História Harry e Gina - Após a Guerra - Capítulo Cinquenta e Seis

Dia 04

“Sinto muito, Sr. Potter, mas ainda não temos nenhuma novidade sobre o sequestro dos seus filhos.”

Aquelas palavras pareciam tatuadas no cérebro de Harry desde que ele havia visitado a delegacia pela manhã.

A polícia não tinha novidades, o seu próprio esquadrão de aurores não tinha novidade.

Harry já estava tão desesperado que estava começando a cogitar entrar em contato com o Ministério da Magia turco, para obter mais informações sobre Bhaven.

Ele sentia como se tivesse andando em círculos, sem pistas, sem ideia do que fazer. Ele não conseguia olhar para Gina, o olhar de esperança quando o via e depois de decepção quando ele dizia ainda não saber, o atingiam brutalmente.

Quatro dias haviam de passado e os dois homens ainda não tinham dado sinal. Harry sentia que estava a ponto de enlouquecer de desespero e raiva. Ele nunca tinha sentindo um instinto assassino tão grande quanto nos últimos dias.

Ele pegou uma foto que tinha em sua mesa no escritório e sentiu o coração doer. Ele precisava encontrar seus filhos logo, precisava encontra-los antes que perdesse a sanidade.

Contudo, era como se ele estivesse em um labirinto, correndo de um lado a outro e apenas encontrando becos sem saídas.

– Onde vocês estão? – Ele sussurrou, olhando para seus filhos na foto.

Eles piscavam e sorriam na foto, um pequeno sorriso surgiu no rosto de Harry. A foto fora tirada no dia da renovação de votos, não muito tempo atrás.

– Por que tudo precisa ser tão complicado na minha vida? – A garganta dele ardia e Harry sentia que seu peito doía ao respirar. – Não importa, eu vou encontra-los. Eu vou...

Sua visão foi escurecendo e seus olhos pareciam estar pesando toneladas, sem se dar conta, Harry Potter desabou de exaustão em cima de sua mesa.

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– Hora do banho – o homem mau abriu a porta outra vez. – Vamos, eu não tenho o dia inteiro.

O banho consistia em dois minutos embaixo de uma mangueira com agua fria, enquanto o homem ficava reclamando que eles eram molengas demais.

– Eu odeio crianças – ele reclamou. – Odeio ainda mais quando elas são ranhentas e sujas.

Tiago já tinha pensando no que fazer, era a terceira vez que ele os levava para fora a fim de deixá-los tomar banho. O lado de fora tinha bastante árvores, Tiago não reconhecia o lugar, mas ele pensava em sair correndo com os irmãos. Daria certo?

Ele se preocupava com a demora do pai em encontra-los e tinha medo de nunca mais ver seus pais na vida.

Tremendo de frio, Tiago ajudou Lílian a pôr a roupa grande demais nela e depois vestiu a própria, que também ficava enorme. Os três voltaram para o porão e o homem deu o almoço para eles, que consistia em uma sopa de cebola ruim.

– Estou com saudade da comida da vovó – Alvo suspirou.

– Eu também – Tiago concordou, comendo a sopa a contragosto.

– E se o papai nunca achar a gente, Tiago?

– Ele vai achar, eu sei que ele vai.

– Mas... então por que ele está demorando tanto?

– Ele vai chegar, Alvo – o menino retrucou.

Irritado, Alvo apenas ignorou o irmão. Contudo, Tiago já tinha pensado naquilo: por que seu pai estava demorando tanto? Será que ele não os queria mais? Tais pensamentos o deixaram com vontade de chorar, mas ele engoliu o nó na garganta, precisava ser corajoso.

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Dia 05

– Iremos aumentar as buscas para fora de Londres, Sr. Potter – disse o detetive Parker. – Estamos avisando nas delegacias próximas, aeroportos, rodoviárias, comércios...

Harry olhou apático para o homem na sua frente.

– Como é possível que vocês não tenham encontrado nada no nome daqueles dois?

– Os nomes que eles deram aos policiais era falso – respondeu Parker. – Os oficiais não verificaram naquele momento.

– Entendo – replicou Harry, quando na verdade ele não entendia. Ele queria gritar que todos ali eram tão incompetentes que nem nome eles haviam checado. Entretanto, ele não podia.

– Encontraremos seus filhos, Sr. Potter.

Harry assentiu derrotado. Como ele poderia culpar a polícia, quando nem mesmo ele, tendo acesso a magia estava tendo resultados?

Após sair da delegacia, ele voltou para o Ministério. Cada dia que ia passando, mais seu desespero e preocupação ia aumentando. Enquanto estava distraído em seus próprios pensamentos, ele não notou a aproximação de alguém que estava terminantemente evitando.

– Como vai, Harry? Me parece doente.

– Stra. Alexis – Harry acenou com a cabeça brevemente.

O elevador chegou e os dois entraram.

– Como vai Gina? Faz dias que ela está ausente do trabalho.

– Ela está trabalhando de casa – respondeu seco.

Margot deu uma risada abafada e Harry a olhou.

– Carrega cicatrizes e ainda não aprendeu que não deve contar mentiras, Harry?

