e depois pediu: – Me faz um favor?

Ela assentiu.

 – Não deixe que Gina me odeie. Eu não suportaria isso – Harry sibilou.

 – Acho que ela jamais te odiaria – Hermione deu de ombros. – Tenho que ir já. Minha chave de portal vai ativar em breve.

 – Tudo bem, foi bom te ver – Harry a abraçou saudoso.

 – Nos vemos em breve, espero – ela ergueu a sobrancelha e Harry anuiu. – Aliás, tem mais alguma coisa interessante que eu não vi?

 – Ah, tem sim – Harry deu um sorriso malicioso. – A cela de Umbrigde é por ali. - Hermione arregalou os olhos e reprimiu um sorrisinho.

~*~*~

Quatro longos meses haviam se passado. Harry trabalhava até a exaustão para ocupar sua mente. Ele gostaria de ir embora logo, sua temporada em Azkaban tinha o esgotado. Além disso, ele sentia saudade de casa, dos amigos e de Gina.

Era difícil não pensar nela quando sua mente o fazia lembrar dela em todos os momentos. Gina, Gina, Gina. O sorriso de Gina ao acordar, a saudade dos beijos dela ao dormir. Sua risada animada e seu olhar malicioso. Seu corpo quente e os suspiros dela. Gina, Gina, Gina.

Seu peito doía de saudade. Harry perguntava se ela se sentia assim, também. Se ela o odiava. Se ela o odiasse, ele não saberia o que fazer. A decisão de ficar em Azkaban era para esfriar a cabeça e organizar os pensamentos, embora ele jamais tivesse imaginado que sentiria a falta dela como estava sentindo. Mais dois meses, Harry pensava. Mais dois meses e poderá ir embora. Quem sabe Gina sinta tanta a falta dele, quanto Harry sente dela.

Em uma manhã, enquanto tomava café, um exemplar do Profeta Diário chegou. Harry folheava o jornal despreocupadamente, até chegar na seção de esportes.

“ARTILHEIRA GINA WEASLEY AFASTADA DE HARPIAS DE HOLYHEAD

A brilhante artilheira de apenas dezoito anos, Gina Weasley, pediu um afastamento temporário do seu atual time de atuação no Quadribol, Harpias de Holyhead. Após a grande vitória no Campeonato Europeu, o time estava de férias. O início dos treinos seria agora, no começo de abril, embora a treinadora Analise Sweeney não tenha pronunciado uma palavra até o momento, esperamos que tudo volte ao normal e que a Stra. Weasley volte a brilhar em campo. “

O coração de Harry se apertou de preocupação, o que levaria Gina se afastar do que ela ama fazer? Será que ela estava tão triste a ponto de largar seu lugar no time? Sua mão tremia e ele suspirou exasperado. Mais dois meses.

~*~*~

Gina – menos de um mês após a partida de Harry

Gina havia acordado de outro pesadelo. Eles estavam sendo comuns, ultimamente. Sua respiração estava desregulada e seu coração batia rápido. No seu sonho Harry dizia que a odiava, que não sabe como pode ficar com ela esse tempo todo, que ela era uma vergonha. Todos da sua família a odiavam, também. Ninguém ficara do lado dela.

Seu coração foi desacelerando e sua respiração foi ficando mais lenta. Lágrimas brotaram em seus olhos e ela precisou repetir para si mesma que havia sido apenas um sonho. Só isso, apenas um sonho.

Os dias foram passando e a dor foi se tornando algo com que ela teria que aprender a lidar, nem que fosse na marra. Ela se sentia sozinha e arrasada. Parecia que por mais que tentasse, a falta de Harry nunca a deixava.

Depois de um mês, ela decidiu que já tinha se trancado o suficiente, que já tinha chorado o suficiente. Mas então ela viu uma nota do Profeta Diário falando sobre Harry e seu coração quebrou outra vez.

No segundo mês, todos estavam tão felizes pela gravidez de Fleur que ela se sentiu culpada por não compartilhar da mesma felicidade que os outros, afinal, era um bebê e bebê trazia alegria para toda a família. Mas ela estava tão afundada em sua dor que não conseguia.

