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História Harry Potter e o Mistério dos Black's-Harmione - Regressão


Escrita por: Kathy_Lyn

Notas do Autor


Oi amores. Boa noite. Tudo bem com todos? Espero que sim.
Entramos em capítulos inéditos para quem acompanhava a fic da última vez que foi postada. Espero que gostem. Muito obrigada a todos que comentaram e favoritaram. Vos amo muito. Beijos grandes

Capítulo 43 - Regressão


Hermione olhou estática para a gárgula pomposa. Qual a última vez que viera a este lugar? Nem soube dizer. Sentia seu coração acelerado e olhou mais algumas vezes para o corredor, certificando-se de que ninguém se aproximava. Entretanto, antes que pudesse chegar até a estátua, lembrou-se de algo.

-Hermione, você não sabe a senha... – Levou a mão à testa, reprovando a si mesma. Meneou a cabeça várias vezes, pensando no que faria posteriormente. Então fez a coisa mais sensata... Aproximou-se e tentou dizer algo que lembrasse a Dumbledore. Sentiu-se idiota quando a primeira coisa surgiu em sua mente, mas decidiu tentar – Whizzing Fizzbees...? – Olhou desconfiada, enquanto suas palavras saíram como uma pergunta duvidosa. Não, isso não iria funcionar, certamente...

Mas para sua surpresa, alguns segundos depois, a gárgula se moveu e a escada em espiral surgiu. A garota  olhou meio boquiaberta e indecisa, duvidando que aquela era mesmo a senha. Quais as chances? Impossível que fosse... 

Talvez estivesse simplesmente aberta... Lembrou-se de que Ayerin estivera alí, dias antes. Talvez ele houvesse retirado a senha.

Não importava! Decidiu subir antes que Filtch pudesse aparecer. 

-Ok, Hermione Granger. É só mais uma travessura. Quantas vezes você fez isso? Várias... Mas sempre ao lado de Harry... – Completou após alguns segundos, sentindo uma súbita vontade de que Harry estivesse alí consigo – Eu preciso mesmo fazer isso. É por uma boa causa... – Justificou-se a si mesma, abrindo a porta dupla de carvalho.

A sala de Dumbledore estava intacta. Os objetos, completamente intocados, permaneciam exatamente no mesmo lugar que sempre estiveram e Hermione jurou que a qualquer momento escutaria a vozinha compassiva de Alvo começar a dizer algo sem sentido. Recaiu o olhar sobre o quadro do professor que parecia dormir eternamente. As feições envelhecidas dele, fizeram-na sentir-se estranha. Como se uma mistura de saudades e raiva a atingisse. Ele havia sido tão bom, durante tanto tempo... Em quantas coisas lhes ajudaram. Salvou sua vida... Mas havia feito porque, para ele, tudo era um jogo. Se tratava apenas do destino e ele sempre manipulara o destino, exatamente como ele acreditava que deveria ser... Sacrificou Sírius. Isso não conseguia esquecer, jamais... Lembrar disso era como ativar uma poderosa corrente de energia que subia por seu corpo, fazendo-a estremecer de raiva, ressentimento, mágoa. Ele nunca deveria se acreditar no direito de substituir uma vida pela outra. Quem era Alvo Dumbledore para isso?

Antes, era grata por ter salvo sua vida. Mas, no momento em que soube do sacrifício de Sírius, a boa imagem do ex Diretor se desfez como gelo n’água quente. O sentimento que surgiu, pela culpa, pela situação de Sírius, a estava dilacerando por dentro, completamente. Como desejava poder sentir-se diferente… Mas era impossível. Aquela culpa a dominava a cada dia mais e já quase não se reconhecia mais como a mesma pessoa. Talvez nunca voltasse a ser a mesma...

Meneou a cabeça, descrente. A única certeza que tinha, era de que precisava ajudar Sírius, retirá-lo daquele lugar, ou acabaria enlouquecendo.

Era melhor prosseguir. Decidiu após alguns minutos de reflexão. Sírius não seria ajudado se não continuasse a tentar.