– Não sei do que está falando – Harry apertava os dentes com tanta força, que não sabia como não tinha os quebrado.

Margot arrumou os logos cabelos atrás da orelha e sorriu com doçura.

– Acha que eu não sei que alguma coisa está acontecendo? Os aurores estão... comentando, digamos assim, que você e um grupo seleto tem passado longas horas na sua sala.

Harry rolou os olhos e não respondeu. Como se quisesse o irritar ainda mais, Margot se aproximou dele e segurou seu queixo por entre seus dedos, as longas unhas vermelhas pressionando sua pele.

 – Eu vou descobrir o que está escondendo, Harry Potter – ela sussurrou e Harry puxou o braço dela.

– Acha que eu tenho medo das suas ameaças ridículas? – Ele a encarou com o cenho arqueado, um sorriso frio nos lábios. – Alexis, você não me conhece.

– Quem não deve não teme.

– O que eu faço ou deixo de fazer no meu departamento, não diz respeito a você, então sugiro que fique bem longe de mim e principalmente da minha mulher – Harry a olhou irritado, mas a moça não se abalou.

O elevador finalmente parou no andar do Profeta e Margot riu baixinho.

– Eu vou descobrir o que você esconde, Harry – avisou ela. – Eu adoro expor uma fofoca.

– Merda – xingou Harry quando a mulher saindo, cheia de confiança.

Ele sentia a raiva crescer ainda mais, o medo e a apreensão aumentavam igualmente, pois Harry tinha medo do que poderia acontecer caso a história vazasse. Ele precisava encontrar seus filhos o quanto antes.

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– A polícia está atrás das crianças, as buscas estão aumentando – disse Elijah. – Quando tempo acha que devemos tortura-lo ainda?

– Vamos esperar mais um pouco, ele deve estar desesperado –respondeu Richard.

– E você acha mesmo que ele vai trocar de lugar com os filhos se pedirmos?

– Tenho certeza absoluta – Richard riu, achando a situação divertida. – Meu informante disse que ele está indo na delegacia diariamente para ameaçar o banana o O’Neil.

Elijah rolou os olhos.

– Então vamos propor a troca de uma vez, eu odeio cuidar de crianças!

– Na hora certa, Eli – disse o homem. – Tenha paciência.

Eli xingou o irmão e levou a badeja com o café da manhã dos três pirralhos.

– Comam – rosnou irritado.

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Dia 06

Filhos de Harry e Gina Potter: desaparecidos?

Há alguns dias que determinadas movimentações estranhas no Departamentos dos Aurores vêm chamando a atenção de alguns funcionários do Ministério da Magia.

O Chefe dos Auores, Harry Potter, negou que qualquer coisa suspeita estaria acontecendo em seu departamento, no entanto, um de seus Aurores relatou que Potter, Ronald Weasley, que é seu cunhado e Auror aposentado, e mais seis Aurores há quase uma semana estão fazendo reuniões a portas fechadas.

Além desse ato suspeito, Gina Potter está afastada de seu cargo de Editora da Seção de Esportes durante esse mesmo período. Assim como Harry Potter, que também se ausentou de seu cargo durante alguns dias, alegando estar doente.

Se juntar todos esses fatos, tudo fica, no mínimo, muito suspeito.

Mas, eu lhes digo, caros leitores: não se preocupem. Tudo isso pode ser esclarecido quando um fato chocante vir à tona. Os três filhos do casal Potter estão desaparecidos.

Harry Potter prestou o que os trouxas chamam de “queixa” em uma delegacia de Londres. Segundo uma fonte que trabalha para essa delegacia, Harry Potter encontrou a esposa inconsciente ao chegar em casa e nenhum sinal de seus filhos.

O que torna tudo ainda mais surpreendente é o fato de os sequestradores das crianças Potter serem trouxas. Acreditem, se quiser. E é claro que a bomba não para por aqui. O motivo de afastamento do Chefe dos Aurtores foi um ferimento causado por um tipo de arma trouxa.

A policia está prestando uma operação de busca pelas três crianças, o que nos leva a imaginar que Harry Potter esteja fazendo o mesmo.

No entanto, existem algumas coisas que chamam a atenção, nessa situação toda: o que levou Harry Potter a ser gravemente ferido por trouxas? Qual motivo levou esses dois homens a sequestrarem três crianças? E por último, mas não menos importante, por que ele está escondendo o desaparecimento de seus filhos para a comunidade bruxa?

Gina ainda tremia de raiva quando chegou no Ministério naquela tarde. Era como se seu corpo estivesse tentando se livrar da raiva que ela sentia, mas ela sabia que era impossível. Durante todo o caminho que levou para chegar no andar do Profeta Diário, ela recebeu olhares curiosos. Pessoas apontaram e cochicharam, alguns mais corajosos ousaram se aproximar para falar com ela, sendo ignorados.

Ela só tinha um objetivo e esse era encontrar Margot Alexis. E depois, acabar com a cara dela.

Encontrar Alexis não foi difícil, assim que viu Gina, a mulher abriu um sorriso venenoso.