Com o terceiro mês, ela já não se sentia tão quebrada quanto antes. Podia ouvir o nome de Harry sem se debulhar em lágrimas. As pessoas aos poucos estavam voltando a falar com ela como antes, sem medo de fazer ela chorar. Ninguém falava, mas ela sabia que todos detestavam essa Gina. Inclusive ela mesma.

O início do quarto mês veio com o retorno dos treinos, mas Gina não queria lidar com isso agora. Sabia que não tinha forças para voltar para lá, não por enquanto. Aquele foi o lugar em que ela se realizou profissionalmente, que seu sonho se materializou. No entanto, fora lá também que ela perdeu Harry. O dia em que a carta da treinadora chegou, avisando sobre o retorno, ela chorou horas a fio.

Maio chegou e com ele, Victorie. Ela era uma linda bebê gordinha e loiríssima, como a mãe. Quando Gina a segurou pela primeira vez, foi emocionante. Era sua primeira sobrinha e ela queria que Harry estivesse lá para conhece-la. Haviam passados cinco meses desde sua partida e não houve um dia em que ela não lembrava dele.

Quando o sexto mês chegou, com ele veio a raiva. Toda a dor que Gina sentia, foi transformada em raiva. Seu temperamento que antes era de uma pessoa que desmanchava em lágrimas, agora era de uma pessoa sem coração, quase.

 – Por Merlin, Gina! Ninguém tem culpa dos seus problemas – Rony esbravejou irritado.

 – Eu não estou nem aí – ela falou amarga. – Você que cuide melhor de suas coisas, que daí não ouvirá esse tipo de resposta.

Hermione a fitou, descrente. A Gina mal-humorada era ainda pior que a Gina arrasada.

 – Eu vou para o treino – Gina murmurou para ninguém.

 – Pois vai tarde – ralhou Rony.

Alguns dias antes, Sweeney pediu para conversar com Gina, pois a queria de volta no time. Satisfatoriamente, Liam havia voltado para a Bulgária, então ele não seria um problema a ser enfrentado naquele momento.

Era bom estar de volta, pelo menos agora que ela estava de volta no Quadribol, algumas coisas na sua vida faziam sentido. Em campo ela podia esquecer de Harry. No campo ela podia transformar a dor constante de seu coração em combustível para jogar.

Quando Gina voltou a treinar, todas as colegas a receberam animadas e tiveram a decência de não citar o nome de Liam, só o de Harry. Gina as encarou e disse que não queria falar sobre sua vida particular. As meninas a olharam intrigadas, depois disso o nome de Harry não foi mais citado.

Naquela noite quando chegou em casa, pode ouvir Rony e Hermione aos sussurros na sala.

 – Ele é meu melhor amigo, Hermione. E ela é minha irmã! – Rony parecia chateado. – Eu amo Harry, mas enquanto ele esteve lá esse tempo todo nós é que tivemos que aguentar a bomba aqui!

 – Eu sei, amor – Hermione falou suave. – Você está chateado, todos nós estamos. Eu acho que é direito de Gina saber disso, afinal eles nunca terminaram oficialmente. Talvez ela queira conversar com ele.

Gina franziu o cenho, ela tinha certeza que os dois falavam dela e de Harry. Ela se aproximou ainda mais, para ouvir melhor.

 – Eu sei que eles vão conversar, disso eu não tenho dúvidas. Eu só não quero que nenhum deles se magoe ainda mais. Eu não posso escolher um lado, Hermione!

 – Eu sei, eu sei. O melhor que podemos fazer é deixar que os dois se resolvam sozinhos. Já são bem grandinhos para isso.

 – Tudo bem – Rony concordou. – De qualquer forma se a gente não contar ela ficará sabendo em breve que Harry voltou.

Harry voltou? O coração traidor de Gina perdeu uma batida com essa frase. Seus olhos se encheram de lágrimas e ela correu para seu quarto. Ele voltou. Ele voltou! E agora?