Após revistar algumas coisas, caminhando um pouco mais, deparou-se com uma estante velha de imbuia escura, elegante e chamativa. Suas portas eram decoradas em vidros jateados que se fechavam em um arco triangular. Atrás dos vidros, era possível avistar centenas de itens curiosos e diferentes. Lembrou-se que Dumbledore guardava todas as suas relíquias ali. Apressou o passo para aproximar-se do móvel que ficava atrás de um objeto circular, semelhante a um mapa astral. Atentamente, analisou cada uma daquelas relíquias. Eram tantas e, algumas delas, conseguiu reconhecer. Já havia visto em livros. No entanto, a bendita runa parecia não estar ali. Já estava por desistir daquela estante quando alçou a vista e observou uma luz bonita pairar sobre o alto de uma das prateleiras, radiante e tão reluzente quanto ouro.

-O que é isso? - Apanhou sua varinha e apontou para o alto da estante – Accio runa.

Em seguida, observou, estupefata, como o objeto brilhante levitava e  voava em sua direção. Agarrou-o com uma das mãos e sorriu, constatando que era mesmo a runa que procurava. Sentiu certa euforia mesclada a um temor, embora tentasse ignorar. Não havia sido fácil demais?

Observou o objeto por mais alguns segundos, curiosa. Era realmente muito bonita. A luz que emanava, era quase hipnotizante. Nunca havia lido ou ouvido falar em algo tão diferente. Uma ponta de medo invadiu-a… E se aquele objeto provocasse algo de ruim? Havia vivido no mundo bruxo tempo suficiente para saber que, a magia, embora linda, podia ser muito perigosa também.

"É apenas uma runa", tentou convencer-se. Era melhor retornar ao dormitório. Se alguém a pegasse alí, toda a sua pequena aventura teria sido em vão. Saiu, silenciosamente, tão depressa quanto havia chegado.

 

 

Cerca de dez dias depois, ainda não conseguira êxito em descobrir como funcionava aquela pedrinha. Certa noite, já bem tarde, tomou-a entre as mãos e observou-a por vários minutos, tentando advinhar o que fazer. Retomou novamente a leitura das páginas do livro de Henre que havia traduzido.

Até aquele ponto, conseguira compreender várias coisas. Tomou seu caderninho de anotações, relendo tudo que pontuara como importante.

 O livro falava muito sobre a génetica bruxa e explicava que as antigas famílias tradicionais, de longas linhagens de sangue puro, eram, em sua maioria, transportadores do Vínculo Mágico, um poder especial, que era transferido de um familiar para o outro. Essa transferência era aleatória, podendo os filhos não a herdarem dos pais e os pais jamais transferirem aos seus filhos. Podia ser também que uma criança nascesse portadora do Vínculo, tendo-o herdado de um familiar bem distante e até mesmo antigo. O que determinava a herança do Vínculo Mágico era a ligação que um bruxo tinha com outro bruxo familiar. O mais determinante, era que havia sempre um dom envolvido, sendo esse, a origem dessa estranha ligação. Hermione sabia ser portadora de um dom, embora não o considerasse como tal. Para ela, era mais um carma...

O livro explicava também que o véu negro havia sido criado por um bruxo das trevas, várias décadas atrás, com o intuito de criar uma maldição. Nessa exata parte, a runa era citada.

Como estudante convicta de runas antigas, Hermione já tinha o conhecimento de que as runas mágicas eram muito utilizadas, na antiguidade, para amaldiçoar as pessoas. O que não compreendia, ainda, era qual a utilidade dessa runa, em questão ao véu da morte. O que ela fazia, exatamente? Era utilizada para amaldiçoar quem atravessava o véu ou era usada para resgatar aqueles que  já estavam lá? Por que Dumbledore a tinha? Teria sido, aquela, a forma com que fizera a troca entre Sírius e ela?

Fechou o caderno, suspirando alto. Precisava continuar traduzindo... Talvez a explicação estivesse mais a frente. Fitou o livro e externou desânimo.