– Gina, querida – Margot a olhou clinicamente de cima a baixo. – Que acha de fazermos uma entrevista exclusiva sobre o sequestro dos pequenos Potters?

– Sua vaca nojenta – Gina ergueu a varinha em direção a Margot, que piscou aturdida.

Ao redor delas um burburinho de cochichos começavam, as pessoas olhavam para a cena com um misto de curiosidade e surpresa.

– Como ousa se meter em algo que não é da sua conta? – Gina continuou, o olhar preso no de Margot. – Você não sabe o estrago que pode ter causado.

– Eu só expus a verdade – Margot respondeu com a voz firme. – Não vejo nada de errado nisso.

– Você não tinha esse direito – a voz de Gina era baixa, mas fria como gelo. – Você não sabe o que está acontecendo.

Passos apressados surgiram, mas Gina sequer desviou a atenção da mulher a sua frente.

– Gina – era Harry. – Gina, o que está fazendo?

– Essa vaca já me irritou o suficiente – respondeu ela. – Não se meta, Harry.

– Abaixe a varinha, não faça nada que você vai se arrepender mais tarde – ele pediu e Gina deu uma risada cética.

– Me arrepender? Essa mulher se meteu onde não deveria, por culpa dela... por culpa dela...

– A culpa é sua que não deu conta de dois trouxas – Margot sorriu vitoriosa. – Acha que aquele detetive idiota não me contou? Claro que eu tive que facilitar as coisas com a poção da verdade, mas francamente, Gina...

– Cala a droga da sua boca – a ruiva tremia ao olhar para Alexis.

As palavras da mulher a atingindo em cheio, porque era exatamente aquilo que a enlouquecia: como ela pode ter sido pega tão de surpresa? Ela era uma bruxa, tinha sua mágica, poderia ter defendido seus filhos!

– Gina – Harry a chamou outra vez. – Vamos.

– Abaixa a varinha, Gina, querida – Margot suspirou teatralmente. – Nós duas sabemos que você não vai fazer nada.

E aquilo foi a gota d’água para Gina, que no segundo seguinte nem hesitou ao atingir a mulher com uma azaração.

– Gina – ela sentiu Harry segurar seu braço, enquanto as pessoas ao redor comentavam feito loucas o recém acontecido. – Gina, o que está fazendo?

– Ela mereceu – disse a ruiva entredentes, lançando um olhar irritadiço para onde a garota era socorrida, enquanto Harry a puxava para fora do local.

– Você não pode fazer isso – Harry disse, abismado com a reação da esposa. – Isso pode te prejudicar.

– Não me importo – ela puxou o braço e lançou um olhar irritado a Harry. – Que foi? Está preocupado com ela? Quer ver se ela tem horário disponível para uma exclusiva?

– Por que está fazendo isso?

– Eu não sei, Harry – Gina sentiu os olhos arderem com as lágrimas contidas. – A única coisa que eu sei é que não vou aceitar essa mulher me desafiando! Eu não vou ficar de braços cruzados enquanto ela fica nos expondo!

– Eu ia resolver isso – respondeu ele.

– Ia? Como está resolvendo a situação dos nossos filhos?

Gina se arrependeu de ter dito aquilo no momento em que fechou a boca. Ela sabia que Harry estava enlouquecendo com toda a situação, assim como ela e não era justo magoa-lo daquela forma.

– Desculpe, não quis dizer isso – ela disse, porém já era tarde.

– Vá para casa, Gina – Harry a olhou magoado, dando as costas e saindo dali rapidamente.

Reprimindo um palavrão, Gina entrou no elevador. Os nervos já estavam à flor da pele, com a exposição que Margot fez, tudo só piorou. Gina já estava cedendo a loucura e preocupação pelo desaparecimento dos filhos, aquilo ela não pode aguentar.

Chateada por tudo o que estava sentindo e por ter falado o que não deveria a Harry, ela chegou n’A Toca e afundou na sua antiga cama, saindo apenas quando sua mãe a obrigou a levantar-se para jantar.

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– Tiago – Alvo sussurrou. – E se a gente saísse correndo na floresta na hora que ele nos levar tomar banho amanhã?

Eles já haviam jantado e Lílian tinha adormecido. Tiago olhou para o irmão e ponderou.

– Eu já pensei nisso – confessou ele. – Mas a gente não vai saber voltar para casa. Tem muitas árvores e como sabemos qual lado correr?

Alvo suspirou, abraçando as pernas.

– Estou cansado de ficar aqui – sussurrou. – Estou com saudade de casa.

– Eu também. O homem mau escondeu tanto a gente, que o papai não consegue nos achar.

– Eu não quero ficar aqui para sempre, Tiago.

– A gente não vai.

– Vamos fugir – Alvo insistiu. – Podemos achar alguém que nos ajude.

– Talvez seja a única solução – o menino engoliu em seco. – Mas devemos esperar até que seja seguro.

Alvo assentiu, deitando no colchão e logo adormecendo, enquanto Tiago apenas pensava o que estaria fazendo seus pais naquela hora e porque estavam demorando tanto.