O sono voltava a pesar seus olhos... Mas precisava ajudar Sírius... E apesar de tentar relutar contra si própria, alegando que poderia deixar o livro para o dia seguinte, decidiu, por fim, que não conseguiria ficar em paz se não o pegasse pelo menos por um pouco. Então recolheu o livro e algumas folhas limpas de pergaminho, tinteiro e pena, fechando o dossel de sua cama. Iluminou as páginas do livro com um feixe de luz fino, na varinha, concentrando-se no exemplar por diversas horas. Apenas o deixou quando o sono a venceu, quase de manhã. Adormeceu ainda sentada, com o livro no colo. Aquelas runas e símbolos não saíam de sua mente, formando um embaralhado que a deixava tonta, mesmo no sonho. Mas, talvez porque houvesse pensado tanto naquilo, sua mente induziu-a a um pesadelo que não tinha certeza se era real ou não. Viu-se cercada por dementadores, cortando um corredor negro e frio. Muito frio... Lembrava-se brevemente daquele lugar, talvez de imagens da sua infância. Celas e mais celas compunham as paredes gélidas do corredor, completamente vazias. Era... Azkaban! Como havia chegado até lá? Perguntava-se, sem dar-se conta de estar sonhando.

Caminhou por diversos andares da torre, acompanhando o som de uma mulher que, hora gargalhava, hora chorava com desespero. Caminhou em direção aos corredores vazios do último andar, até encontrar a cela de onde provinha o som. E ao olhar por entre as grades, assustou-se ao divisar a figura estraçalhada de Bellatrix Lestrange, rindo com tamanha insanidade que deu-lhe nojo. As roupas da mulher eram farrapos remendados, sujos. Os cabelos desgrenhados, nunca pareceram tão volumosos. A negridão dos olhos era tamanha que se estendia até as pálpebras, arrancando-lhe arrepios. Mas apesar do estado de calamidade, ela ria. Ria e pronunciava a frase que tanto atormentara Hermione, naqueles últimos anos.

-Eu matei Sírius Black! Eu matei! Eu matei Sírius Black!

Ela gritava com tanta intensidade e repetidas vezes que Hermione sentiu-se tentada a sacar a varinha e estuporá-la. A tia Bella estava lá, pela primeira vez na vida, indefesa, presa à uma cela em Azkaban, cercada por dementadores. E ainda que a cena muito causasse lástima, Hermione surpreendeu-se consigo mesma; não conseguira sentir um só pingo de pena da tia. Pelo contrário, enfurecia-se mais a cada vez que ela repetia o ato cruel que havia feito com o próprio primo.

-Cale-se! – Hermione ordenou.

-Eu matei Sírius Black! – A outra continuava a repetir, sem parar, em meio a gargalhadas estridentes e incômodas.

A garota apontou a varinha para ela, pronta para lançar um feitiço que a fizesse calar, pelo menos por alguns instantes. Mas antes que pudesse pronunciar o feitiço, a luz do local pareceu se esvair, tornando-se tudo muito escuro e o ambiente pairou em profundo silêncio. Apertou os olhos diversas vezes tentando divisar algo em meio à escuridão. Conjurou luz à ponta de sua varinha e quando clareou a cela, surpreendeu-se novamente. A figura horrenda de Bellatrix havia desaparecido, dando lugar à uma Bellatrix mais jovem e muito bonita. A mulher de agora, usava um comprido vestido negro, contrastando com os compridos cabelos castanhos, definidos em comportados cachos que desciam sobre os ombros. Mas ela chorava... Chorava com tamanho sentimento que Hermione sentiu-se estranhamente enternecida. Aproximou-se da cela afim de olhá-la melhor. A mulher virou-se para ela, avistando-a. Com ímpeto, correu para perto da menina, ajoelhando-se aos seus pés, em desesperado clamor.

-Alyvia, me tire daqui! Por favor, me tire daqui!

Ela despertou, assustada. A voz de Bella, pedindo-lhe ajuda ainda ressoava em seus ouvidos e demorou até que ela conseguisse se recompor. Endireitou-se na cama e jogou o livro e os pergaminhos para o lado, notando que já amanhecera. Então sentiu o cansaço apoderar-se, transformando-se em incômoda enxaqueca. Ao mexer-se, sentiu uma dor instalar-se, também, por todo o corpo e isso lhe preocupou levemente. Fechou os olhos e desejou dormir por um pouquinho que fosse... Lembrar do pesadelo lhe causava arrepios. A imagem da bonita mulher se fixou na sua mente. Havia sido apenas um pesadelo?

-Mione – O rosto mulato de Parvati apareceu atrás da cortina do dossel – Não vai se levantar? Não vai perder aula de novo, vai?

-Hum... – Foi a única resposta que deu para a companheira, puxando novamente a cortina. Suspirou e se pôs a pensar em quantas aulas já havia cabulado naquele mês. Muitas... Incontáveis. Precisava estudar... Precisava ir assistir às aulas. Levantou-se muito pesarosa e arrastou-se até o banheiro. Tomou um longo banho deixando a água quentinha molhar seus cabelos. Esperava conter um pouco do cansaço com essa atitude. Após sair do banho, escolheu atentamente uma muda de uniforme vestiu-o com paciência. Deveria descer logo, mas sentiu que a dor de cabeça somente piorava. Sentou-se em sua cama por uns minutos, fitando os pés ainda descalços. E novamente, num lampejar, tornou a divisar a face esquisita de Bellatrix, com aquele mesmo sorriso assombroso.

-Por Merlin! Outra vez não... O que está acontecendo agora? – Ficou novamente paralisada por mais alguns segundos, como se esperasse que a imagem da louca retornasse. Mas não retornou. Sua mente estava outra vez vazia... Seria uma regressão? Não. Negou veemente. Era apenas imaginação sua. Estava muito preocupada com toda a situação de Sírius. Apenas isso. Tinha que parar de pensar tanto naquilo. Precisava focar sua mente em outra coisa, pelo menos por um pouco.

Decidiu por levantar-se de uma vez e descer para a aula.

 

Naquela manhã, durante a aula de Tranfiguração, Harry observou Hermione por longos minutos. Além da saudade que tinha dela, sentia-se mexido pelo pequeno sorriso que haviam trocado alguns dias atrás. Merlin, o que estava acontecendo entre eles? Por que simplesmente não conseguia deixar de lado a questão daquele segredo e voltar a tê-la em seus braços? Talvez um pouco de ressentimento não era a única razão. Inconscientemente, esperava, receber dela, algum pedido de desculpas pelo que escondera. No entanto, ela nem sequer falava com ele, desde a noite em que discutiram.

Havia algo diferente em Hermione. Era como se ela não se importasse. Não havia se importado com seu afastamento, com sua dor sobre a descoberta da verdade... E agora, parecia ela mesma haver se afastado. Céus, aquela garota não se procupava mais, nem sequer, com os estudos. Observou como ela apenas rabiscava, distraídamente, um pergaminho, recostando sua cabeça sobre a palma da mão esquerda, enquanto o cotovelo se apoiava na mesa, sem prestar o mínimo de atenção no que o professor Ayerin dizia. Também não havia deixado de notar a imensa quantidade de aulas que vinha perdendo naquelas semanas. Aquela não era a Hermione que conhecia, definitivamente. Talvez o professor compartilhasse de sua opinião, pois viu-o aproximar-se dela, muito sério.

-Senhorita Granger, rabiscos não vão te ajudar a concluir o ano! – Henre interpôs, numa expressão contrariada.

-Desculpe, professor.

-Venha à minha sala, após o último período, por gentileza – Disse num tom baixo e retirou-se, retomando a atenção aos outros alunos que realizavam silenciosamente os seus deveres. Hermione alçou a vista para o professor e pareceu refletir, por alguns instantes.

“O que esse homem estranho quer falar com ela?” Harry voltou a inquerir-se, mentalmente. Se o professor Henre achava que podia arrancar qualquer informação de Hermione, estava enganado. Conhecia-a perfeitamente bem para saber o quão reservada era com seus assuntos.

Se nem mesmo ele conseguia saber o que se passava com ela... Como desejava saber!

Sabia que ela estava preocupada com sua mãe, com Ted... Lembrou-se de que, na mansão Black, antes de retornarem, ela havia dito que não queria voltar à Hogwarts, pois preferia ficar com Ted Lupin.

E apesar da contrariedade pela omissão de um segredo tão importante sobre a morte de Sírius, ele ainda sentia-se muito preocupado com ela.

“Deixe esse orgulho, vá falar com ela outra vez!” Uma vozinha inquietante lhe falou à mente. Precisava mesmo conversar com Hermione. Precisava de uma maneira de superar aquele segredo e seguir em frente, ao lado dela. Por mais que doesse, não queria estar sem ela.

 

Após o último período, Hermione resolveu atender o pedido de Ayerin e encontrá-lo em sua sala. Apesar do desânimo, estava curiosa por saber o que o professor queria dizer-lhe. Talvez se tratasse de alguma informação nova sobre suas pesquisas.

-Sente-se, senhorita Granger – O homem pediu, apontando-lhe uma cadeira. A garota não deixou de notar o tom nada usual do professor. Henre, sempre brincalhão e cheio de piadas, agora parecia muito sério.

-Estou bem assim, obrigada – Cruzou os braços, encarando-o sem temor – O que há para me dizer?

-Tranquilize-se, não é nenhuma notícia ruim – Decidiu informar, sentindo a tensão da aluna.

-E então?

-É que tenho observado que já não se dedica tanto às aulas quanto antes – O homem sentou-se atrás de sua mesa, servindo-se de chá. Hermione apenas baixou o olhar, sem nada a dizer – Quando cheguei nessa escola, Minerva me contou, empolgada, sobre os melhores alunos. Você estava entre eles e ela me parecia muito orgulhosa disso. 

-Tudo bem, eu sei. Só não estive me sentindo muito bem nos últimos dias, apenas isso.

-Verdade? Ou será que não está se distraindo demais com outros assuntos?

O homem a observou por alguns instantes, meio descrente. Levantou-se outra vez e suspirou.

-Hermione, eu estou muito preocupado de que esses assuntos pela sala da morte estejam te tirando do próposito de Hogwarts. Eu te dei aquele livro porque sabia o quanto era uma aluna dedicada. Mas não posso calcular as consequências de que Minerva se intere que um professor está colaborando para que uma aluna perca o ano letivo. Ainda mais se tratando de você.

-Então é isso? Está preocupado com o seu emprego? Não se preocupe, professor... – O olhou com certa ironia – Eu não vou dizer nada à ninguém, se é o que teme. 

-Não é isso que estou tentando dizer... Estou preocupado com o que você está fazendo! Quando te dei aquele livro, não imaginei que fosse tão longe por um assunto tão perigoso! Olha, eu já lhe disse que não há nada lá que explique o que aconteceu com sua família. Se nem mesmo eu, que passei cinco anos da minha vida, consegui encontrar qualquer informação útil. Quem dirá se você conseguiria... 

-Adeus professor – Ela simplesmente virou-se, sentindo súbita raiva pela intromissão do homem. Caminhou em direção à porta.

-Hermione, por Merlin! Deixe de ser teimosa e me escute! – Ele praticamente implorou, o que fê-la parar e voltar-se para olhá-lo. Henre suspirou – Olha, não tome nenhuma decisão sem falar comigo, por favor. É só o que te peço.

-Não se preocupe comigo professor. E nem com os meus estudos. Garanto que consigo concluir os NIEM’s, tão bem quanto qualquer outro aluno! – Pontuou, convicta e retirou-se. Henre meneou a cabeça, chateado. Não demorou em arrepender-se de haver incentivado aquela situação. Pior, lembrou-se de haver incentivado a garota a procurar por aquela runa, poucos dias atrás. Suas inconsequências sempre o levavam ao pior.

 

Na mesma noite, diversos alunos se encontravam reunidos no Salão Comunal da Grifinória. Harry sentara-se junto com Ron, Simas e Neville, onde estudavam com grande concentração. Hermione, apesar do cansaço, decidira por dedicar-se pelo menos um pouquinho para o estudo dos NIEM’s. Aquela convicção com a qual havia falado ao professor Ayerin, talvez não fosse tão concreta. No fundo, reconhecia a razão dele. Precisava colocar os pés no chão, por mais que desejava ajudar Sírius.

Havia se reunido com suas colegas de quarto, embora não fosse muito próxima à elas. 

Já eram quase nove da noite quando Dino Thomas entrou esbaforido pelo quadro da mulher gorda. Uma porção de olhares curiosos se recaiu sobre ele, observando como o garoto apoiava as mãos nos joelhos, ofegante.

-Os comensais voltaram a atacar! – Murmúrios de todos os tipos surgiram no local e Harry se levantou rapidamente, aproximando-se do garoto – Little Hangleton e Great Hangleton foram atacadas. Tiveram muitos, muitos mortos, Harry – O garoto voltou seu olhar para o moreno, como se Harry pudesse resolver todas as questões do mundo bruxo.

-Não é possível... 

-Parece que Shacklebolt está louco! Nem sequer quis mandar aurores para ajudar. Disseram que não adianta. Foi um caos, destruição total... E eles atacaram outros vilajeros trouxas também! O Ministério está em polvorosa com a possibilidade de os trouxas saberem do ocorrido.

A essa altura, todo o Salão Comunal estava de pé, olhando atentamente para Dino Thomas que mantinha, na face, um semblante apavorado. Na verdade, todos mantinham esse mesmo semblante.

-Ouvi Minerva dizer que o Ministro vai tomar medidas muito drásticas desta vez... Ele disse que os comensais passaram dos limites! 

-Isso só pode ser um pesadelo... – Harry voltou a sentar-se onde antes estivera. Descrente, lançou um olhar para Hermione que o fitou, preocupada. A garota caminhou e se aproximou dele.

-Eles estão ficando ousados. Quais serão essas medidas que Shacklebolt tomará? 

-Eu não sei Mione, eu espero que seja algo satisfatório. As pessoas vão enlouquecer com a possibilidade de novos ataques e novas mortes – Harry sussurrou, ainda incrédulo. Hermione torceu os lábios, ainda sem deixar de encará-lo.

 

Aquela noite findara-se em grande preocupação. Por todos os cantos de Hogwarts, o único assunto abordado era sobre os ataques à Little Hangleton e Great Hangleton. Na manhã seguinte, bem cedinho, Harry soube também que os comensais fizeram dezenas de mortos. Passara a noite pensando no que os motivara a serem tão ousados. Não pareciam ter medo do Ministério, nem dos aurores. Nem mesmo com muitos deles presos, pareciam recuar. Mesmo agora, quase um ano depois da morte de Voldemort, onde o Ministério da Mágia já se recompora um grande bocado. Muitos novos aurores haviam sido contratados. O Ministério retomava sua ordem. No entanto, nem isso os intimidava... Alguma coisa não estava certa.

 

Pela tarde, durante o almoço, quase todos os alunos de Hogwarts estavam presentes no Salão Principal. Flocos de neve enfeitavam o teto do salão, enquanto os jovens ainda discutiam o ocorrido no dia anterior. Ronald sentou ao lado de Harry que fitava Hermione, sentada um pouco mais adiante, ao lado de Gina. Antes de o almoço ser realmente servido, corujas começavam a entrar pelas janelas abertas, trazendo recados e cartas. Neville abriu uma edição do Profeta Diário que acabara de chegar. Harry tinha vontade de tomar o jornaleco das mãos do amigo, curioso com as novas notícias. No entanto, antes que ele pudesse avançar a mão, Neville olhou-o com uma expressão assustada.

-Pessoal, olhem isso, Shacklebolt decretou pena de morte aos comensais presos!

-O quê? – Harry indagou, surpreso. Burbúrios foram ouvidos de todos os lados e os outros alunos que estavam ao redor de Neville, também viraram-se, incrédulos.

-“O Ministro da Mágia, Kingsley Shacklebolt, anunciou no início desta manhã que o Ministério, juntamente com o Departamento de Execução das Leis da Magia, decidiram por aplicar a temível “pena de morte” a todos os comensais que estão, atualmente, presos em Azkaban – Neville começou lendo o Profeta, enquanto os colegas se calaram e escutaram atentamente – A decisão do Ministério da Mágia surpreendeu pela agilidade com que decretaram a pena, sendo que medidas semelhantes, no geral, levam anos até serem tomadas. Outro fato que chamou a atenção, é que os casos nem sequer chegaram a ir à juri, para julgamento. O Ministro, no entanto, esclareceu que os recentes ataques motivaram a decisão, enquanto que a comunidade bruxa exigia celeridade e urgência por parte do Ministério. Bruxos de todos os cantos estão temerosos e se perguntam qual a motivação de ataques tão violentos, mesmo após a queda do Lord das Trevas. Ao que parece, grande parte da comunidade bruxa apóia a medida tomada.

As penas decretadas aos comensais, serão concretizadas neste fim de semana, onde receberão, como “pena de morte”, o Beijo do Dementador”.

-Eu soube que o Beijo do Dementador é muito mais que a morte. É bem pior – Disse Luna, debruçando-se sobre o ombro de Neville, extremamente interessada no assunto que conversavam na mesa alheia.

-O Beijo do Dementador? Pensei que houvesse uma proposta no Ministério para acabar com o uso de Dementadores em Azkaban – Ron murmurou, perplexo.

- E há! Inclusive, eu pensei que isso já houvesse sido solucionado... Por que ainda continuam a utilizá-los? São traídores! Como o Ministério ainda pode confiar neles? – Desta vez, foi Simas quem interviu.

-Nem todos devem ser traídores. Alguns devem ter recuado... Ou não os teriam aceito de volta, creio...

-Schacklebolt deve estar muito contrariado com tudo isso... – Gina completou.

-Obviamente – Harry intrometeu-se – Eu apoio essa medida! É o único jeito de assustar os comensais. Talvez os outros recuem ao verem que o Ministério não vai perdoar. E acredito que não seja hora para inutilizar os Dementadores. Não com todos esses ataques acontecendo... Embora eu concorde que, talvez, o Ministério ainda esteja cometendo um erro em confiar neles...

Mas apesar disso, Harry estava contente. Ainda que muitas mortes haviam sido necessárias para que Kingsley chegasse a tomar aquela decisão, achava que estava mais que na hora de dar um basta naquele grupo de seguidores de Voldemort. Não eram adolescentes brincando de guerra, afinal. Eram bruxos perigosos, ameaçadores, que estavam causando muita destruição. Sorriu ao pensar que Bellatrix estava em Azkaban. Finalmente ela teria seu castigo por tanto mal que fizera. O garoto buscou novamente o olhar de Hermione que estava cabisbaixa, pensativa na notícia.

Ela, no entanto, não pareceu alegrar-se tanto. Na verdade, o íntimo de Hermione transbordava incertezas. Não compreendia porque não conseguira ficar feliz com aquela decisão do Ministério. Bellatrix estava condenada à morte. Era tudo que ela sempre quisera... Ver-se livre, definitivamente, da ameaça de Bella. A morte de Sírius seria vingada. A morte de sua irmã, Dora. A morte de Dobby... A morte de tantas pessoas...

Mas seu coração se acelerava em somente pensar que algo estava errado nessa situação. Sentiu uma leve tontura quando a imagem da tia Bella voltou uma vez mais à sua mente. Desta vez, entretanto, divisou também um sítio... Parecia uma masmorra obscura e Bellatrix rodopiava, cantarolando. Ela estava feliz... A maldita estava feliz. Merlin, o que eram esses pensamentos com Bellatrix? Divisava uma rápida imagem dela, como um pensamento que invadia sua cabeça. 

Levantou-se subitamente e deixou o Salão Principal, arrancando um olhar confuso de Harry que levantara-se para conversar com ela. Então o menino decidiu que era hora de ir atrás da amada. Talvez ela estivesse precisando de apoio. Era hora de deixar seu orgulho de lado.

A garota, por sua vez, entrou no Salão Comunal, totalmente estarrecida. Seu coração parecia querer sair pela boca. As imagens que vinham à sua mente, estavam assustando-a muito mais do que gostaria. Um súbito calafrio percorreu todo seu corpo. O que estava acontecendo? O que estava acontecendo? Sabia que se tratava de algo terrível, mas a falta de informações sobre o que era, deixava-a tensa.

Andou pelo salão de um lado para outro, não conseguindo segurar as lágrimas. Lembrava-se de sua mãe, onde ela estaria? Ted Lupin... Quanto medo tinha de que algo ruim acontecesse com seu sobrinho. O amava tanto, tanto... Não aguentaria se algo lhe acontecesse. “Ele está protegido na Toca”, tentava convencer a si mesma.

De repente, sua visão começou a embaçar-se, como se um amontoado de névoa passasse diante de seus olhos. E outra vez aquelas imagens voltaram. Bella sorrindo e rodopiando, cantarolando suas maldades. Logo após, uma imagem de sua mãe também foi divisada. Andrômeda estava suja, vestindo farrapos, em um lugar muito escuro...

O que sua mãe tinha a ver com tudo isso? Jogou-se sentada no sofá diante a lareira, enterrando o rosto entre as mãos. Não queria que aquilo voltasse. Sua cabeça latejava, doendo intensamente. Não! Não podia estar regredindo... Não queria pensar em admitir que estava compartilhando os pensamentos com a Lestrange.

-Hermione – Harry havia acabado de entrar pelo quadro da mulher gorda e aproximou-se ao ver que ela estava chorando – Hei, pensei que fosse ficar feliz com a sentença dos comensais. Bellatrix vai, finalmente, pagar por suas maldades.

Ela nada contestou, apenas abraçou-o com força quando ele sentou-se ao seu lado, escondendo o rosto nos ombros do garoto, sentindo uma súbita fraqueza tomar conta de si. Harry retribuiu o abraço, acariciando seus cabelos longos e cacheados.

Não estava atormentada pela pena de Bellatrix, mas sim pelo medo de que algo terrível estava por perto. Estava atormentada por aquelas imagens persistentes que não saíam de sua cabeça. E no mesmo instante, mais delas ressurgiram, mostrando novamente Andrômeda Tonks, desta vez, caminhando na frente de alguns comensais. Eles a ameaçavam com uma varinha. Em frente à ela, estava Bellatrix, ainda com aquele sorriso infesto. “Levem-na para Azkaban”, ouviu a comensal pronunciar.

Levem-na para Azkaban? O que isso queria dizer?

-Hermione, me diga o que aconteceu – Harry pediu – Por Merlin, você está tremendo – Apertou-a um pouco mais em seus braços, como se quisesse fazê-la se acalmar. Mas antes que pudesse dizer qualquer palavra de conforto, sentiu-a desvanecer e sua cabeça pendeu para o lado. Ela havia perdido a consciência.

Harry olhou-a, muito preocupado – Mione o que houve?

Ergueu-a com cuidado e deitou-a no espaçoso sofá, retirando alguns fios de cabelo de seu rosto. Acariciou a sua face, ainda chamando por seu nome.

-Hermione, por favor, acorda.


Notas Finais


E então,bo que vocês acham que vai acontecer agora? O que são essas imagens que Mione está tendo com Bella? Será que a comensal vai ser morta em Azkaban? Harry vai finalmente perdoar a Mione?
Deixe sua opinião 8-)


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